tag:blogger.com,1999:blog-152514482024-03-07T17:12:39.638-03:00É o seguinte... tá bem?Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.comBlogger1517125tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-19228249670724123302014-02-15T21:42:00.000-02:002014-02-15T21:42:05.323-02:00Lugares child freeCresce em todo o mundo a quantidade de lugares child free. Ou seja, lugares que não aceitam crianças em suas dependências. Junto, cresce a polêmica: é uma atitude antipática ou apenas uma forma de negócio?<br />
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Para um hotel receber crianças em suas dependências, precisa criar uma estrutura para isso. Porque crianças são naturalmente inquietas, se cansam da mesma atividade em um tempo menor que os adultos, falam mesmo alto, deixam cair coisas, tem brinquedos barulhentos. Restaurante idem: eles acabam de comer muito antes dos adultos e aí, fazer o quê da vida?<br />
O que eu acho é que existem locais que são naturalmente child free e outros que são feitos para se ir com crianças. O problema começa quando um grupo - o sem criança - quer frequentar um local do outro grupo - os com criança - nas mesmas condições de quando frequenta o seu <i>grupo original</i>. Olha a m... feita.<br />
A pessoa vai para um hotel fazenda com cavalinhos, coelhinhos, pintinhos, patinhos e todos os demais inhos do mundo animal e pretende se sentar na piscina e ler um livro na maior calma do mundo. E se incomoda com o barulho dos monitores fazendo atividades com os pequenos na piscina - e com os adultos também, Deus, como eu odeio monitor de piscina que fica querendo arrastar a gente para a aula de hidroginástica ao som de axé music! Vai a um restaurante que tem uma área imensa dedicada às crianças e torce o nariz para a gritaria e para a correria. Vai ao cinema ver uma animação, que por mais que atraiam os adultos, são feitas para o público infantil, e fica fazendo xiu! o tempo todo pra criançada calar a boca.<br />
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Não dá.<br />
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Assim como não dá o oposto. Pais tendem a achar que seus filhos, suas preciosidades, são unanimidade: todo mundo os ama e os acha lindos e fofos. Então, gente, qual é o problema de passar o fim de semana naquela pousadinha pequena, intimista e calma com seu molequinho de 4 anos? Só porque ele vai sair correndo e berrando pelos corredores vestido de homem-aranha às 7 da manhã? E é claro que vamos levá-lo para jantar naquele restaurante francês chique, para ele aprender desde cedo o que é uma boa comida - ele vai fazer malcriação, não vai querer comer aquilo, vai ficar fazendo birra na cadeira querendo uma pizza, mas isso faz parte do processo educacional. E sim, podemos passar três horas almoçando e querer que a criança fique quieta na cadeira todo o tempo, morta de tédio, ou, para que possamos passar essas três horas almoçando e conversando, depois da primeira meia-hora a gente solta o pequeno purg... príncipe no pasto e ainda se aborrece porque o garçom não tomou conta dele.<br />
Ou leva sua filha pequena junto para a aula de Pilates, que exige concentração, numa sala à meia-luz, música baixinha, e ela fica lá falando mais que a boca, perguntando, querendo ir ao banheiro pra fazer xixi.<br />
Fui ao cinema assistir Capitão Phillips. Filme pesado, violento, de adulto. Classificação de adulto. Atrás de mim, um casal com dois meninos: um de uns 8, outro de uns 6. Preciso dizer que mamãe zelosa passou o filme todo lendo as legendas? E papai amoroso respondendo a todas as perguntas que os meninos faziam durante o filme? Além de atrapalhar todo mundo que estava em volta, o filme era inadequadíssimo para a idade deles, e apesar de saber que o moleques não têm culpa da imbecilidade dos pais, desejei que passassem uma semana tendo pesadelos, fazendo xixi na cama e dando bastante trabalho para ver se os pais se mancam numa próxima vez.<br />
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De novo: não dá.<br />
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Respondendo à pergunta do começo deste texto: eu acho que é apenas uma forma de negócio, da mesma forma que fazer locais voltados para crianças também o são. A diferença é que locais voltados para crianças são vistos com simpatia, e locais que abertamente não permitem crianças despertam antipatia, já que nossa cultura trata as crianças como se fossem pequenas dádivas divinas que todos têm de reverenciar. E como cada vez mais os pais repreendem menos os filhos, cada vez mais as crianças se comportam como seres fora de controle, impondo sua presença até mesmo para quem não deseja isso. Significa não gostar de crianças? Não. Significa apenas querer ter o direito de se sentar em um restaurante tranquilo e saber que não haverá nenhuma criança passando gritando ao lado da sua mesa.<br />
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Da mesma forma que, se você vai almoçar com seus amigos que têm filhos pequenos, entre na deles e vá a um restaurante que tenha atividades para que eles possam se distrair, e saiba que sua conversa será entrecortada pelas perguntas delas, que corre-se o risco de ter coca-cola derrubada na mesa. Saiba que seu almoço vai demorar menos tempo porque quem merece ficar sentado em uma mesa com pessoas falando sobre um assunto que não te interessa, sem nada para fazer? Tente ficar umas 4 horas - porque o tempo tem de ser proporcional ao tempo de vida e uma hora para uma criança dá umas 3 das nossas - sentada quieta em um local, sem ter nada para fazer, nem um livro para ler, nem um smartphone para fuçar o facebook ou jogar candy crush. Fique ali, fazendo absolutamente nada, sem acesso a nada, e com alguém dizendo para você ficar quieto cada vez que se mexer.<br />
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Como sempre, como em tudo na vida, bom senso ajuda bastante.<br />
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<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-41785851179863810952013-11-27T20:41:00.002-02:002013-11-27T20:41:53.490-02:00BLITZ! DOCUMENTOS!O facebook hoje bombou de indignação por causa de um texto publicado em uma revista destinada a grávidas e mães de criancinha, no qual a jornalista supostamente detonava o leite materno e enaltecia o leite em pó.<div>
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Eu não li o texto, não deu tempo, já tinha sido tirado do ar, só li uma espécie de retratação. Mas não é porque eu não li que não vou palpitar, certo? Afinal, falam da vida da gente sem saber o que se passa, por que razão não posso eu falar sobre um texto sem tê-lo lido?</div>
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Quando Bela nasceu, eu não consegui amamentar. Ela ficou magrelinha, gemia, choramingava, não dormia direito, e eu no maior desespero, até minha mãe diagnosticar, precisa: é fome. Compramos o Nan e, para ela não perder o hábito de mamar no peito, dei de colherinha, junto com a chupeta, um trabalho do caramba, nem sei quanto tempo pra garota tomar 40ml de leite. Depois disso, ela dormiu umas quatro horas seguidas. QUATRO HORAS. Até suspirava de satisfação, a pobrezinha.</div>
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Claro que aquele esquema colherinha + chupeta não tinha como se sustentar, porque levava uma vida inteira. Aí o pediatra recomendou que antes de eu dar a mamadeira, eu a colocasse no peito para mamar, para estimular a produção de leite. E eu fazia isso todas as vezes em que ela ia mamar, dia e noite. Além de tomar cerveja preta, comer broto de alfafa e pentear os seios com um pente virgem quando estivesse debaixo do chuveiro.</div>
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Imagina o trabalho que era essa operação toda - a de colocar para mamar no peito antes da mamadeira, porque a do chuveiro eu desisti assim que caí em mim e percebi o ridículo da situação. E como Isabela não nasceu burra, chegou uma hora em que, quando eu a colocava no peito, ela abria o berreiro. Pudesse falar e gritaria: PQP, DE NOVO ESSA TORTURA???? Antes ela ainda mamava sofregamente, tadinha, por alguns minutos até perceber que não rolaria comida ali, mas não demorou pra pescar a situação e entender que quando ela chorava eu desistia daquilo e dava leite pra ela.</div>
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A isso somava-se o fato de que todas as publicações, TODAS, fazem questão de frisar que TODAS as mulheres podem amamentar, até as que adotam, que só não amamenta quem NÃO QUER. Com o adendo de eu ter tido de fazer uma cesariana, porque com quase 42 semanas de gestação a barriga continuava lá no nariz e Isabela nem dava sinal de que sairia dali de dentro um dia - estaria lá até hoje, se não tivessem tirado. Juntando com ela não ser exatamente um bebê gordinho e nem dormir religiosamente no mesmo horário. E tudo isso coroado com o fato de eu ter 20 anos de idade, um recém-nascido no colo, ter acabado de deixar de ter vida de filha para ter vida de mãe, e nenhuma segurança de opinião, apesar de toda a coragem do mundo.</div>
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Resumindo: eu me sentia a mais incapaz das incapazes mães. A que não conseguia amamentar quando todas conseguiam. A que NÃO QUERIA amamentar, porque se só não amamentava quem não queria, então eu não queria, certo? Eu era egoísta o bastante para negar à minha bebezinha o leite materno que a protegeria de todos os males do mundo e ela cresceria doentinha, debilitada, com todas as doenças do mundo assolando seu corpinho.</div>
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A vida se encarregou de me tirar essa culpa dos ombros, e o fato da Isabela ter uma saúde de ferro idem. Aos poucos, fui vendo que o leite materno era apenas uma das formas de amor que eu podia oferecer para minha filha, e não a única. Se eu tivesse tido outro filho, eu certamente teria tentando amamentar, mas se não tivesse sido possível, eu não teria ficado tão mal como fiquei, por tanto tempo. Nem sei dizer quantas noites eu chorava baixinho, ensopando os cabelinhos dela, dando a mamadeira, olhando em seus olhinhos e pedindo perdão milhares de vezes.</div>
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Nenhuma mãe de primeira viagem merece isso. É uma tortura psicológica totalmente desnecessária e cruel, sobre um ser humano que tem diante de si uma imensa responsabilidade, cuja vida acabou de mudar radicalmente, e para sempre, e ainda nem sabe lidar com isso direito.</div>
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Bela, quando tinha uns 2 anos de idade, começou a dar uma entonação diferente no final de palavras como tapete. Porque antes ela falava tapeTE e passou a falar tapeCLHI, algo assim esquisito. Como ela começou a falar muito cedo, com 2 anos ela formava parágrafos inteiros. E por conta da terminação esquisita que mencionei acima, povo caiu matando que eu tinha de levar numa fono para CORRIGIR. Dois anos de idade? Felizmente o avô paterno, médico das antigas, disse que o importante era ela se comunicar, que ainda era muito pequena para isso, que era muita frescura em cima da menina. Descobrimos que na verdade ela começou a querer imitar o sotaque carioca da gente, que fala tapeTXI, mas não conseguia, e em pouco tempo ela voltou a ser a paulistaninha que sempre foi, falando tapeTE. Foi também o avô paterno, ortopedista, quem deu um chilique quando sugeriram que ela usasse botinha com um ano de idade, porque pisava torto, tinha pé chato. Como ele disse, chatos são os pais que querem que a criança use botinha mal começa a se firmar de pé. Que a criança está fazendo de tudo para se equilibrar, e nessa fase vale tudo, desde que a criança encontre firmeza e tenha confiança para caminhar, que somente mais tarde é possível detectar problemas que exijam intervenção, a menos que sejam muito gritantes, como um pezinho torto totalmente virado para dentro.</div>
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O grande problema não é amamentar ou dar leite em pó. O problema é a PATRULHA. Se mama é porque mama, se não mama é porque não mama. Se é do tipo mais magrinho, é porque é magrinho, se for mais gordinho, cuidado, vai ser obeso, veja só! Se chupa dedo é porque chupa dedo, se chupa chupeta é porque chupa chupeta e se não chupa nada é porque não chupa nada. Aliás, sobre chupar dedo, recentemente uma amiga que tem uma coisica gostosa de 5 meses foi <i>levemente massacrada</i> em uma festinha de amigos comuns. Tudo porque seu bebê chupa o dedinho - aliás, é uma fofura criança chupando dedinho né? Chupeta idem, ficam com uma carinha tão de "me mima?". Que o dente entorta, o céu da boca, o dedo afina, murcha, apodrece, cai. E a coitada já deve ter escutado tanto sobre o assunto que já fala sobre praticamente se desculpando pelo fato. Vai fazer o quê, meu povo, amarrar a mãozinha do garoto pra ele não chupar o dedinho? A gente sabe que não é a melhor coisa do mundo, mas, na boa, também não é a pior, concorda? Nenhum mal irreparável, e se no futuro tiver de usar aparelho por conta disso, usa ué. E quem garante que ele não vai deixar o hábito antes do que se imagina? E colo? VAI ESTRAGAR A CRIANÇA!!! Eu digo que tem mais é que ficar com o bebê pendurado no colo o tempo todo que puder mesmo, porque mal começam a andar e não querem mais saber, e a gente fica atrás, implorando que queiram um colinho,... que de uma hora para outra fica tão vazio... Mesma coisa dormir na cama dos pais. Concordo que não seja bom, que a criança deve dormir na própria cama, mas de verdade, o que tem de tão terrível, naquela manhã chuvosa de domingo, pegar o bebê e colocar ali juntinho para poder ficar mais tempo na preguicinha? Ou naquela noite que dá saudades, deixar seu filho dormir grudado em você. Coisa mais deliciosa, depois crescem e nunca mais querem saber da gente dormindo fungando no cangote deles, não vão querer dormir na cama da gente pra sempre não - infelizmente.</div>
