É o seguinte... tá bem?

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quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Paradoxo

Pra dançar kuduro, é preciso ter bunda mole.

Folia de carnaval

- Vamos pro sítio da minha prima em Botucatu?

Este foi o convite que minha amiga me fez neste carnaval. O plano inicial era ir pra Buenos Aires, mas decidi muito em cima da hora e não tinha vôo - o que foi um alívio, porque dinheiro eu também não tinha, então...

De Buenos Aires, fui pra Botucatu. Tudo com B mesmo, e eu confesso que sou facinha, do tipo baratinha, em liquidação, e qualquer prazer me diverte. Além do mais, a perspectiva de passar dois dias à beira duma piscina deserta, cheia de creme no cabelo e lendo um livro, uma revista, ou fazendo palavras cruzadas e jogando conversa fora me parecia bem legal, dado meu grau de cansaço nesta época do ano.

Fomos na segunda e chegamos lá de tarde. A caseira já nos informou que sol que era bom não tava fazendo, muito pelo contrário, tava nublado e chuvoso. Tomamos providências imediatas, jogando no telhado um dos sabonetes que tínhamos ganhado no pedágio, para Santa Clara. Ok, há quem jogue ovo, mas sendo Santa Clara mulher vocês acham que ela vai preferir o quê?

Já sabendo que no dia seguinte o programa seria adquirir a tonalidade de pele necessária para entrar na moda da novela das oito, fomos ver filme no DVD. Almodóvar. Tudo sobre minha mãe e Volver. Fale com ela e Má Educação ficariam para a próxima sessão.

Não deu outra: são anos de infalibilidade do sabonete no telhado e o sol amanheceu ardendo na terça. Animadamente fomos torrar ao sol, cheia de creme nos cabelos, protetor solar e óleo Cenoura e Bronze, herdeiro legítimo do precursor dos bronzeadores que tingem, o Rayto de Sol. E lá ficamos o dia inteirinho, liberando inclusive nosso lado adolê e tirando mil fotos para os respectivos books.

À noite, porém, esquecemos de jogar outro sabonete e Santa Clara embucetou: quarta amanheceu nubladíssimo e perto do meio dia já começou a chover. Como o acesso ao sítio é feito por uma estradinha de terra que seca já é um horror, enfiamos tudo rapidinho no carro e fomos pra cidade, almoçar e bater perna na Rua do Comércio.

Até então eu tinha resistido a todas as tentações de gastar dinheiro, mantendo minha economia de guerra. Só que na tal rua tinha uma perfumaria que vendia produtos da linha profissional de cabeleireiros, tudo aquilo que não se encontra no supermercado bla bla bla. Como se precisássemos de mais algum motivo.

Entramos.

Era o mundo maravilhoso das coisas absolutamente desnecessárias sem as quais uma mulher jamais pode sonhar viver. Cêis num tem nossãn. Depois de muito esforço e muita resistência, porque imagine que lá vendia não apenas o Rayto de Sol, mas também o Rayto de Sol Master, com maior poder bronzeador (Pensa. Só dá pra usar com biquini preto), saí de lá com um pacotinho contendo:
- um tubo de creme para cotovelos e joelhos, com tucumã, silicone e karité;
- um refil para meu depilador roll-on
- uma dupla de shampoo e condicionador para cabelos loiros sabe-se lá pra quê - a moça da loja disse que é pra realçar os reflexos;
- um tubão de sabonete líquido hidratante de chocolate com amêndoas, que vem num tubo transparente e o sabonete é perolado, sabe? Daqueles que você imagina deslizando sobre o seu corpo e deixando a pele super macia. Se isso não acontecer, deve dar pra comer o sabonete;
- um reparador de pontas com tampa de rosquear, porque o que eu tenho é com aquela tampinha que some (nunca sumiu, mas vai que some? Já tenho o com tampa antissumiço/anti-sumiço)
- um conjunto de shampoo, condicionador e creme protetor térmico para os cabelos. Também de chocolate, mas desta vez com aveia, porque fibra faz bem, todo mundo diz isso. Tive de comprar os três, porque senão não ganharia a máscara para cabelos de maçã e ginseng - ginseng é bom pra memória, se a gente passa nos cabelos, penetra no couro cabeludo e vai até o cérebro, pegou? E maçã, quem nunca ouviu an apple a day keeps doctor away?;
- uma loção hidratante corporal iluminadora, pra pele ficar brilhante e iluminada, além de ser antioxidante e ter extrato de aveia - fibra de novo! - e vitamina E, de Extraordinária;
- um pote grande de creme esfoliante para os pés;
- um sabonete íntimo de bálsamo de copaíba. Não faço a menor idéia do que seja bálsamo de copaíba, mas penso que tem uma cara mais medicinal de sabonete pras partes do que o de lichia que tava junto. Não me convenci que seria vantajoso sair por aí com a periquita cheirando a lichia;
- um batom.

