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quinta-feira, outubro 13, 2005

Sobre as mães

Ser mãe é uma delícia, na minha opinião. Até quando é ruim é bom. Até quando seu filho tá te enchendo o saco é bom ser mãe dele. Até quando você tem vontade de colocá-lo dentro de uma Kombi e mandar passar férias na Patagonia, ainda assim ser mãe é uma experiência única e cada pessoa vive essa experiência de uma maneira, de acordo com sua história pessoal.

Mãe é um assunto em voga na nossa comunidade blogueira. O Xu fez um post lindo sobre quando a mãe dele achava que muito melhor do que mandar os filhos para o colégio em um dia chuvoso e cinzento era ficar com eles debaixo da asa - e me fez lembrar das vezes, em que eu mesma fiz isso com a Belinha, morta de dó de mandá-la para o colégio naquela chuva toda, no frio.

E como ontem o assunto na nossa mesa na Galeria dos Pães, eu, Lala e Juliana, acabou sendo nossas mães (começou com comentários sobre um post no blog da Ju), escrevo um post sobre a minha.

Como já disse em outra ocasião, beleza nunca foi um assunto em voga na minha casa, portanto dificilmente havia elogios relacionados a isso. Mas quando o assunto era capacidade, inteligência, bom gosto, sociabilidade, minha mãe enchia a nossa bola, bastava ter uma chance.

As amigas dela iam lanchar café com bolo à tarde na minha casa? Minha mãe me pedia para arrumar a mesa para ela. E ao primeiro comentário de alguma delas sobre a mesa bem arrumada ela logo se encarregava de dizer que quem tinha arrumado era eu, que eu era mesmo muito caprichosa e dedicada etc. Eu ia até o banco fazer alguma coisa para ela? Era motivo de elogios em outdoor do quanto eu era descolada. Escrevia romances? Minha mãe se referia a eles como se eu fosse Machado de Assis.

Eu vivia inventando moda, colocando uns babados na saia jeans, modelos diferentes para ela costurar pra mim. Por mais que ela achasse o modelo cafonérrrimo, ela nunca abalou minha auto-estima dizendo: credo, tá louca? O máximo que ela fazia era dar uma sugestão para que ficasse melhor. E bastava alguém elogiar o vestido que ela logo mandava: foi ela mesma quem inventou o modelo, tudo da cabeça dela, eu só costurei e ainda assim, quando eu tava costurando o vestido, ela fez tudo pra mim e até cafezinho ela levava...

Qualquer chance era motivo para minha mãe nos elogiar: pelas nossas notas ótimas no colégio, pela nossa simpatia com as pessoas, porque trabalhávamos e estudávamos, porque minha irmã era comissária da Transbrasil, porque não éramos metidas, porque éramos amorosas, porque porque porque... Sempre havia um motivo para ela encher a nossa bola.

Depois que me casei e vim morar em São Paulo, era porque eu tinha aprendido a andar pela cidade sozinha, era porque eu cuidava de tudo. Minha irmã porque voava, e cuidava do filho, e se desdobrava com marido morando longe por conta do trabalho, e depois porque foi escolhida para o vôo internacional, porque era competente, inteligente, experiente, falava inglês com perfeição etc etc.

Foram os elogios da minha mãe, ainda que eu achasse que ela não me entendia muito bem, quando eu era adolescente - mas também, tivemos adolescências tão distintas!, ela até que se saiu muito bem, hoje tenho condições de enxergar isso -, que fizeram com que eu crescesse com a auto-estima lá em cima, achando que podia tudo, que tudo o que eu faria daria certo, que eu seria sempre competente e bem sucedida porque bastaria meu esforço pessoal.

Embora não seja exatamente apenas assim, hoje quando me olho no espelho e vejo muito mais meus pontos fortes do que os fracos, hoje quando começo a me sentir incompetente e depois vejo que não, certamente aí tem o dedo da minha mãe, que até hoje não se furta a nos cobrir de elogios, a mim e à minha irmã. Encoste cinco minutos do lado dela, puxe um papo que mencione qualquer coisa referente a nós e espere para ver.

Vieram os netos. E continua minha mãe na sua trajetória de encher a bola, agora as deles. A frase começa sempre assim: "Não é porque são meus netos não, mas..."

Depois da adversativa, vem a melhor parte!!!

6 Comentários:

Blogger Lala disse...

Já disse e repito. Acho sua mãe uma fofa!

10:32 AM  
Blogger Cláudia disse...

Ela é mesmo!!!

10:39 AM  
Blogger Zagaia disse...

Ahhh que texto lindo!! Falar de mãe é sempre muito gostoso... só fiquei puto por o meu texto ser o único que não tem link!! bjos

3:59 PM  
Blogger Ana Téjo disse...

Vamos apresentar a sua mãe pra minha?
JU...

9:22 PM  
Blogger Cláudia disse...

Xu, tem razão, vou colocar agora, já, imediatamente, sem demora!!!

2:39 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Bom, falar da tia é muito bom mesmo...É , pelo menos pra mim, uma pessoa super especial...
Mas voltando ao assunto de encher sua bola...Enchia mesmo e enche ate hj...nós aqui q "sofremos" qdo ela vem p/ passar alguns dias...rs.
E acredito sim no efeito...q fez vc crescer com a auto - estima laaaaaaa em cima...
é isso...
mary

12:35 PM  

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