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quinta-feira, agosto 24, 2006

Tolerância Zero... para quem?

Li ontem em algum site de notícias o caso de um menino de 5 anos de idade que teve de se apresentar num tribunal do interior de São Paulo, na frente do juiz, para responder a uma queixa-crime.

Motivo: dois anos antes, o perigoso meliante, que nesta época já contava com a avançada idade de 3 anos, foi acusado de ter jogado uma pedra no vidro de um carro em movimento e quebrado a referida janela. O dono do carro parou, desceu, deve ter dado um chilique daqueles, e nem quis saber do pai pagar o conserto. Deu queixa na delegacia.

E como a nossa Justiça é morosa, eis que o moleque ficou dois anos sem qualquer tipo de punição, até que os policiais foram até sua casa com a notificação de comparecimento ao tribunal. Não conseguiram levar o facínora com eles, porque o mesmo se encontrava na escola naquele mesmo instante. Ele foi depois, acompanhado do pai, perguntando a todo instante se ele ia ficar na prisão.

A polícia do Estado de São Paulo, bem como a Justiça, não deve ter mesmo muito trabalho a fazer, além de ver TV e passar vexame com o PCC, para levar adiante um caso assim.

A começar pelo delegado, que acolheu a queixa do dono do carro, em vez de mandar o cara lavar um tanque de roupa pra parar de frescura. Olha, quem entende de Law & Order pode até me dizer que era obrigação dele, mas cá pra nós, é obrigação dele prender a bandidagem e ele não prende, então...

Fiquei me lembrando de quando eu tinha uns 7 anos de idade e morava numa rua sem saída em Niterói, no Fonseca, ao lado da igreja de São Lourenço. No fim da minha rua, tinha um muro, que nos dividia de um condomínio cheio de prédios.

Uma bela tarde, sem mais nem porque, eu resolvi pegar um tijolo que tava ali no chão e PLOFT! jogar pro lado de lá do muro. Joguei e continuei a brincar até a hora em que apareceu um homem, morador do condomínio, que tinha visto o que eu fiz.

O cara subiu ate minha casa, me dedurou pra minha mãe, deixando bem claro que só tinha se dado ao trabalho de ir até lá porque sabia que eu era uma criança e que eu podia ter machucado seriamente alguém sem querer. E dali ele deu tchau, foi embora, cumpriu seu dever, e me deixou ali, mooooooorrrrta de vergonha e minha mãe com cara feia pro meu lado.

Imagine se fosse o cara do carro de vidro quebrado? Já me vejo sendo intimada no meio da rua, na frente de todos os meus amiguinhos. O GOE isolando a área, com aqueles policiais de roupa preta e máscara, submetralhadoras em punho. Um helicóptero sobrevoando a rua, espantando os cachorros do S. Oscar, nosso vizinho de uns 70 anos que dava cobertura pra molecada quando a gente resolvia pular o muro da casa onde moravam uns caras da TFP (Tradição Família e Propriedade), porque tínhamos certeza de que um dia as equipes da Swat e das Panteras da rua Padre Leandro iam encontrar um cadáver na garagem.

Saia com as mãos para cima!!! Você está cercada!!! Não tente fugir, ou atiraremos para matar!!!

E eu ali, sendo algemada e levada pelo braço para dentro do camburão. Minha mãe chorando e prometendo me levar bolinho na prisão todo domingo. Alguém comentando que eu nunca tinha sido flor que se cheirasse mesmo e que eu sempre tive aquela aparência perigosa de terrorista internacional.

Ainda bem que eu nasci na época em que as travessuras infantis eram tratadas dessa maneira: como travessuras infantis, tendo como punição um olhar atravessado, ter de subir pra casa mais cedo enquanto a galerinha tá toda se acabando lá embaixo, e se a coisa fosse grossa demais, duas palmadas no bumbum e pronto, tava resolvida a questão.

Nossa, que alívio!

8 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Além de morrer de rir com esse "causo", estou perplexa com o mundinho pequeno em que vivemos. Há muito tempo atrás você escreveu sobre uma funcionária sua que nasceu em Atilio Vivacqua (cidade dos meus pais) e hoje descubro que você foi vizinha do meu marido !!! Ele tem mais ou menos a sua idade e morou, nessa mesmo época, na Sergio Vergueiro da Cruz (bem pertinho da Padre Leandro).
Que legal !!

12:25 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Fiquei tão chocada com a notícia que só hoje resolvi comentar. E ainda teve um promotor que achou que o juiz estava certo...quer dizer que o sujeito com 16 anos barbariza mas não vai preso, e sim internado, pois não comete crime, mas infração, e o moleque que mal saiu das fraldas tem que responder na frente do juiz...se conseguir falar de tanto medo.
Juiz de merda, promotor de merda...
Bjs. Rosana.

8:35 PM  
Blogger Cláudia disse...

Cris
como assim??? Jura que seus pais são de Atílio Vivacqua?
E como é o nome do seu marido? Vai que ele fazia parte da SWAT e eu nem tô sabendo...
Onde ele estudava? Eu estudei no Santa Cecília e no Nossa Senhora das Mercês.
Mundinho muito, muito pequeno!

Rosana, para mim isso é fruto da seleção atual de juízes: só quem consegue passar na prova é gente que se formou há pouco tempo, com 30 anos se muito, que não tem a menor vivência ou jogo de cintura pra contornar as situações.

3:04 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Claudia,
Meus pais são de Atílio Vivacqua (Marapé, para os íntimos) e por acaso estão lá esse final de semana para um almoço de confraternização! O nome do meu marido é Victor e estudou no Saramaago e Marília Matoso.
Eu também morei no Fonseca, mas bemmmm mais tarde, quando fui estudar no Uff. Passava pela Alameda São Boaventura todos os dias e era louca para comprar uma casa antiga enorrrrrrme que está "abandonada" há anos, bem pertinho do Mercês. Ohhh mundinho!!
Bjs,

11:40 AM  
Blogger Cláudia disse...

CRIS!!!
CRIIIISSSS!!!!!
EU TAMBÉM QUERIA MUITO AQUELA CASA!!!!!! NÃO ACREDITO QUE AINDA ESTÁ LÁ, DO MESMO JEITO!!!

Mas acho que não me lembro de enhum Victor não, que pena!

Ai, credo, não se pode fazer nada nesta vida que certamente vai aparecer alguém um dia pra dedurar...

9:13 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Pois é. Aliás, a bronca dos pais possuía um efeito muito mais devastador que qualquer cárcere. E, independente das palmadas (ou cintadas, conforme a gravidade do ato), aquele olhar de soslaio, sério, com um nítido ar de reprovação, já me fazia ter a certeza absoluta do tamanho da encrenca na qual havia me metido...

11:52 AM  
Blogger Cláudia disse...

Adauto, nem fale, lembro até hoje da cara da minha mãe. Acho que nem ela se lembra mais dessa história, se duvidar.

6:56 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Claudia,
Pode ficar tranquila, o Victor também jura de pés juntos que não se lembra de você. Quanto à casa, continua lá, abandonada, até hoje. Qualquer dia desses vou dar uma de sem teto, faço uma invasão e faço com que ela volte aos seus dias de glória (sim, aquela casa certamente já teve os seus dias de glória).
Bjs,

7:03 PM  

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