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terça-feira, agosto 30, 2005

Sete de Setembro

Meu pai é militar do Exército, hoje da reserva. Cresci indo com ele até o quartel onde ele trabalhava, em Niterói, que para mim era o paraíso: tinha canil, jardins, gatos vira-latas em profusão, parquinho, árvores...

Depois nos mudamos pra Brasília, e ele foi trabalhar no Centro de Processamento de Dados do Exército, onde não tinha nada disso, só uns computadores enormes (e naquela época era moda imprimir umas imagens de Jesus toda em numerozinhos, e fazer quadros, o must da tecnologia). E como eu tinha crescido também, perdeu a graça ir para o trabalho com meu pai.

E no meio disso tudo, fui crescendo absorvendo valores cultivados pelo Exército, em especial amor à Pátria, traduzidos em frases e citações espalhadas pelas paredes do Batalhão, na hierarquia militar, nos rituais, nos uniformes, em tudo o que cerca a vida na caserna.

Por conta disso eu adoro solenidades militares. Choro quando escuto o Hino Nacional em cerimônias, qualquer uma, inclusive na abertura dos jogos do colégio da minha filha. Me emociono com o Hino à Bandeira, para mim o mais lindo de todos (querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil... ai ai). Adoro o Hino da Marinha, o Hino ao Soldado, todos eles.

Morar em Brasília então foi um prato cheio para mim. Todo primeiro domingo do mês (ou será o último? não lembro mais), havia a troca da enorme bandeira que fica na Esplanada dos Ministérios, vulgo Bandeirão. Adorava assistir, a bandeira antiga baixando lentamente, a nova subindo ao mesmo tempo. O balé dos soldados para amparar a bandeira que descia, de maneira que nenhuma ponta dela tocasse o chão (falta grave), a dobradura toda especial que fazia dela um pacotinho.

Uma vez por semana, a troca da guarda no Palácio do Planalto, os Dragões da Independência, realizada na rampa. A sincronia, o aspecto solene, a representação das instituições (apresentaaaaar armas!). O presidente da República passando a guarda em revista.

E o desfile de Sete de Setembro. Lembro de mim bem pequena, indo para o centro de Niterói ver o desfile junto com minha mãe e minha irmã, porque meu pai marchava todos os anos nele. E mesmo no meio daquele monte de fardados, a gente o reconhecia, e ele também nos achava e dava um jeitinho de demonstrar que tinha nos visto. Ah! Ainda é nítido na minha memória a marcha sem um único erro, a coreografia perfeita, os coturnos batendo no asfalto, as palavras de ordem (Os melhores são apenas bons para a Infantaria).

Todas essas lembranças me vieram hoje, quando, conversando com um dos meus ex-cunhados pelo msn (e meus ex-cunhados ocupam no meu coração o espaço dos irmãos homens que não tive), que é médico da Aeronáutica e mora em Brasília, me contou que estava cansado pois tinha voltado do ensaio da marcha para o Sete de Setembro. E que ele ia desfilar com o uniforme cinco (o mais de gala de todos) etc etc.

Penso que se ainda morasse em Brasília, ficaria dividida entre ver o desfile para vê-lo passar, ou ficar em casa quietinha, temendo que o barulho das botas no asfalto em nada lembrasse o da minha infância. E que eu começasse a achar que o passo da marcha não estava tão certinho assim.

Tem coisas que é melhor deixar guardado na lembrança, para não perder a cor, a textura e o sabor.

4 Comentários:

Blogger BaratoLegal disse...

Puxa Clau, ontem tive uma lembrança parecida. Meu pai também militar da reserva, sempre me ensinou o amor a Pátria e sempre valorizou as forças armadas. Lembro de desfiles e da Expoex, uma grande exposição do exército que acontecia anualmente no parque do Ibirapuera. Lembrando disso fiquei com vontade de levar meus filhotes para ver o desfile deste ano. Acho que vou. Se for, te conto se eles estão marchando direitinho. bj

2:04 PM  
Blogger Cláudia disse...

Leve mesmo, Paulo, acho que tudo o que o país passou em termos de ditadura militar não pode representar o Exército como instituição. Os valores que cultiva são os melhores e acho que as crianças vão adorar o programa!
Onde é o desfile aqui em SP?
beijo

2:39 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Oiê!
Sabia que papai leva o Evandro nas Exposições do Exéercito? E que o objetivo anual dele é levar o moleque ao sete de setembro na Esplanada? E que o sol está de rachar a moleira e pra variar papai está gripado? Que situação...vai sobrar pra alguém a escolta...guess who?
Bjs, Rosana.

6:35 PM  
Blogger Cláudia disse...

Claro que eu sei que ele leva o Evandro, ia perder a chance??
beijo

6:39 PM  

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