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Local: São Paulo, SP

terça-feira, agosto 16, 2011

A faixa de pedestres

A polícia aqui em sp resolveu apertar e fazer o povo respeitar a faixa de pedestres. Pra mim não muda nada, cidadã brasiliense adotada que sou, parar na faixa e esperar o pedestre atravessar é o normal. Ou melhor, vai melhorar, porque muitas vezes eu não posso parar porque o carro que vem atrás vai encher a minha traseira, então fico naquela de diminuir a velocidade pra ver se o cara percebe, se o pedestre consegue atravessar rapidinho, aquela gambiarra.

A imprensa divulgou que o número de atropelamentos não se mexeu muito desde que a policia começou a multar os carros que não respeitam a faixa. Isso não me surpreende nem um pouco. Não me lembro quando nem onde li uma pesquisa que revelava que de cada 10 atropelamentos, 9 são culpa do pedestre. 90%. Basta uma observação nas ruas para constatar que este número não está distante da realidade.

Agora mesmo, no jornal local, a notícia de que um bebê de um ano estava na calçada com a mãe e saiu engatinhando até a rua, onde foi atropelado por um carro e morreu. Como um bebê de um ano pode ficar solto numa rua movimentada, sair engatinhando para o asfalto e a mãe só notar depois que o carro já passou por cima? Aí vem a chamada: transito violento em São Paulo. O motorista não estava bêbado, nem acima da velocidade permitida, onde está a violência?

Por conta da confecção, tenho de ir muitas vezes ao Brás e ao Bom Retiro, onde há grande concentração de gente nas ruas. Eu tenho 10 vezes mais medo de atropelar alguém naquelas bandas do que de ser assaltada por exemplo. As pessoas não têm o menor pudor em atravessar na frente dos carros ainda em movimento, de não esperar o semáforo fechar, de sair correndo na frente de um caminhão. Vai que tropeça, cai, o motorista jamais terá tempo de frear, e o trânsito é violento?

Hoje mesmo posso listar algumas situações perigosas nas quais o motorista não tem nada a ver: o povo espera o sinal fechar para atravessar. Só que não espera na calçada, espera já quase no meio da rua, com os carros passando bem pertinho. Se um desses carros por acaso tiver de desviar do que quer que seja - outro pedestre, por exemplo - atropela a criatura; mulher vai atravessar a rua, empurrando carrinho de bebê. Sai detrás de um carro estacionado e vai olhar se está vindo algum carro na rua... com o carrinho do bebê à frente. Ou seja, quando ela finalmente tem visibilidade da rua, o carrinho está quase no meio dela. Se na hora estivesse passando um carro, não daria tempo de frear e não atingir o carrinho; faixa de pedestres a apenas um carro de distância e povo descendo do onibus e atravessando entre os carros em movimento, alguns fazendo sinal pro carro parar; ciclista andando no contrafluxo em rua estreita e movimentada.

Essas são somente algumas. Passe pela rua Luis Migliano, aqui no Morumbi, onde há uma favelinha. A rua é larga, movimentada, e o que mais se vê é a mulherada sentada no meio-fio, conversando e descascando mixirica, e crianças bem pequenas brincando na rua, no asfalto, correndo umas atrás das outras. Numa dessas, se distraem, e lá vai o coitado do motorista responder a um processo, fora a tristeza e a dor de ter matado uma criança. Não tem área de lazer, concordo, mas bem ao lado tem uma ruazinha pequena, se movimento, vai até ali pras crianças brincarem, e não na beira da avenida.

Entre os shoppings Morumbi e Market Place há uma avenida com canteiro no meio, três faixas pra lá, três pra cá. Ligando os dois shoppings, uma passarela, com elevador e tudo. O local é movimentado, geralmente policiado, há a segurança do shopping, mas a quantidade de gente que atravessa de um lado pro outro pela rua, onde não há semáforo, geralmente correndo quando dá uma brecha, é imensa. Incluindo eu, aliás, por pura preguiça de subir a passarela.

Continuo achando que a policia tem sim de orientar a população e exigir o cumprimento da lei. Não é assim tão dificil, é um caminho longo e que só será vencido pela persistência, como foi em Brasilia - e vamos deixar claro aqui que lá há uma quantidade enorme de faixas de pedestres, todas muito bem sinalizadas, e iluminadas durante a noite. Mas o que vale para o cidadão comum deveria valer também para a policia.

Hoje, no Bom Retiro, fui atravessar uma rua, na faixa de pedestres. Vinha um carro de policia, sirene desligada, giroflex desligado, velocidade normal, de patrulhamento. Comecei a atravessar a rua, o carro vindo, eu parei no meio da faixa de pedestres e o carro da polícia passou por mim, devagar, na maior tranquilidade, sem nem cogitar em parar para que eu, cidadã, terminasse de atravessar PELA FAIXA DE PEDESTRES.

Então, senhor governador do Estado, antes de exigir que os cidadãos comuns cumpram a lei, usando inclusive do recurso da multa para isso, comece a exigir o mesmo daqueles que são os responsáveis pelo cumprimento dela.

Pra dar uma certa credibilidade sabe como?