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Como diz a Isabela: Mãe, como você é carente!</div>
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Então, eu repito: não li o texto, não sei o que estava escrito lá, mas prefiro apostar que a jornalista foi apenas infeliz nas colocações, usou mal as palavras, tentou ser engraçadinha e não deu, quis dizer uma coisa e saiu outra, e em tempos de redes sociais, isso virou uma bomba. </div>
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Se não foi isso, é uma cretina. Como de resto são todos aqueles dispostos a apontar o dedo e criticar tudo e todos, como se fossem donos da verdade ou as melhores pessoas do mundo.</div>
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Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-51988725466439719852013-09-15T20:01:00.002-03:002013-09-15T20:01:30.892-03:00A minha tia Mada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-xNHpP5mt0sc/UjY7Zs86IjI/AAAAAAAADNU/_BJGy1DjOlw/s1600/mada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-xNHpP5mt0sc/UjY7Zs86IjI/AAAAAAAADNU/_BJGy1DjOlw/s320/mada.jpg" width="240" /></a></div>
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Todo mundo tem alguém na família de quem gosta mais, com quem tem mais afinidade, que é o preferido do coração.<br />
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Que me perdoem todos os meus demais tios, a quem eu adoro tanto, mas desde que me entendo por gente que eu tenho paixão pela minha tia Madalena.<br />
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Irmã mais nova da minha mãe, a quinta de uma ninhada de seis, ela sempre foi a alegria e o bom humor em pessoa, sempre uma piadinha engatilhada, sempre uma observação espirituosa, sempre uma gaiatice para um e para outro. Uma disposição sem fim. É domingo, está chovendo, aquele tempinho nojento de ficar jogada no sofá e ela resolve que "vai fazer umas empadinhas" pra gente. Ou um bolinho de limão pra comer com café.<br />
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A casa dela é um movimento sem fim, porque todo mundo da família dá uma passadinha lá, os vizinhos aparecem, os amigos dos filhos. Só não digo que o portão fica sempre aberto porque a criminalidade não deixa, porque não fosse a bandidagem, ele certamente nunca seria fechado. Ficaria sempre aberto, como aberto está sempre o seu coração.<br />
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Nem mesmo a perda trágica do marido, com 30 e poucos anos, ficando viúva com 3 filhos bem pequenos para criar foi capaz de transformá-la em uma pessoa triste, amarga, solitária, mal-humorada. Catou a bolsa e foi à luta e não me lembro dela derramando fel. Aliás, eu digo sempre que se havia alguém habilitado em nossa família para passar pelo que ela passou e não se deixar contaminar pela tristeza e pelo desespero, esse alguém é ela.<br />
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Ela sempre me diz que me levava na praia para andar na areia e fazer curvinha no pé. Não me lembro disso, pois era bem pequena, mas eu me lembro de como a via linda e moderna em sua calça jeans verde-musgo que eu achava TU-DO, da felicidade de ir com ela até o trabalho nas férias e ela me apresentar pra todo mundo como "minha sobrinha, a Cacá, minha pretinha" - depois, ela passou a ter sua própria pretinha, né Tetela, mas durante um tempão, era eu.<br />
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Eu era tão louca por ela que quando ela contou que estava grávida da minha prima, eu pedi pra ser a madrinha do bebê. Coitada, passou a ser minha comadre compulsoriamente, nem teve coragem de negar.<br />
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De verdade? Não conheço uma única pessoa que não goste dela. A casa dela é um lugar que emana boas energias, um lugar onde todo mundo se sente à vontade, pronto para acolher qualquer um. Se hoje eu ligar pra ela e disser que estou indo passar um fim de semana lá com duas amigas que ela nunca viu na vida, ela nos receberá como se as minhas amigas fossem conhecidas de anos!!!<br />
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Para ela não tem tempo ruim. Mesmo quando os tempos se mostram terrivelmente ruins de verdade, ela ilumina os dias e as vidas de todos que a cercam. Não tem como ficar emburrado, de mau-humor, ou sentir solidão perto da minha tia Mada.<br />
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E é por isso que hoje estou escrevendo este post, para dizer a ela o quanto a admiro, o quanto a amo, e o quanto me lembro da sua força, do seu bom-humor e da sua fibra quando as coisas não vão tão bem. Que o mundo seria infinitamente melhor com mais gente como ela circulando por aí.<br />
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<i>post inspirado no blog da Re, o <a href="http://passeidostrinta.blogspot.com/" target="_blank">Passei dos Trinta</a>, no qual ela fala do bom-humor da mãe dela. Re, se juntar sua mãe e minha tia, ninguém mais chora na vida!</i><br />
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<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-70885277357221887182013-09-08T18:56:00.001-03:002013-09-08T18:56:45.869-03:00Bike time!Olha, tinha fácil uns dois anos. Talvez mais, não sei, que eu não andava de bicicleta, desde que a minha, mais velha que a Isabela vejam vocês, tinha sido diagnosticada com falência total dos órgãos - tinha de trocar absolutamente tudo, menos o quadro central e o banco. Aí eu ficava naquela de ir ao parque e alugar uma, mas o parque fica absolutamente impossível nos finais de semana. Junta com a preguiça... bem foram uns dois anos.<br />
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Pela cidade, tem o esquema de empréstimo de bicicletas do Itaú, que deve funcionar bem, porque vejo sempre gente pra lá e pra cá nas bikes laranja, mas nunca me animei pra valer. Vejo as bicicletas nos pontos de retirada e devolução, entrei no site, achei meio complexo demais. Semana passada, li uma matéria, já antiga, sobre o empréstimo de bicicletas do Bradesco no Parque das Bicicletas, aos domingos e feriados, uma coisa simples, deixa um documento, pega uma bicicleta por uma hora. Belezinha. Prometi a mim mesma que no próximo domingo - que foi este - eu iria.<br />
<br />
<i>Não estou criticando o sistema do Itaú, que nunca usei. Inclusive acho que um nada tem a ver com outro, o do Bradesco é voltado ao lazer no final de semana, nas ciclofaixas, e o do Itaú é permanente, voltado para incentivar o deslocamento de bike pela cidade. Tanto que você pode pegar a bicicleta em um local e devolver em outro, e tem muitos pontos espalhados pela região central, mas ainda não sou cool e descolada a esse ponto.</i><br />
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Acordei cedo, comecei a ver um filme, depois emendei com The Big Bang Theory... e a manhã ia passando e eu ali enrolando mais que tudo para sair da cama. Aquele sol lindo. Me troquei e fui.<br />
<br />
Peguei a bicicleta, toda me achando A atleta, e já comecei no vexame: quem disse que eu conseguia colocar o pedal na posição que eu sei começar a pedalar? Porque eu só sei começar a pedalar com o pé direito, e com o pedal assim, na frente, não sei começar com o esquerdo, nem com o pedal pra baixo. E o pedal não admitia ser rodado com a bicicleta parada. E a bicicleta não andava pra trás. E eu não saía do lugar. E eu não sabia o que fazer. E se eu fosse uma das meninas ali da tendinha do empréstimo a essa altura estaria rolando de rir com a cena ridícula.<br />
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Vencido esse obstáculo inicial que teria feito qualquer pessoa com menos garra e força de vontade e determinação do que eu desistir, me lancei ciclofaixa afora, morta de medo de atropelar alguém, me enroscar em outra bicicleta, ser atropelada por um carro, levar um tombo. Nessa ordem mesmo. O medo foi passando à medida que fui me familiarizando com o pedal, com a marcha diferente da minha antiguinha - também, só tinha 3 posições, não tinha muito pra onde errar -, com a delícia do vento batendo no rosto, do sol brilhando, de ficar pensando que eu gosto tanto de andar de bicicleta, por que não vou sempre?<br />
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Sobre ciclofaixas e ciclovias, elas são uma extensão dos seus usuários. Penso que, como nas ruas, deve-se andar pela direita e deixar a esquerda para quem quer ultrapassar, certo? Que andar com sua namorada lado a lado, conversando sobre a vida, impede que os demais andem na ciclofaixa em velocidade superior à sua. Sem contar o fato de que nem todo mundo que vai atrás está interessado em seu papo furado. Também não dá para andar com sua filhinha de 3 anos na bicicleta de rodinha, nem passear com o carrinho de bebê - tem roda né? - muito menos correr a pé. Por outro lado, a ciclofaixa dos finais de semana e a ciclovia no parque também não são os locais onde você vai treinar para o Tour de France, e ultrapassar um ciclista mais lento e xingá-lo por isso não me parece a forma mais adequada de desestressar num domingo de sol.<br />
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Dói tudo, claro. Braço, perna, pescoço, bumbum... O cabelo, que estava solto, embaraçou de um jeito perto do pescoço, que parecia um ninho de mafagafos. Nunca vi um, nem sei se mafagafo existe ou se é só um bichinho para dar ritmo ao travalínguas, mas me parece a comparação mais adequada, e deu um trabalho do caramba para desmafagafizar depois. Fiquei pensando em quem poderia me emprestar uma daquelas almofadinhas de quem opera hemorróidas para eu poder trabalhar amanhã.<br />
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Independente de qualquer percalço, foi quase uma hora de puro prazer, sem parar de pedalar, a não ser nos semáforos - que, para minha sorte, apareciam de 700 em 700m mais ou menos, o que me permitia respirar por 30 segundos - aquela sensação boa que o exercício físico ao ar livre proporciona, o gostinho de vitória sobre o cansaço, a falta de forma, a preguiça!!!<br />
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<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-69835445724180277802013-07-22T23:43:00.001-03:002013-07-22T23:43:45.341-03:00O despertar de uma paixãoÉ possível amar alguém que você já conhecia antes? Apaixonar-se por um homem com quem você já tinha um relacionamento? Por alguém que você até desprezava?<br />
<br />
As perguntas acima me foram feitas por uma amiga, e foram suscitadas pelo filme <i>O despertar de uma paixão</i> - ao qual assisto agora, pela enésima vez, enquanto escrevo. No filme, Kitty é uma mulher casada, fútil e inconsequente, que trai seu marido Walter, um médico nerd desprovido de glamour e requinte, com um homem bonito, sofisticado e casado. Ao descobrir o caso, Walter aceita um emprego na China, em uma aldeia devastada pelo cólera, e Kitty é obrigada a ir com ele, já que a história se passa em 1920 e o amante tinha-lhe dado um pé na bunda.<br />
<br />
Ali, na China, ela descobre nele qualidades que seu modo de vida frívolo não lhe permitia enxergar: um homem inteligente, honrado, honesto, dedicado ao trabalho e que a ama, apesar da traição. E ele também percebe que sempre exigiu dela algo que ela nunca pretendera, nem desejara, nem poderia ser. Que ela não gostava de Ciência e História, que ela não era uma intelectual, que ela gostava mesmo era de ir ao teatro, a festas, dançar e jogar golfe.<br />
<br />
Assim, isolados num país distante, sem distrações, um tem a chance de ver o outro como ele é, e se descobrem apaixonados. E se você achar que eu contei o final do filme, não contei não, mas era óbvio, pelo título que isso ia acontecer em algum momento da narrativa , não?<br />
<br />
Então, para mim, sim, é possível amar alguém que já se conhecia antes, quando se olha esse alguém com outras lentes, não distorcidas. Quando se é possível ver as qualidades dessa pessoa e aceitar os seus defeitos, quando não se espera que essa pessoa seja algo que ela não poderá ser, quando se valoriza o que essa pessoa tem de melhor.<br />
<br />
Não é exatamente uma coisa fácil, mas é o que te faz ser feliz de verdade com alguém.Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-44453330664522050182013-07-19T21:27:00.001-03:002013-07-19T21:27:18.203-03:00Te esperando... sentado.Mesmo que você não caia na minha cantada<br />
Mesmo que você conheça outro cara<br />
Na fila de um banco<br />
Um tal de Fernando, um lance assim, sem graça.<br />
<br />
Mesmo que vocês fiquem sem se gostar<br />
Mesmo que vocês casem sem se amar<br />
E depois de seis meses um olhe pro outro<br />