Bem, foi só, depois de muito tira e põe coisa na cestinha. Qual não foi nossa surpresa ao saber que a tal loja, a boa, a in, a fodástica NÃO ERA AQUELA. Era uma outra, três quarteirões acima.

Fomos lá, vai que... né? Afinal, eu era turista e tinha de conhecer todos os pontos turísticos de Botucatu.

Foi a sorte, porque lá eu encontrei um sabonete líquido na embalagem do Bob Esponja que eu comprei pra Bela colocar em cima da pia nova do banheiro novo, quando acabar a reforma, talvez no segundo semestre de 2010; um spray de brilho - você aplica sobre os cabelos secos e eles ficam com um brilho instantâneo, luminoso e espetacular uhuu!!!! -; ampolas antiqueda; um bastão pra dar uma disfarçada nos fios brancos - um achado, outro dia usei meu rímel Lancôme para este mesmo fim, olha o prejuízo!!!! era uma emergência - e uma duplinha de óleo bronzeador de urucum com loção para dourar pelos. Perfumada e com acento circunflexo na palavra pelos. Um achado.

Saímos da loja e fomos na direção do carro, achando que comprar uma panela de ferro, ou uma tampa de vaso, ou algo do tipo seria meio inadequado - na estrada, na ida, eu já tinha comprado umas colheres de pau e minha amiga um candelabro de cristal. Coisa que todo mundo compra quando viaja pra Botucatu no carnaval, certo? E que a gente precisava demais.

Porém, havia um sapato na vitrine que já tinha me chamado na ida para a loja, e me chamou de novo na volta.

Fui ver o que ele queria. Não se deixa um sapato assim, se esgoelando em pleno centro de Botucatu. Não é coisa de Deus.

Era um sapato de salto médio para alto. Um escarpin de tecido florido, em tons de lilás, rosa e azul, umas florzinhas pequenas e bordeadas de preto. Na frente, uma tira larga em tom cru, com uma fivela dourada, como se fosse um cinto. MA-RA-VI-LHO-SO! DI-FE-REN-TE! LIN-DO! CON-FOR-TÁ-VEL!

E custando R$ 69,00 em três vezes. Comprei né? e usei ontem à noite mesmo.
(Re, não é pra te causar inveja não, tá? Foi só uma coincidencia com o seu post.)

Como podem ver, pular carnaval eu não pulei, mas o que não faltou foi folia!!!!

sábado, fevereiro 14, 2009

O Leitor

FILMAÇO!!!

Sono da beleza

Eu já escrevi sobre este assunto há algum tempo, acho que ainda no Bóbis, mas agora à noite, pós-banho, passando hipoglós em volta dos olhos, me lembrei dele.

