Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, SP

quarta-feira, março 14, 2007

Usabilidade

Ontem eu assisti a uma matéria sobre usabilidade dos produtos que fazem parte do nosso dia-a-dia. É um assunto muito interessante e pouco explorado, o que é incrível, pois basta pensar nas pequenas soluções que facilitam demais a nossa vida.

A gente nem pensa em quanta pesquisa e quanto trabalho existiu por trás daquela alcinha de abrir a lata do refrigerante, ou do puxador de porta de carro que não detona as unhas (a do meu detona, hello Fiat!), ou daquele filetinho vermelho de abrir o pacote de biscoitos sem esfarelar tudo pelo chão. Mas basta pegar um pacote de algum produto que seja difícil de abrir pra gente se lembrar dele. O rádio do meu carro é uma coisa absolutamente improgramável, com cada botão com 15 funções sobrepostas.

Aí eu me lembrei de quando comecei a trabalhar com Comunicação Empresarial há uns 7 anos, vinda de um período longo fora do mercado de trabalho por ter optado por ficar com a Bela enquanto ela era pequena.
Era uma editora de publicações empresariais e eu atendia, como jornalista, 4 publicações. Duas delas eram minhas preferidas: a AgroCargill, que só tratava de agribusiness - e que eu não conhecia lhufas e passei a adorar o assunto; e o jornal da Gradiente, que nem lembro mais o nome, apesar de cuidar dele quase que inteiramente sozinha. Pelo menos duas vezes por semana eu passava quase a tarde toda no prédio da Gradiente, em Pinheiros.

Em uma das minhas entrevista, conheci o então Diretor da Divisão de DVDs, numa época em que DVD era coisa recente. Conversa vai, conversa vem, e ele disse que o maior problema que a assistência técnica da Gradiente enfrentava eram os defeitos por conta do mau uso do produto. E que ele não entendia porque aquilo acontecia, afinal, havia o manual de instruções.

Argumentei que havia, sim, o manual, mas que na maior parte das vezes ele era imenso, detalhista, técnico e cansativo. Que não era viável ter de consultar o manual cada vez que se usasse o produto. E que o manual era feito por engenheiros, analisados por engenheiros e, principalmente, por pessoas que conheciam o produto pelo avesso e que por isso, ele sempre pareceria claro e fácil de entender para as pessoas de dentro da divisão do produto.

Ele me perguntou se eu tinha alguma sugestão para o caso e eu disse que sim: que ele pegasse um jornalista para traduzir o manual. Que deixasse na mão dele o produto e o manual conforme a área técnica o concebia, para que ele aprendesse a mexer no produto com o auxílio do manual e assim ele poderia anotar as dúvidas que surgissem. E que depois disso, ele poderia reescrever o manual em linguagem coloquial, mais acessível para o consumidor.

Mais: que se este jornalista fosse uma mulher seria ainda melhor, pois os homens são mais familiarizados com o assunto e as mulheres tendem a encarar aparelhos eletrônicos como bichos-papões com mais freqüência.

- Se eu montar um projeto desses, e a presidência da Gradiente aprovar, você o faria? Não apenas para os DVDs, mas para todos os produtos da empresa- ele perguntou.

Lógico né? Imagina se eu não ia achar o máximo! Visitar a fábrica da Gradiente em Manaus, tomar contato com tudo o que seria lançado... dar palpite, pode ter coisa melhor pruma mulher do que ser paga para dar palpites???

Infelizmente, pouco tempo depois este diretor saiu da Gradiente e foi trabalhar em uma empresa nada a ver com eletrônicos. E o projeto mixou ali mesmo. Depois disso, eu também saí da editora e nunca mais soube se alguém retomou a história.

Da próxima vez que comprar um produto Gradiente, vou ler o manual pra ver se alguma sementinha vingou.

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Menina!!!!Seria o máximo!!!
Nossa!!!Sou curiosa, mas nesse quisito, nao!!!Morro de medo de eletro e tal...Qdo nao sei mexer e nao to afim de ler o manual...ou chamo alguem...ou fico sem usar!!!rs.Que coisa,neh???

beijos

2:36 PM  
Blogger Lala disse...

Sabe que um concorrência que ganhamos quando eu trabalhava em agência era justamente por uma releitura de um manual?
Porque na verdade, ninguém lê. E isso ocasiona uma série das chamadas sem defeito: o consumidor liga pro 0800 porque a geladeira não funciona mas na verdade não ligou o botão.
No meu caso, o projeto era uma Revista. Com conteúdo, fotos, receitas. Campeão. Mas escrito por publicitários :(

7:01 PM  
Blogger Cláudia disse...

Pois é, mas os manuais que eu tenho visto continuam aquela joça...

7:53 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Parabéns, Cláu! E é por estas e outras que vc começou em santo amaro e hj já está do lado da Hípica!
Vc merece...
Parabéns. Bjs.
vivi(ando...)

2:39 PM  
Blogger Renatinha disse...

Que cara de visão.... todos os mauais deviam ser escritos por mulheres... óbvio! Por isso que não entendo nada que leio e não sigo nenhuma instrução.... eles são escritos por homens, tenho certeza, nunca tinha pensado nisso.... bjs Re

6:44 PM  
Blogger Cláudia disse...

Vivi, obrigadá!
Re, nem é porque são homens, mas porque são engenheiros, então pensam em termos técnicos, que pra ele é moleza.
pena que não vingou na ocasião o projeto, eu tava toda animada!
beijos

2:51 AM  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial