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terça-feira, dezembro 19, 2006

Tecnologia

Já falei várias vezes aqui no meu blog sobre a minha confecção, sobre Santo Amaro, sobre meus funcionários com personalidades e vivências tão díspares. Enfim, sobre o meu mundo profissional.

O que eu acho que nunca mencionei é o quanto eu aprendo com o pessoal que trabalha comigo na IC. Pessoas para quem o mundo é muito mais simples e direto, como no caso da Gizelli, que nem admitiu a hipótese remota do namorado não ser mesmo namorado (e sim um ficante) e achar que duas semanas é tempo mais que suficiente pruma aliança de compromisso. Que vêem a realidade de outra maneira. Que têm o dinheiro uma relação diferente da nossa, da qual pode-se tirar muitas lições (a mais preciosa é de que aquele gasto mínimo diário, no fim de um mês, podia ter se tornado uma blusinha, uma feira, uma conta de luz).

Apesar de, muitas vezes, sentir muita falta de trocar idéias mais intelectuais sobre o meu trabalho, eu me sinto estimulada por eles a ter uma empresa sempre melhor, mais eficiente, mais humana. Fico bem chateada quando algum deles tem um problema, quando morre alguém próximo. Comemoramos todos quando o filho de uma é aceito no time de futebol semiprofissional, quando a filha da outra vai bem no colégio, e a bronca para quem pisa na bola com a mãe é quase coletiva.

Privacidade zero, integração total, alguns aborrecimentos, muita diversão. Acima de tudo, são competentes no que fazem e comprometidos com o trabalho, em sua maioria. o grupo é tão coeso que contratar gente não é uma tarefa fácil: primeiro porque não há oferta abundante de pessoal qualificado; segundo porque, como diz a minha empregada Maria do Socorro - vulga Najda -, tem muita gente querendo emprego, mas ninguém querendo trabalho (olha que declaração mais simples que resume bem o quadro atual de desemprego do país, ao menos na minha área); terceiro porque o próprio grupo se encarrega de botar pra fora quem não se adapta à filosofia interna da IC.

Junto com isso, temos os prestadores de serviço externos: bordadores e oficinas de costura, principalmente. Já contei aqui a história da costureira cujos papagaios latiam quando a gente chegava no portão, enquanto os cachorros continuavam deitados onde estavam e nem se mexiam. Tem a outra que tem 5 filhos, uma casa imensa, e é um tal de filho, máquina de lavar roupa funcionando full time, que mistura com o barulho das máquinas de costura, enquanto a filha mais velha estuda tranquilamente na mesa da sala de jantar como se nada houvesse. E as costuras saem bem feitas, no prazo, arrumadinhas.

Mais uma que tem uma gata de 5 meses que até hoje não tem nome porque ela ainda não conseguiu arrumar o nome perfeito para a bichinha. E o bordador que tem uma poodle falseta que recepciona os clientes no portãozinho.

Hoje, tive mais uma lição. Fui até uma oficina de costura no Taboão da Serra, junto com um funcionário meu. Um portãozinho feioso, de ripas de madeira, com uma posterior escadaria, a casa lá em cima.
Tocamos a campainha e PLÉFT! eis que o portão se abre automaticamente.

Entrei impressionadíssima com a tecnologia e pensando: mas se é pra colocar um porteiro eletrônico, porque não coloca um portãozinho decente?

Foi quando eu vi um arame, que se ligava a um fio de nylon beeeemmmm comprido. O conjunto todo estava preso na fechadura do portão, e subia, por ganchos presos na parede, até o topo da escadaria. Ou seja, de lá de cima, o portão era destravado, manualmente, numa solução tão simples e barata que jamais teria passado pela cabeça de nenhum de nós, acostumados que estamos a pensar apenas em termos de equipamentos, investimentos, gastos, alta tecnologia.

8 Comentários:

Blogger Tati disse...

pois é, a vida é simples, nós é que complicamos.... E claro, criatividade nasce em qualquer lugar, ainda mais quando se tem necessidade!
beijo!

8:04 AM  
Blogger Renatinha disse...

É, a criatividade nasce da necessidade.... muito legal seu post. bjs Re

11:06 AM  
Anonymous Anônimo disse...

puts!!!
que bárbaro!!!
vivendo e aprendendo, né?

3:52 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Oi, Claudia,
Já houve um tempo em que as coisas obedeciam a um pouco mais de aplicação da inteligência e criatividade. Hoje, tempos "mudernos", inteligência está sendo substituida pelos "gerundios" da vida.Pensar, pra quê?

Mas, Natal em cima, meus votos de festas maravilhosas, muita curtição com a família, um amo de 2007 com muitas realizações e um montão de saude, paz e amor.
Beijos
fernando cals

9:50 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Tô querendo um cachorro que desça automaticamente.
Bjs. Rosana.

11:07 PM  
Blogger Renatinha disse...

Rosana, quero um deste tb, principalmente em dia de chuva.... encomenda pra mim? bjs

4:40 PM  
Blogger Cláudia disse...

Rosana, lembra que o Kiko descia sozinho, fazia xixi e cocô e depois subia?

7:45 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Lembro, o fofo. Só parou porque o acusaram de fazer xixi na escada, e depois descobriram que era o pequinês do segundo andar.
Re, vou falar com a minha mãe, ela que educou o Kiko.
Bjs. Rosana.

3:07 PM  

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