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terça-feira, dezembro 06, 2005

Carta para o Papai Noel

Querido Papai Noel

o senhor bem sabe, eu era uma das que mais curtiam o Natal. Bastava chegar lá pelo meio de outubro e eu já ficava procurando pelas ruas as primeiras decorações de Natal. Já começava a pensar em como seria a minha árvore e enfrentava a multidão da 25 de março bem feliz da vida para escolher enfeites novos. Espalhava luzinhas pela varanda, pela jardineira, e teve um ano que eu quase comprei uma rena iluminada para colocar sabe Deus onde!

O senhor também deve se lembrar que eu fazia a lista dos presenteados, que crescia a cada ano como o nascimento dos novos sobrinhos. Que algumas pessoas, como pais e irmãos ganhavam mais de um presente, porque havia mais de uma coisa com a cara deles e eu acabava comprando "só mais essezinho".

E que eu embrulhava os presentes também de forma temática, enchia de fitas, laçarotes, cartõezinhos, poeminhas. Enfiava tudo dentro da mala, incluindo aí os da minha filha e marido e carregava tudo pra Brasília, só para colocar embaixo da árvore da casa da minha sogra e ter o prazer de vê-los ganhar na noite de Natal (e deixava alguns aqui, embaixo da minha árvore, escondido da Bela, pra ela achar que o senhor tinha vindo em segredo).

Acho que ainda está em sua memória a euforia com o vôo para Brasília, no aeroporto invariavelmente lotado, com funcionários estressados pelo excesso de gente. Ou de um passado um pouco mais longe, quando Bela ia de avião com a tia dela e eu e Marcelo íamos de carro, lotado com os presentes, à noite. E que eu colocava a cabeça pra fora da janela de madrugada só pra ver o céu congestionado de estrelas do cerrado.

E a preparação toda do dia 24? Comidas, sobremesas, velas, mesinhas a arrumar. Os presente de última hora que vó Galdina pedia pra eu sair e comprar pra ela (quase todos). As duas famílias reunidas, a minha e a dele, numa mesma noite de natal.

De repente, tudo isso acabou. Não há mais vôos para Brasília, nem presentinhos a arrumar. Não há mais sobremesas a preparar, rabanadas a roubar enquanto preparadas, arranjos de mesa para enfeitar a festa.

Não há mais famílias reunidas. Nem presentes sob a árvore. Colocar luzinhas na varanda e montar árvore perdeu toda a graça. A expectativa das vitrines enfeitadas foi substituída pelo pânico de ver que é mais uma vez Natal.

Por isso, Papai Noel, este ano eu te peço um presente muito especial: que de alguma maneira eu reencontre a alegria de constatar que estamos no Natal. Que eu experimente outra vez a sensação de felicidade dos natais anteriores.

Leve embora a minha angústia e devolva o meu Natal.

Um beijinho

Cacá