Usabilidade
Ontem eu assisti a uma matéria sobre usabilidade dos produtos que fazem parte do nosso dia-a-dia. É um assunto muito interessante e pouco explorado, o que é incrível, pois basta pensar nas pequenas soluções que facilitam demais a nossa vida.
A gente nem pensa em quanta pesquisa e quanto trabalho existiu por trás daquela alcinha de abrir a lata do refrigerante, ou do puxador de porta de carro que não detona as unhas (a do meu detona, hello Fiat!), ou daquele filetinho vermelho de abrir o pacote de biscoitos sem esfarelar tudo pelo chão. Mas basta pegar um pacote de algum produto que seja difícil de abrir pra gente se lembrar dele. O rádio do meu carro é uma coisa absolutamente improgramável, com cada botão com 15 funções sobrepostas.
Aí eu me lembrei de quando comecei a trabalhar com Comunicação Empresarial há uns 7 anos, vinda de um período longo fora do mercado de trabalho por ter optado por ficar com a Bela enquanto ela era pequena.
Era uma editora de publicações empresariais e eu atendia, como jornalista, 4 publicações. Duas delas eram minhas preferidas: a AgroCargill, que só tratava de agribusiness - e que eu não conhecia lhufas e passei a adorar o assunto; e o jornal da Gradiente, que nem lembro mais o nome, apesar de cuidar dele quase que inteiramente sozinha. Pelo menos duas vezes por semana eu passava quase a tarde toda no prédio da Gradiente, em Pinheiros.
Em uma das minhas entrevista, conheci o então Diretor da Divisão de DVDs, numa época em que DVD era coisa recente. Conversa vai, conversa vem, e ele disse que o maior problema que a assistência técnica da Gradiente enfrentava eram os defeitos por conta do mau uso do produto. E que ele não entendia porque aquilo acontecia, afinal, havia o manual de instruções.
Argumentei que havia, sim, o manual, mas que na maior parte das vezes ele era imenso, detalhista, técnico e cansativo. Que não era viável ter de consultar o manual cada vez que se usasse o produto. E que o manual era feito por engenheiros, analisados por engenheiros e, principalmente, por pessoas que conheciam o produto pelo avesso e que por isso, ele sempre pareceria claro e fácil de entender para as pessoas de dentro da divisão do produto.
Ele me perguntou se eu tinha alguma sugestão para o caso e eu disse que sim: que ele pegasse um jornalista para traduzir o manual. Que deixasse na mão dele o produto e o manual conforme a área técnica o concebia, para que ele aprendesse a mexer no produto com o auxílio do manual e assim ele poderia anotar as dúvidas que surgissem. E que depois disso, ele poderia reescrever o manual em linguagem coloquial, mais acessível para o consumidor.
Mais: que se este jornalista fosse uma mulher seria ainda melhor, pois os homens são mais familiarizados com o assunto e as mulheres tendem a encarar aparelhos eletrônicos como bichos-papões com mais freqüência.
- Se eu montar um projeto desses, e a presidência da Gradiente aprovar, você o faria? Não apenas para os DVDs, mas para todos os produtos da empresa- ele perguntou.
Lógico né? Imagina se eu não ia achar o máximo! Visitar a fábrica da Gradiente em Manaus, tomar contato com tudo o que seria lançado... dar palpite, pode ter coisa melhor pruma mulher do que ser paga para dar palpites???
Infelizmente, pouco tempo depois este diretor saiu da Gradiente e foi trabalhar em uma empresa nada a ver com eletrônicos. E o projeto mixou ali mesmo. Depois disso, eu também saí da editora e nunca mais soube se alguém retomou a história.
Da próxima vez que comprar um produto Gradiente, vou ler o manual pra ver se alguma sementinha vingou.
A gente nem pensa em quanta pesquisa e quanto trabalho existiu por trás daquela alcinha de abrir a lata do refrigerante, ou do puxador de porta de carro que não detona as unhas (a do meu detona, hello Fiat!), ou daquele filetinho vermelho de abrir o pacote de biscoitos sem esfarelar tudo pelo chão. Mas basta pegar um pacote de algum produto que seja difícil de abrir pra gente se lembrar dele. O rádio do meu carro é uma coisa absolutamente improgramável, com cada botão com 15 funções sobrepostas.