Antes, eu explico o hipoglós em local tão inusitado: a esteticista que faz minha limpeza de pele e a Victoria Secret's Angel Adriana Lima usam hipoglós na área dos olhos e dizem que funciona melhor que qualquer creme específico para o local. Se funciona na Adriana Lima, eu não sei, afinal ela tem 20 e alguns anos, e quem não é bonita e com pele boa nessa idade?
Já a esteticista tem mais de 60 e pele de boneca de porcelana alemã. Ela é loira, de pele super clara, na qual não se vê uma única ruga, uma única mancha, espinha, cravo, marca, nada. Um verdadeiro bumbum de nenê. A pele dela é o melhor marketing que ela poderia ter, portanto, se ela diz que hipoglós funciona, olha eu aqui besuntada!

Aí eu penso que certos tratamentos só podem ser feitos se você for solteira e não estiver namorando. Que mulher dormiria com hipoglós em volta dos olhos se tivesse um marido ou namorado ao seu lado na cama? E com uma máscara verde, de chá verde, destinada a amaciar a pele do seu rosto, tu tinha coragem? E com uma touca feita de meia-calça velha, seja ela com ou sem hífen, pra abaixar os arrepiados da escova? E de touca de grampos? Bobes? Gel de clareamento dental? Luvas de parafina para afinar a pele das mãos?

Jamais. A menos que a intenção seja botar o sujeito pra correr de pavor e depois entrar com um divórcio litigioso alegando abandono de lar. Só não pode deixar ele te fotografar com um visual assim, senão o juiz dá ganho de causa pra ele e capaz até de te prender por atentado violento ao bom gosto e ao bom senso.

Com isso, as comprometidas acabam levando a fama de não se cuidar x solteiras que estão sempre lindas e com pele e cabelo sensacionais. Porque essas últimas podem usar a noite para ter um verdadeiro sono da beleza. Se tiver de passar criolina com enxofre nos pés pra amaciar, não tem ninguém pra reclamar.

Só não digo que isso é uma injustiça porque alguma vantagem Maria teria de levar na solteirice. Senão seria covardia demais.

PS: tá passando Garota Dourada no Canal Brasil. Tão engraçado ver André di Biasi, Alexandre, Frota, Sergio Mallandro, Guto Graça Mello, Andrea Beltrão, Olivia Byngton - ou seria a Bianca, nunca lembro qual que canta e qual que atua -, todos com 20 e poucos anos.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

A diferença entre o canalha e o cafajeste

Está aqui.
Muito educativo!!!

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Reforma

Desde julho do ano passado que estou querendo reformar o banheiro da Isabela e agora, finalmente, a reforma se realiza. Bem na pior época do ano para mim, a mais corrida e tumultuada, mas foi a única na qual consegui conciliar pedreiro e Maria do Socorro sem pé quebrado: quando o pé dela tava bom, o pedreiro tava ocupado; quando ele desocupou, ela entrou de licença por causa do pé.

Aí você diz: ah, é só um banheiro que está sendo reformado. Verdade, e como há outros para usar, nem é uma tragédia tão grande assim. Admiro o povo que se anima e diz: vou quebrar a cozinha, vai levar só uns dois meses. Eu certamente cortaria os pulsos. Quebrar a cozinha é algo que eu só faria em caso de vazamento sério, ou se ela estivesse caindo aos pedaços. Capaz de eu preferir me mudar.

Porém, a sujeira se espalha pela casa toda, é uma coisa impressionante! Agora estão na fase de assentar o revestimento, e o pó da cerâmica sendo cortada na varanda do quarto do banheiro em questão se espalha por todos os cantos. E olha que o tal banheiro fica bem no fundo do quarto, nem é ali no meião.

Sem contar o desespero da Cindy, que não entende nada, não sabe o motivo da bagunça toda, não conhece esses moços diferentes, detesta todo esse barulho e agitação fora do normal e pior ainda: ninguém deixa ela entrar no banheiro em obras pra assuntar o que rola.

