É o seguinte... tá bem?

Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, SP

domingo, fevereiro 12, 2012

The greatest fear of all

Essa semana, uma das aulas que eu tive foi sobre comportamento, consciente, inconsciente etc e como isso poderia ser aplicado na formaçao da sua equipe de trabalho, no trato com clientes e fornecedores e até com sua própria equipe, visando melhores resultados.

É um dos assuntos mais apaixonantes, não? Porque inconsciente é algo que todos temos e todos de alguma maneira tememos, pois lá estão as coisas com as quais não lidamos, ou lidamos mal, ou não suportamos. Enfim, um lago profundo.

E aí ontem morreu a Whitney Houston, cujas músicas foram trilha sonora da minha vida, e o impacto da morte dela - eu fiquei realmente chocada e impactada - fez surgir do meu inconsciente uma história que eu achava que nem me lembrava mais. Com uma riqueza de detalhes tão impressionante que hoje eu sei que sufoquei essa história porque ela ameaçava meu mundo seguro e conhecido.

Tinha eu 18 anos, trabalhava na Petrobrás e estudava na UnB. Como passava o dia no trabalho, fazia matérias à noite - a UnB tem um interessante sistema de créditos, você mesmo compõe o seu horário dentro de critérios préestabelecidos, com matérias obrigatórias e uma carga x de matérias optativas, que você escolhe o que fazer.

Com isso, eu fazia matérias optativas no Direito e na Economia. O Direito era em um prédio separado do prédio principal da faculdade, meio isolado, dava até um certo medo.

Na minha sala das matérias de Direito, havia o Ricardo. Ficamos muito amigos, conversávamos muito, ele devia ter uns 3 ou 4 anos a mais que eu, e por coincidência morava no bloco atrás do meu na 304 Sul. Muitas vezes eu voltava de carona com ele pra casa, eu era noiva do que viria a ser meu marido, que morava no Rio de Janeiro, ele era noivo de uma menina que morava em Niterói

Ricardo era um gentleman, abria a porta do chevette azul-celeste metálico - o equivalente a um i30 talvez, na época - para eu entrar, descia e abria de novo para eu sair. Inteligente, bom papo, cheio de planos para o futuro. E devo dizer que não era nem um pouco bonito, apesar de bastante charmoso.

Assim seguia a vida, colegas de classe que moravam na mesma quadra, até que uma noite ele me deu carona para casa, como já tinha feito tantas vezes, e o assunto era nossos respectivos noivos, que moravam longe, coincidentemente no mesmo Estado. Parou no estacionamento entre nossos dois blocos, para que eu descesse, olhou pra mim sério e falou:

- a gente bem que podia trocar né?

E eu respondi:

- é mesmo. Sua noiva podia vir morar aqui e eu ia morar em Niterói.

Ele, ainda sério, sem dar uma risadinha sequer:

- não. Você termina com seu noivo e fica comigo, e ela fica com o seu noivo.

Eu simplesmente não sabia o que responder, fazer, agir. Ele lançou a proposta da forma mais direta possível, sem rodeios, e ficou esperando o que eu ia dizer. Sem risinho, sem fazer um único movimento na minha direção. Eu nem sei o que respondi, mas saí do carro quase voando, com o coração batendo a mil. Encontrei-o na aula no dia seguinte e ele não me cobrou a resposta. Eu já sabia que ele ia para o RJ no fim de semana encontrar a noiva, e ele voltou de lá sem a aliança, tinha terminado o noivado. Disse que não tinha mais vontade de se casar com ela e que ela tinha de saber.

Era para valer a proposta, ele reforçou. Eu comecei a evitar as caronas, ficava enrolando do lado de fora da sala de aula até a aula quase começar para não dar tempo de conversarmos. Só não passei a sentar lá do outro lado da sala porque não havia lugar disponível, as pessoas já sentavam meio que nos mesmos locais. Tentei inclusive cupidar minha cunhada para namorar com ele.

Pânico geral.

Como terminou essa história? Meu então noivo acabou sabendo sobre as caronas e quase teve um troço. O semestre acabou, eu saí da Petrobrás e voltei a estudar de dia. Nunca mais vi o Ricardo, e ele, mesmo morando no bloco atrás do meu e sabendo onde eu morava, não avançou um único passo, a menos que eu dissesse sim.

O que a Whtiney Houston tem a ver com tudo isso? Tocava Whitney Houston no rádio do carro quando ele me fez a proposta. Quando o meu mundo seguro foi ameaçado. E hoje, lembrando de tudo isso de uma vez, eu me lembro de um ponto importantíssimo: eu fugi, eu me esquivei, eu tremi na base, mas eu nunca, em momento algum, respondi simplesmente não.

Só porque é linda

La Barca
(Luis Miguel)

Dicen que la distancia es el olvido,
Pero yo no concibo esta razón,
Porque yo seguiré siendo el cautivo
De los caprichos de tu corazón.

Supiste esclarecer mis pensamientos;
Me diste la verdad que yo soñé;
Ahuyentaste de mí los sufrimientos
En la primera noche que te amé.

Hoy mi playa se viste de amargura,
Porque tu barca tiene que partir
A cruzar otros mares de locura
(Cuida que no naufrague en tu vivir).

Cuando la luz del sol se esté apagando
Y te sientas cansada de vagar,
Piensa que yo por ti estaré esperando
Hasta que tú decidas regresar.

Supiste esclarecer mis pensamientos;
Me diste la verdad que yo soñé;
Ahuyentaste de mí los sufrimientos
En la primera noche que te amé.

Hoy mi playa se viste de amargura,
Porque tu barca tiene que partir
A cruzar otros mares de locura
(Cuida que no naufrague en tu vivir).

Cuando la luz del sol se esté apagando
Y te sientas cansada de vagar,
Piensa que yo por ti estaré esperando
Hasta que tú decidas regresar.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

E olha que na época dele nem existia Facebook...

Poema em linha reta
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Enquanto isso, na lojinha dos uniformes escolares 2...

... mãe vai comprar os uniformes da prole:
- olha você TEM que me dar um desconto porque eu tenho 3 filhos, tô comprando uniformes para 3!

Respostas possíveis:
- a óbvia: teve 3 porque quis, já que não são trigêmeos;
ou
- quando você vai ao supermercado comprar arroz e feijão, você diz pra caixa que ela TEM que te dar um desconto porque você tem 3 filhos e tá comprando comida para 3?