E aí, pois é, sei lá...<br />
<br />
Mesmo que você suporte este casamento<br />
Por causa dos filhos, por muito tempo<br />
Dez, vinte, trinta anos<br />
Até se assustar com seus cabelos brancos.<br />
<br />
Um dia vai sentar numa cadeira de balanço<br />
Vai se lembrar de quando tinha vinte anos<br />
Vai se lembrar de mim e se perguntar<br />
Por onde esse cara deve estar?<br />
<br />
E eu vou estar te esperando<br />
Nem que já esteja velhinha gagá<br />
Com noventa, viúva, sozinha,<br />
Não vou me importar.<br />
<br />
Vou te ligar<br />
Te chamar pra sair<br />
Namorar no sofá.<br />
Nem que seja além desta vida<br />
Vou estar<br />
Te esperando.<br />
<br />
(te esperando - Luan Santana)<br />
<br />
Vamos analisar a música acima, por partes:<br />
<br />
<b>"Mesmo que você não caia na minha cantada</b><br />
<b>Mesmo que você conheça outro cara</b><br />
<b>Na fila de um banco</b><br />
<b>Um tal de Fernando, um lance assim, sem graça."</b><br />
<br />
A garota não estava nem um pouco a fim dele, porque a gente quando está a fim dum cara, cai na cantada mais tosca e fraquinha do mundo na maior felicidade. Se engraçou com o Fernando, que devia bater um bolão, já que a conquistou na fila do banco, o local onde se vai com a maior má vontade do universo. E aí, homem quando mulher se encanta por outro ou diz que ele é viado ou diz que ele passa devagar, é bobão etc. Despeito puro.<br />
<br />
<b>"Mesmo que vocês fiquem sem se gostar</b><br />
<b>Mesmo que vocês casem sem se amar</b><br />
<b>E depois de seis meses um olhe pro outro</b><br />
<b>E aí, pois é, sei lá...</b><br />
<b><br /></b>
<b>Mesmo que você suporte este casamento</b><br />
<b>Por causa dos filhos, por muito tempo</b><br />
<b>Dez, vinte, trinta anos</b><br />
<b>Até se assustar com seus cabelos brancos."</b><br />
<br />
De onde ele tirou que ela e o Fernando não se amam loucamente? Que não são superfelizes juntos? Que o casamento deles não é bacana pacas? Outra coisa, mulher alguma se assusta com os cabelos brancos porque a gente não deixa que eles apareçam!!!! São sufocados ao menor sinal por litros e litros de tinta para cabelo. Ou seja, desse mal a gente não morre.<br />
<br />
<b>"Um dia vai sentar numa cadeira de balanço</b><br />
<b>Vai se lembrar de quando tinha vinte anos</b><br />
<b>Vai se lembrar de mim e se perguntar</b><br />
<b>Por onde esse cara deve estar?"</b><br />
<br />
A troco de quê ela vai se lembrar de um cara em cuja cantada ela nem caiu? Só se foi porque a cantada foi tão tosca e desgraçada que ela conta pras amigas do asilo na hora do chá com biscoitinhos. Todos os dias, porque ela se esquece que já contou e as amigas esquecem que já ouviram e fica tudo bem.<br />
<br />
<b>"E eu vou estar te esperando</b><br />
<b>Nem que já esteja velhinha gagá</b><br />
<b>Com noventa, viúva, sozinha,</b><br />
<b>Não vou me importar."</b><br />
<br />
Duvido! Só se for por puro orgulho ferido, ego de macho rejeitado, pra ele se lembrar dela depois de 70 anos. E certamente não será com carinho e, aos 90 anos, muito menos com tesão.<br />
<div>
<br /></div>
<b>"Vou te ligar</b><br />
<b>Te chamar pra sair</b><br />
<b>Namorar no sofá.</b><br />
<b>Nem que seja além desta vida</b><br />
<b>Vou estar</b><br />
<b>Te esperando."</b><br />
<br />
Vai ligar como? Pra que número? E vai saber como que ela está pensando nele? E vai chamar pra sair pra onde? No seu asilo ou no meu?<br />
<br />
Considerando a hipótese de que ela efetivamente se lembre dele:<br />
<br />
- alô, fulana, é o Luan...<br />
- Juan?<br />
- Luan.<br />
- Jean?<br />
- não, o Luan, aquele que...<br />
- Renan???<br />
<br />
Não há romance que sobreviva.<br />
<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-50492520944849015522013-06-24T22:16:00.000-03:002013-06-24T22:16:24.083-03:00Presentes do anjo da guardaLala, o Oráculo, costuma dizer que algumas pessoas cumprem funções muito específicas em nossas vidas. Que aparecem do nada, sem motivo algum, e depois se vão como vieram, sem mais nem porquê.<br />
<br />
Eu achava uma tese muito coerente, ainda mais que ela sempre ilustrou com exemplos altamente convincentes, mas nunca tinha parado pra pensar nisso a fundo, até bem pouco tempo atrás, quando vivi essa experiência. Ela tem toda a razão, algumas pessoas aparecem moldadas para um determinado momento. E só.<br />
<br />
Alguém para te fazer tirar o foco de um relacionamento desgastado ou insalubre, que vem do nada e para o nada se vai. Na hora você não entende muito bem o motivo, mas depois, batata!. Muitas vezes para sua única proteção, para te blindar contra uma decepção ou uma mágoa maior.<br />
<br />
Um amigo de trabalho de anos atrás que você não vai há sei lá quanto tempo, tinha perdido o contato, se esbarram por acaso e tchã-nãn! Este amigo te ajuda a arrumar um emprego - estando você desempregado - ou te recomenda para algo muito mais bacana do que você tem hoje. E puft! acaba aí o reencontro, nenhuma das partes se empenha em continuar a se encontrar e a coisa morre aí.<br />
<br />
Uma colega de classe que aparece de volta na sua vida quando ambas estão na mesma vibe, no mesmo momento da vida, bons momentos do passado que são resgatados, e depois cada uma segue o seu caminho.<br />
<br />
Essas pessoas aparecem sob formas muito diversas, nem sempre boas no momento em que surgem, e o pulo do gato é saber reconhecer que elas foram uma mão estendida em sua direção, em um momento em que você precisava e nem sabia disso.<br />
<br />
Enviadas talvez, pelo seu anjo da guarda, ainda que ele lhe pareça meio desajeitado às vezes.<br />
<br />
<br />
<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-61145672027220862562013-06-02T15:07:00.000-03:002013-06-02T15:07:15.734-03:00Qualquer coisa que você precisar, tô aqui. Aqui onde?Quantas vezes você teve um problema, qualquer que seja ele, e escutou uma enxurrada de "qualquer coisa que precisar, tô aqui" ou "se precisar de alguma coisa me chama" ou a variação que eu acho um show de antipatia "qualquer coisa me liga, me fala, me manda um sinal de fumaça..."<br />
<br />
A intenção é sempre boa, mas na maior parte das vezes não passa de intenção, muitas vezes longínqua, tão longínqua que você pode estar morrendo que nem cogitará pedir ajuda a essas pessoas. Simplesmente porque disponibilidade não pode ser abstrata. Tem de ser concreta, real, traduzida em atos.<br />
<br />
Sua amiga mora sozinha e adoeceu. Não passa pela sua cabeça que ela não tem ninguém para preparar uma comidinha para ela, ou mesmo levar pronta, já que ela não tem coragem nem mesmo de pegar o telefone e pedir? Vá até a casa dela e faça isso. Ajude-a a comer, verifique se ela está bem. Sua outra amiga está se achando a maior baranga do universo seja lá porque motivo, talvez só de ouvir a sua voz ou de saber que você está do outro lado da linha escutando ela falar hoooorassss de como ela está se sentindo a faça menos triste. Seu amigo perde alguém querido da família, pegue o carro e vá ao velório ou ao sepultamento - não preciso mencionar que a frase "detesto velório/enterro/hospital" é uma das mais imbecis do mundo, né? Me diga alguém que goste. Que acorde no sábado de manhã e pense: oba, hoje tenho um enterro que vai ser o máximo! Nem vou discorrer sobre o famoso "não tenho estrutura para..." porque isso é o suprassumo do egoísmo.<br />
<br />
Me fala se precisar de alguma coisa, desde que não seja bem na hora da minha manicure, ou que eu não tenha de me esforçar para fazê-lo, que eu não precise perder a novela, nem carregar peso. Muito menos guardar um segredo cabeludo. Quantas vezes nós não fizemos precisamente isso?<br />
<br />
Geralmente nossos amigos não esperam que resolvamos o problema, eles não estão depositando isso em nossas costas. Mas faz uma diferença danada saber que alguém se importa o suficiente para dedicar um tantinho do seu tempo, escasso como o de todo mundo atualmente, para te confortar ou te ajudar ou ao menos te escutar reclamar e chorar sem ficar fazendo avaliações complexas ou apontando do dedo "faça isso ou faça aquilo". Ou mesmo arregaçar as mangas e te ajudar fisicamente. Seu amigo mora sozinho, não tem família perto, é hospitalizado, que tal se oferecer para ir até a casa dele colocar comida pro gato, ou cuidar do seu cachorro enquanto ele se recupera? Dá trabalho, claro, você vai ter de sair da sua casa e ir até a casa dele para fazer isso, no trânsito belezinha de São Paulo então, é uma maravilha, mas seu amigo não vale o esforço? E se fosse com você?<br />
<br />
É tão bom saber que temos amigos que se dispõem a nos aturar na alegria e na chatice, que a retribuição a esse amor deve ser sempre passá-lo pra frente.Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-70510167631444983032013-04-30T14:20:00.000-03:002013-04-30T14:20:25.911-03:00Minha mãeOntem, ouvindo a Band News no caminho para o trabalho, o Ricardo Boechat disse que não se lembrava de algo marcantemente carinhoso que sua mãe tivesse feito - porque a rádio estava colhendo depoimentos variados sobre o assunto em homenagem ao Dia das Mães - mas que naquele instante havia se lembrado de uma canção de ninar que ela cantava, em espanhol, até que eles dormissem. E cantou a música todinha, ao vivo, no ar.<br />
<br />
Eu, que já sou manteiga derretida mesmo e ando numa fase dificílima da vida, e portanto superemocional, fui às lágrimas. A caminho de uma reunião com um cliente, que já seria espinhosa. Para minha sorte, tinha maquiagem na bolsa e dei um tapa no visual no caminho, porque chegar com o rímel borrado às oito da manhã ia parecer que eu tinha virado a noite na esbórnia.<br />
<br />
Fiquei pensando no que responderia se me perguntassem algo assim. Que momento especial eu destacaria em relação à minha mãe. Confesso, que, como o Boechat, tive dificuldade, porque, como a mãe dele, a minha estava sempre ocupada, sempre cheia de tarefas domésticas, sempre despachando a gente para o colégio, buscando, conferindo dever de casa, dando bronca, fazendo bolo, comida... cansei só de listar.<br />
<br />
Pensei que se alguém me perguntasse agora que momento especial eu destacaria em relação à minha mãe, eu responderia: TODOS OS DA MINHA VIDA, com sua onipresença, sempre sabendo tudo o que acontecia comigo e com a minha irmã, sempre cuidando para que tivéssemos a melhor comida, a roupa mais bem lavada e passada, os cabelos mais bem penteados (e sem piolhos!), o material escolar mais bem arrumado, o quarto mais limpo, as melhores notas no colégio, a melhor educação.<br />
<br />
Me dei conta de que, por mais afinidade que eu tenha com o meu pai - e já falei disso tantas vezes aqui - por mais que eu achasse que minha mãe nunca me entendeu quando eu era adolescente, em todos os momentos da minha vida em que eu me sinto triste, doente, acuada, cansada, a primeira coisa que eu penso é que eu quero a minha mãe. Em como seria bom ir para perto dela. Em como me sinto protegida e cuidada quando ela está comigo. Em como ela nunca deixou de estar ao meu lado e me defender do que quer que fosse, e de nos elogiar com a frase que começava sempre com "não é porque é minha filha não, mas..." e que agora ela usa com os netos.<br />
<br />
O mais curioso é que todas as vezes em que estou beeem triste ou beeem chateada ou fragilizada, penso "quero minha mãe"com fervor, e ela me liga!!! Me liga dizendo que sonhou comigo, e conta o sonho comprido com todos os detalhes, me liga dizendo que estava pensando muito em mim, detecta se minha voz está triste... <br />
<br />
Ela SABE. Ela ESCUTA quando eu a chamo, mesmo quando eu a chamo baixinho, com o coração fraco. E a sua resposta pronta me fortalece e me dá ânimo para continuar, sempre!Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-70694703284479077912013-02-28T22:36:00.001-03:002013-02-28T22:36:16.905-03:00Informação fundamentalE aí que o professor de boxe inventa de me fazer pular corda. É um vexame, claro, visto que depois dos 10 anos de idade eu nunca mais pulei corda na vida. Me enrosco na corda, erro o tempo da pulada, para não falar na total falta de fôlego e de leveza.<br />
<br />
Sabe a hipopótama bailarina do Fantasia? Perde.<br />
<br />
Ficam aqueles caras lá pulando corda como se fizessem isso a vida toda, quando a gente bem sabe que eles nem queriam saber de pular com a gente quando criança, muito menos ficar batendo a corda pra gente pular. Pular corda era mesmo brincadeira de menina, e como tudo no universo feminino, qual era o assunto da musiquinha para ditar o ritmo?<br />
<br />
Homem, claro.<br />
<br />
<i>Chuva, sol</i><br />
<i>Seco, molhado</i><br />
<i>qual é a letra do nome do seu namorado?</i><br />
<br />
Isso com duas batendo a corda, uma de cada lado, e a outra pulando. Após a introdução, começava o alfabeto: A, B, C, D, E ... A letra na qual se errava o pulo era a letra inicial do nome do futuro namorado.<br />
<br />
Preciso dizer que a gente sempre errava na letra do garoto de quem se gostava? Achando que ninguém ia notar, claro. Existiam até umas manobras mais elaboradas: se o nome do príncipe encantado fosse André, por exemplo, era muita bandeira errar logo na primeira letra, né? Ainda mais que todo mundo sabia quem é que pulava mais tempo, quem é que pulava menos tempo. Com isso, pra disfarçar, a nega ficava lá pulando o alfabeto todo, até começar de novo e ela finalmente poder errar na letra A.<br />