A bichinha tá que só mia. ô dó...

update: hoje abri a porta do banheiro em reforma e deixei a Cindy entrar. Ela entrou, fuçou tudo, cheirou, passou por cima das coisas e depois saiu, dando uns miadinhos. Será que ela tá gostando da cor?

domingo, fevereiro 08, 2009

O pai das meninas

Meu pai tem 78 anos e é muito saudável. De vez em quando tem um probleminha aqui outro ali, dá um susto na gente, descabela minha mãe quase o tempo todo, mas é do tipo que passa quatro dias internado num hospital e sai de lá dizendo que tem que passar no supermercado - e efetivamente passa - pra fazer umas comprinhas. Doente, para ele, é quem está em cima de uma cama, ruim demais pra se levantar.

Porém, mesmo ele já está sentindo o peso da idade e se cansa com mais facilidade. Entenda-se por se cansa que ele caminha todos os dias por pelo menos uma hora, vai ao supermercado todo dia porque é viciado nisso (Oi, meu nome é Djalma e eu sou viciado em supermercado, não posso ver uma gôndola que sou acometido de suores e tremores. clap clap clap. Oi, Djalma), leva e busca meu sobrinho menor no colégio, e o maior onde quer que ele invente ir, a qualquer momento do dia ou da noite (agora ele tirou carteira e ganhou um carro, então este item foi eliminado da lista, mas logo será substituído por outro) e manda emails pra Deus e o mundo - incluindo aqueles que dizem que tem vermes mortais no sushi e que a AOL vai pagar R$ 0,05 por email repassado pra salvar o menino que tá com câncer no cérebro, e de criança que sumiu não sei onde, se duvidar, até a própria criança recebe o email dela mesma, com foto de 5 anos atrás - bate papo no messenger, leva minha mãe e busca onde quer que ela queira ir, vai ao clube no fim de semana, vara a noite jogando buraco com minha mãe e amigos.

Até eu fiquei cansada, só de escrever.

Acontece que ele é pai de duas meninas, e um pai e marido superprotetor, como aliás, é a maior parte dos pais de meninas - junto com uma menina, nasceu um pai que resolve fazer tudo por ela todo o tempo. Do tipo que sempre fez tudo para nós e continua fazendo. Que me liga todos os dias de Brasília, além de falar comigo no messenger, e que não dorme se me ligar à noite e souber que estou na rua e ele não conseguir falar comigo no celular. Que perturba os pedreiros cada vez que minha irmã faz uma obra em casa para que tudo saia perfeito. Que se eu disser que não vou comprar alguma coisa que gostei porque tô se dinheiro ele fica querendo comprar pra me dar achando que tô em intenso sofrimento e que tadinha da Cláudia que vai ficar sem (mais uma) sandália vermelha.

Houve um tempo em que eu até me sentia sufocada com tanto zelo, que já sou adulta, mãe, mas depois eu entendi que isso faz parte da personalidade dele, que ele não saberia ser de outra forma, e que pra ele eu terei sempre 5 anos de idade, como minha filha de 18 tem para mim, e passei a tomar atitudes diferentes. Se vou a algum lugar onde meu celular não pega, ou que eu provavelmente nao escutarei se tocar, ou até mesmo porque não quero deixá-lo ligado, ligo antes para ele e aviso que se isso acontecer, que ele não se preocupe que está tudo bem comigo. É suficiente, simples e funciona para nós dois: eu não tenho de ficar preocupada em ouvir o celular caso ele ligue, ele não perde a noite imaginando o que pode ter acontecido comigo numa cidade tão perigosa como esta, tão longe dos olhos dele.

