18 de janeiro de 2007
O divórcio é uma pequena morte. A morte dos sonhos, dos planos, das expectativas,
do compartilhar. Não importa se é a melhor solução para o que se apresenta,
ou se se refaz a vida ao lado de outra pessoa. Fica para sempre a sensação
de fracasso, de perda, de falta, a saudade, a ausência.
(Nicole Kidman, ao comentar o seu divórcio do Tom Cruise)
Hoje, depois de cinco longos anos tentando pacientemente, finalmente assinei o divórcio. Digo finalmente não como sendo algo que eu ansiava e desejava. Muito pelo contrário, todos que me conhecem sabem que eu sofri e chorei lágrimas muito ardidas com a separação. O quanto foi duro, difícil, o quanto achei que nunca mais ia recuperar a alegria, a vontade de ser feliz e de estar com alguém. O quanto foi árduo o caminho para me reencontrar, me refazer, cuidar de mim, da Bela, e sair do outro lado da travessia uma pessoa inteira.
Achei inclusive que hoje seria um dia horroroso. Pensei inclusive em ir com uma roupa a qual eu detestasse bastante, para depois poder queimar. Até tinha colocado uma blusinha nova, mas vai que depois eu tomo bode da bichinha, tão lindinha, preferi não arriscar...
Não foi um dia horroroso. Foi apenas cansativo, porque foram 3 horas e meia de espera para dois minutos com o juiz, naquele ambiente de fórum que ninguém merece.
Triste mesmo foi olhar para o meu ex-marido e tentar encontrar naquele homem ali na minha frente o homem com quem eu tinha me casado anos atrás.
Olhei para ele e não reconheci o namorado que dividia o sorvete comigo quando a gente era duro demais para comprar dois sundaes. Que me fez um noivado-surpresa. Não reconheci o homem amoroso com quem partilhei momentos bons e ruins. Não vi nem sombra do cara que vinha correndo pra casa na primeira oportunidade, que sentia saudades, que tratava a mim e à nossa filha como se fôssemos o centro do mundo dele. Que comemorava cada conquista da nossa vida como se fosse o maior prêmio do mundo. Que não queria nunca estar longe de mim. Que me ligava 4 vezes por dia pra dizer que me amava. E que dizia que o tema do filme do Robin Hood era uma frase que tinha sido roubada dele: Everything I do, I do it for you.
Não vi nada disso, e mais triste ainda foi pensar que, não tivesse eu vivido tudo aquilo, eu não acreditaria que aquele homem que estava ali na minha frente teria sido capaz de tantas coisas legais e bacanas.
Porque o meu Marcelo nem de longe era parecido com aquele que tinha ido assinar os papéis. Ou melhor, ele nem de longe se parecia com o Marcelo que se separou de mim.
Concordo com o que disse a Nicole Kidman, o divórcio é mesmo uma pequena morte. Com ele enterram-se todos os projetos e sonhos que você fez com alguém. E talvez por isso eu achei que hoje seria um dia terrível para mim, porque seria o enterro de algo que me foi muito caro durante muitos anos.
O que eu só soube depois foi que o enterro já havia sido há muito tempo e eu ainda não tinha nem me dado conta do quanto. Que hoje nada mais era do que a formalidade legal.
E mais ainda: quando saí do forum, nesta tarde chuvosa e escura, pela primeira vez em muitos anos eu me senti limpa, sem dever nada pra ninguém, sem dúvidas quanto ao estado civil, sem medos e sem temores.
Sim, o divórcio é mesmo comparável a uma pequena morte. Mas no meu caso, vai servir de semente para uma nova vida.
do compartilhar. Não importa se é a melhor solução para o que se apresenta,
ou se se refaz a vida ao lado de outra pessoa. Fica para sempre a sensação
de fracasso, de perda, de falta, a saudade, a ausência.