<br />
Pior era quando a coitada errava o pulo na letra que não queria. Tipo a letra do garoto mais feio da rua, ou aquele que andava atrás dela e ela não queria nada. Que tortura, meu Deus, ter o destino ali, decidido, implacável, num erro de cálculo! Nós, mulheres, somos em geral muito ruins de cálculo, mas fazer dessa deficiência uma espada sobre nossas pobres cabecinhas era meio demais. <br />
<br />
Fora a discussão inicial sobre que alfabeto seria usado. Houve um tempo em que as letras K, W e Y não faziam parte do nosso alfabeto (naturalmente que eu nem era nascida, fiquei sabendo de ouvir falar) e isso criava um imenso problema para quem era apaixonada por um Wellington, um William, um Ygor - não, na época Ygor era nome só de cachorro - um Kleiton ou um Kledir. Como ela não podia abrir o jogo e reclamar da falta da letra, já que nego com M sempre teve de monte, mas com K era só aquele filho único, era sempre sugerido usar o alfabeto com as 3 letras incluídas, para "ficar mais comprido". Coerentíssimo.<br />
<br />
Hoje, na academia, tinha uma menina de uns 7 ou 8 anos esperando pela mãe, brincando com a corda de pular, e eu perguntei se ela gostava de pular corda com as amigas. Ela me respondeu que ela e as amigas não brincavam de pular corda, que elas não sabiam pular corda. Contei pra ela que eu e minhas amigas pulávamos corda quando éramos da idade dela, contei da musiquinha, contei da finalidade da musiquinha, e ela ficou me olhando como se eu fosse uma maluca.<br />
<br />
Deus do céu, o que será da vida amorosa dessas meninas, sem saber a letra do nome do namorado???Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-81816511102288605422013-02-27T21:30:00.001-03:002013-02-27T21:30:16.324-03:00A paixoniteTem uma fase no relacionamento amoroso que eu adoro. É aquela fase na qual pensamos no outro, mas não com desespero; que queremos ver, falar, ouvir, mas não o dia todo; que dá vontade de fazer brincadeirinhas, ficar perto, encontrar, mas nada cheio de aflição.<br />
<br />
Enfim, uma fase gostosinha, que eu chamo de paixonite. Nem sei se posso chamar de uma fase, porque acredito que vários relacionamentos não passam desse estágio e podem durar um tempão assim. Uma fase que não é paixão, que não é amor, mas sim um encantamento, feito de sorrisinhos, beijinhos, recadinhos, encontrinhos, carinhos.<br />
<br />
Descompromissada, essa fase muitas vezes é relevada, desprezada e atropelada pelas circunstâncias ou pela ansiedade. Em vez de curtir a paixonite, quer-se mais. Definições, avanços, marcos, datas. Tudo isso pode vir depois, e pode ser que nunca venha. Pode ser que a paixonite finde em si mesma.<br />
<br />
E daí?<br />
<br />
Por isso, a paixonite deve ser curtida, cultivada, e mesmo valorizada, como parte importante de um relacionamento a dois, seja ela parte 1, 2, 3 ou parte única. Uma doce lembrança para ficar no coração. Uma leveza, uma brisinha refrescante em uma noite quente.<br />
<br />
Nada além.Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-28928581246365773652013-01-19T10:44:00.002-02:002013-01-19T10:44:33.997-02:00Você, o outro - e as expectativas de cada um<br />
<i>(o post é de 2008, mas tudo continua igual e eu tô meio sem assunto, então, lá vai, requentado mesmo)</i><br />
<br />
Yves Saint-Laurent dizia que o melhor traje para uma mulher eram os
braços do homem amado em torno dela, e que para as que não tinham essa
sorte, existiam as criações dele.<br /><br />Como no meu caso não há nem um nem outro, eu e um amigo na mesma <em>situassãn</em>
fomos tomar um negocinho ontem à noite. Comi um pastel que fez um
estrago tal que hoje nem pude ir trabalhar, credo!, enquanto ele me
contava sobre o relacionamento incipiente com uma moça, que o estava
deixando em pânico.<br /><br />Ele começou a me contar a história do que
vinha rolando, que a moça mora em outro estado e estava passando uns
dias aqui, que os encontros tinham sido megalegais, que as afinidades
eram muitas, que ela era megacarinhosa, enfim, só coisa boa. Mas eis que
a pobre de Cristo cometeu o crime, aos olhos dele, de demonstrar
vontade de encontrar com ele mais uma vez antes de ir embora, de
telefonar para ele e, pecado mortal, mandou um torpedo dando <em>bom dia, querido</em>.<br /><br />Isso
bastou para ativar todos os alertas do meu amigo e deixá-lo perturbado e
sem saber o que fazer, a ponto de mandar, em resposta, um sms
mal-criado, curto e grosso. No fim, ele mesmo chegou à conclusão que
tinha reagido além da conta, pediu desculpas, e ficou tudo bem.<br /><br />A
partir daí, ficamos nós dois discutindo o assunto: de que o que é
natural para uma pessoa pode ser um absurdo para outra. E que os
conceitos variam de acordo com nosso interesse, nossas experiências,
nossos medos, projeções e expectativas. Sob essa ótica, o <em>bom dia, querido </em>significava,
para ela, tão somente isso, algo que ela falaria se tivesse acordado ao
lado dele, mas para ele soou como se ela tivesse mandado um torpedo
mandando a largura do dedo pra ele comprar as alianças de noivado.<br /><br />Eu
exemplifiquei com um cara com quem comecei a sair há um tempo atrás que
tinha o péssimo hábito de me ligar em horários pouco convencionais e eu
nem atendia aos telefonemas dele porque achava um abuso <strong>x</strong>
um cara por quem eu era apaixonada que tinha o ótimo hábito de me ligar
em horários pouco convencionais e eu atendia aos telefonemas dele feliz
da vida. Pois é.<br /><br />Assim como ela disse <em>como um homem como você pode estar sozinho?</em>
e ele achou clichê, quando na verdade eu acho este meu amigo cheio de
qualidades e entendo o estranhamento dela. Mas entendo também a reação
dele, afinal, já tomei uma bronca feia por ter dito prum mocinho que ele
era interessante, como se isso significasse que queria me casar, ter
três filhos lindos e um labrador. <br /><br />Meu amigo acabou concluindo,
assim, de supetão, que o problema todo é que ele é muito carinhoso, mas
não sabe receber carinho. Que em todos os relacionamentos anteriores o
carinhoso era ele e que agora que ele se deparou com uma pessoa
carinhosa, entrou em pânico, porque fugiu do seu seguro padrão já
conhecido.<br /><br />É uma arte nada fácil conseguir entender a atitude do
outro e conseguir ajustar as suas atitudes ao universo do outro, sem que
com isso você perca o seu jeito de ser e sua espontaneidade. Fazer com
que o lado de lá entenda que receber carinho não significa
obrigatoriamente um compromisso para toda vida, que dizer sinto sua
falta não quer dizer mais nada além disso, e que não estamos esperando
um anel de noivado da Tiffany's quando perguntamos quando iremos nos ver
de novo. Que a pessoa carinhosa o é por que o é, independente do
retorno, ela sempre o será porque faz parte da sua personalidade, e ela
será assim com seu amor, com seus pais, com seus amigos, com seu animal
de estimação.<br /><br />Porque no dia em que uma mulher não se importar nem
um pouco se vai ou não se encontrar novamente com um cara que ela
conheceu, se ele gostou ou não dela, se ele vai ligar de novo pra ela ou
não, se ele vai responder à mensagem dela ou não, ele pode ter certeza
de que ele não é a primeira opção da vida dela, e que não faz a menor
diferença.<br /><br />E quem quer ser segunda escolha?Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-15757727196133407332013-01-12T05:41:00.000-02:002013-01-12T05:41:26.555-02:00A incrível aventura da paternidadeUm amigo meu disse que o pai está em êxtase porque a irmã mais nova está se formando em Medicina. Acredito que a sensação seja bem essa, um encantamento, um orgulho, uma alegria imensa, uma sensação de dever cumprido e bem cumprido.<br />
<br />
Porque ser pai e mãe é uma aventura que a gente basicamente sabe como é que começa, mas não tem nem ideia no que aquilo vai dar. No que aquele pacotinho de meio metro que largam no colo da gente pra gente trazer pra casa vai fazer da vida dali a alguns anos - os quais passam muito mais rápido do que podemos supor, estamos sempre defasados em relação à idade cronológica dos nossos filhos. A minha, por exemplo, eu acho que ainda tem 5 anos.<br />
<br />
Por um bom tempo, tudo na vida daquele pedacinho de gente depende das nossas escolhas: que pediatra vai cuidar dele, homeopata ou alopata? Que roupinha vou vestir, será que ele está com frio, com calor, com frio e com calor, que tipo de alimentação terá, vai mamar no peito ou não vai, vou passear com ele no shopping ou não vou, berçário, babá, deixo temporariamente minha vida profissional para me dedicar a ele? Quais os amiguinhos, em qual escolinha vou matriculá-lo e com que idade. Deixo ver este filme, será que ele deve ter um animalzinho de estimação, tomar gelado? Ensino a revidar se apanha na escola ou prego a não-violência? Levo eu mesma ou pago um transporte escolar? Compro quais livrinhos para estimular a leitura, deixo usar o computador por quantas horas? Com que idade coloco na natação? Balé ou judô, ou ambos? Escola bilíngue? Deixo ir na festinha? Busco na festinha a que horas? Coloco de castigo ou já passou da idade? Dou uma palmada no bumbum?<br />
<br />
Perdi a conta da quantidade de vezes em que chorei no chuveiro, torturada pela dúvida, pela incerteza, pela culpa, pela responsabilidade, pelo medo de estar estragando a vida da minha filha, por tudo isso junto e misturado.<br />
<br />
O fato é que não sabemos o resultado das nossas ações a não ser depois que as fazemos, e elas são todas sem volta. Não é um banheiro que você achou que ficaria lindo todo em azul e depois de constatar que fez uma péssima escolha, manda quebrar e trocar pra branco mesmo. Nem um chocolatinho a mais que você comeu e depois vai queimar o arrependimento na esteira. São decisões importantes, pequenas ou grandes, todas fazendo parte do conjunto da obra mais importante na vida de alguém: criar um filho e fazer dele uma pessoa "de bem".<br />
<br />
Essa imensa responsabilidade é colocada em nosso colo junto com o tal pacotinho de meio metro e 3kg, mas ninguém avisa que vai ser assim todo o tempo, porque a gente se prepara para o macro - onde ele vai estudar - mas nunca para o micro - deixo ele comer açúcar a partir de quando. E o micro aparece a todo minuto. Lembro até hoje do momento desesperador de pisar em casa com a Isabela no colo, eu mesma ainda tão jovem, e pensar que agora era comigo. Que agora eu era mãe de alguém, que isso era irreversível, que eu tinha perdido o controle sobre a minha própria vida. Que não podia apertar um botão e chamar a enfermeira para me ajudar. Que nunca mais a prioridade na minha vida seria eu mesma e que tudo o que eu fizesse ou dissesse ia se refletir nela e que a vidinha dela dependia quase que exclusivamente do que eu fizesse.<br />
<br />
Aí, ele vai crescendo e você vai calibrando suas escolhas para ele, ele mesmo passa a fazer algumas, por si só, e, um dia, esse precioso pacotinho que agora tem muitos centímetros a mais, se forma na faculdade. Penso que a sensação deve ser parecida com "ok, por mais merda que eu tenha feito, por mais que eu tenha tomado uma decisão errada aqui outra ali, por mais que eu pudesse ter feito diferente, ele sobreviveu aos meus erros e, no fim, transformou-se em um adulto que pode caminhar por si só, fazer as próprias escolhas, e algum dia, as escolhas de um outro pacotinho de meio metro".<br />
<br />
Eu acho que neste momento, os pais devem ter mesmo essa sensação de êxtase, de felicidade, e por que não dizer, de libertação.<br />
<br />
E olhar para si mesmos e dizer: Muito bem! Parabéns! Você conseguiu!Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-37912488629615532382013-01-02T22:24:00.002-02:002013-01-02T22:24:29.016-02:00Baixo cleroEstávamos hoje, eu e uma amiga, conversando animadamente, e em dado momento eu disse a ela que ia arrumar um namorado lixeiro*. Ela quis saber porque e eu expliquei. Acompanhem o meu raciocínio e vejam se não estou certa.<br />
<br />
O cara vai pro trabalho, chega lá, bate o ponto, trabalha, pausa pro café, pausa pro almoço com direito a sonequinha, pausa pro café, bate o ponto na hora de sair e vai pra casa. Chega em casa ele toma um banho, janta arrozfeijãomistura, assiste um futebolzinho e depois te dá um guenta antes de dormir. Religiosamente, porque se não comparecer, outro comparece.<br />
<br />
Porque, amigas, depois que o cara bate o ponto no fim da tarde, ele não pensa mais em trabalho. Cliente. Boleto de fornecedor pra pagar - máximo um carnê das Casas Bahia. Salário. Décimo-terceiro.Se Dilma vetou, se o dólar subiu, se o euro caiu, se Genoíno foi pra prisão, se Obama ganhou, se a Bolsa de Tóquio fechou em alta ou em baixa, os royalties do pré-sal pra quem vão.<br />
<br />
Ele vai pra casa e deixa o trabalho bem lá onde ele tem de ficar. Pergunta se tem problema de estresse? Se fica indisposto por causa do mensalão. <i>Mensa o quê, minha preta? Pega uma cerveja na geladeira e vem sentar gostosinha aqui do meu lado, no sofá, que hoje tu tá uma tetéia.</i><br />
<br />
E a gente fica querendo namorar executivo de multinacional, diretor de empresa, empresário...<br />
<br />
Somos um bando de burras. Eles têm tanta coisa pra pensar, tanto problema na cabeça, tanta responsabilidade que mal sobra tempo pra nós. É ou não é? Atire a primeira pedra aquela que nunca amargou um sábado com o namorado/noivo/marido/rolo/caso/ficante/coloqueaquiadenominaçãoquequiser trabalhando, resolvendo assuntos pendentes que dependem dele para andar.<br />
