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quarta-feira, novembro 30, 2011

Nós, mulheres, e a tecnologia galopante

Todo mundo joga confete sobre as vantagens do avanço da tecnologia, mas já repararam que a tecnologia está fazendo com que nós, mulheres, percamos direito a várias coisas que facilitavam bem a vida?

Bina, por exemplo, já mencionei aqui, é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que te permite ver quem está ligando - e com esta preciosa informação em mãos você decide se atende com voz de quem está ocupadérrima, com voz melosa, com voz de brava ou então nem atende que é pra ele ver o que é bom pra tosse -, não te permite ligar só pra escutar a voz dele dizendo alô de vez em quando.

Muito menos passar trote praquela vaca.

Concordam que isso foi uma imensa perda para a contenção da ansiedade feminina? Eu acho.

Como já sabemos e comprovamos que o mundo é masculino, eis que o passo seguinte foi o advento do celular. Aquele aparelhinho que está ali sempre à mão, em especial quando estamos sem fazer nada, angustiadas, ansiosas e sem nem uma caixinha de bis à mão. Já sacaram qual é o problema, né? Sabia que não iam me decepcionar! E se alguém for dizer que nunca ligou para a pessoa errada na hora errada e quis se jogar pela janela depois, guarde a informação para si, até porque eu já vou achar que é uma mentira deslavada.

Um dos desdobramentos da invenção do celular foi a morte do número errado de telefone. Antigamente você podia dar o número de telefone errado na balada e o cara só descobria depois, quando ia te ligar para combinar alguma coisa. Uma amiga minha tinha até um número fixo errado, ela dava sempre o mesmo número errado, com apenas uma pequena modificação em relação ao número certo. Se depois, por mero acaso, ela reencontrasse o cara e continuasse não gostando dele - e reencontrar alguém numa baladinha brasiliense nos anos 80 era a coisa mais comum do mundo - ela dizia que tinha se enganado e dava o número errado 2. Normalmente resolvia a questão, quando o cara ligava para o segundo número errado e em vez de cair no salão de beleza Beleza Pura, caía na Casa de Carnes Porquinho ele se tocava  de que não tinha agradado. Caso ela reencontrasse o cara e mudasse de ideia, dava o telefone certo e o cara ficava acreditando piamente que ele tinha anotado errado da primeira vez.

Maquiavel perde pra capacidade manipuladora duma mente feminina disposta.

Só que hoje, o que acontece? Como ninguém nunca está em casa, todo mundo dá o número do celular, certo? E o cara na mesma hora pega o celular dele, digita o número que você deu e liga NA MESMA HORA, com a desculpa de você salvar o número dele.

Ou seja, acabaram-se a possibilidade e a diversão de dar o telefone errado. Eu fico aqui pensando nas primeiras vezes em que isso aconteceu, quantas desavisadas não passaram o maior carão quando o telefone não tocou. Mais ainda quando deixaram tocar até alguém atender. Daí a tática da minha amiga ser acertada, sempre se podia dizer que não havia sido proposital.

Tá certo que a gente fica sabendo também quem está ligando antes de atender, nem tudo está perdido, não compensa inteiramente a perda da situação anterior, mas já minimiza.

O próximo passo para dificultar nossa vida será o telefone com câmera virar a coisa mais banal do mundo. Você nunca mais vai poder falar uma coisa pelo telefone enquanto pensa outra: nós não vamos mais ao cinema porque você vai jogar bola com o Carlão? Não, imagina, tudo bem pra mim... Cintia? Que Cintia, não me lembro de nenhuma amiga sua chamada Cintia (enquanto isso você forma na sua cabeça a imagem daquela piriguete que adora se pendurar no pescoço dele e sua cara de ódio te traindo, já pensou?).

Aí vai ser difícil sobreviver nesta selva.

quinta-feira, novembro 24, 2011

Mãedrasta

Eu adoro novela, sempre digo isso. Posso até não estar acompanhando nenhuma, normalmente enjoo no meio dela e volto a ver quando está perto do final, ou leio o que vem rolando nos sites especializados. Acho escrever novela uma arte que poucos dominam e um compromisso massacrante. Adoraria ter a chance de participar de um grupo que estivesse escrevendo uma novela apesar de desconfiar que não deve ter glamour nenhum na atividade. Enfim...

Baseada nesta minha veia noveleira é que observo que as duas grandes personagens das novelas atuais são mulheres na casa dos 50, tão comuns que podiam ser qualquer pessoa que conhecemos por aí. Uma delas é a já buxixada Pereirão, com Lilia Cabral dando um banho em todo mundo e mostrando o que é ser boa atriz.

A outra é Eva, da novela das seis, A Vida da Gente, interpretada de forma sensacional pela Ana Beatriz Nogueira.

Para quem não assiste à novela, vai um breve resumo da trama principal: Eva é mãe de duas meninas, Ana e Manuela, casa-se com Jonas, pai de um casal de filhos, um deles é o Rodrigo. Os quatro são criados como irmãos, até que aos 17 anos Ana e Rodrigo se descobrem apaixonados logo quando os pais estão enfrentando uma separação conflituosa, já que Jonas deixa a mulher por uma personal trainer periguete. Ana fica grávida, só que ela é uma tenista de sucesso, com carreira em ascenção, na qual sua mãe apostava todas as fichas. Eva tem declarada preferência por Ana, filha mais nova, em detrimento de Manuela, que vive à sombra da irmã e tem um defeito no pé. A filha de Ana nasce, ela sofre um acidente de carro, o qual era dirigido por sua irmã Manuela, que tendo de optar entre salvar a bebê de dentro do carro que caiu no rio e a irmã, opta por primeiro salvar a garotinha.
Ana entra em coma por 7 anos e durante este período sua mãe não desiste e passa a vida incansavelmente ao lado da filha no hospital, culpando Manu pelo ocorrido. Manuela assume a criação da sobrinha, auxiliada pela avó, e aos poucos ela e Rodrigo, pai da menina, se aproximam, se apaixonam e por fim se casam.
Ana acorda do coma e agora a novela começa a pegar fogo.

