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terça-feira, outubro 06, 2009

Quero voltar pro Jardim de Infância

A gente aqui na Ic sempre foi Itau pé-de-boi mesmo. Empresa pobrinha, que não tem assim tanta grana para ser aliciada pelos bancos com promessas de mundos e fundos. Nosso relacionamento mais forte sempre foi - e continua sendo - com o Banco do Brasil, que para pessoa física eu acho uma chatice, mas para empresas pequenas como nós, funciona superbem.

Ainda mais que a gerência pessoa jurídica da agência com a qual lidamos é ágil e tem um jogo de cintura que sempre nos salva de uns pepinos.

Pelo mesmo tempo que temos relacionamento com o Banco do Brasil, temos com o Banco Itaú. Que nunca, nem de longe, nos deu a mesma assitência e facilidades, mas sei também o quanto eu seria injusta em comparar um banco privado com um banco estatal. Então, vou parar de mencionar o Banco do Brasil neste post e contar somente o que está acontecendo com a gente no Itaú.

Desde sempre nossa agência foi a que ficava perto do primeiro endereço da IC. a parte de cima de um sobrado onde, na parte de baixo, morava a dona Cândida e o Primo (s. Orlando, mas ela só o chamava de Primo). Ela tinha uns quase 80 anos, ele tinha uns dois ou três a mais, moravam juntos, mas ela fazia questão de dizer que não tinham nada um com o outro.

Se bem que ela massacrava ele de um jeito que penso que ele deve ter passado a vida sonhando em dar umazinha com ela, e por conta disso fazia tudo o que ela mandava e queria, na esperança... sei lá viu?

Ver d. Candida entrar e sair de carro da garagem era a maior curtição. Não dava para não parar o trabalho e não se pendurar na janela para presenciar o espetáculo. A casa ficava numa avenida movimentadíssima, de duas mãos, cada mão com duas faixas de rodagem, por onde passavam caminhões, ônibus, carros, motos, bicicletas, charretes e o diabo a quatro. A garagem da casa era inclinada e estreita, e d. Cândida tinha um Uno vinho.

D. Cândida ia sair da garagem e lá ia o Primo colocar uma rampinha de madeira na calçada - que não era guia rebaixada - e, pasmem, se posicionar no meio da avenida, no melhor estilo CET de ser, e parar TODOS OS VEÍCULOS que porventura estivessem passando na hora em que d. Cândida ia sair de casa motorizada.

Carros parados nas 4 faixas dos dois sentidos, sob o comando enérgico do Primo, d. Cândida arrancava com tudo, de ré, e saía como um furacão de lá de dentro da garagem, indo parar no meio da rua. Não sei como ela nunca atropelou um vivente distraído que tivesse passando pela calçada. O coitado jamais saberia o que tinha passado por cima dele e já acordaria lá em cima ou lá embaixo antes mesmo de conseguir pular pra trás.

Quando ela voltava, parava no meio da avenida e buzinava seu Uno Vinho. Lá ia o Primo - que tinha de ficar de plantão em casa até que ela voltasse - colocar a tal rampinha de volta e parar de novo o trânsito para d. Cândida entrar na garagem, desta vez parar apenas um dos lados da avenida, uma vez que ela mesma já tinha se encarregado de tumultuar todo o lado de lá.

Um espetáculo de se ver.

Voltando ao banco - a historinha foi só pra ilustrar nosso grau de pobreza no começo da confecção. O grau de pobreza não mudou muito, nós agora somos pobres mais soberbos apenas - desde essa época da d. Cândida que nossa conta era nessa mesma agência e o gerente bem que tentava nos salvar dos apuros, mesmo que, para isso, a gente tivesse de passar duas horas esperando até o pobre conseguir nos atender, porque era somente um gerente pessoa física para aquele bando de pedintes nos quais eu me incluía.

Aí, a gente encorpou, passou a ter mais funcionários, movimentar mais dinheiro, nos endividar mais, ter mais crédito essas coisas, e tchã-nãn! Viramos Personalité. Chiques, personalitérrimas. E nos mudaram para uma outra agência, com outra gerência, com uma plataforma de atendimento pessoa jurídica disponibilizada, coisa linda de se ver.

E péssima de operar.

A gerente que deveria cuidar de nós nunca está na agência, porque ela tem de captar clientes e vive em visita a empresas. Mas, segundo ela, isso não é problema, porque qualquer pessoa da plataforma de pessoa jurídica pode resolver nossas questões. Não é bem assim que a coisa rola na prática. É um festival de ligação que cai, de ficar pendurada na linha, de falar com gente que não tem a menor noção do que você está pedindo exatamente, que dá até um desânimo. E que está fazendo com que usemos o Itaú como banco reserva: quando não dá pra ser no Banco do Brasil, usamos o Itaú com aquela vibe de fazer o quê né?

Já pedimos para voltar para nossa boa e velha agência do tempo em que nos pendurávamos na janela do sobrado para ver d. Cândida revolucionando a avenida com seu Uno vinho, mas não podemos! Porque a plataforma que cuida de empresas do nosso porte é aquela, é ali temos de ficar.

Me sinto como se tivesse ganhado numa rifa um carro super bacana, do qual não posso arcar com os custos de IPVA e seguro e do qual também não posso me desfazer - porque construir um relacionamento de pessoa jurídica com um banco é um processo demorado e trabalhoso.

Quero minha agência e meu gerente que usava camisas cafonas de chiffon mostarda de volta!

7 Comentários:

Blogger MH disse...

É... ficou "chique" e mal-atendida...
Lidar com banco já é complicado pra pessoa física, imagina ter que administrar todos os potenciais pepinos de uma empresa... eu, hein?

Adorei a descrição da D. Cândida! Impagável!!

11:40 AM  
Blogger Cláudia disse...

Mh, quem lida a maior parte do tempo é a minha sócia, porque já me bastam os pepinos dos clientes, sabe?
Quanto à d. Candida, voce nao tem noção da cena, eu jamais conseguiria descreve-la em toda sua magnitude!
beijo

1:09 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Eu já estou sentindo o cheiro da camisa de chiffon mostarda...eca.
Qualquer dia vai checar como estão Cândida e Primo... e o morador do condomínio da árvore (era lá também, não?. Amei o detalhe da rampinha.
Bjs Rosana.

7:10 AM  
Blogger Renatinha disse...

Olha Clau, não consegui nem ler sobre o banco, pois fiquei aqui com a imagem de uma D. Cândida e um Primo tão gostosas na minha cabeça, que nada mais importa... rs

Banco é tudo uma droga! Esta é a verdade, basta a char o menos pior...
beijos
Re

8:21 AM  
Blogger Cláudia disse...

N'ao, Rosana, o morador da arvore foi no terceiro endereço da confecção, o anterior a este que estamos agora.
Ainda esta la por sinal.

Re, eu odeio quando preciso lidar com o assunto, mas tem hora que nao posso fugir.

beijo

2:01 PM  
Anonymous Adri Brier disse...

Clau, vou te contar uma coisa! Aconteceu a mesma coisa aqui com a gente e ficou tudo PESSIMO. O tal gerente que atende agora nossa "empresa" nunca está e quem acaba sempre resolvendo tudo é minha boa e velha gerente da conta que nunca tem dinheiro. Palhaçada do Itau! Já pedimos pra voltar pra nossa agencia também, mas agora vai ser outra luta... aff...

2:49 PM  
Blogger Unknown disse...

Adorei a expressão "pobres mais soberbos" , parece que eu estava vendo uma foto minha colada no texto...rs...

10:28 AM  

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