As grades
Tem coisas de que a gente nem se dá conta, até que acontecem.
Um dos quartos do meu apartamento tem uma janela enorme, daquele tipo que abre pra fora. Uma não, duas, porque elas formam um L, quase que do teto ao chão. Largas.
Elas são janelas muito baixas, e como a Isabela tinha apenas 7 anos quando me mudei pra cá, antes mesmo de mudar eu mandei instalar grades pantográficas nessas janelas, com medo dela cair.
Isabela cresceu, e as grades ali.
Não servem para proteger a gata, que inclusive passa no meio delas pra ficar no parapeitinho interno da janela tomando sol, mas continuavam ali.
Escurecem o quarto, porque são pretas pra combinar com a esquadria, mas ali ficavam.
Dificultam a limpeza do vidro, apesar de poderem ser abertas, mas olha as grades resistindo!
Não tinham mais razão de ser, só existiam.
- d. Cláudia, a senhora não quer me dar essas grades não? É que lá em casa, se a gente deixar a casa sozinha, eles roubam, então se a senhora me der as grades, eu coloco lá.
- Pode, Socorro, pode tirar e levar.
As grades são meio chatas de tirar, por isso ela tirou apenas uma por enquanto. Liberou uma das janelas.
Agora há pouco, entrei no quarto e me assustei: pela primeira vez na vida, desde que me mudei, eu olhei para aquela janela sem as grades em frente ao vidro.
Ali, sem nada, somente a persianinha fina filtrando a luz, deixando ver a paisagem do outro lado.
Eu nunca tinha me dado conta do quanto aquelas grades cobriam a paisagem daquela janela. Elas sempre estiveram ali, e continuaram mesmo depois de terem perdido a utilidade.
Como tantas coisas na nossa vida, que perdem um dia a razão de ser mas continuam ali, cobrindo a visão límpida que poderíamos ter da paisagem diante dos nossos olhos. Porque sempre estiveram, não pensamos na possibilidade delas deixarem de estar. Ficam por inércia, por hábito, por apego, seja lá porque motivo, mas certamente forte o suficiente para garantir-lhes a sobrevivência.
Um dos quartos do meu apartamento tem uma janela enorme, daquele tipo que abre pra fora. Uma não, duas, porque elas formam um L, quase que do teto ao chão. Largas.
Elas são janelas muito baixas, e como a Isabela tinha apenas 7 anos quando me mudei pra cá, antes mesmo de mudar eu mandei instalar grades pantográficas nessas janelas, com medo dela cair.
Isabela cresceu, e as grades ali.
Não servem para proteger a gata, que inclusive passa no meio delas pra ficar no parapeitinho interno da janela tomando sol, mas continuavam ali.
Escurecem o quarto, porque são pretas pra combinar com a esquadria, mas ali ficavam.
Dificultam a limpeza do vidro, apesar de poderem ser abertas, mas olha as grades resistindo!
Não tinham mais razão de ser, só existiam.
- d. Cláudia, a senhora não quer me dar essas grades não? É que lá em casa, se a gente deixar a casa sozinha, eles roubam, então se a senhora me der as grades, eu coloco lá.
- Pode, Socorro, pode tirar e levar.
As grades são meio chatas de tirar, por isso ela tirou apenas uma por enquanto. Liberou uma das janelas.
Agora há pouco, entrei no quarto e me assustei: pela primeira vez na vida, desde que me mudei, eu olhei para aquela janela sem as grades em frente ao vidro.
Ali, sem nada, somente a persianinha fina filtrando a luz, deixando ver a paisagem do outro lado.
Eu nunca tinha me dado conta do quanto aquelas grades cobriam a paisagem daquela janela. Elas sempre estiveram ali, e continuaram mesmo depois de terem perdido a utilidade.
Como tantas coisas na nossa vida, que perdem um dia a razão de ser mas continuam ali, cobrindo a visão límpida que poderíamos ter da paisagem diante dos nossos olhos. Porque sempre estiveram, não pensamos na possibilidade delas deixarem de estar. Ficam por inércia, por hábito, por apego, seja lá porque motivo, mas certamente forte o suficiente para garantir-lhes a sobrevivência.
6 Comentários:
Lindo post.
Aposto que a retirada das grades trouxe a vocês uma nova visão da vida e da paisagem que te cerca.
Espero poder tirar as grades daqui de casa também...
Beijos,
É assim mesmo, não temos tempo de olhar através das janelas, das frechas, das grades... e quando nos damos conta, que delícia de visão.... morava em um apto que a vista era o prédio vizinho, agora que vejo uma linda árvore.... me sinto tão mais feliz, sem me dar conta do tempo que perdi tendo uma parede como vista... Boas vistas.... bjs
É assim mesmo, não temos tempo de olhar através das janelas, das frechas, das grades... e quando nos damos conta, que delícia de visão.... morava em um apto que a vista era o prédio vizinho, agora que vejo uma linda árvore.... me sinto tão mais feliz, sem me dar conta do tempo que perdi tendo uma parede como vista... Boas vistas.... bjs
Engraçado como o mesmo acontece com alguns sentimentos, que ficam arraigadas com a gente, até que um dia a gente percebe que é hora de tirar as grades que nos prendem a eles... acho que tá na hora de eu abrir espaço na minha janela, tb...rs... bjo
Eu sou apegada. Eu mantenho coisas sem sentido na minha vida por apego e por inércia. Eu sofro quando as coisas saem, mais por hábito, do que por saudade mesmo.
Eu vou é fechar o meu bocão.
ana
separadas na maternidade, tô dizendo...
meninas, eu não percebo não, neste caso a idéia foi da Socorro mesmo, senão tavam lá até hoje as grades.
beijo
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