(Nicole Kidman, ao comentar o seu divórcio do Tom Cruise)
Hoje, depois de cinco longos anos tentando pacientemente, finalmente assinei o divórcio. Digo finalmente não como sendo algo que eu ansiava e desejava. Muito pelo contrário, todos que me conhecem sabem que eu sofri e chorei lágrimas muito ardidas com a separação. O quanto foi duro, difícil, o quanto achei que nunca mais ia recuperar a alegria, a vontade de ser feliz e de estar com alguém. O quanto foi árduo o caminho para me reencontrar, me refazer, cuidar de mim, da Bela, e sair do outro lado da travessia uma pessoa inteira.
Achei inclusive que hoje seria um dia horroroso. Pensei inclusive em ir com uma roupa a qual eu detestasse bastante, para depois poder queimar. Até tinha colocado uma blusinha nova, mas vai que depois eu tomo bode da bichinha, tão lindinha, preferi não arriscar...
Não foi um dia horroroso. Foi apenas cansativo, porque foram 3 horas e meia de espera para dois minutos com o juiz, naquele ambiente de fórum que ninguém merece.
Triste mesmo foi olhar para o meu ex-marido e tentar encontrar naquele homem ali na minha frente o homem com quem eu tinha me casado anos atrás.
Olhei para ele e não reconheci o namorado que dividia o sorvete comigo quando a gente era duro demais para comprar dois sundaes. Que me fez um noivado-surpresa. Não reconheci o homem amoroso com quem partilhei momentos bons e ruins. Não vi nem sombra do cara que vinha correndo pra casa na primeira oportunidade, que sentia saudades, que tratava a mim e à nossa filha como se fôssemos o centro do mundo dele. Que comemorava cada conquista da nossa vida como se fosse o maior prêmio do mundo. Que não queria nunca estar longe de mim. Que me ligava 4 vezes por dia pra dizer que me amava. E que dizia que o tema do filme do Robin Hood era uma frase que tinha sido roubada dele: Everything I do, I do it for you.
Não vi nada disso, e mais triste ainda foi pensar que, não tivesse eu vivido tudo aquilo, eu não acreditaria que aquele homem que estava ali na minha frente teria sido capaz de tantas coisas legais e bacanas.
Porque o meu Marcelo nem de longe era parecido com aquele que tinha ido assinar os papéis. Ou melhor, ele nem de longe se parecia com o Marcelo que se separou de mim.
Concordo com o que disse a Nicole Kidman, o divórcio é mesmo uma pequena morte. Com ele enterram-se todos os projetos e sonhos que você fez com alguém. E talvez por isso eu achei que hoje seria um dia terrível para mim, porque seria o enterro de algo que me foi muito caro durante muitos anos.
O que eu só soube depois foi que o enterro já havia sido há muito tempo e eu ainda não tinha nem me dado conta do quanto. Que hoje nada mais era do que a formalidade legal.
E mais ainda: quando saí do forum, nesta tarde chuvosa e escura, pela primeira vez em muitos anos eu me senti limpa, sem dever nada pra ninguém, sem dúvidas quanto ao estado civil, sem medos e sem temores.
Sim, o divórcio é mesmo comparável a uma pequena morte. Mas no meu caso, vai servir de semente para uma nova vida.
15 Comentários:
todo fim é uma pequena morte... mas que tbem fortalece, e abre espaço pra uma vida nova maravilhosa!!
beijos
Sem palavras, deveríamos fazer uma fogueira feminina, bem ao estilo de Avalon, queimar o passado simbolicamente e comemorar o que vem pela frente....
Tenho uma teoria sobre mulheres divorciadas, acho que ficam mais mulheres... Mais bonitas, mais seguras de si, mais cientes de seu papel no mundo!
Aquele cara que casou com você, que te ligava 4 vezes por dia fará parte sempre de você... O que te ajudou a assinar o divórcio não... É pai da sua filha, mas aquele um que te tirava o chão morreu...
Cinzas pra cima e Claudia nova, vida nova, amores novos!!!
E muitos sundaes divididos, não por falta de grana, mas pelo gosto de dividir a colher!!!
