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sexta-feira, janeiro 18, 2008

Ele


Como eu já disse no post da barata, tem horas que é duro não ter um marido. Para matar a barata, por exemplo. Qualquer mulher provida de um marido, ao avistar a barata, simplesmente daria um grito de pavor e bateria em retirada, deixando o problema para o príncipe encantado. Que prontamente mataria a barata, não com inseticida, mas com uma boa e arrasadora chinelada, usando seus braços fortes e musculosos para vingar o nosso desespero, e ainda nos mostraria o cadáver, pra gente ficar tranqüila e saber que aquele Godzilla não mais nos ameaçará.


Outra coisa para a qual um marido é imprescindível é para preencher o papelzinho da imigração dentro do avião. Coisinha chata preencher aquilo, mas se você tem um marido, pode simplesmente ignorar aquele troço, que ele vai preencher direitinho. E também vai responder todas as perguntas do moço da imigração no país de destino, enquanto você fica só ali do lado, pescoçando o free shop e pensando no perfume que vai comprar. De quebra, ele presta atenção a todas as conexões do vôo, sabe qual é o portão pra onde vocês devem ir, e já na cidade, fica lendo o mapa do metrô pra saber direitinho que itinerário vocês vão fazer.


Tem melhor que um marido pra levar o carrinho de supermercado de volta para a garagem? Para dirigir na estrada na viagem de férias, enquanto você capota em sono profundo no banco do carona? Pra fazer check in e check out? Regular a temperatura do ar condicionado? Dizer pro motorista de táxi pra onde vocês querem ir? Enfim, para que você possa se comportar como se não tivesse responsabilidade nenhuma na vida. Ele inclusive vai prestar mais atenção do que você na hora de atravessar a rua, até porque você estará ocupada demais flanando por aí para se ligar no trânsito.


Isso porque nem vou mencionar os vidros cujas tampas foram feitas apenas para ser abertas por um marido. E muito menos todas as demais utilidades óbvias de um marido.


Agora, se tem uma utilidade-mor para o marido, é o papel dele enquanto instituição, a nível de empregada doméstica folgada. Para as empregadas domésticas e faxineiras em geral, ele é O Marido. O soviete supremo do lar. O Rei, muito mais que Roberto Carlos. Mais Imperador do que o Adriano, do São Paulo. Mais Príncipe Encantado do que o Charles (grande vantagem...).


O Marido é aquele que enche a geladeira. O que paga o salário delas, mesmo que seja você a que rala o mês todo para não ter de lavar, passar, limpar e arrumar nas horas vagas. O que manda no pedaço, no gato, no cachorro, em você, e, em última instância, nelas.


Roupa ficou mal-passada? Vá você dizer que quer que ela capriche mais! Nariz torcido na certa. Mas se você disser que O Marido pegou aquela camisa do armário e nem quis usar porque o punho estava meio enrugado, pode contar que ela imediatamente irá repassá-la com o afinco de uma 5 a sec.

Banheiro encardido? O Marido falou um monte na hora de tomar banho. Comida mais ou menos? O Marido nem jantou direito, foi dormir com fome. Quebrou alguma coisa? Ai, meu Deus, era o porta-retrato preferido dO Marido, e agora, como você vai fazer? Capaz dela ir até a loja e comprar outro pra colocar no lugar.


Porque, afinal de contas, O Marido não pode nunca ser desagradado.


Para a tática funcionar, você precisa da ajuda da entidade em questão. Se o seu marido for do tipo que bate papo com a empregada, pode esquecer. Tem de ser do tipo que dá bom dia, sério, com voz grossa, de preferência arrumado para trabalhar. Se algum dia ele tiver alguma queixa a fazer, ele jamais poderá fazê-la diretamente para ela. Porque O Marido tem assuntos mais importantes para resolver do que o colarinho mal lavado e não vai ficar tratando desses assuntos de mulherzinha com a empregada. Nem vai perguntar para a faxineira onde foi que ela guardou alguma coisa. Ou determinar o que será feito no jantar. Não, nada disso é coisa que O Marido faria.


É um verdadeiro telefone sem fio: O Marido fala pra você, que fala com a empregada, que se torna sua cúmplice na tarefa de agradar o exigente Marido e capricha. Ela deve achar que ele te bate quando acha uma meia na gaveta errada e fica solidária no seu sofrimento, porque ela sabe que os homens, especialmente O Marido, são criaturas difíceis mesmo, mas fazer o quê, minha filha?


Neste círculo vital, ficam todos satisfeitos, porque nada pode deixar uma empregada doméstica ou uma faxineira mais feliz do que saber que O Marido não reclamou do serviço delas. Vale mais do que todo e qualquer elogio que você possa ter feito.


Acreditem: funciona.

7 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Veja você que o daqui de casa mata barata, espanta morcego e rosna direitinho pra empregada, além de ter senso de direção. Mas o modelo é basico, de sorte que formulários, lâmpadas queimadas e afins são por minha conta e risco.
Bjs. Rosana.

6:52 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Descrição cirúrgica. Com a perícia de uma neurocirurgiã. Em especial no que diz respeito aos vidros com tampas emperradas. Tudo igual, só muda de endereço. Ouso dizer (em réplica ao comentário acima) que devo ser algum modelo advanced ou plus - até porque acabei de trocar a lâmpada do banheiro, bem como preparar toda a papelada para transferência do carro.

Mas ainda não sei se devo rir ou chorar...

11:13 PM  
Blogger UrbAnna disse...

Absolutamente certo!
Funciona muito bem!
Até porque a gente perde um pouco da autoridade sobre as faxineiras e empregadas, porque a gente sempre acaba batendo um papo com elas!

8:50 AM  
Blogger MH disse...

É, aqui em casa é a MH e o "seu" R. Ela já me conhece há anos e sabe que não tem patroa. Já o namorido, de voz grossa e presença escassa, esse sim impõe respeito!

10:06 AM  
Blogger Cláudia disse...

é uma verdade universal, comprovada pelo Adauto, legítimo representante da classe dO Marido!
beijos a todos

12:19 PM  
Blogger Lala disse...

Acabei de descobrir que lá em Casa tem um Marido, e O Marido sou eu. Sou eu que preencho o papelzinho da imigraçao, desde há muitos anos. E recentemente, preencho o dele também.
De resto, meu ventilador de teto continua na caixa. Daqui a pouco é inverno e nada de ventilador instalado (porque minha maridice também tem limites)!

Beijo, adorei o post!

10:55 AM  
Blogger Renatinha disse...

Clau...
Nunca tive um desses..... me deu inveja do marido que faz tudo e ainda tem a autoridade.
O meu.... tadinho do Rê.... mais flor que eu.... sempre fui a carrasca, a que berra, se descabela, faz compras e tudo isso para ele flanar....
Eu quero um desses AGORA!
hahahh
bjs
Re

4:50 PM  

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