A dor do outro
Num jornal desses da hora do almoço, não me lembro em que canal, acontece o seguinte diálogo, ao vivo:
Personagem 1: repórter com microfone em punho, em meio ao engarrafamento que certamente se formaria - e tinha se formado - na avenida do acidente com o avião da Tam.
Personagem 2: motorista de um dos carros, preso naquele engarrafamento, num dia chuvoso, nublado e muito mais triste do que normalmente já seria.
Repórter, naquela obrigação que a gente sabe de ter de gerar matéria, encher o tempo, dar dinamismo à cobertura jornalística, manda a pergunta inadequada:
- E este trânsito, não? O senhor está muito irritado de ficar preso aqui neste engarrafamento?
Motorista, um homem de aproximadamente 50 anos, coloca as coisas na devida perspectiva:
- Irritação é o que aconteceu, o que as famílias estão passando. Isso aqui (e faz um gesto indicando o engarrafamento) não é nada.
São poucas as pessoas assim, capazes de se colocar no lugar do outro, de imaginar a dor do outro e entender que seus aborrecimentos são ínfimos perto de algo muito maior, muito pior.
Personagem 1: repórter com microfone em punho, em meio ao engarrafamento que certamente se formaria - e tinha se formado - na avenida do acidente com o avião da Tam.
Personagem 2: motorista de um dos carros, preso naquele engarrafamento, num dia chuvoso, nublado e muito mais triste do que normalmente já seria.
Repórter, naquela obrigação que a gente sabe de ter de gerar matéria, encher o tempo, dar dinamismo à cobertura jornalística, manda a pergunta inadequada:
- E este trânsito, não? O senhor está muito irritado de ficar preso aqui neste engarrafamento?
Motorista, um homem de aproximadamente 50 anos, coloca as coisas na devida perspectiva:
- Irritação é o que aconteceu, o que as famílias estão passando. Isso aqui (e faz um gesto indicando o engarrafamento) não é nada.
São poucas as pessoas assim, capazes de se colocar no lugar do outro, de imaginar a dor do outro e entender que seus aborrecimentos são ínfimos perto de algo muito maior, muito pior.
6 Comentários:
Clau,
claro que não dá nunca para nos colocarmos no lugar do outro, nem ao menos imaginar a dor do outro...mas sei qual é a dor de perder alguem que amamos, e essa tragedia trouxe a tona todo o sentimento de angustia, e desespero que sei que essas familias passam..triste demais...e muito revoltante pois isso talvez pudesse ter sido evitado...
E muitas as pessoas que fazem tudo girar em torno do seu próprio umbigo, como a repórter..... Talvez seja o nervisismo da pressão de TEr que perguntar alguma coisa numa hora dessas.....
beijo
Ana, não sei se poderia mesmo ser evitado sabe? Me parece mais um erro do piloto, potencializado pelo mau tempo, vamos ver o que vai ser concluído.
Tati, acho que ela foi infeliz, sabe? Despreparada talvez, inexperiente? Mas certamente foi uma mancada...
beijos
chega a ser deprimente o despreparo de alguns reporteres.
mais lamentável mesmo é o que aconteceu
beijo moça
A necessidade do sensacionalismo jornalístico sempre foi, é, e vai continuar sendo deprimente, pois são pouquíssimos os profissionais com seriedade no trato da notícia...
Ainda bem que nem todos se deixam levar pelos "15 minutos de fama"!
Adoro quando reporter babaca leva fora, eles merecem, fazem cada perguntinha idiota! bjs Re
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