A Eva é uma vilã: prefere descaradamente uma filha em detrimento da outra, demonstra seu desprezo pela filha mais velha defeituosa, massacra a mais nova vendo nela e no seu sucesso no esporte a tábua de salvação para a situação financeira terrível em que se encontram após o divórcio, tenta forçá-la a dar a filha para adoção depois de fazê-la dar à luz na Argentina para que ninguém soubesse da gravidez e Ana não perdesse os contratos recém-assinados. Registra a neta como sendo sua filha, e atormenta tanto a vida de Ana que ela e Manu resolvem fugir para a casa da avó, que mora em outra cidade, quando o acidente que deixa Ana em coma acontece. Para ser ainda mais malévola, diz os maiores impropérios para a filha mais velha, acusando-a de tentar matar a mais nova porque sempre a invejara, mesmo estando a mais velha internada, também ferida. E quando a filha mais velha, muitos anos depois, se casa com o pai da filha da irmã em coma, Eva a acusa de finalmente ter roubado a vida da irmã.

Uma verdadeira bruxa, não? Então...

É impossível não ficar dividida com Eva ao ver sua dedicação absoluta à filha em coma, sua confiança de que um dia ela vai acordar, seu zelo para que não tenha escaras ou atrofias, seu cuidado incansável de mãe. Ainda que demonstrando um grau elevado de obsessão, que esteve sempre presente mesmo quando Ana ainda não tinha sofrido o acidente, quem não se comove com a imagem da mãe que dorme mal acomodada em uma poltrona de hospital por anos a fio, na acirrada vigília da filha doente? Na tristeza de ver sua filha caçula ali prostrada, tão jovem e com um futuro tão promissor. Nos ciúmes de querer que a filha seja só dela, reforçado pela certeza de que só ela sabe o que é melhor para a filha, que só ela sabe do potencial da garota, recusando qualquer opinião, especializada ou não, que não seja a de que a filha um dia acordará. Na estimulação incansável para tentar alcançar a profundeza onde Ana se encontra. Em seu desesperado amor pela filha, ela esquece que há outras pessoas no mundo, esquece inclusive que existe um mundo, para ela o tempo parou, não há relógios, horários, compromissos, a não ser os relacionados à Ana e a tudo que possa contribuir para que ela se recupere.

A cada capítulo, Eva nos dá a chance de odiá-la profundamente e de entendê-la profundamente. Não consigo ver a novela todos os dias, ainda mais nesta época do ano que estou trabalhando até mais tarde, mas cada vez que assisto me pego chorando com Eva, ou com vontade de mandá-la praquele lugar. Fico pensando se eu não me transformaria na leoa que ela demonstra ser quando tenta proteger Ana se fosse minha filha ali, e neste momento eu a perdoo.

Mas somente até ela massacrar a Manuela mais uma vez.


Post em homenagem à atriz Ana Beatriz Nogueira, que está dando um show na pele de Eva. Ela merecia uma capa da Veja também.

segunda-feira, novembro 07, 2011

A bagagem de cada um

O tempo passa e vamos acumulando cada vez mais bagagem. Cada vez precisamos de mais coisas para nos sentirmos confortáveis e lindas, e assim nossa mala fica mais e mais cheia, mais dificil de arrumar e mais pesada para carregar.

Não, gente, não tô filosofando não, tô falando mesmo é da minha mala para passar um fim de semana incompleto em Ubatuba.

Tracei um pequeno paralelo ilustrativo entre a mala que levei neste fim-de-semana praiano e a que teria levado aos 18 anos de idade, na mesma situação:

Mala dos deixapraláquantos anos:
- um short e uma camiseta para colocar por cima do biquini
- uma roupa para usar à noite
- uma roupa para usar durante o dia, com direito a casaquinho para o caso de esfriar
- uma roupa de alternativa para usar após a praia e voltar para São Paulo
- um biquini
- uma canga
- um sapato para usar à noite, um sapato mais baixo, um sapato alto de usar de dia, um chinelo havaiana
- secador de cabelo com dois tipos de escova, diferentes
- necessaire dos cremes: creme para o rosto dia com protetor solar, creme para o rosto noite, dois tipos de cremes para os pés, um hidratante para o corpo, shampoo, condicionador, finalizador, sabonete, perfume, desodorante, demaquilante para os olhos, sabonete para o rosto, escova de dentes, fio e creme dental
- necessaire da maquiagem: corretivo, primer base, pó, pó iluminador, jogos de sombras (um estojo com 30 cores), blush, rimel, lapis, delineador, pincel fino para sombra, pincel largo para sombra, pincel para o pó, pincel para o blush, batom (3)
- bolsa para levar para a praia: canga, documento de identidade, dinheiro, dois tipos de protetor solar para o corpo, um tipo de protetor solar para o rosto, óculos escuros, chapéu, livro.

Mala dos 18 anos:
- 2 biquinis
- uma canga
- um conjunto de short e camiseta e um vestidinho
- uma sandalinha combinando com tudo e um chinelo havaiana
- necessaire dos cremes: shampoo, condicionador, neutrox 2 pra passar nos cabelos na praia, desodorante, escova de dentes e creme dental
- necessaire da maquiagem: um gloss
- bolsa para levar pra praia: ãhn??? A canga vai amarrada no corpo, o chinelo no pé e o dinheiro prum picolé preso na lateral do biquini, não tá bom assim?