Ele é militar, já aposentado. Desde que eu e minha irmã nascemos, já se vão 40 anos, ele paga um fundo adicional, para que, quando ele e minha mãe morrerem, eu e minha irmã continuemos a receber sua pensão independente do nosso estado civil, porque filhas de militares têm direito a pensão do pai enquanto são solteiras, ou ao menos tinham nessa época. É uma regra baseada numa cultura machista sim, protecionista sim, vinda de um conceito no qual a mulher ou está sob a guarda do pai ou está sob a guarda do marido, mas ela existia na ocasião, e como eu disse no começo da história, meu pai tem 78 anos. Às vezes eu penso que se ele tivesse investido esse dinheiro num fundo privado, estaria com uma bela grana em mãos, mas o intuito nunca foi esse, ganhar dinheiro, e sim garantir que ficássemos amparadas financeiramente quando ele e minha mãe se forem. Essas coisas que só os pais pensam.

Fez seguro de vida em nome de nós 3 há nem sei quantos anos, acho que desde que inventaram a modalidade, e se preocupa em estar com tudo sempre organizado para que não tenhamos nenhum problema quando ele morrer, porque, afinal, ele não estará ali para fazer tudo o que ele faz por nós e que nos deixou inclusive, tudo mal-acostumada, nós 3. Eu mal bato um prego na parede, porque ele sempre fez isso por mim e nunca me ensinou a fazê-lo porque sempre achou que não precisava, afinal, ele sempre o faria por mim, mesmo que eu morasse em Timbuktu. Minha mãe não troca uma lâmpada. Minha irmã não enrola uma fita isolante num fio desencapado.

Com isso, ele me manda email com o seguinte teor: Cláudia, na gaveta da escrivaninha, dentro de uma pasta amarela, tem os papéis do seguro, e do auxilio-funeral, e as instruções de como proceder. A primeira vez que recebi um troço desses, que foi por carta e ainda por cima com cópia da papelada pra eu saber do que se tratava, eu quase tive um treco. Liguei esbaforida para casa para saber o que estava acontecendo e ele calmamente me explicou que afinal de contas ele tinha de me avisar sobre isso quando estivesse vivo. Agora meio que já me acostumei.

De lá pra cá, ele me reporta os resultados dos exames que faz, pra eu saber que está tudo bem com ele. E com aquela pontinha de vaidade de contar pra todo mundo que se ele não fizer isso eu fico aqui doente de preocupação. Fico mesmo.

Outro dia, morreu um amigo dele dos tempos de Exército e ele foi ao enterro. Voltou pra casa, não disse nada. No dia seguinte, desceu da parte de cima do armário a antiga farda, a de gala, e mandou para a lavanderia. Dias depois, minha mãe encontra um envelopinho com fotos 3x4 dele, fardado - que beleza, uma farda de 20 anos atrás ainda servir não? Fosse eu... - guardado junto com a tal papelada do seguro. E a farda pendurada no armário, junto dos paletós e casacos, limpa e arrumadinha.

Aí ela entendeu que ele quer ser enterrado fardado, e que já deixou até as fotinhos prontas, para as lembrancinhas (!) do funeral. Atenção especial para o fato que ele não tem nenhuma doença degenerativa, ou qualquer outra que o esteja debilitando, e se seguir a tradição familiar, passa longe dos 90 no mesmo gás.

Tudo isso parece muito mórbido contando assim, mas acreditem que nada que meu pai faz tem um toque de morbidez, e sim de naturalidade e até diversão. Ele acha tudo isso muito normal e que a chance que ele tem de providenciar tudo é agora. Faz tudo isso como se tivesse ido até o supermercado comprar mamão.

Porque afinal de contas, ele é pai de meninas, a quem ele sempre protegeu e protege ainda, e não quer que a gente se preocupe com assuntos que, para ele, é ele quem tem de resolver.

Ou seja, todos.

Pai, hoje não é dia de nada, apenas acordei pensando em você e em tudo o que faz por nós todo o tempo, e no quanto sou feliz e abençoada por ter um pai como você. Beijinhos.

sábado, fevereiro 07, 2009

Sobre Eluana

Não vou entrar aqui no mérito da questão, se é certo ou errado, justo ou injusto, cristão ou não.

Só expresso minha solidariedade ao pai da Eluana. É inimaginável, ao menos para mim, o tormento de um pai em ter a filha em estado vegetativo há 17 anos. Vê-la definhar dia a dia, os músculos se atrofiarem, a pele enrugar e esmaecer, saber que ela não o escuta, não o vê, não o reconhece.

Que jamais irá ouvir sua voz novamente, que jamais receberá dela um sorriso, ou mesmo um choro. Que não terá netos, que não a verá se formar na faculdade e construir uma carreira profissional. Que não a conduzirá ao altar, que não pode conversar com ela sobre seus projetos.

Tudo isso ao mesmo tempo em que sabe que ela não morreu propriamente dito. Que está ali, fisicamente ao alcance da sua mão, e ao mesmo tempo tão longe e inacessível.

Também não tenho como dimensionar a espécie de cansaço e a sensação de derrota de um pai que pede à Justiça o direito de sua filha morrer. Que pede apenas que seja dado um basta a um sofrimento sem fim e sem retorno. Que se vê desprovido de toda a esperança e de toda a fé de que um dia sua filha vai voltar das profundezas onde se encontra. Que já esgotou todas as promessas possíveis que poderia ter feito a Deus e todos os santos para ter sua menina de volta. Que já não possui mais ses: se ela acordar de repente, se ela sentir dor, se ela estiver melhorando, se ela...

Seria essa situação pior que a morte? Não sei. Seria preferível ter a filha morta a este estado? Não sei. O que eu decidiria? Não sei. Não sei se teria coragem de deixar minha filha ir, e não sei se não me agarraria à imensa saudade que sentiria dela e desejaria estar com ela, do jeito que fosse.

Ou se a amaria o suficiente para não ser tão egoísta e deixá-la ficar em paz.

A Giuseppe Englaro, junto meu coração de mãe, e desejo que Deus o ilumine e o proteja, e o ajude a superar a dor da separação, da perda, do abandono, da culpa, e encontre a paz que certamente lhe falta há 17 anos.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Cauã Raymond posa nu para a RG Vogue


foto do globo.com

(não tem post porque estou sem palavras, tentando recuperar o fôlego)

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Déjà vu

Hoje foi o primeiro dia de aula da minha filha na faculdade. Na verdade, foi o segundo primeiro dia de aula dela na faculdade, uma vez que ela tinha passado na PUC no começo de 2008 mas não gostou do curso e resolveu trancar, fazer cursinho de novo e mudar para um curso que tivesse mais a cara dela.

Deixei-a na rua da faculdade, por onde já circulavam bixos e bixetes devidamente paramentados com tinta na cara e toda sorte de porcaria nos cabelos - as meninas, porque os meninos, coitados, já estavam sem eles. Ela e uma amiga de colégio, já veterana da mesma faculdade, encarregada de pintá-la.

Fui embora me lembrando do meu primeiro dia na UnB (Universidade de Brasília), tantos anos atrás. A sensação de estar pisando em um novo mundo, quase um santuário para mim, o solo sagrado tão cultuado, objeto de tanto esforço e tensão, onde eu finalmente viraria gente grande. E, ao mesmo tempo, o medo de sair do colégio onde todo mundo te conhece e te acha o máximo para um lugar onde o professor mal terá oportunidade de saber o seu nome, onde eu teria de procurar pela sala onde teria aula, e montar minha própria grade de matérias - porque o sistema da UnB é de créditos, bastante interessante por sinal depois que se acostuma com ele, mas assustador no início - encaixando umas nas outras de acordo com os horários, a disponibilidade, os pré-requisitos para cursá-las.

Tanta gente diferente, tantos cheiros, cores, ideias, valores, sons... e ao mesmo tempo, todos nós na mesma situação: bixos.

Na UnB não dá pra identificar um bixo assim tão fácil como nas faculdades particulares. Mesmo nas classes iniciantes, nem todo mundo ali é bixo, porque um veterano pode escolher uma daquelas matérias como optativa, ou ela até pode ser obrigatória, mas ele optou por fazer em outro semestre que não no primeiro. Ou seja, dá pra passar despercebido, basta conter o queixo que teima em cair e a baba que teima em escorrer ao percorrer o Minhocão.

O Minhocão é o prédio principal da Universidade de Brasília, cuja planta remete ao formato de avião do projeto da cidade. No Minhocão, ficam os departamentos: de Comunicação, de Psicologia, de Arquitetura, de Física, disso e daquilo. De uma ponta a outra do Minhocão, tem 1km de extensão. Fora os demais prédios do campus, que são fora do Minhocão: o da Engenharia, o da Música, o do Direito... sem contar a biblioteca, enorme, que fica beeemmmmm lá pra baixo.

Com o sistema de créditos, sua primeira aula pode ser no departamento de Comunicação, de um lado do Minhocão, a segunda pode ser do outro lado, no andar de cima, a terceira pode ser de volta do lado da primeira, a quarta pode ser no prédio do Direito, a quinta pode ser em algum lugar que você não conseguiu localizar. É neste momento que você se trai como bixo, fazendo a clássica pergunta: por favor, onde fica o Departamento de Psicologia?

O trote consistia então, na época em que fui bixete, em ficar mandando a gente pra lá e pra cá feito baratas tontas, procurando as salas. Tinha também a modalidade do veterano bacana, que dizia que tava justamente indo pra lá e que você podia ir junto. Normalmente a aula era em um auditório, no qual a entrada era pelo topo da escadaria. Então, ao chegar, invariavelmente atrasado porque afinal você levou séculos pra descobrir onde raios ficava aquele lugar - a UnB dava uns mapas pra gente, mas quem conseguia se orientar por aquilo? - o veterano te dava um empurrão, não forte o suficiente para te fazer rolar escadaria abaixo, porque os degraus eram largos, de concreto, mas o bastante pra te fazer entrar na sala, no meio da aula, catando cavaco e derrubando os livros no chão ou em cima de alguém.

Tudo isso pra contar que hoje eu vi nos olhos da minha menina o mesmo deslumbramento, o mesmo brilho, a mesma excitação que eu vi em mim mesma, tantos anos antes. O orgulho de ser bixete do curso escolhido e o mundo novo que se abre diante dela e um sem fim de possibilidades.

Filha, mais uma vez você me enche de orgulho e de alegria, como faz sempre, desde que nasceu. Deus te proteja, te guie e te ilumine.

Seja muito, muito feliz na sua nova empreitada!

Mamãe

Ganhei um selinho!


A Virginia me deu este selinho aí de cima e me ensinou como fazia pra colocar. Mas aqui no meu blog não tem a opção que ela me indicou, então coloco aqui como post mesmo.
Obrigada, Virginia!!!

E repasso o selinho para:
- a Lala
- a Lu
- a Ju
- o Xu
- a mh

Imperdoável! Leio todo dia e me esqueci de mandar para ele (divide com a Jô, Gastón!)

2 de fevereiro

Hoje é dia de Iemanjá.
Como estamos estremecidas, não direi mais nada além disso.

Bixete ESPM 2009



ogulhudimamã!

domingo, fevereiro 01, 2009

Cinema

Fui assistir ao Benjamin Button. Não vou comentar o filme pra não estragar para quem não foi ver, mas sobre ele tenho a dizer:
- se tivesse uns 40 minutos a menos seria mais legal; tive a impressão de que quiseram fazer um Forrest Gump que não rolou.
- achei sem graça, o que salva é que, à medida que o filme se arrasta, o Brad Pitt vaí ficando cada vez mais lindo.
- certeza que indicaram o Brad pro Oscar de melhor ator? Eu concordo que ele é um petáculo, mas daí a dizer que ele sabe atuar vai uma diferença compriiiidaaaa....

Destaque para a atriz que faz a mãe dele no filme. Ótima! Devia levar o Oscar de melhor atriz coadjuvante.