<br />
Meninas, estou agora mesmo organizando uma excursão para a obra do Itaquerão. Bora escolher um peão pra chamar de seu e ser feliz!<br />
<br />
<br />
<br />
*<i>entenda-se por lixeiro não somente o próprio como qualquer trabalhador braçal chão de fábrica, que também faz o mesmo efeito!</i><br />
<br />
<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-70825503331167304052012-12-27T19:54:00.001-02:002012-12-27T19:54:11.684-02:00Um Amor VerdadeiroEu já falei aqui no blog que gosto muito do filme Um Homem de Família, e milagrosamente eu não o assisti nenhuma vez neste Natal, acho que as TVs se cansaram de passá-lo nesta época do ano. Gosto em especial da parte em que a personagem da Tea Leoni diz à personagem do Nicolas Cage que a escolha dela era sempre eles - ele, ela, a família que construíram - e isso explica de forma muito doce o motivo dela não se sentir frustrada com a vida limitada - na opinião dele - que eles levavam.<br />
<br />
Outro filme que sempre me encanta quando assisto é Um Amor Verdadeiro, com a Meryl Streep e a Renée Zellweger como mãe e filha. A filha é uma jornalista com a carreira em ascensão que se vê obrigada a sair de NY, onde mora, para voltar para a cidadezinha onde moram seus pais. A mãe está morrendo, de câncer, e o pai diz à filha que ela tem de cuidar da mãe. Assim, compulsoriamente.<br />
<br />
E é na maior má vontade que ela começa a cuidar da mãe, porque ela sempre achou a mãe uma idiota e o pai, um gênio, professor da Universidade, escritor, para ela, o pai era o máximo e a mãe uma tonta sem objetivos na vida, com ocupações bestas como decorar a pracinha para o Natal, cantar no coral da comunidade e outras atividades que só mereciam o desprezo filial.<br />
<br />
À medida que a mãe vai piorando e a filha cada vez mais assumindo as funções maternas dentro de casa, ela descobre que as coisas não eram bem assim. Que o seu pai, que era seu ídolo, é um homem fraco e cheio de frustrações. Que sua mãe, aquela tonta, é na verdade o esteio da família, a base de tudo, a que sustentava o equilíbrio familiar, inclusive e principalmente do seu pai - um homem incapaz de lidar com a vida como ela é.<br />
<br />
Nem sei porque me lembrei deste filme agora. Talvez por ter voltado da casa dos meus pais e cada vez que vou lá eu penso que só comecei a entender mais a minha mãe depois que eu mesma me tornei mãe. Acho que é comum que as meninas achem os pais o máximo e se esqueçam de perceber que ninguém brilha sozinho.<br />
<br />
Mas isso, ninguém ensina. Só a vida.<br />
<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-83635779787152744602012-12-20T20:31:00.001-02:002012-12-20T20:31:33.444-02:00O fim do mundoHoje pela manhã eu peguei um engarrafamento de duas horas quase, por conta de um acidente muito feio, no caminho do meu trabalho, no qual um motoqueiro na contramão bateu de frente com um carro, caiu da moto e foi atropelado por vários carros que não conseguiram nem parar nem desviar. O acidente tinha sido bem cedo, mas até chegar perícia, rabecão etc... enfim, muito triste.<br />
<br />
Enquanto estava no trânsito, fiquei ouvindo o noticiário e o assunto era o fim do mundo amanhã. O que você faria se o mundo fosse acabar mesmo, e todos os comentários relativos ao fim do mundo, e a piadinha mais que batida de que o fim do mundo foi cancelado no Brasil por falta de estrutura para eventos desse porte e por aí vai. Eu, particularmente, fosse o mundo acabar amanhã de verdade, pegava a minha Tuca, além das meliantes Cindy e Cora, me mandava pra Brasilia e me aboletava na casa dos meus pais, com minha irmã, cunhado e sobrinhos - inclusive os caninos - junto. Todo mundo comendo bacalhau e salada de frutas, feitos pela minha mãe.a<br />
<br />
Duas horas de engarrafamento e a gente tem tempo pra fazer um monte de coisas né? Soubesse eu fazer as unhas, tinha dado até pra pintar de vermelho e secar. Fiz lista de nomes para os presentes de Natal, mandei sms prum monte de gente, teria entrado no facebook caso a conexão estivesse funcionando - da Tim, é querer demais - e claro, filosofando comigo mesma.<br />
<br />
Para muita gente, o mundo acabou mesmo. Pensei na família daquele motoqueiro, imagine você ter um filho, irmão, morto estirado no meio do asfalto e não poder nem chegar perto, por horas, porque é preciso esperar pela perícia? E os quatro que morreram afogados na Praia Grande, todos da mesma família? A gestante que perdeu o bebê tão desejado e esperado, filhos que perderam os pais, pessoas que perderam irmãos, pais que perderam os filhos. O trabalhador que perdeu seu emprego e não sabe como sustentar a família, o que foi assaltado, o que sofreu violência, alguém que tem uma pessoa querida sequestrada, o empresário que vê seu negócio falir. A morte ou o sumiço de um animalzinho de estimação querido. A traição do marido ou da mulher, um divórcio de alguém que se ama. Uma doença grave e incurável.<br />
<br />
O mundo de qualquer um de nós pode acabar a qualquer momento, ainda que seja para se reconstruir depois. Portanto, todo dia pode ser a véspera do fim do mundo para cada um de nós, do fim do mundo como o reconhecemos, do fim do mundo que construímos para nós.<br />
<br />
A cada um de nós, cabe fazer com que esse nosso dia, essa possível véspera do fim do mundo, seja sempre o melhor dia que você seja capaz de proporcionar a si mesmo.<br />
Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-83602052857414053522012-12-01T17:47:00.001-02:002012-12-01T17:47:46.810-02:00Paradise is here, como diria Tina TurnerEu sou uma pessoa sociável, e gosto de redes sociais, pois são mais uma forma de manter contato com meus amigos e minha família, fonte de diversão e de observação. Como jornalista - não -praticante, mas a alma continua sendo de jornalista - adoro histórias de gente e comportamento é um assunto que sempre me interessou.<br />
<br />
O que me incomoda nas redes sociais - basicamente o Facebook, não uso o twitter por não ver o menor sentido nele - é o pedantismo e a arrogância das pessoas que se investem como paladinos da moralidade, da correção e do bom-mocismo. Quase sempre, as palavras não acompanham a atitude, como é comum em quem se arvora de engenheiro de obra pronta, de professor Pasquale que ninguém chamou no assunto, ou de revoltado profissional.<br />
<br />
A pessoa não se contém e corrije o erro de português de alguém, como se nunca na vida tivesse trocado um s por um z. É bastante provável que a pessoa que nunca na vida trocou um s por um z não corrija quem errou, porque isso é de uma falta de educação incrível. Quer corrigir um amigo que cometeu um erro de português? Manda uma mensagem privada para ele, não fique querendo arrotar conhecimento e constranger alguém publicamente. A pessoa se defende dizendo "ah eu gosto que me corrijam". Gosta nada, ninguém gosta, publicamente. Faça isso de forma privada, e somente se for com a intenção de que seu amigo não seja ridicularizado. Mais ou menos como se você percebesse que uma amiga sua está com uma melequinha aparente no nariz: você chama ela num cantinho e avisa bem baixinho ou aponta com o dedo no meio da rodinha, falando alto?<br />
<br />
Ou, se o faz publicamente, tenha a absoluta certeza de que você domina o idioma e que NUNCA, nem que o mundo caia sobre ti, nem se Deus mandar ou mesmo assim, irá se esquecer de um acento, colocar um x onde devia ser ch e tropeçar na concordância verbal.<br />
<br />
Temos também os pais cujos filhos foram sempre super bem-educados, cujos filhos nunca fazem nada errado, nunca jogaram um papelzinho no chão, nunca ouviram música alto, nunca responderam atravessado, nunca fizeram uma malcrianção, enfim, são uns exemplos de correção. Só me lembro das reuniões na escola da minha filha, aquela classe de 20 alunos, pais e mães jurando por Deus que seus filhos de oito anos NUNCA MENTIAM - e somente a Isabela, o Guilherme e o Giancarlo, amiguinhos dela, eram os meliantes que mentiam, tentavam dar a volta na gente, ficavam de castigo por isso, confessados por nós, suas mães como se isso fosse a coisa mais natural do mundo - não sei de onde tiraram a máxima de que criança não mente, eles têm começado cada vez mais cedo! - , com as demais nos dando conselhos e sugerindo que nossos filhos precisavam de tratamento psicológico oh céus! Nessa linha, todos os filhos facebookianos ajudam velhinhas a atravessar a rua, cedem o lugar no transporte público, tiram notas boas e rezam antes de dormir.<br />
<br />
Por falar em transporte público, e o povo que desabafa que São Paulo não suporta mais tanto carro na rua, que estão fabricando mais e mais automóveis e facilitando que OS POBRES comprem carros? Pergunta se essa criatura tem carro na garagem? Muitas vezes mais de um. Se anda de metrô? Ônibus? Táxi que seja. Estava lendo o post em uma das páginas que acompanho, de uma mulher reclamando que antes, para ir até a padaria que fica a 700m da casa dela, ela levava X tempo e agora leva Y porque fizeram um canteiro central na avenida e ela tem de dar a volta. A pessoa pega o carro para andar 700 METROS e está reclamando que o trânsito está cada dia mais impossível? Concordo com todos os argumentos de que a cidade anda tão perigosa que mal dá para andar a pé, mas deve haver alguma alternativa diferente do que pegar o carro e sair de casa para ir a uma padaria que fica tão perto.<br />
<br />
Ou bradam que nunca estacionaram numa vaga de deficiente ou de idoso, batem no peito ressaltando isso, esperando as palmas dos demais. Lamento dizer que não parar na vaga de deficiente ou de idoso não é um ato heróico e sim OBRIGAÇÃO, mais obrigação do que escovar os dentes todas as manhãs, já que ficar com dentes podres não é proibido por lei e eu não vejo ninguém postando o quanto é sensacional por ter escovado os dentes ao acordar.<br />
<br />
Há também os que criticam quem se dedica à proteção animal, dizendo que tem tanta criança abandonada por aí... e claro que são essas pessoas as que justamente nada fazem, seja por bicho, planta ou gente, pois eu defendo a tese de que quem faz algo de bom por bicho, planta ou gente, reconhece o trabalho do outro, e o valoriza, pois são todos parte de um projeto por um mundo melhor. Os que bradam contra a homofobia e "até gostam dos homossexuais", os que nunca levam desaforo para casa, os fodões, os que sempre se dão bem em tudo, os que enaltecem os próprios gestos como sendo fruto de uma alma iluminada, quando muitas vezes deveriam ser obrigatórios.<br />
<br />
Se usássemos o facebook para espelhar a raça humana, não conseguiríamos jamais entender porque existem guerra, fome, intolerância, crianças mal-educadas e que mentem para os pais e professores, crimes, bullying e toda sorte de mazelas. Nenhum bebê jamais nasceria de parto cesariana e todos seriam amamentados exclusivamente no peito até os seis meses de idade, decretando a falência das fábricas de mamadeira e o fim do Nan.<br /><br />
Nem ninguém nunca engoliria sapos, ou faria algo contra a vontade.<br />
Nem haveria um único lixo fora da lixeira. <br />
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<br />
Isso me cansa sabe? <br />
<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-90043313390508615902012-10-28T20:22:00.001-02:002012-10-28T20:22:08.237-02:00Como é gostoso gostar de alguém!Para se ter um relacionamento feliz com alguém, é preciso gostar deste alguém.<br />
<br />
Parece uma frase óbvia, mas não é. Olhe ao seu redor, os casais amigos, ou conhecidos, pare e pense: quantos deles gostam um do outro para valer? Quantos deles curtem o jeito do outro ser, ainda que esse outro tenha um monte de pequenos defeitos que o irrite? Quantos deles contornam esses defeitos com paciência, bom humor, jogo de cintura e vontade de estar perto? Quantos deles gostam um do outro e não pretendem modificar o lado de lá, não acham que ele deveria ser assim ou assado. Gostam e pronto.<br />
<br />
Notem que não estou falando de amor. Nem de paixão. A paixão dura por um período e relacionamento algum se sustenta na paixão. O amor é importantíssimo, é um sentimento delicioso, que nos motiva, nos aquece, nos encanta, nos embala. Só amar, porém, não basta.<br />
<br />
É preciso gostar.<br />
<br />
Gostar do jeito que ela usa o cabelo.<br />
Gostar de jeito chato dela contar histórias compridas cheias de hiperlinks.<br />
Gostar do jeito calado dele.<br />
Gostar do jeito como ele toma cerveja.<br />
Gostar do jeito como ele conta piadas e gostar dele mesmo sendo péssimo piadista.<br />
Gostar dela mesmo que ela dirija muito mal e cozinhe pior ainda.<br />
Gostar dele até quando ele responde com grunhidos.<br />
Gostar dela quando ela te enche os ouvidos, ou fica quieta emburrada.<br />
Gostar do corte de cabelo meio fora de moda dele.<br />
Gostar dela porque ela parece uma princesa.<br />
Gostar dela porque de princesa ela não tem nada.<br />
Gostar dele mesmo quando ele te irrita.<br />
Gostar dele mesmo quando ele te irrita mais ainda.<br />
Gostar das palhaçadas dele.<br />
Gostar da falta de humor dele e do fato dele ser sempre assim tão sério.<br />
Gostar dele mesmo que tenha uma vontade imensa de matá-lo em alguns momentos. <br />