Aí eu me lembrei de quando comecei a trabalhar com Comunicação Empresarial há uns 7 anos, vinda de um período longo fora do mercado de trabalho por ter optado por ficar com a Bela enquanto ela era pequena.
Era uma editora de publicações empresariais e eu atendia, como jornalista, 4 publicações. Duas delas eram minhas preferidas: a AgroCargill, que só tratava de agribusiness - e que eu não conhecia lhufas e passei a adorar o assunto; e o jornal da Gradiente, que nem lembro mais o nome, apesar de cuidar dele quase que inteiramente sozinha. Pelo menos duas vezes por semana eu passava quase a tarde toda no prédio da Gradiente, em Pinheiros.
Em uma das minhas entrevista, conheci o então Diretor da Divisão de DVDs, numa época em que DVD era coisa recente. Conversa vai, conversa vem, e ele disse que o maior problema que a assistência técnica da Gradiente enfrentava eram os defeitos por conta do mau uso do produto. E que ele não entendia porque aquilo acontecia, afinal, havia o manual de instruções.
Argumentei que havia, sim, o manual, mas que na maior parte das vezes ele era imenso, detalhista, técnico e cansativo. Que não era viável ter de consultar o manual cada vez que se usasse o produto. E que o manual era feito por engenheiros, analisados por engenheiros e, principalmente, por pessoas que conheciam o produto pelo avesso e que por isso, ele sempre pareceria claro e fácil de entender para as pessoas de dentro da divisão do produto.
Ele me perguntou se eu tinha alguma sugestão para o caso e eu disse que sim: que ele pegasse um jornalista para traduzir o manual. Que deixasse na mão dele o produto e o manual conforme a área técnica o concebia, para que ele aprendesse a mexer no produto com o auxílio do manual e assim ele poderia anotar as dúvidas que surgissem. E que depois disso, ele poderia reescrever o manual em linguagem coloquial, mais acessível para o consumidor.
Mais: que se este jornalista fosse uma mulher seria ainda melhor, pois os homens são mais familiarizados com o assunto e as mulheres tendem a encarar aparelhos eletrônicos como bichos-papões com mais freqüência.
- Se eu montar um projeto desses, e a presidência da Gradiente aprovar, você o faria? Não apenas para os DVDs, mas para todos os produtos da empresa- ele perguntou.
Lógico né? Imagina se eu não ia achar o máximo! Visitar a fábrica da Gradiente em Manaus, tomar contato com tudo o que seria lançado... dar palpite, pode ter coisa melhor pruma mulher do que ser paga para dar palpites???
Infelizmente, pouco tempo depois este diretor saiu da Gradiente e foi trabalhar em uma empresa nada a ver com eletrônicos. E o projeto mixou ali mesmo. Depois disso, eu também saí da editora e nunca mais soube se alguém retomou a história.
Da próxima vez que comprar um produto Gradiente, vou ler o manual pra ver se alguma sementinha vingou.
6 Comentários:
Menina!!!!Seria o máximo!!!
Nossa!!!Sou curiosa, mas nesse quisito, nao!!!Morro de medo de eletro e tal...Qdo nao sei mexer e nao to afim de ler o manual...ou chamo alguem...ou fico sem usar!!!rs.Que coisa,neh???
beijos
Sabe que um concorrência que ganhamos quando eu trabalhava em agência era justamente por uma releitura de um manual?
Porque na verdade, ninguém lê. E isso ocasiona uma série das chamadas sem defeito: o consumidor liga pro 0800 porque a geladeira não funciona mas na verdade não ligou o botão.
No meu caso, o projeto era uma Revista. Com conteúdo, fotos, receitas. Campeão. Mas escrito por publicitários :(
Pois é, mas os manuais que eu tenho visto continuam aquela joça...
Parabéns, Cláu! E é por estas e outras que vc começou em santo amaro e hj já está do lado da Hípica!
Vc merece...
Parabéns. Bjs.
vivi(ando...)
Que cara de visão.... todos os mauais deviam ser escritos por mulheres... óbvio! Por isso que não entendo nada que leio e não sigo nenhuma instrução.... eles são escritos por homens, tenho certeza, nunca tinha pensado nisso.... bjs Re
Vivi, obrigadá!
Re, nem é porque são homens, mas porque são engenheiros, então pensam em termos técnicos, que pra ele é moleza.
pena que não vingou na ocasião o projeto, eu tava toda animada!
beijos
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial