Copa do Mundo - disputa fraterna

Portugal estréia na Copa da Alemanha com um jogo que dividirá corações: seu adversário é Angola.

Quando morei em Portugal, a independência das colônias africanas ainda não completara 20 anos. Conheci vários angolanos e moçambicanos e me chamava a atenção a grande identificação que eles tinham com Portugal. Poucos se referiam à Angola, por exemplo, como seu país, como se nascer em Angola tivesse sido apenas uma contingência. Ao mesmo tempo, tinham alguns hábitos trazidos de lá que se pareciam com os do Brasil em alguns aspectos. Tinham carinho pelo país africano, mas não era amor.

Eles me pareciam mais portugueses do que africanos.

O interesse do povo português pelas ex-colônias africanas era grande. O noticiário dava grande espaço aos acontecimentos dos Palop (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), em minúncias. Era um interesse diferente do que havia pelo Brasil: independente há tão mais tempo, não nos sentimos parte de Portugal e não temos em nós o sentimento de pátria tão indefinido. Não fazemos mais parte de Portugal há tanto tempo que se não fossem os livros de história e o idioma comum, talvez nem nos lembrássemos que um dia fomos colônia portuguesa.

Os Palop têm sotaque lusitano; ele s falam português e não brasileiro.

Por tudo isso, Angola x Portugal, no próximo dia 11 de junho, vai me parecer mais uma disputa interna do que um jogo entre dois países rivais.

De minha parte, torcerei para Portugal, que tem o Felipão como técnico, um profissional que eu admiro demais!