<br />
Gostar. <br />
<br />
Gostar de alguém é um sentimento que ressalta o amor, a paixão. Quando gostamos verdadeiramente de alguém, seja ele marido, namorado, amigo, parente, os defeitos não nos parecem assim tão grandes, ou imperdoáveis. Muitas vezes a gente até se diverte com eles, e alguns podem inclusive virar virtudes.<br />
<br />
Se você ama alguém, mas não gosta dele como um todo, é bastante provável que em algum tempo você esteja em pé de guerra com este alguém e o relacionamento se torne impossível. Mas se além de amar este alguém você gostar dele pra valer, o amor se prolongará.<br />
<br />
Gostar de alguém é um sentimento poderoso, frequentemente minimizado, mas é o que sustenta relacionamentos que duram por toda uma vida.<br />
<br />
<br />
<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-229145862491298292012-10-15T20:47:00.002-03:002012-10-15T20:47:52.849-03:00Rogando pragaDetalhes é uma das músicas mais conhecidas de Roberto Carlos. Não sei se há alguém neste Brasil que more em um local com o mínimo de civilização que não a tenha escutado ao menos uma vez. E todo mundo acha linda, inclusive eu, e ela é atemporal, como a maior parte das músicas do Roberto, apesar de ter sei lá, uns 40 anos.<br />
<br />
Mas já repararam que a música nada mais é do que uma praga do caramba que o cara roga pra cima da mulher? Do início ao fim, a letra é um enorme dedo apontado para o nariz da pobre coitada cujo único pecado na vida foi não querer ficar como moço.<br />
<br />
Já começa ele dizendo "não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida eu vou viver". Demonstra a intenção de não dar sossego pra nêga, uma vez que pretende infernizar a vida dela para que ela não o esqueça. Não satisfeito, lista uma série de coisas que a assombrarão pelo resto dos seus dias, como "se um outro cabeludo aparecer na sua rua e isto lhe trouxer saudades minhas a culpa é sua..." Como assim a culpa é dela? Ele fica arrastando corrente em volta da casa da moça e ainda quer jogar a responsa pra cima dela, pode isso? Fosse eu ela, descolava logo um careca pra ele deixar de ser besta.<br />
<br />
O ronco barulhento<br />
Do seu carro<br />
A velha calça desbotada<br />
Ou coisa assim<br />
Imediatamente você vai<br />
Lembrar de mim...<br />
<br />
É ou não é uma praga rogada do caramba? Disfarçada de declaração de amor, de canção de homem apaixonado, mas é uma praga. O cara é tão metido e seguro de si que acha que ela vai arrumar outro igualzinho a ele. Namora um de terno, fia, que não tenha carro barulhento que é pra quebrar esse ebó.<br />
<br />
Não satisfeito, ele continua dizendo que ela vai se lembrar dele até quando arrumar outro analfabeto feito ele mesmo - quanta arrogância, ela bem que podia se engraçar com um professor universitário -, e tem certeza de que ela vai ficar olhando o retrato dele antes de dormir. Considerando, pela letra, que ela é que deve ter dado um pé na bunda dele, a essa altura o retratinho já está lá no fundo da gaveta, junto das contas pagas, a troco de quê antes de dormir ela vai ficar olhando fotinho do ex é que não sei.<br />
<br />
Depois disso, a praga chega no ápice. Nega lá no bembom com o peguete novo e o cara cantando<br />
<br />
Se alguém tocar<br />
Seu corpo como eu<br />
Não diga nada<br />
Não vá dizer<br />
Meu nome sem querer<br />
À pessoa errada...<br />
Pensando ter amor<br />
Nesse momento<br />
Desesperada você<br />
Tenta até o fim<br />
E até nesse momento você vai<br />
Lembrar de mim...<br />
<br />
Asifudê né? Vai arrumar uma nêga pra chamar de sua e para de assombrar os outros, coisa mais brochante e sinistra isso, deixa a outra ser feliz! E finaliza reafirmando a ameaça do começo: não adianta nem tentar me esquecer....<br />
<br />
A praga foi reeditada por Zezé di Camargo & Luciano em Você vai ver: você pode provar milhões de beijos mas sei que você vai lembrar de mim, pois sempre que um outro te tocar, na hora você pode se entregar, mas não vai me esquecer nem mesmo assim.<br />
<br />
Bando de homem recalcado!<br />
<br />
Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-74716277084688226672012-10-04T13:53:00.002-03:002012-10-04T13:53:53.356-03:00A ansiedade nossa de cada diaAntes que alguém me chame de dinossaura e retrógrda, ressalto que tecnologia é ótimo, acesso a ela melhor ainda, mas isso traz uma ansiedade dos infernos! E também uma certa preguiça em combinar as coisas, fica um troço assim meio depois a gente vê, o que causa ainda mais ansiedade.<br />
<br />
Veja se não é assim: você marca com um amigo em algum lugar. Na era pré-celular, você marcava o local exato e o horário - se fosse no shopping, era no shopping x, tal hora, em frente à loja tal. Quem chegava primeiro, esperava pelo outro, lendo um livro, uma revista, ou olhando distraidamente para o povo que passava.<br />
Agora a gente combina mais ou menos o local e mais ou menos o horário, e depois fica se ligando mais umas 3 vezes para acertar a combinação. Chega no local e liga pra dizer que chegou e saber onde é que o outro está. Se ele disser que já está perto, vamos ligar pelo menos mais uma vez pra saber se já está chegando mesmo. Como se fizesse toda a diferença do mundo saber se o nego tá na garagem ou já no local combinado.<br />
Ontem mesmo fiz isso com uma amiga: combinamos, pelo messenger, de ir ao shopping X jantar juntas depois do trabalho. Avisei, pelo messenger, que já estava saindo. Do carro, liguei pra dizer que já tinha saído. Chegando ao shopping, liguei pra saber se ela já estava vindo. Depois de novo para saber se ela já tinha chegado e avisar que eu estava na loja tal. Saindo da loja tal, não a vi no corredor e isso foi motivo para eu ligar mais 3 vezes pra criatura - ok, ela está grávida, tinha se sentido mal naquela manhã, fiquei preocupada, mas né? Não precisava tudo isso - até finalmente nos encontrarmos.<br />
<br />
O que eu devia ter feito era somente avisado onde eu estava, e depois esperado ela chegar ali. Como se fazia antes de termos esses planos de ligações e sms ilimitados - eu acho ótimo, longe de mim reclamar! - quando o celular não existia ou era tão mais caro do que é hoje e tão difícil de usar. Tive a experiência da volta à era pré-celular quando fui a Milão ano passado visitar minha filha que estava estudando lá. Como na minha última viagem à Itália paguei praticamente outra passagem aérea com o valor da conta do celular, desta vez larguei o bicho dentro da mala para só ligá-lo quando retornasse ao Brasil. Com isso, eu e ela tínhamos de combinar com antecedência o que fazer, em que local nos encontraríamos, em que horário. E chegando no local, esperar pela outra calmamente, sem ficar quicando de ansiedade. Ao mesmo tempo, você precisa se programar para efetivamente estar no local combinado na hora combinada, e não fazer o outro mofar esperando, porque não vai dar pra avisar.<br />
<br />
Quando eu e minha irmã éramos crianças, passávamos as férias de verão internadas no sítio dos meus avós, na já citada e conhecida localidade do Rio Clotário, entre João Neiva e Demétrio Ribeiro. 3 meses inteiros na roça, tomando picada de borrachudo, pegando bicho de pé e carrapicho, comendo goiaba bichada direto do pé (a gente dava um peteleco no bicho) e adorando cada minuto. Um dos programas preferidos era brincar com a Adriana Bolis, que morava em um dos sítios vizinhos.<br />
Passávamos pelo filetinho de rio que corria atrás do chiqueiro, cortávamos caminho pelo pasto, com a recomendação de irmos pelo cantinho e não fazermos movimentos bruscos, nem sair correndo desembestadas, para não provocar os bois, touros, vacas e quem mais ali estivesse pastando. Nem de futucar buracos, porque neles poderia haver cobras. Atravessávamos o pasto, passávamos por baixo da cerca de arame farpado do sítio de não-me-lembro-qual- família, e assim chegávamos nos Bolis, para uma tarde de brincadeiras ou de ler revistinha com a Adriana.<br />
<br />
O horário limite de volta era até umas 16h30, porque depois era o horário das cobras ali no riozinho que atravessávamos - segundo meus tios, tudo cobrinha d'água, nem eram venenosas, só se enroscavam nas pernas e NADA MAIS (precisava de alguma coisa além disso pra matar de susto?). Aliás, o horário das cobras regia nossa volta do sítio da Adriana, nosso horário de banho, nosso horário de brincar no balanço debaixo do pé de carambola. Quando dava o horário das prim.. ops, cobras, não podíamos mais brincar longe de casa, só ali por perto - mas sem futucar buracos, porque tinha aranha caranguejeira, uma paz de espírito incrível!<br />
<br />
Isso pra contar que, se nos sítios não tinha nem luz elétrica, que dirá telefone. Ou seja, saíamos eu e minha irmã, eu com uns 7 anos de idade e minha irmã com 8, pasto afora, sozinhas, sem nem ter como avisar que tínhamos chegado, que nenhum boi tinha pisoteado a gente, nenhuma vaca lambido, nenhuma cobra se enroscado nas pernas. Brincávamos a tarde toda, e depois voltávamos. Se demorássemos um pouco, meu tio Joaquim, que era novinho, ia lá nos chamar. Pronto, simples assim. Não sei como minha mãe não morria do coração, aliás, não sei como ela DEIXAVA a gente ir, mas fato é que íamos as duas muito serelepes e saltitantes. Eu era tão pequena que me lembro que um dia minha irmã e Adriana não queriam me levar, porque eu era considerada pirralha, além de ser medrosa pacas e não querer subir em nada, nem atravessar pinguelas suspeitas sobre os rios, e coisas dessa natureza, e eu caí no choro. Meu avô, pra me consolar, disse que era porque eu estava de blusa vermelha, e não podia ir de blusa vermelha no pasto, e que além de tudo, na blusa da minha irmã tinha um coelhinho desenhado e o touro tinha medo do coelhinho, e por isso minha irmã podia ir e eu não. E eu achei coerentíssima a explicação do touro com medo do coelhinho desenhado e parei de chorar, auxiliada pela balinha que meu avô me deu para me consolar.<br />
<br />
Claro que os tempos são outros, tudo mais ficou mais perigoso, mas talvez fizesse um bem danado a todos nós se fizéssemos uma pequena volta ao passado e controlássemos um pouquinho que fosse nosso desespero e ansiedade para não ficarmos nos rastreando de 2 e 2 minutos e aproveitarmos o tempo da espera para parar, relaxar, olhar o povo que passa e pensar na vida.Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-64325766075909496402012-09-17T19:01:00.004-03:002012-09-17T19:59:55.425-03:00Os amigosQuando os amigos estão felizes, me sinto contagiada e isso levanta o meu ânimo. É muito bacana ver pessoas de que gosto dando certo na vida, contentes, felizes, animadas, seja por que motivo for: um emprego bacana, um negócio caminhando para frente, um bebê na barriga, filhos crescendo, netos nascendo, casa nova ficando pronta, carro novinho em folha do modelo exato que se queria, casamento marcado, finanças em ordem, graninha extra, meta da corrida ou da dieta alcançada, batizado do filho tão esperado, uma viagem bacana a ser feita ou da qual acabou de voltar.<br />
<br />
Ou, simplesmente, a vidinha andando mansa, tranquila, sem sobressaltos, numa rotina gostosa, que isso também é delicioso.<br />
<br />
Dizem que se reconhecem os amigos na adversidade, que basta ficar na pior para saber quem é amigo e quem não é. Eu concordo, mas não somente: reconhecemos nossos amigos quando eles ficam mesmo felizes por nós. Quando vibram com nossas conquistas, ainda que suas próprias vidas não estejam lá essas coisas. Quando não acham que as coisas caem do céu para nós e não para eles, ou então, quando acham isso, que as coisas caem do céu para nós, mas eles continuam torcendo para que isso aconteça, mesmo que as próprias coisas sejam mais difíceis do que tirar leite de pedra.<br />
<br />
Não me refiro a viver sorridente, andando por aí feito bobo alegre. Amigos também sentem ciúmes e inveja uns dos outros, porque esses sentimentos existem e são naturais; o que os diferem do resto é a utilização que dão a esses sentimentos. Não são usados para ferir, para magoar, para deixar pra baixo, e sim para tentar melhorar, para conquistar, para se espelhar. É a invejinha de " fico feliz por você, e quero ter igual" e não a de "se eu não tenho, não quero que você tenha também", que faz toda a diferença do mundo.<br />
<br />
Este post é porque tantas coisas boas vêm acontecendo com vários amigos meus, que essa vibração positiva está me fazendo muito bem, me dando ânimo, vontade, alegria!<br />
<br />
Como se uma corrente positiva envolvesse a todos nós.Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-80893435241381057552012-09-10T20:24:00.002-03:002012-09-11T10:46:50.207-03:00Ah... os moços...Se tem um assunto recorrente nas rodinhas onde o assunto é homem/mulher é a tal da conta. Já escrevi várias vezes sobre este assunto aqui, e de verdade o que menos importa neste caso é o dinheiro, o valor da conta, ou o que quer que seja.<br />
<br />
Resumindo, pagar a conta é apenas uma questão de cavalheirismo e gentileza, e as mulheres bacanas não se importam quando é necessário dividir, não somos mortas de fome, enfim, difícil né?<br />
<br />
