Creio em Deus Pai
Creio em Deus Pai, todo poderoso (e aparecia um homem enorme, com barbas longas e cacheadas, sedosa), criador do céu e da Terra (e vinha ele, com raios nas mãos, distribuindo coisas aqui e ali, uma estrela acolá, um bosque naquele cantinho vazio).
E em seu filho unigênito (como é que é? uni o quê?) Jesus Cristo, Nosso Senhor (aparecia o Jesus das fotos, o de olhinho azul), que foi concebido pelo poder do Espírito Santo (agora a cena de Jesus na manjedoura, com um grande anjo brilhante pairando sobre o cenário).
Nasceu da Virgem Maria (que era a Olivia de Havilland), padeceu sob Pôncio Pilatos (um cara sádico, vestido com trajes romanos, branco e vermelho).
Foi crucificado, morto, sepultado (trucidado, roubado, malfalado, e tudo mais terminado em ado, era a parte da escalada, com rima e tudo).
Desceu à mansão dos mortos (uma casa amedrontadora, toda de mármore meio bege, meio cinza encardido, cheia de cadáveres aqui e ali, todos já meio apodrecidos), ressuscitou ao terceiro dia (ufa! ele não tá mais naquela casa horrorosa!), subiu aos céus (Jesus levitava, com as roupas brancas tremulando com o vento em volta dele, num halo de luz branca e dourada no fundo).
Está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso (Deus num trono imponente, Jesus no chão, no degrau de cima de uma escadinha de três degraus forrada de tapete vermelho), de onde há de vir e julgar os vivos e os mortos (Deus apontando o dedo para um pessoal de pé na frente dele, mas já os mortos... como julgar os mortos, se eles já morreram?).
Creio no Espírito Santo (uma pombinha branca), na Santa Igreja Católica (a igreja de São Lourenço, do lado da rua Padre Leandro, no Fonseca), na comunhão dos santos (todos os santos felizes da vida, numa única nuvem, bricando de roda, amarelinha, pique-bandeirinha, pique-esconde), na remissão dos pecados (briguei com minha irmã, xinguei ela de burra, bati na minha amiga, não emprestei minha boneca...), na ressurreição da carne (de que jeito?), na vida eterna (oba!!!).
Amém.
Acima, a oração que sempre mais me impressionou. Entre parênteses, tudo o que eu imaginava quando, aos cinco anos de idade, fazia aula de catecismo para fazer a Primeira Comunhão, aos seis.
Lembro também que a gente ia se confessar todo domingo na igreja de São Lourenço, que ficava bem do lado da minha casa, e eu ia andando até lá listando mentalmente todos os meus pecados cabeludíssimos relacionados acima, para não esquecer de nenhum.
Usava-se véu para assistir à missa, vão vendo: branquinho para as meninas, preto para as mulheres casadas. E na sexta-feira da Paixão, havia a novena na igreja, com as estações do sofrimento de Jesus, mas do que me lembro bem era dos panos roxos cobrindo as imagens dos santos.
Até hoje eu acho que roxo batata é cor de cobrir imagem de santo na sexta-feira da Paixão.
Será que tudo isso é só por conta da iminente visita do Papa?
na foto, de vestido fashion (a fita era vermelha, de gorgurão, olha que moderno!), com chapéu, idealizado pela minha mãe e adotado pelo colégio para a nossa Primeira Comunhão.
5 Comentários:
Nossa, que menina mais compenetrada!!
Criança é engraçada, né, a gente cria imagens mentais impagáveis...
adorei te ver, e a Flor fica linda de rosa!!!
beijo
Ótimo!
Meus "pecados" eram os menos sempre: menti para minha mãe e meu pai (certamente nada mto grave), briguei com o meu irmão...
Ai ai ai... era td tãooooooo mais fácil!
Prazer te conhecer!
Bjos e bom fds!
Ainda bem que a vela estava apagada, senão o chapéu ia virar carvão...
Tem uma foto nossa de roupa de comuhão adaptada pra daminha de honra (casório da Tia Mada), com a Lyris no meio, que o vovô Gregório aparece atrás. Pergunte pra mamãe, ela deve ter guardada.
Bjs. Rosana.
mh e Ana
também adorei a pizzada e a Flor é uma gostosa! Tomara que no frio ela goste de usar o modelito.
Rosana
pega com ela, scaneia e me manda!
beijo
Ah, menina... ando tão mordida com essa visita do Papa, que acho que vou me abster de comentar. Mas o vestido é um show!
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