De luto

Foi assim que a cidade acordou hoje, depois do inacreditável acidente ontem com o avião da Tam.
Pelo menos no que diz respeito ao pessoal daqui da confecção, tá todo mundo mais calado.
Um dia no qual, se as pessoas pudessem, não teriam saído de casa. Eu, pelo menos, não teria. Não porque tá chovendo ainda, não porque tá frio, não porque o dia tá cinza.

Mas porque de manhã, no noticiário, vi a imagem de uma mãe sentada no chão do aeroporto de Congonhas, chorando desesperada, porque ela estava lá esperando pela chegada dos filhos, que vinham naquele vôo: um de 12 anos, outro de 17.

Eu pensei em quantas vezes vou para Congonhas esperar pela chegada da minha filhotinha, vinda de Brasília, e como é bom vê-la ainda nas esteiras, esperando pela mala, e voltar pra casa com ela, morta de saudades por ter ficado longe alguns dias.

Era o que aquela mãe fazia ali, exatamente o que eu faço tantas vezes durante o ano. Mas ontem ela não pôde voltar pra casa com os filhos, não os viu pegando as malas, não os abraçou toda contente, não foi pra casa ouvindo-os contar as novidades.

A sensação de festa substituída pelo desespero, pelo desconsolo, por uma tragédia que espalhou o luto por toda a cidade.