Semana passada deixei meu carro para lavar em um lava-rápido atrás da confecção, duas ruas acima. Desde que a confecção mudou de endereço, em abril, e passou a funcionar no âmago de Santo Amaro, a vida tem sido uma sucessão de descobertas de coisas baratas: quitanda - quitanda, gente! - com preços dignos, produtos idem, e o cara ainda entrega, manicure (ótima aliás) mais barata, até combustível, já que o IPTU ali é mais barato que do lado de lá da João Dias, onde estávamos antes. Só tá difícil de arrumar lugar pra comer, mas na minha rua tem um lugar que faz umas tortinhas de frango delicinhas por um preço bem legal.<br />
<br />
Enfim, o lugar é mais barato do que o anterior. Voltando ao lava-rápido, do lado de lá cobram-se R$ 30,00 para lavar o meu carro, do lado de cá, R$ 20,00. Com os deilão de diferença, junta mais 3 e faz as unhas da mão. Mas não é disso que tô falando, tô falando de pagar a conta quando se leva uma mocinha para almoçar ou jantar. Deixei o carro para lavar com o gerente do lava-rápido santamarense, fui andando pra confecção, e mais tarde fui andando buscar o bichinho.<br />
<br />
Meio do caminho, alguém buzina, achei que era um pedido de informação - não, eu nunca acho que é assalto - e era o gerente do lava-rápido, que tinha ido buscar um carro e estava me oferecendo carona.<br />
<br />
No breve caminho até o lava-rápido, ele me mostrou um restaurantinho mineiro que tinha por ali, disse que a comida era ótima, se eu trabalhava aqui há muito tempo, se eu morava perto, se já tinha ido comer ali.<br />
<br />
Chegamos, paguei, peguei meu carro, brilhando, e na hora de eu ir embora, ele pergunta se estou com pressa, se tenho compromisso, porque ele queria almoçar comigo no mineirinho da esquina. É minha convidada, disse ele.<br />
<br />
Disse que não podia, agradeci a gentileza e fui embora. Genuinamente surpresa pelo convite, admirada pela ousadia do cara - eu estava toda arrumada e ele não se intimidou com a minha pose - sensibilizada pela gentileza.<br />
<br />
Eu digo sempre, e este homem é o exemplo vivo do que prego: convida pra comer um cachorro quente na carrocinha da esquina, mas seja cavalheiro e pague a conta. Não é nem de longe uma questão de dinheiro - ou vocês acham que em algum momento da vida ele achou que eu não podia almoçar lá, ou o estaria explorando se não pagasse a minha parte?<br />
<br />
É isso, meninas, os moços machopacas que não se intimidam estão mesmo é no meião de Santo Amaro, e não no Itaim ou no Morumbi.<br />
<br />
Ou no interior, mas isso já é assunto para outro post.<br />
<br />
<br />
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<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-30467298437012910932012-07-15T14:02:00.001-03:002012-07-15T17:58:38.131-03:00Como ser um príncipe encantado em rápidas lições<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLYRa-6sUCO-DxH7XPkfTP_QFaLsQjF5x621P8sJvbDcmsNAleb47vCh9IbZB1binvDg8E-vZrfktXuywUOlDRgkbEMdKLV5wBFiItpWjEyGETnVHQAGPsj76fny8N9C27iQ4nig/s1600/PRINCIPE-ENCANTADO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLYRa-6sUCO-DxH7XPkfTP_QFaLsQjF5x621P8sJvbDcmsNAleb47vCh9IbZB1binvDg8E-vZrfktXuywUOlDRgkbEMdKLV5wBFiItpWjEyGETnVHQAGPsj76fny8N9C27iQ4nig/s320/PRINCIPE-ENCANTADO.jpg" width="320" /></a></div>
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Sabe aquele filme Como Perder Um Homem em Dez Dias? No qual a personagem principal comete todos os erros que as mulheres normalmente cometem nos relacionamentos, todos ao mesmo tempo e com o mesmo cara, com a intenção de escrever uma matéria? O filme é um sucesso, claro, porque não existe mulher no mundo que não tenha cometido pelo menos 20% dos erros listados - e olha que estou sendo boazinha dizendo 20% - porcentagem na qual me incluo, é óbvio. Aquela que disser que nunca fez nada daquilo ou se casou com 13 anos e continua casada até hoje e portanto não se encaixa na situação de conquista, ou é solteira/divorciada/viúva/coloque aqui o estado civil de sua preferência e é de uma pretensão imensa. Ou cegueira. Vai saber.<br />
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Deviam fazer a versão masculina, Como Perder Uma Mulher em Dez Dias. Como bem observou uma amiga minha, eles perdem a gente mais rápido, ia dar no máximo um curta. Até concordo em alguns aspectos, mas acho que a gente dá bastante chance pro cara quando estamos interessadas nele. Ou carentes de alguém, ou as duas coisas juntas.<br />
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Dado este cenário favorável interesse + carência, é de se espantar como é que os homens conseguem errar tanto, e de forma tão primária. Conversando com dois amigos no último sábado à noite, entre um sushi e outro, um deles declara a intenção de descolar uma parceira para o sábado à noite. E começa a agir, mandando um sms. Quase oito da noite. Por sms. Nem preciso dizer que já começou mal né? Muito tarde para um convite, e muito pouco macho convidar por sms considerando o avançado da hora, em que o tempo de demora da resposta pode variar bastante. Vai que mandou o sms e ela estava tomando banho, lavando os cabelos - incrível como os homens não entendem a relação das mulheres com o próprio cabelo; lavar os cabelos é um ritual, pois envolve lavar, hidratar, desembaraçar, secar, modelar e deixá-lo glorioso -, quando finalmente pega o celular e vê a mensagem, pode já ter se passado um tempão.<br />
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Aí, ela demora uns minutos para responder e ele já ficou achando que ela está se fazendo de difícil. Ou seja, parte-se do pressuposto de que ela fica todo o tempo com o celular na mão, a postos, para a eventualidade de ter de responder a um sms. Salvo os casos em que você sabe que a relação da pessoa com o celular é de simbiose total, se ela não atende ou não responde, não dá para logo de cara achar que ela está, com o perdão do termo mas não achei nenhum mais adequado, cagando na sua cabeça.<br />
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Atenção, ela não demorou uma vida para responder, e sim alguns minutos, e respondeu ao recado de forma vaga, uma vez que o recado dele também foi vago. E neste momento ele resolveu colocar em prática sua alegada infalível teoria, baseada em estudos (segundo ele), de que mulher gosta de ser desprezada e maltratada. Quem, em nome de Deus, já estudou isso, e quem, em nome de Deus, CONCLUIU isso em um estudo? Só algum cara que já tomou muito na cabeça e acha que tomou na cabeça porque a culpa é toda nossa, claro. E respondeu à ela cagando-lhe solenemente nos cabelos recém-lavados e sepultando toda e qualquer chance dela ter alguma vontade de sair com ele naquela noite.<br />
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Baseou-se em sua teoria e se deu mal, claro. Resolveu, depois de um tempão, apelar para o que ele mesmo chamou de Plano B. Plano B foi super receptiva, apesar de já ser quase nove da noite, e acreditem que ele já estava em vias de estragar o troço ali mesmo, foi salvo pelo aconselhamento, meu e do outro amigo que estava na mesa. Não muito convencido de que estávamos certos, resolveu fazer uma experiência científica e mandou a resposta que ditamos.<br />
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Deu certo. Muito bem - como diria um amigo meu.<br />
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Toda essa introdução para eu confessar que eu fico besta em ver um homem solteiro, que passou a vida toda na pista, pode ter uma visão tão distorcida do que gostamos ou queremos ou desejamos. Fico pensando no tipo de mulher que ele andou conhecendo, no tipo de experiência que andou tendo, e o que o fez pensar assim. Não tenho como consertar o que já passou, mas naquela noite tomei para mim a tarefa de dar lições básicas de comportamento feminino àquele pobre desgarrado e que morrerá solteiro, a menos que algo aconteça against all odds.<br />
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Todo o ensinamento sobre a alma feminina pode ser resumido em um único mantra: <b>Toda mulher quer se sentir mimada, querida, desejada, ainda que seja por somente aquele momento. </b>Olha a simplicidade do troço, depois os homens dizem que somos complicadas. Cola este mantra pela casa, na porta da geladeira, no espelho do banheiro, coloca de tela de descanso no notebook, porque ele tem de nortear todas as suas atitudes em relação às mulheres.<br />
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Já dei o caminho das pedras. Mas tendo este mantra em mente, abra uma cerveja, coloque os pés em cima do sofá e vamos analisar o que se segue abaixo, que é pra você não errar mais e ser o príncipe encantado do momento, mais desejado que o Harry no dia do casamento do Will:<br />
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<b>Situação 1 - o cara liga ou manda sms pra garota num horário inadequado</b><br />
Me diga que mulher no mundo quer se sentir a única opção que restou no momento? Ligar às 8 da noite dizendo que quer sair faz com que pensemos exatamente isso. E aí, meu caro, só vai rolar se por algum motivo você deu sorte e ela está com muita vontade de sair (porque água morro abaixo, fogo morro acima...) e pode ser você mesmo. Caso vá passar na TV algum filme interessante, ou se ela já havia combinado o que quer que seja com os amigos, pode esquecer que ela vai aceitar. Existem exceções, e acreditem que sabemos lidar bem com elas, mas antes de ligar pra ela em cima da hora, esteja muito certo de que você pertence ao grupo dos que têm crédito para isso.<br />
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<b>Situação 2 - o cara sai com a garota e nem dá sinal de vida no dia seguinte</b><br />
Este é um dos grandes pontos de discórdia. Agora, você, homem que lê este blog e teve paciência de chegar até aqui, analise a situação pelo lado feminino: o cara passa dias te ligando, ou mandando mensagem, ou email, ou tudo isso, por dias, para te conquistar. Te deixa mais facinha que vestibular da Uniban. Aí vocês finalmente saem juntos e no dia seguinte ele não manda NADA. Você sai da situação de total atenção para a de total desprezo. Legal né? Pensa que você vai a uma loja, o vendedor te enche de atenção e é super simpático e solícito, e na hora em que você digita a senha do cartão de crédito e finaliza a compra, ele te dá as costas e não te dá nem tchau. Você ia achar normal ou ia ficar puto da vida?<br />
O pior é a explicação de que teme que a mulher <b>grude</b>. Vai ser pretensioso assim no raio que o parta. Você nem sabe se a mulher quer grudar em você, você nem sabe se ela gostou da noite contigo, você nem sabe se tudo o que ela quer ter contigo é um caso esporádico ou se ela quer casar, ter três filhos lindos e um cachorro. VOCÊ NÃO SABE. E aí, dias depois, quer sair com ela de novo, e quer ligar e que ela seja receptiva. Não tem como. <br />
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<b>Situação 3 - o cara trata mal a garota</b><br />
Há um fundo de verdade, mas bem lá no fundo. Mas serve para ambos os lados e serve para outras situações da vida: batalhar por algo e conseguir é gostoso, dá prazer e satisfação. O que vem fácil, vai fácil - atenção, Querido Deus, este ponto não se aplica a ganhar na megasena acumulada, combinado? (vocês já sabem que temos de explicar tudo direitinho porque Deus é homem e entende tudo errado). O mantra de <b>Toda mulher quer se sentir mimada, querida, desejada, ainda que seja por somente aquele momento</b><b></b>, não é sinônimo de <i>seja um capacho para ela pisar em cima</i>. Uma geladinha de vez em quando faz parte do show, mas saiba dar a geladinha na medida certa para instigar e não jogue sobre ela um iceberg, porque ela não é pinguim e vai procurar abrigo em braços mais quentes. E outra: dar uma geladinha NÃO É A MESMA COISA que tratar mal.<br />
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<b>Situação 4 - o cara acha que as mulheres não gostam dos caras legais, só dos cafajestes</b><br />
Normalmente vem de uma situação distorcida: você é um cara legal, bacana, e está a fim de uma garota X. O nome dela é Maria, vai, e o seu é João. João quer Maria, faz tudo certinho para conquistá-la e não dá certo. Pouco depois, João vê Maria com Roberto, um renomado cafajeste, e conclui rasamente que toda mulher só gosta de cafajeste. E passa a agir como um, na esperança de ser o rei do sushi do posto.<br />
Onde é que está o absurdo da história? Está em João não perceber que Maria não quis nada com ele não porque ele é um cara legal, e sim porque simplesmente NÃO ROLOU. Só isso. Não importam os motivos dela, mas se João tiver em mente de que o problema não foi dele, nem da atitude dele, e que Maria escolheu Roberto por motivos que dizem respeito à ela, ele não vai cair na bobagem de se agarrar num rabanete e jurar que nem que tenha de matar, mentir, roubar ou trair, nunca mais será desprezado novamente, porque saberá que não foi desprezado. E vai continuar sendo o cara bacana que um dia vai cruzar com uma garota bacana e ser feliz!<br />
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Por fim, nós mulheres sabemos que somos complicadas e confusas, mas como diria uma outra amiga minha, é o que temos para oferecer. A alternativa é namorar um homem. Então, pensem se querem uma barba mal-feita arranhando o seu pescoço (aaahhh... cairia tão bem neste momento...) ou se querem um rostinho macio para acariciar.<br />
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E comecem a fazer por merecer este rostinho.<br />
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<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-16889784053927977652012-07-03T23:48:00.002-03:002012-07-03T23:48:56.851-03:00NicoleA Janete começou a trabalhar lá na confecção por pura falta de opção da nossa parte. Precisávamos de alguém para agilizar a costura, fazer piques, levar as peças de uma máquina para a outra, trocar linhas e fios das máquinas, enfim, todas as pequenas tarefas de apoio dentro da área da costura.<br />
Ela se candidatou ao cargo, e foi logo bem sincera: nunca fiz isso mas posso aprender! Resolvemos apostar.<br />
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No fim, ela não era a pessoa talhada para o cargo, pois tinha um jeitão meio estabanado e ansioso demais, mas nos poucos meses que passou conosco ela fez amizade com todo mundo por lá. A vida difícil não lhe tirava o bom humor. Expulsa de casa aos 14 anos pela mãe, ela jurou nunca mais voltar. Arrumou trabalho, casou com 17, teve dois meninos e uma menininha, que morreu de pneumonia ainda bem pequena. O marido, pai dos filhos, morreu afogado no mar, cheio de cachaça nas ideias. A sogra queria tirar a casinha, que era a única herança dos meninos.<br />
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Sábado, domingo, feriado, ela sempre disposta para o trabalho. Como ela sempre dizia, tinha de se virar nos 30 porque tinha duas boquinhas para alimentar, vestir, calçar e fazer deles dois homens de bem. Arrumou um namorado, foram morar juntos, o cara se revelou um folgado e ela o mandou passear porque filho ela tinha dois e nenhum daquela idade, e só o aceitou de volta porque o dito cujo se emendou e resolveu "ter atitude de homem", como ela nos contou.<br />
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Mesmo depois de ter saído de lá, volta e meia ela dava notícias e um jeitinho de aparecer para ver as amigas. A típica pessoa alto astral, que não se abate por nada.<br />
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Há alguns dias, ficamos sabendo que Janete tinha adotado uma menininha. Como assim, pensamos, que doida! Só a Janete mesmo! Mas a história era mais que isso: sua cunhada, irmã do atual marido - que há pouco tempo era só um namorado - engravidou e o pai da criança deu no pé. Órfãos de mãe, o marido e a irmã, pai que não queria saber de muita coisa, a cunhada entrou em trabalho de parto prematuro, sai correndo pra Santa Casa. Na hora de ir para a sala de parto, a cunhada chama o irmão e a Janete:<br />
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- Se acontecer alguma coisa comigo, se eu não voltar dali de dentro, eu quero que vocês criem o meu bebê.<br />
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E Janete, contando essa história triste, com seu jeitão despachado: d. Cláudia, e não é que a mulher me morre no parto e a bichinha ficou ali, sem pai nem mãe, sem ninguém? Tinha como não ficar com ela? Não tinha.<br />
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O namorado, como tio de sangue, tinha a preferência na adoção, mas Janete queria ser mãe da menina pra valer. O namorado queria colocar o nome de Isabele, mas ela bateu pé que seria Nicole Cristine, mesmo nome da filha que, segundo ela "Deus me levou e agora estava me dando de volta" e o namorado não teve alternativa a não ser concordar. Ela queria ser mãe da menina de verdade, no papel também. "Porque se um dia ele resolve se separar de mim, eu fico sem minha filha?" Para isso, tinham de se casar oficialmente. 15 dias para correr os papéis do civil, e o pedido na igreja para o padre apressar o casamento, e Nicole passa a ser oficialmente filha da Janete - porque de fato, ela já o era desde o nascimento.<br />
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Esta é a história da Nicole, uma menininha que movimentou meu facebook nos últimos dias, mostrando mais uma vez que tem muito mais gente bacana no mundo do que gente má. Gente que nunca nem a viu e que se mobilizou para ajudar. Foram tantas as doações que, segundo Janete, "se ela ganhar mais alguma coisa, nós vamos ter de morar do lado de fora da casa para poder guardar as coisas dela do lado de dentro!"<br />
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Hoje eu vi uma fotinho - uma não, umas 30 - no celular da Janete. A Nicole é uma fofa! Ela prometeu levá-la na confecção para que a conheçamos. Neste dia, prometo tirar fotos da Nicole para mostrar a todos que se dispuseram a abrir o seu coração, e ajudar a fazer do mundo um lugar sempre melhor para se viver.<br />
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<br />Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-15251448.post-22036241613016683072012-06-09T23:52:00.001-03:002012-06-09T23:52:15.967-03:00Saudades de escreverNão foi a vida toda que eu quis ser jornalista, mas eu fui jornalista desde muito tempo. Talvez não jornalista, mas escritora. Meu primeiro romance eu ainda tenho guardado, escrito à mão, começado aos 8 anos de idade e terminado aos 9. Era de época inclusive. Tudo bem que a mocinha em questão ia de navio do Rio de Janeiro para Barbacena, mas era uma obra de ficção, certo? Outros vieram depois deste. Eu morava em Niterói e o grande programa para mim era ir até o centro da cidade, eu e minha amiga Claudia Nogueira, eu com 11 anos, ela com 12, de ônibus, comprar caderno para escrever romance - éramos ambas romancistas, apesar dela ser mais melodramática que eu e suas heroínas com frequência morrerem "de dias contados". Ela ia até o prédio onde eu morava, nem subia, gritava lá do pátio: Baioquinho! Invariavelmente dizia para a minha mãe que ela não devia se preocupar, porque "tá comigo, tá com Deus". E lá íamos nós duas em nossa aventura literária, minha mãe provavelmente ficava em casa rezando o terço até a gente voltar.<br />
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Escolhíamos os cadernos pela capa, e muitas vezes a briga já começava na papelaria mesmo, porque uma não podia comprar caderno com a mesma capa da outra. Éramos amigas inseparáveis, mas como brigávamos! Não como brigávamos eu e Simonny, a Moca, quando tínhamos uns 7 anos de idade, quando nos pegávamos de beliscão, puxão de cabelo e tapa, e jurávamos nunca mais brincar uma com a outra, e o juramento durava até o dia seguinte pelo menos. Brigávamos porque a heroína ou o herói de uma tinha nome parecido com a heroína ou o herói da outra; brigávamos porque a minha heroína ia se casar na igreja de sei lá onde e ela tinha imaginado que a dela se casaria na mesmíssima igreja e eu tinha<b> roubado a ideia da cabeça dela</b>. Brigávamos porque éramos apaixonadas pelo Pedrinho do Sítio do Picapau Amarelo que passava na Globo, mesmo sem o menino nem suspeitar que a gente existia.<br />
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Às vezes voltávamos da papelaria, passávamos na minha casa para avisar minha mãe que íamos para a casa dela ficar escrevendo romance lá durante a tarde, e íamos as duas, brigadas uma com a outra, sem dirigir a palavra uma a outra, para escrever nossos romances em nossos cadernos novos que mal podíamos esperar para estrear. À medida que a tarde ia passando, uma ia lendo um trecho para a outra, uma ia dando palpite no que a outra escrevia, e assim fazíamos as pazes. <br />
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A definição do tamanho da história - eu não gosto de estória com E, nunca uso, para mim a palavra é sempre com H - era dada pelo número de páginas do caderno. Certinhas, sem sobrar nem faltar. Então, um romance longo, de um caderno de 300 páginas, era quase sempre seguido por um mais curto, de 180, porque devo dizer que cansa escrever uma história comprida, e a mais curta servia para descansar a mente da trama elaborada anterior.<br />
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Mudei para Brasilia e continuei escrevendo meus romances, ainda nos cadernos. Escrevia durante uma aula chata, escrevia durante parte do recreio, escrevia no fim da tarde, quando desse inspiração. Dedicava personagens aos meus amigos, me inspirava neles, nos meus professores. Com 12 anos de idade, participei de um concurso do INL - Instituto Nacional do Livro, uma biblioteca em Brasília que a adolescentada toda frequentava - com uma história de crime e suspense, um assassinato que se passava em uma academia de ginástica. Não ganhei, mas um belo dia bateu lá em casa um homem, se apresentou para os meus pais como um dos juizes do concurso. Disse que tinha lido a história e não acreditado que uma menina de 12 anos tinha escrito, e que eu tinha sido desclassificada por este motivo. Mas que tinha ficado com aquilo na cabeça e por isso tinha ido até lá, para me conhecer. Mostrei a ele todos os meus cadernos, com minha letrinha de caligrafia, ele ficou encantado, disse que tinha cometido uma injustiça, mas não podia voltar atrás, e que esperava que eu não desanimasse, que eu tinha talento, que continuasse frequentando a biblioteca, parabenizou meus pais e foi embora. Fiquei me sentindo meio como o Brasil na Copa do Mundo da Argentina, sabe? Campeã Moral.<br />
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Segui escrevendo meus romances, aos quais poucos escolhidos podiam ter acesso, até mais ou menos os 14 ou 15 anos de idade, quando li O Tempo e o Vento. Achei a coisa mais linda, mais bacana, as descrições mais perfeitas e concluí que jamais seria capaz de escrever algo tão lindo, tão envolvente, tão emocionante. Acabou ali minha carreira de romancista. Nunca mais escrevi um único romance sequer. Perdi completamente a vontade. Guardei meus cadernos, e só voltei a ressuscitar um deles quando, já na Universidade de Brasília, o professor de Oficina de Texto quis ler um deles quando eu mencionei em aula toda essa história comprida que venho contando desde que este post começou.<br />
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Foi mais ou menos nesta época que comecei a escrever sobre as coisas que aconteciam na sala de aula. Os famosos S.O.S. Tudo começou quando um professor que tínhamos, grosso feito um tronco de Jacarandá, tratou mal uma menina da nossa sala que, por ser surda, tinha feito o oposto do que ele tinha mandado fazer, antes do início de uma prova - ele falou virado para o quadro-negro e ela nem percebeu que ele estava dando instruções -, causando comoção e indignação gerais. Depois deste primeiro, apelidado de SOS Alfafa, com distribuição acompanhada de um raminho de alfafa que a Maria Manoela tinha trazido da Hípica, porque o professor já recebeu a alcunha de cavalo batizado, seguiram-se outros, dos mais variados assuntos. A produção era intensa, eu escrevia, á mão, durante a aula, e o papel rodava de mão-em-mão. Um blog rudimentar.<br />
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Apesar de tudo isso, eu dizia que ia ser médica. Cardiologista. Mesmo tirando a média nas matérias de Exatas e gabaritando as provas de Humanas, mesmo passando as aulas olhando pela janela e imaginando histórias diversas, mesmo sendo a Repórter Esso da sala de aula, eu ia ser médica. Sabe Deus como, mas eu ia. Só não tentei prestar vestibular para Medicina porque meu sábio professor de Física, o Piqueroby, me chamou um dia e me perguntou porque eu queria estudar Medicina. Eu não sabia responder porque eu queria estudar Medicina. E então ele argumentou: você vai sofrer, não tem o perfil para estudar Medicina. Você não tem perfil para ficar horas e horas trancada em uma sala estudando. Detesta as matérias que precisa saber para ser uma boa médica. Nem chega perto das experiências do laboratório mas escreve todos os trabalhos que o grupo faz lá. Passa as aulas escrevendo mil coisas, que todos os seus colegas lêem. Tem um talento natural para escrever, devia estudar Jornalismo.<br />
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Um sábio, um verdadeiro professor, a quem devo sinceros agradecimentos por um conselho tão certeiro. Amei a faculdade de jornalismo desde o primeiro dia, mesmo quando mudei da UnB, que era sensacional, para a Fiam, aqui em SP, que era bem mais ou menos. A culpa nem era dos professores, mas dos alunos, que não queriam ter trabalho, e as aulas acabavam tendo de ser niveladas por baixo, já que ninguém lia a literatura sugerida, ninguém via os filmes que eram recomendados. Dava até um desânimo.<br />
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A vida se encaminhou de maneira diferente, e pouco ou nada exerci do jornalismo. Cada vez que leio uma matéria bacana em uma revista, cada vez que vejo um programa bacana na TV, eu sinto uma saudadezinha dentro de mim, saudade de algo que não aconteceu direito, ainda que por opção minha.<br />
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Fico pensando se algum dia vou de novo até uma papelaria escolher um caderno pela capa, deitar na minha cama, e começar a dar vida às personagens. Se algum dia vou escrever de novo uma matéria para alguma revista ou site, se algum dia de novo vou entrevistar alguém, se algum dia de novo vou escrever uma crônica ou uma resenha.<br />
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Enquanto isso não acontece, fico aqui pelo blog, o canto onde minha alma de jornalista e escritora ainda teima em se manifestar.Cláudiahttp://www.blogger.com/profile/08818907486410086048noreply@blogger.com11