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quinta-feira, novembro 24, 2011

Mãedrasta

Eu adoro novela, sempre digo isso. Posso até não estar acompanhando nenhuma, normalmente enjoo no meio dela e volto a ver quando está perto do final, ou leio o que vem rolando nos sites especializados. Acho escrever novela uma arte que poucos dominam e um compromisso massacrante. Adoraria ter a chance de participar de um grupo que estivesse escrevendo uma novela apesar de desconfiar que não deve ter glamour nenhum na atividade. Enfim...

Baseada nesta minha veia noveleira é que observo que as duas grandes personagens das novelas atuais são mulheres na casa dos 50, tão comuns que podiam ser qualquer pessoa que conhecemos por aí. Uma delas é a já buxixada Pereirão, com Lilia Cabral dando um banho em todo mundo e mostrando o que é ser boa atriz.

A outra é Eva, da novela das seis, A Vida da Gente, interpretada de forma sensacional pela Ana Beatriz Nogueira.

Para quem não assiste à novela, vai um breve resumo da trama principal: Eva é mãe de duas meninas, Ana e Manuela, casa-se com Jonas, pai de um casal de filhos, um deles é o Rodrigo. Os quatro são criados como irmãos, até que aos 17 anos Ana e Rodrigo se descobrem apaixonados logo quando os pais estão enfrentando uma separação conflituosa, já que Jonas deixa a mulher por uma personal trainer periguete. Ana fica grávida, só que ela é uma tenista de sucesso, com carreira em ascenção, na qual sua mãe apostava todas as fichas. Eva tem declarada preferência por Ana, filha mais nova, em detrimento de Manuela, que vive à sombra da irmã e tem um defeito no pé. A filha de Ana nasce, ela sofre um acidente de carro, o qual era dirigido por sua irmã Manuela, que tendo de optar entre salvar a bebê de dentro do carro que caiu no rio e a irmã, opta por primeiro salvar a garotinha.
Ana entra em coma por 7 anos e durante este período sua mãe não desiste e passa a vida incansavelmente ao lado da filha no hospital, culpando Manu pelo ocorrido. Manuela assume a criação da sobrinha, auxiliada pela avó, e aos poucos ela e Rodrigo, pai da menina, se aproximam, se apaixonam e por fim se casam.
Ana acorda do coma e agora a novela começa a pegar fogo.

A Eva é uma vilã: prefere descaradamente uma filha em detrimento da outra, demonstra seu desprezo pela filha mais velha defeituosa, massacra a mais nova vendo nela e no seu sucesso no esporte a tábua de salvação para a situação financeira terrível em que se encontram após o divórcio, tenta forçá-la a dar a filha para adoção depois de fazê-la dar à luz na Argentina para que ninguém soubesse da gravidez e Ana não perdesse os contratos recém-assinados. Registra a neta como sendo sua filha, e atormenta tanto a vida de Ana que ela e Manu resolvem fugir para a casa da avó, que mora em outra cidade, quando o acidente que deixa Ana em coma acontece. Para ser ainda mais malévola, diz os maiores impropérios para a filha mais velha, acusando-a de tentar matar a mais nova porque sempre a invejara, mesmo estando a mais velha internada, também ferida. E quando a filha mais velha, muitos anos depois, se casa com o pai da filha da irmã em coma, Eva a acusa de finalmente ter roubado a vida da irmã.

Uma verdadeira bruxa, não? Então...

É impossível não ficar dividida com Eva ao ver sua dedicação absoluta à filha em coma, sua confiança de que um dia ela vai acordar, seu zelo para que não tenha escaras ou atrofias, seu cuidado incansável de mãe. Ainda que demonstrando um grau elevado de obsessão, que esteve sempre presente mesmo quando Ana ainda não tinha sofrido o acidente, quem não se comove com a imagem da mãe que dorme mal acomodada em uma poltrona de hospital por anos a fio, na acirrada vigília da filha doente? Na tristeza de ver sua filha caçula ali prostrada, tão jovem e com um futuro tão promissor. Nos ciúmes de querer que a filha seja só dela, reforçado pela certeza de que só ela sabe o que é melhor para a filha, que só ela sabe do potencial da garota, recusando qualquer opinião, especializada ou não, que não seja a de que a filha um dia acordará. Na estimulação incansável para tentar alcançar a profundeza onde Ana se encontra. Em seu desesperado amor pela filha, ela esquece que há outras pessoas no mundo, esquece inclusive que existe um mundo, para ela o tempo parou, não há relógios, horários, compromissos, a não ser os relacionados à Ana e a tudo que possa contribuir para que ela se recupere.

A cada capítulo, Eva nos dá a chance de odiá-la profundamente e de entendê-la profundamente. Não consigo ver a novela todos os dias, ainda mais nesta época do ano que estou trabalhando até mais tarde, mas cada vez que assisto me pego chorando com Eva, ou com vontade de mandá-la praquele lugar. Fico pensando se eu não me transformaria na leoa que ela demonstra ser quando tenta proteger Ana se fosse minha filha ali, e neste momento eu a perdoo.

Mas somente até ela massacrar a Manuela mais uma vez.


Post em homenagem à atriz Ana Beatriz Nogueira, que está dando um show na pele de Eva. Ela merecia uma capa da Veja também.

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Eu tbm gosto de novelas...e muito! Tipo, de acompanhar os capitulos pelo site e bla bla. De perder o capitulo e procurar no youtube.
Mas como vc, esse ano, ou melhor, esse segundo semestre estou trabalhando muito e até tarde tbm e não tenho praticado muito esse vicio...mas, sei do que passa em todas. E reforçando seu post, a EVA está sensacionallllll mesmo....Fazendo ainda que a gente nem lembre que ela fez aquela idiota na novela das oito anterior a essa.


Nana²

10:14 PM  
Blogger Cláudia disse...

Verdade, este papel de Eva é muito mais à altura do talento dela.
beijo

1:42 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Sorte que o trabalho fica há 20 minutinhos de casa. Chego a tempo pra chorar baldes com a Eva, a Manu, a Ana e o Rodrigo.

beijos

Tetela

11:17 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Essa é a única novela que acompanho quase todos os dias, o elenco tá ótimo, a fotografia demais, a globo só perde quando começa matar alguns personagens, como a Celina por exemplo. mas ademais a novela tá ótima, amo a Eva, essa atriz sabe fazer a mãedrasta. Demais!

8:06 PM  

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