Beijo grande
Claudia,
Feliz vida nova. Quando realmente nos sentimos livres passamos a buscar, lá no fundo, a real felicidade! Curta esta fase que boas coisas acontecem. bj Re
Clau,
ia escrever muito aqui, mas decidi apenas lhe dizer que lhe desejo toda a sorte e felicidade do mundo!
Beijos
clau,
que texto lindo, sensível e verdadeiro. adorei. que sua nova vida seja exuberante!!
beijos
De fato, um fim é necessário para que se possa renascer...
Já passei por algo parecido há muitos anos, e hoje, vendo sob SUA ótica, na audiência da qual participei eu também devo ter parecido arrogante, superior, condescendente, etc. Não, isso não é uma tentativa de defender ninguém, é apenas uma constatação - talvez mais uma divagação.
Mas o que importa é que esses "percalços" são necessários. Fazem parte de nosso crescimento. Até porque foi somente passando por TUDO que passei é que pude encontrar a minha cara-metade e fazer planos para o resto da vida (e dessa vez com a íntima CERTEZA de que não serão desfeitos).
Mas cada caso é um caso. E desejo-lhe sinceramente muita felicidade nessa nova etapa - agora sem amarras físicas, psicológicas ou legais com o passado.
E tempo ao tempo...
Pessoal
obrigada por todos os bons desejos.
beijo
Cláu querida,
Seu texto foi lindo...Escrito com alma, com amor e partiu de um coração pronto para amar novamente.
De uma pessoa que enxerga a vida com razão e amor.
Tenho certeza de que esta nova fase da sua vida te trará alegres novidades e alento ao seu coraçãozinho...
Viva! E seja muito feliz!
Muitos beijos,
Vivi
Nossa!!!
meu coração nem tá cabendo no peito de tanto orgulho.
Como eu admiro sua força e seu caráter, madrinha!!!
E é por isso que vc não só merece, como vai ser muito feliz, independente de qualquer perda.
Beijos!!!!
Amiga
Parabens. Parabéns por ter assinado, parabéns por ter estado em cima de suas próprias pernas sempre nos últimos e não fáceis tempos, parabéns por ter assumido uma nova ótica, mais madura e mais consciente.
O Marcelo que assinou o divórcio não era mais o mesmo? Coincidência, a Claudia também não. Era uma Cláudia que tinha só uma sombrinha no coraçào da menina que dividia sorvete. Era uma Claudia adulta, madura, muito muito ciente do que quer e merece.
Garçon, champagne aos baldes por favor!
Querida Claudia, parabéns pela sua postura, pelo insight, por se dar conta de que uma nova vida começa a partir de agora. Toda boa sorte do mundo pra você e que venham muito mais momentos de romance, de afeto e de uma convivência muito mais especial do que você jamais poderia esperar!
Um grande beijo.
Também passei por um divórcio depois de 5 anos de casamento. No começo foi dificílimo, e agora já faz 6 anos que estou divorciado. Parece que foi ontem!
Claudinha, que texto lindo!!! Eu, que conheci vcs dois no tempo do sorvete, fiquei com os olhos cheios de lágrimas, ao ler a sua crônica... muito linda!!! não se esqueça de chorar... e chore bastante, pq tudo que a gente enterra, precisa ser regado, pra se transformar em algo muito melhor, com mais vida, com mais cor... lave a alma, siga adiante, e conte comigo, sempre que desejar....
Te acho incrível!
bjo
Giovanna
Simao
separada eu já estava fazia tempo, então foi só mesmo uma finalização necessária.
Giovanna, é mesmo né? Na sorveteria Beppo, lembra? Ê tempo legal! Mas fique tranquila porque eu já tinha chorado antes tudo o que precisava chorar e mais um pouco.
beijos
Clau,
linda a sua forma de descrever as suas sensações em relação a vida...minha irmã tb está passando por uma separação dolorosa e fico torcendo pra que tudo termine bem e que no final ela saia assim se sentindo livre, leve e solta.
bjo
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial