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sexta-feira, novembro 30, 2007

Prova de vida

A vida anda agitada na Venezuela por conta do plebiscito do próximo domingo. Ontem, uma multidão saiu às ruas para defender o não às mudanças constitucionais. O ponto que mais chama a atenção é a possibilidade de reeleição infinita do presidente da República, e a coisa começa a cheirar a Fidel Castro.

Chavez, além da polêmica com o rei da Espanha - o que mandou o por que no te callas? que já virou hit de ringtone em Caracas -, agora se desentende com o presidente da Colômbia, que o destituiu da tarefa de negociar com as Farcs a troca de reféns por presos pertencentes à organização. Chamou de volta o embaixador colombiano em Caracas e disse que só fica de bem quando o presidente da Colômbia não for mais o Uribe.

Ele era o mediador justamente porque as Farcs são simpáticas ao seu governo. Penso que qualquer governo que tenha como simpatizante uma organização guerrilheiro-terrorista que tem como principal moeda de troca as vidas dos reféns já não pode ser considerado democrático e respeitador dos direitos individuais, por mais que no papel ele siga todos os pré-requisitos de um.

Mas o assunto deste post é que três guerrilheiros das Farcs foram presos na Colômbia, e com ele provas de vida dos reféns: gravações em vídeo e cartas para a família. Uma das reféns, que era presidenciável na Colômbia na ocasião do seu sequestro, está sequestrada desde 2002. Cinco anos. Três americanos estão presos desde 2003. Quatro anos.

Imagine a tortura de ter alguém da sua família por anos nas mãos de um grupo que nada tem a perder, cuja ideologia tem traços de fanatismo, de matar ou morrer. Qual deve ser o sentimento de um filho que vê um vídeo da sua mãe sequestrada há cinco anos, no qual ela aparece abatida, entristecida, mas viva? Qual o preço incalculável que uma família nessas condições pagará para sempre, ainda que seja ela libertada com vida?

O Natal está próximo. E tudo o que posso desejar é que essas famílias possam ter um Natal diferente dos que tiveram nos últimos anos: com a famíia reunida, livre de imaginar em que parte da selva está seu ente querido, com as orações voltadas para o agradecimento pelo fim de parte do pesadelo.

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