Apego
Hoje fui encontrar umas amigas para uma happy hour em um shopping de decoração e design que tem aqui em São Paulo, o D&D. Para escapar do trânsito, cheguei mais cedo e fiquei dando um volta, olhando as lojas de móveis e decoração.
Fiquei olhando tudo, e pensando que, se dependesse de mim, um shopping de decoração não se sustentaria.
Eu morro de dó de trocar os móveis de casa. Mando forrar, troco almofadas etc, mas o móvel em si, é realmente uma dificuldade. Não que eu não goste dos novos, eu curto muito, mas porque fico pensando que aquele custou caro, que eu afinal fiquei tão feliz quando o comprei, que ele ainda está tão bom, e que se eu forrar com um tecido novo vai ficar tão bacana.
Sou apegada e resistente a mudanças, apesar de não gostar de rotina, o que é um paradoxo, mas isso é assunto para outro post. E não somente com a mobília. Eu sempre acho que aquele móvel, eletrodoméstico ou tapete ainda pode ser usado, que não há motivo algum para ser trocado se ainda funciona direito, ainda que haja um modelo melhor na praça. Não que eu não troque nunca, apenas demoro para fazê-lo. Sabe aquela pessoa que compra um sofá hoje e daqui dois anos troca por outro porque acha que aquele novo vai ficar melhor, ou simplesmente porque enjoou do anterior? Até chego a sentir uma certa invejinha do desprendimento. Minimizo esse sentimento quando dou o objeto anterior para alguém que tenha gostado muito dele ou que vá fazer ótimo uso - como o tapete da sala, pequeno demais para o ambiente, que eu só tive coragem de dar porque minha mãe queria um tapete para a sala de jantar dela e aquele ficaria perfeito, tanto no tamanho quanto na cor. É como se eu tivesse arrumado um novo dono para aquela peça, que vai cuidar dela tanto quanto eu.
Enquanto pensava nisso, fiquei pensando também que essa minha atitude se aplica a todas as demais esferas da minha vida. Eu resisto a abrir mão de uma amizade porque afinal sempre fomos tão amigos e nos dávamos tão bem. De um trabalho, porque acho que vai melhorar. De um relacionamento por achar que dá para fazer melhor, que dá para dar um jeito, já que afinal fomos tão apaixonados. Em contraste com um outro lado da minha personalidade que é não ficar juntando bagulhada e não guardar coisas que não uso.
Esse tipo de pensamento tem um lado bom, que é o de cultivar o que tenho, seja móvel, eletrodoméstico, amizade, relacionamento ou trabalho, e tentar fazer com que fique melhor em vez de simplesmente trocar por outro, mas também tem o ruim, o de muitas vezes eu perder o timing de quando a coisa realmente não tem mais como nem porquê, seja o que for.
De não perceber que o sofá já devia ter sido trocado antes de cair sentada com a bunda no chão. Ou talvez de perceber sim, mas achar que tenho poder suficiente para sempre brigar contra o tempo, os acontecimentos e as circunstâncias.
Fiquei olhando tudo, e pensando que, se dependesse de mim, um shopping de decoração não se sustentaria.
Eu morro de dó de trocar os móveis de casa. Mando forrar, troco almofadas etc, mas o móvel em si, é realmente uma dificuldade. Não que eu não goste dos novos, eu curto muito, mas porque fico pensando que aquele custou caro, que eu afinal fiquei tão feliz quando o comprei, que ele ainda está tão bom, e que se eu forrar com um tecido novo vai ficar tão bacana.
