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quarta-feira, novembro 27, 2013

BLITZ! DOCUMENTOS!

O facebook hoje bombou de indignação por causa de um texto publicado em uma revista destinada a grávidas e mães de criancinha, no qual a jornalista supostamente detonava o leite materno e enaltecia o leite em pó.

Eu não li o texto, não deu tempo, já tinha sido tirado do ar, só li uma espécie de retratação. Mas não é porque eu não li que não vou palpitar, certo? Afinal, falam da vida da gente sem saber o que se passa, por que razão não posso eu falar sobre um texto sem tê-lo lido?

Quando Bela nasceu, eu não consegui amamentar. Ela ficou magrelinha, gemia, choramingava, não dormia direito, e eu no maior desespero, até minha mãe diagnosticar, precisa: é fome. Compramos o Nan e, para ela não perder o hábito de mamar no peito, dei de colherinha, junto com a chupeta, um trabalho do caramba, nem sei quanto tempo pra garota tomar 40ml de leite. Depois disso, ela dormiu umas quatro horas seguidas. QUATRO HORAS. Até suspirava de satisfação, a pobrezinha.

Claro que aquele esquema colherinha + chupeta não tinha como se sustentar, porque levava uma vida inteira. Aí o pediatra recomendou que antes de eu dar a mamadeira, eu a colocasse no peito para mamar, para estimular a produção de leite. E eu fazia isso todas as vezes em que ela ia mamar, dia e noite. Além de tomar cerveja preta, comer broto de alfafa e pentear os seios com um pente virgem quando estivesse debaixo do chuveiro.

Imagina o trabalho que era essa operação toda - a de colocar para mamar no peito antes da mamadeira, porque a do chuveiro eu desisti assim que caí em mim e percebi o ridículo da situação. E como Isabela não nasceu burra, chegou uma hora em que, quando eu a colocava no peito, ela abria o berreiro. Pudesse falar e gritaria: PQP, DE NOVO ESSA TORTURA???? Antes ela ainda mamava sofregamente, tadinha, por alguns minutos até perceber que não rolaria comida ali, mas não demorou pra pescar a situação e entender que quando ela chorava eu desistia daquilo e dava leite pra ela.

A isso somava-se o fato de que todas as publicações, TODAS, fazem questão de frisar que TODAS as mulheres podem amamentar, até as que adotam, que só não amamenta quem NÃO QUER. Com o adendo de eu ter tido de fazer uma cesariana, porque com quase 42 semanas de gestação a barriga continuava lá no nariz e Isabela nem dava sinal de que sairia dali de dentro um dia - estaria lá até hoje, se não tivessem tirado. Juntando com ela não ser exatamente um bebê gordinho e nem dormir religiosamente no mesmo horário. E tudo isso coroado com o fato de eu ter 20 anos de idade, um recém-nascido no colo, ter acabado de deixar de ter vida de filha para ter vida de mãe, e nenhuma segurança de opinião, apesar de toda a coragem do mundo.

Resumindo: eu me sentia a mais incapaz das incapazes mães. A que não conseguia amamentar quando todas conseguiam. A que NÃO QUERIA amamentar, porque se só não amamentava quem não queria, então eu não queria, certo? Eu era egoísta o bastante para negar à minha bebezinha o leite materno que a protegeria de todos os males do mundo e ela cresceria doentinha, debilitada, com todas as doenças do mundo assolando seu corpinho.

A vida se encarregou de me tirar essa culpa dos ombros, e o fato da Isabela ter uma saúde de ferro idem. Aos poucos, fui vendo que o leite materno era apenas uma das formas de amor que eu podia oferecer para minha filha, e não a única. Se eu tivesse tido outro filho, eu certamente teria tentando amamentar, mas se não tivesse sido possível, eu não teria ficado tão mal como fiquei, por tanto tempo. Nem sei dizer quantas noites eu chorava baixinho, ensopando os cabelinhos dela, dando a mamadeira, olhando em seus olhinhos e pedindo perdão milhares de vezes.

Nenhuma mãe de primeira viagem merece isso. É uma tortura psicológica totalmente desnecessária e cruel, sobre um ser humano que tem diante de si uma imensa responsabilidade, cuja vida acabou de mudar radicalmente, e para sempre, e ainda nem sabe lidar com isso direito.

