Lugares child free
Cresce em todo o mundo a quantidade de lugares child free. Ou seja, lugares que não aceitam crianças em suas dependências. Junto, cresce a polêmica: é uma atitude antipática ou apenas uma forma de negócio?
Para um hotel receber crianças em suas dependências, precisa criar uma estrutura para isso. Porque crianças são naturalmente inquietas, se cansam da mesma atividade em um tempo menor que os adultos, falam mesmo alto, deixam cair coisas, tem brinquedos barulhentos. Restaurante idem: eles acabam de comer muito antes dos adultos e aí, fazer o quê da vida?
O que eu acho é que existem locais que são naturalmente child free e outros que são feitos para se ir com crianças. O problema começa quando um grupo - o sem criança - quer frequentar um local do outro grupo - os com criança - nas mesmas condições de quando frequenta o seu grupo original. Olha a m... feita.
A pessoa vai para um hotel fazenda com cavalinhos, coelhinhos, pintinhos, patinhos e todos os demais inhos do mundo animal e pretende se sentar na piscina e ler um livro na maior calma do mundo. E se incomoda com o barulho dos monitores fazendo atividades com os pequenos na piscina - e com os adultos também, Deus, como eu odeio monitor de piscina que fica querendo arrastar a gente para a aula de hidroginástica ao som de axé music! Vai a um restaurante que tem uma área imensa dedicada às crianças e torce o nariz para a gritaria e para a correria. Vai ao cinema ver uma animação, que por mais que atraiam os adultos, são feitas para o público infantil, e fica fazendo xiu! o tempo todo pra criançada calar a boca.
Não dá.
Assim como não dá o oposto. Pais tendem a achar que seus filhos, suas preciosidades, são unanimidade: todo mundo os ama e os acha lindos e fofos. Então, gente, qual é o problema de passar o fim de semana naquela pousadinha pequena, intimista e calma com seu molequinho de 4 anos? Só porque ele vai sair correndo e berrando pelos corredores vestido de homem-aranha às 7 da manhã? E é claro que vamos levá-lo para jantar naquele restaurante francês chique, para ele aprender desde cedo o que é uma boa comida - ele vai fazer malcriação, não vai querer comer aquilo, vai ficar fazendo birra na cadeira querendo uma pizza, mas isso faz parte do processo educacional. E sim, podemos passar três horas almoçando e querer que a criança fique quieta na cadeira todo o tempo, morta de tédio, ou, para que possamos passar essas três horas almoçando e conversando, depois da primeira meia-hora a gente solta o pequeno purg... príncipe no pasto e ainda se aborrece porque o garçom não tomou conta dele.
Ou leva sua filha pequena junto para a aula de Pilates, que exige concentração, numa sala à meia-luz, música baixinha, e ela fica lá falando mais que a boca, perguntando, querendo ir ao banheiro pra fazer xixi.
Fui ao cinema assistir Capitão Phillips. Filme pesado, violento, de adulto. Classificação de adulto. Atrás de mim, um casal com dois meninos: um de uns 8, outro de uns 6. Preciso dizer que mamãe zelosa passou o filme todo lendo as legendas? E papai amoroso respondendo a todas as perguntas que os meninos faziam durante o filme? Além de atrapalhar todo mundo que estava em volta, o filme era inadequadíssimo para a idade deles, e apesar de saber que o moleques não têm culpa da imbecilidade dos pais, desejei que passassem uma semana tendo pesadelos, fazendo xixi na cama e dando bastante trabalho para ver se os pais se mancam numa próxima vez.
De novo: não dá.
Respondendo à pergunta do começo deste texto: eu acho que é apenas uma forma de negócio, da mesma forma que fazer locais voltados para crianças também o são. A diferença é que locais voltados para crianças são vistos com simpatia, e locais que abertamente não permitem crianças despertam antipatia, já que nossa cultura trata as crianças como se fossem pequenas dádivas divinas que todos têm de reverenciar. E como cada vez mais os pais repreendem menos os filhos, cada vez mais as crianças se comportam como seres fora de controle, impondo sua presença até mesmo para quem não deseja isso. Significa não gostar de crianças? Não. Significa apenas querer ter o direito de se sentar em um restaurante tranquilo e saber que não haverá nenhuma criança passando gritando ao lado da sua mesa.
Da mesma forma que, se você vai almoçar com seus amigos que têm filhos pequenos, entre na deles e vá a um restaurante que tenha atividades para que eles possam se distrair, e saiba que sua conversa será entrecortada pelas perguntas delas, que corre-se o risco de ter coca-cola derrubada na mesa. Saiba que seu almoço vai demorar menos tempo porque quem merece ficar sentado em uma mesa com pessoas falando sobre um assunto que não te interessa, sem nada para fazer? Tente ficar umas 4 horas - porque o tempo tem de ser proporcional ao tempo de vida e uma hora para uma criança dá umas 3 das nossas - sentada quieta em um local, sem ter nada para fazer, nem um livro para ler, nem um smartphone para fuçar o facebook ou jogar candy crush. Fique ali, fazendo absolutamente nada, sem acesso a nada, e com alguém dizendo para você ficar quieto cada vez que se mexer.
Como sempre, como em tudo na vida, bom senso ajuda bastante.
Para um hotel receber crianças em suas dependências, precisa criar uma estrutura para isso. Porque crianças são naturalmente inquietas, se cansam da mesma atividade em um tempo menor que os adultos, falam mesmo alto, deixam cair coisas, tem brinquedos barulhentos. Restaurante idem: eles acabam de comer muito antes dos adultos e aí, fazer o quê da vida?
O que eu acho é que existem locais que são naturalmente child free e outros que são feitos para se ir com crianças. O problema começa quando um grupo - o sem criança - quer frequentar um local do outro grupo - os com criança - nas mesmas condições de quando frequenta o seu grupo original. Olha a m... feita.
A pessoa vai para um hotel fazenda com cavalinhos, coelhinhos, pintinhos, patinhos e todos os demais inhos do mundo animal e pretende se sentar na piscina e ler um livro na maior calma do mundo. E se incomoda com o barulho dos monitores fazendo atividades com os pequenos na piscina - e com os adultos também, Deus, como eu odeio monitor de piscina que fica querendo arrastar a gente para a aula de hidroginástica ao som de axé music! Vai a um restaurante que tem uma área imensa dedicada às crianças e torce o nariz para a gritaria e para a correria. Vai ao cinema ver uma animação, que por mais que atraiam os adultos, são feitas para o público infantil, e fica fazendo xiu! o tempo todo pra criançada calar a boca.
Não dá.
Assim como não dá o oposto. Pais tendem a achar que seus filhos, suas preciosidades, são unanimidade: todo mundo os ama e os acha lindos e fofos. Então, gente, qual é o problema de passar o fim de semana naquela pousadinha pequena, intimista e calma com seu molequinho de 4 anos? Só porque ele vai sair correndo e berrando pelos corredores vestido de homem-aranha às 7 da manhã? E é claro que vamos levá-lo para jantar naquele restaurante francês chique, para ele aprender desde cedo o que é uma boa comida - ele vai fazer malcriação, não vai querer comer aquilo, vai ficar fazendo birra na cadeira querendo uma pizza, mas isso faz parte do processo educacional. E sim, podemos passar três horas almoçando e querer que a criança fique quieta na cadeira todo o tempo, morta de tédio, ou, para que possamos passar essas três horas almoçando e conversando, depois da primeira meia-hora a gente solta o pequeno purg... príncipe no pasto e ainda se aborrece porque o garçom não tomou conta dele.
Ou leva sua filha pequena junto para a aula de Pilates, que exige concentração, numa sala à meia-luz, música baixinha, e ela fica lá falando mais que a boca, perguntando, querendo ir ao banheiro pra fazer xixi.
Fui ao cinema assistir Capitão Phillips. Filme pesado, violento, de adulto. Classificação de adulto. Atrás de mim, um casal com dois meninos: um de uns 8, outro de uns 6. Preciso dizer que mamãe zelosa passou o filme todo lendo as legendas? E papai amoroso respondendo a todas as perguntas que os meninos faziam durante o filme? Além de atrapalhar todo mundo que estava em volta, o filme era inadequadíssimo para a idade deles, e apesar de saber que o moleques não têm culpa da imbecilidade dos pais, desejei que passassem uma semana tendo pesadelos, fazendo xixi na cama e dando bastante trabalho para ver se os pais se mancam numa próxima vez.
De novo: não dá.
Respondendo à pergunta do começo deste texto: eu acho que é apenas uma forma de negócio, da mesma forma que fazer locais voltados para crianças também o são. A diferença é que locais voltados para crianças são vistos com simpatia, e locais que abertamente não permitem crianças despertam antipatia, já que nossa cultura trata as crianças como se fossem pequenas dádivas divinas que todos têm de reverenciar. E como cada vez mais os pais repreendem menos os filhos, cada vez mais as crianças se comportam como seres fora de controle, impondo sua presença até mesmo para quem não deseja isso. Significa não gostar de crianças? Não. Significa apenas querer ter o direito de se sentar em um restaurante tranquilo e saber que não haverá nenhuma criança passando gritando ao lado da sua mesa.
Da mesma forma que, se você vai almoçar com seus amigos que têm filhos pequenos, entre na deles e vá a um restaurante que tenha atividades para que eles possam se distrair, e saiba que sua conversa será entrecortada pelas perguntas delas, que corre-se o risco de ter coca-cola derrubada na mesa. Saiba que seu almoço vai demorar menos tempo porque quem merece ficar sentado em uma mesa com pessoas falando sobre um assunto que não te interessa, sem nada para fazer? Tente ficar umas 4 horas - porque o tempo tem de ser proporcional ao tempo de vida e uma hora para uma criança dá umas 3 das nossas - sentada quieta em um local, sem ter nada para fazer, nem um livro para ler, nem um smartphone para fuçar o facebook ou jogar candy crush. Fique ali, fazendo absolutamente nada, sem acesso a nada, e com alguém dizendo para você ficar quieto cada vez que se mexer.
Como sempre, como em tudo na vida, bom senso ajuda bastante.
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