Dando o exemplo
Marta, casada, dois filhos adolescentes - um menino e uma menina - sai numa bela sexta-feira à noite com a família pra jantar numa churrascaria.
Aquela mesona: maridos, filhos, mãe, sogra, cunhados, sobrinhos, maridos e namorados e afins de sobrinhas. Enfim, a galera reunida.
Marta pede uma caipirinha. Momentos depois, o garçom chega com outra, que aparentemente não tinha dono. Marta, mulher cristã e de bom coração, se comoveu com a triste sina da pobre caipirinha rejeitada, podendo a partir daí desenvolver algum tipo de complexo, do tipo Síndrome da Caipirinha Sem Dono, coisa que ela não ia permitir a uma pobre bebida:
- Pode deixar aqui comigo mesmo, vai.
E mandou ver mais uma.
De repente, o mundo começou a rodar, a ficar mais pesado, meio esquisito e fora do padrão. Marta começou a não sentir direito as pernas e a perder a coordenação motora. O estômago embrulhava, a cabeça doía.
Resumindo: Marta manguaçou bacana bem ali, no meio da mesona com a parentada. E olha que eles nem tavam comemorando nada em especial, era só um jantar tranqüilo, estritamente familiar.
Marta catou a filha de 15 anos e foi até o banheiro feminino pra ver se jogar uma água na cara resolvia o problema. Jogou-se no sofá que havia no banheiro e ficou lá prostrada. A filha foi buscar ajuda:
- Pai, mamãe tá lá no sofá do banheiro passando mal e nem consegue levantar sozinha.
Foi lá o marido, preocupado, achando que a mulher tava tendo um treco. O cunhado, médico, foi junto, e já deu a solução imediata mais plausível:
- Bora levar no hospital aqui do lado pra tomar uma glicose na veia!
- Que hospital nada, eu vou levar é pra casa (e o vexame de chegar com esposa bebum no hospital, não conta?). Pede uma cadeira de rodas.
Então. O restaurante não tinha cadeira de rodas. Até tinham encomendado uma, mas não chegara ainda. Marta foi colocada numa poltrona e carregada ali, desfalecida, até o carro do marido, onde foi jogada no banco de trás.
Caminho de casa. Banco de trás, Marta e um dos filhos, outro filho no banco da frente:
- Eu tô com frio, com muito frio, mooorrrrrta de frio, liga o ar quente que eu tô com hipotermia!
Marido liga ar quente.
- Eu tô com calor, tá muito quente, aaaaaabreeeee o vidro!!
Marido abre os vidros. E assim foram até em casa: abre vidro, fecha vidro, liga ar, desliga ar, língua enrolando pra falar.
Mas o melhor da história mesmo foi Marta, desabando na feira, de cara na barraca de peixe, mas defendendo o pastel a todo custo, aproveitar a carraspana pra educar as crianças no trajeto pra casa. A língua enrolando e ela dizendo:
- Estão vendo, crrrrriançaxxxsssss? Estão vendo o que o álcool é capazzzzzzz de fazerrrrrrrr nuuuuuuma pessoa? Se pra homem já é feio, imagine, minha filha, que coisa maissssss fffeeeeeia pruma mocinha ficar bêbada por aí!
Tão bom poder crescer ouvindo os bons conselhos e seguindo o bom exemplo dos nossos pais!
Aquela mesona: maridos, filhos, mãe, sogra, cunhados, sobrinhos, maridos e namorados e afins de sobrinhas. Enfim, a galera reunida.
Marta pede uma caipirinha. Momentos depois, o garçom chega com outra, que aparentemente não tinha dono. Marta, mulher cristã e de bom coração, se comoveu com a triste sina da pobre caipirinha rejeitada, podendo a partir daí desenvolver algum tipo de complexo, do tipo Síndrome da Caipirinha Sem Dono, coisa que ela não ia permitir a uma pobre bebida:
- Pode deixar aqui comigo mesmo, vai.
E mandou ver mais uma.
De repente, o mundo começou a rodar, a ficar mais pesado, meio esquisito e fora do padrão. Marta começou a não sentir direito as pernas e a perder a coordenação motora. O estômago embrulhava, a cabeça doía.
Resumindo: Marta manguaçou bacana bem ali, no meio da mesona com a parentada. E olha que eles nem tavam comemorando nada em especial, era só um jantar tranqüilo, estritamente familiar.
Marta catou a filha de 15 anos e foi até o banheiro feminino pra ver se jogar uma água na cara resolvia o problema. Jogou-se no sofá que havia no banheiro e ficou lá prostrada. A filha foi buscar ajuda:
- Pai, mamãe tá lá no sofá do banheiro passando mal e nem consegue levantar sozinha.
Foi lá o marido, preocupado, achando que a mulher tava tendo um treco. O cunhado, médico, foi junto, e já deu a solução imediata mais plausível:
- Bora levar no hospital aqui do lado pra tomar uma glicose na veia!
- Que hospital nada, eu vou levar é pra casa (e o vexame de chegar com esposa bebum no hospital, não conta?). Pede uma cadeira de rodas.
Então. O restaurante não tinha cadeira de rodas. Até tinham encomendado uma, mas não chegara ainda. Marta foi colocada numa poltrona e carregada ali, desfalecida, até o carro do marido, onde foi jogada no banco de trás.
Caminho de casa. Banco de trás, Marta e um dos filhos, outro filho no banco da frente:
- Eu tô com frio, com muito frio, mooorrrrrta de frio, liga o ar quente que eu tô com hipotermia!
Marido liga ar quente.
- Eu tô com calor, tá muito quente, aaaaaabreeeee o vidro!!
Marido abre os vidros. E assim foram até em casa: abre vidro, fecha vidro, liga ar, desliga ar, língua enrolando pra falar.
Mas o melhor da história mesmo foi Marta, desabando na feira, de cara na barraca de peixe, mas defendendo o pastel a todo custo, aproveitar a carraspana pra educar as crianças no trajeto pra casa. A língua enrolando e ela dizendo:
- Estão vendo, crrrrriançaxxxsssss? Estão vendo o que o álcool é capazzzzzzz de fazerrrrrrrr nuuuuuuma pessoa? Se pra homem já é feio, imagine, minha filha, que coisa maissssss fffeeeeeia pruma mocinha ficar bêbada por aí!
Tão bom poder crescer ouvindo os bons conselhos e seguindo o bom exemplo dos nossos pais!
4 Comentários:
baita vexame... impagável!
Eu, que conheço a protagonista há
pelo menos 15 anos, fiquei só imaginando a cena e chorei de rir quando ela me contou. Surreal.
Caipirinha ingrata, foi salva de ficar amargando (mesmo) no balcão de um bar, ou de ser atirada na sargeta, e é assim que agradece. Podia ter deixado a Marta alegrinha e espirituosa, se achando, mas nããão!!!Foi logo armar barraco. Falta de modos. Por isso é que outro dia uns canapés de salmão e uns copos de vinho foram discutir no meu estômago e eu logo mandei todo mundo passear, onde já se viu, ambiente familiar!
Bjs. Rosana.
Sargeta ou sarjeta? Aí, ó, o que faz a bebida.
Rosana.
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