Sou apegada e resistente a mudanças, apesar de não gostar de rotina, o que é um paradoxo, mas isso é assunto para outro post. E não somente com a mobília. Eu sempre acho que aquele móvel, eletrodoméstico ou tapete ainda pode ser usado, que não há motivo algum para ser trocado se ainda funciona direito, ainda que haja um modelo melhor na praça. Não que eu não troque nunca, apenas demoro para fazê-lo. Sabe aquela pessoa que compra um sofá hoje e daqui dois anos troca por outro porque acha que aquele novo vai ficar melhor, ou simplesmente porque enjoou do anterior? Até chego a sentir uma certa invejinha do desprendimento. Minimizo esse sentimento quando dou o objeto anterior para alguém que tenha gostado muito dele ou que vá fazer ótimo uso - como o tapete da sala, pequeno demais para o ambiente, que eu só tive coragem de dar porque minha mãe queria um tapete para a sala de jantar dela e aquele ficaria perfeito, tanto no tamanho quanto na cor. É como se eu tivesse arrumado um novo dono para aquela peça, que vai cuidar dela tanto quanto eu.
Enquanto pensava nisso, fiquei pensando também que essa minha atitude se aplica a todas as demais esferas da minha vida. Eu resisto a abrir mão de uma amizade porque afinal sempre fomos tão amigos e nos dávamos tão bem. De um trabalho, porque acho que vai melhorar. De um relacionamento por achar que dá para fazer melhor, que dá para dar um jeito, já que afinal fomos tão apaixonados. Em contraste com um outro lado da minha personalidade que é não ficar juntando bagulhada e não guardar coisas que não uso.
Esse tipo de pensamento tem um lado bom, que é o de cultivar o que tenho, seja móvel, eletrodoméstico, amizade, relacionamento ou trabalho, e tentar fazer com que fique melhor em vez de simplesmente trocar por outro, mas também tem o ruim, o de muitas vezes eu perder o timing de quando a coisa realmente não tem mais como nem porquê, seja o que for.
De não perceber que o sofá já devia ter sido trocado antes de cair sentada com a bunda no chão. Ou talvez de perceber sim, mas achar que tenho poder suficiente para sempre brigar contra o tempo, os acontecimentos e as circunstâncias.
10 Comentários:
Ixiii, eu tbm sou mto apegada as coisas e pessoas..mas to melhorando!rs
Nana
Se resolver desapegar de mim, tá F**)$%_$+ (isso ainda é um blog de família, né não?). Bjs.
Ah, Nana, também tô tentando saber qual o momento certo de me desapegar, mas não é fácil.
Lala, desse mal tu não morre, você está entre os itens desapegáveis.
beijo
Ixiii!!! Agora você entrou em um assunto sensível. Nina e eu somos guardadores contumazes. Você nem imagina as coisas velhas que a gente tem guardadas. Inclusive coisas (até móveis!) vindas dos pais dela e dos meus pais. Fora o que meus filhos carregaram para suas casas! E fora o que já demos para empregados aqui do sítio! E sem falar nas coisas que ficamos com pena e deixamos no uso, como é o caso de três geladeiras e dois freezers, com as coisas todas devidamente divididas entre eles! É de dar um frio na barriga, não é mesmo?
Abração.
É bom cultivar as nossas coisinhas e a nossa vida no tempo do tudo é descartável, né? beijos Re
Este comentário foi removido pelo autor.
Tem isso também, Re, hoje em dia ninguém conserta mais nada, só troca. Inclusive amores e amigos precisam ser sempre os mais novos e de último tipo.
beijo
Txia Cláudia, adorei o tapete que vc deu pra vovó, é perfeito pra comer biscoito e rodelinha de banana em cima dele, e pra limpar a boca depois do almoço.
Schlept. Luke.
Luke, tenho certeza de que a vovó só pegou o tapete para que voce pudesse limpar sua boquinha nele.
beijos da tia
Verdade, Clau.
Hj em dia é mais fácil reciclar que consertar...
Mas...
Eu tb sou apegada; canceriana doida. Mas às vezes tenho um sentimento que tudo na vida é mto precário; até a própria vida. Uma hora tá aqui, outra nao tá mais....... e isso dá cerat tristeza...bj
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