Bela, quando tinha uns 2 anos de idade, começou a dar uma entonação diferente no final de palavras como tapete. Porque antes ela falava tapeTE e passou a falar tapeCLHI, algo assim esquisito. Como ela começou a falar muito cedo, com 2 anos ela formava parágrafos inteiros. E por conta da terminação esquisita que mencionei acima, povo caiu matando que eu tinha de levar numa fono para CORRIGIR. Dois anos de idade? Felizmente o avô paterno, médico das antigas, disse que o importante era ela se comunicar, que ainda era muito pequena para isso, que era muita frescura em cima da menina. Descobrimos que na verdade ela começou a querer imitar o sotaque carioca da gente, que fala tapeTXI, mas não conseguia, e em pouco tempo ela voltou a ser a paulistaninha que sempre foi, falando tapeTE. Foi também o avô paterno, ortopedista, quem deu um chilique quando sugeriram que ela usasse botinha com um ano de idade, porque pisava torto, tinha pé chato. Como ele disse, chatos são os pais que querem que a criança use botinha mal começa a se firmar de pé. Que a criança está fazendo de tudo para se equilibrar, e nessa fase vale tudo, desde que a criança encontre firmeza e tenha confiança para caminhar, que somente mais tarde é possível detectar problemas  que exijam intervenção, a menos que sejam muito gritantes, como um pezinho torto totalmente virado para dentro.

O grande problema não é amamentar ou dar leite em pó. O problema é a PATRULHA. Se mama é porque mama, se não mama é porque não mama. Se  é do tipo mais magrinho, é porque é magrinho, se for mais gordinho, cuidado, vai ser obeso, veja só! Se chupa dedo é porque chupa dedo, se chupa chupeta é porque chupa chupeta e se não chupa nada é porque não chupa nada. Aliás, sobre chupar dedo, recentemente uma amiga que tem uma coisica gostosa de 5 meses foi levemente massacrada em uma festinha de amigos comuns. Tudo porque seu bebê chupa o dedinho - aliás, é uma fofura criança chupando dedinho né? Chupeta idem, ficam com uma carinha tão de "me mima?". Que o dente entorta, o céu da boca, o dedo afina, murcha, apodrece, cai. E a coitada já deve ter escutado tanto sobre o assunto que já fala sobre praticamente se desculpando pelo fato. Vai fazer o quê, meu povo, amarrar a mãozinha do garoto pra ele não chupar o dedinho? A gente sabe que não é a melhor coisa do mundo, mas, na boa, também não é a pior, concorda? Nenhum mal irreparável, e se no futuro tiver de usar aparelho por conta disso, usa ué. E quem garante que ele não vai deixar o hábito antes do que se imagina? E colo? VAI ESTRAGAR A CRIANÇA!!! Eu digo que tem mais é que ficar com o bebê pendurado no colo o tempo todo que puder mesmo, porque mal começam a andar e não querem mais saber, e a gente fica atrás, implorando que queiram um colinho,...  que de uma hora para outra fica tão vazio... Mesma coisa dormir na cama dos pais. Concordo que não seja bom, que a criança deve dormir na própria cama, mas de verdade, o que tem de tão terrível, naquela manhã chuvosa de domingo, pegar o bebê e colocar ali juntinho para poder ficar mais tempo na preguicinha? Ou naquela noite que dá saudades, deixar seu filho dormir grudado em você. Coisa mais deliciosa, depois crescem e nunca mais querem saber da gente dormindo fungando no cangote deles, não vão querer dormir na cama da gente pra sempre não - infelizmente.

Como diz a Isabela: Mãe, como você é carente!

Então, eu repito: não li o texto, não sei o que estava escrito lá, mas prefiro apostar que a jornalista foi apenas infeliz nas colocações, usou mal as palavras, tentou ser engraçadinha e não deu, quis dizer uma coisa e saiu outra, e em tempos de redes sociais, isso virou uma bomba. 

Se não foi isso, é uma cretina. Como de resto são todos aqueles dispostos a apontar o dedo e criticar tudo e todos, como se fossem donos da verdade ou as melhores pessoas do mundo.