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quinta-feira, abril 01, 2010

Simbiose

Ela tinha um marido que não era fácil. Ou melhor, o problema era que ele era facinho demais. Ele vivia aprontando, sumia, arrumava outra aqui e ali.
E se vangloriava:
- minha mulher vive atrás de mim, telefona pro meu trabalho pra saber a que horas vou pra casa. Aí mesmo que eu demoro!!!
Morreu sem saber que a mulher ligava pra saber que horário ele ia chegar para poder fazer a própria programação fora de casa, com outro, e estar linda e meiga esperando o maridinho para jantar quando dava o horário dele ir pra casa. E ele se achando...

Essa mesma resolveu que, se era pra ela sofrer com as amantes do marido, ia fazer com que elas sofressem junto. Infernizava a vida das sócias. Catava os filhos e os sobrinhos, enfiava todos no carro, achava onde ele estava com alguma fofa e baixava lá com a horda de ranhentinhos:
- tu num tem vergonha não? Olha os seus filhos aqui (juntando filhos e sobrinhos dava uns seis ou sete). Você sabia que ele tem essas boquinhas todas para alimentar??

Isso quando não resolvia ligar pra elas, e para simular um interurbano ligava o secador de cabelos no bocal do telefone.

Um belo dia, os dois já velhos, vendo TV na sala, ele fechou os olhos. Ela chamou, ele não respondeu, ela jogou uma bolinha de papel, ele não reagiu. Tinha morrido. Alguns meses depois, ela saiu para pegar o jornal do lado de fora e quebrou a perna. Nunca se recuperou.

Morreu exatamente um ano depois que ele se fora.

4 Comentários:

Anonymous Rosana disse...

De uma forma ou de outra, viveram um para o outro.
Bjs.

8:03 AM  
Blogger Renatinha disse...

ela entrou no jogo dele e quando ele se foi o jogo acabou... pode se chamar "amor".
beijos

9:23 AM  
Blogger Cláudia disse...

Exato, meninas, um não vivia sem a neurose do outro.
beijo

7:22 PM  
Blogger Lala disse...

Complementariedade Neurótica, como diria o Carlão.

11:26 AM  

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