Mudança de planos

Eu nunca concordei com a teoria de que nada como um outro amor para esquecer o anterior. Sempre me pareceu coisa furada, uma sobreposição que apenas encobriria a mágoa, a qual poderia surgir depois, quando menos se esperasse, uma vez que não havia sido devidamente elaborada, com força redobrada de água represada.

Além de tudo, achava uma injustiça com o pobre coitado que teria a incumbência secreta de se suplantar ao fantasma não-esquecido. Que sofreria comparações todo o tempo, todas elas filtradas pela lente do amor ao ex, e isso faria com que as boas características do atual ficassem soterradas pelo fato dele não ter algumas características do anterior.

Achava que para se entregar a um outro relacionamento é preciso estar íntegra, completa, sem medos ou resquícios do passado. Aquela coisa de poder encontrar o ex no msn, ou na rua, ou ouvir a voz pelo telefone e não sentir nem um arrepio, nem um frio na barriga, nem uma sensação de pânico iminente.

Então, mas tá tão, tão difícil de esquecê-lo que todas essas minhas convicções ameaçam cair por terra, por mera questão de sobrevivência.