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domingo, agosto 27, 2006

Sobre madrinhas

Hoje pela manhã, depois da balada gay de ontem, fui buscar minha afilhada de dois anos de idade para um passeio já prometido. Eis então que dez horas da manhã estávamos as duas na porta da Estação Natureza, uma mini-fazendinha dentro de São Paulo, prontas para dar cenoura aos coelhos, milho pros patos, ver a corrida das tartarugas e mais um monte de outras coisas legais.

Minha amiga, mãe dela, é bem diferente de mim. Temos personalidades tão opostas e maneiras de agir tão diversas que às vezes penso que afinidade nos une. E isso fez com que eu me lembrasse da minha própria madrinha, Ivonete.

Madrinha Ivonete era o oposto da minha mãe. Ainda é, pois até onde sei, apesar de ter perdido o contato com ela há alguns anos já, ela não morreu. Pelo contrário, imagino que esteja bem viva por aí.

O que minha mãe tem de contida, ela tem de expansiva. O que minha mãe tem de seguidora das regras, ela tem de quebradora. Fala palavrão, desce de shortinho pra andar no calçadão da praia todas as noites, quando chega do trabalho. Quando me casei, ela já tinha se separado do meu padrinho (legal, mas chaaaatoooo, metóóóódicoooo - bem, alguém tinha de ser né?) e arrumado um namorado zulu, contrastando com ela bem loira de olhos azuis, e me deu de presente de noivado um babydoll lindo e sexy.

Ela tem dois filhos, o Fábio (Pabo) e a Biane (Fabiane). O Pabo tem uns dois anos a mais que eu, a Biane é da minha idade, talvez um ano mais nova. Pabo, quando terminou o colégio, arrumou emprego em um circo para viajar por aí, vivendo do próprio trabalho, antes de se dedicar a uma faculdade. Biane tava noiva de um feliz proprietário de um morro em Serra Pelada, no tempo em que Serra Pelada era um buxixo só.

Quando eu era pequena, ela morava em uma casa grande num bairro afastado da praia, em Vila Velha (ES). Casa com quintal, cachorro, onde tantas vezes Pabo tentou me ensinar a andar de skate e eu, medrosa, nunca aprendi. Eu adolescente, ela mudou-se pra um apartamento na beira da praia.

Era uma delícia passar as férias na casa da minha madrinha. Começava que ela alimentava meu ego leonino me dando de presente, todos os anos, um biquini espetacular, que depois fazia o maior sucesso em Brasília onde os biquinis eram todos lamentáveis nos early anos 80. Continuava com o dia inteiro de praia (na arrebentação, na parte das ondas fortes, que era onde se reunia a turma dos meus primos), roller ou cinema em Vitória à tarde - atravessando o braço de mar de lancha, porque nesta época só tinha uma ponte ligando as duas cidades.

Matiné da Blow Up. Papo furado antes de dormir, no fresquinho do ar condicionado. Se virar pra comer durante o dia com o que tinha na geladeira. E mesmo assim, não me lembro do Pabo e da Biane fazendo nenhuma grande merda com a liberdade que eles tinham, dando trabalho e preocupação, enchendo o saco, se envolvendo com quem não devia, nada disso.

Houve um carnaval que passei lá e que íamos (os 3) a um baile no clube, que ficava a uns 300m do prédio onde ela morava. Eu tinha 14 anos. Minha mãe questionou quem ia nos buscar e ela falou que nós voltaríamos sozinhos, porque era um grupão grande de meninada:
- mas, Ivonete, não é perigoso eles voltarem sozinhos, assim tão tarde?
- não, Duziana, quando eles voltarem já vai estar amanhecendo, não vai mais estar escuro, não tem perigo.

Essa era a minha madrinha. E acredito que o jeito descolado dela de ser encontrava eco dentro da minha mãe, porque ela nunca me proibiu de ir pra casa da minha madrinha, nunca boicotou, nunca disse que eu não podia e até onde sei, mesmo tendo perdido o contato, minha mãe se refere a ela com carinho até hoje.

7 Comentários:

Blogger Luciana disse...

São todas essas diferenças elencadas por você e muitas outras que nos tornam amigas e confidentes, clau. E seguramente nos reconhecemos e nos complementamos em várias delas!
grande beijo, amor,
Lu (a mae da filhada!!)

PS.: aguarde um post escrito pela alice plagiando esse seu!!! ;c)

9:18 AM  
Blogger Cláudia disse...

Oba, vou esperar sim!!!
beijo

11:20 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Ai, que coisa mais fofinha! E a Paçoca, gostou?
Beijos,

6:16 PM  
Blogger Cláudia disse...

Paçoca superou todas as expectativas do gostar, Ju!
Ela se esbaldou, ficou até com olheiras, de tanta danação!

6:55 PM  
Blogger mc disse...

Faz todo sentido. Gostei!

9:51 PM  
Blogger Lala disse...

Minha madrinha nem é tão diferente assim da minha mãe. Mas é completamente diferente de mim. DIAMETRALMENTE OPOSTA.
Formada em matemática, organizada, metódica, caseira.
Mas era na minha infância uma grande companheira pra cinema, pra ouvir disco, prum monte de coisas!

Beijos

12:49 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Salve as Madrinhas!!!!
Principalmente a minha... que é a melhor!!!
A mais generosa, a mais conselheira, a mais amiga, a mais moderna, a mais "descolada"...
Amo muito!!!!

3:44 PM  

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