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quinta-feira, dezembro 27, 2012

Um Amor Verdadeiro

Eu já falei aqui no blog que gosto muito do filme Um Homem de Família, e milagrosamente eu não o assisti nenhuma vez neste Natal, acho que as TVs se cansaram de passá-lo nesta época do ano. Gosto em especial da parte em que a personagem da Tea Leoni diz à personagem do Nicolas Cage que a escolha dela era sempre eles - ele, ela, a família que construíram - e isso explica de forma muito doce o motivo dela não se sentir frustrada com a vida limitada - na opinião dele - que eles levavam.

Outro filme que sempre me encanta quando assisto é Um Amor Verdadeiro, com a Meryl Streep e a Renée Zellweger como mãe e filha. A filha é uma jornalista com a carreira em ascensão que se vê obrigada a sair de NY, onde mora, para voltar para a cidadezinha onde moram seus pais. A mãe está morrendo, de câncer, e o pai diz à filha que ela tem de cuidar da mãe. Assim, compulsoriamente.

E é na maior má vontade que ela começa a cuidar da mãe, porque ela sempre achou a mãe uma idiota e o pai, um gênio, professor da Universidade, escritor, para ela, o pai era o máximo e a mãe uma tonta sem objetivos na vida, com ocupações bestas como decorar a pracinha para o Natal, cantar no coral da comunidade e outras atividades que só mereciam o desprezo filial.

À medida que a mãe vai piorando e a filha cada vez mais assumindo as funções maternas dentro de casa, ela descobre que as coisas não eram bem assim. Que o seu pai, que era seu ídolo, é um homem fraco e cheio de frustrações. Que sua mãe, aquela tonta, é na verdade o esteio da família, a base de tudo, a que sustentava o equilíbrio familiar, inclusive e principalmente do seu pai - um homem incapaz de lidar com a vida como ela é.

Nem sei porque me lembrei deste filme agora. Talvez por ter voltado da casa dos meus pais e cada vez que vou lá eu penso que só comecei a entender mais a minha mãe depois que eu mesma me tornei mãe. Acho que é comum que as meninas achem os pais o máximo e se esqueçam de perceber que ninguém brilha sozinho.

Mas isso, ninguém ensina. Só a vida.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

O fim do mundo

Hoje pela manhã eu peguei um engarrafamento de duas horas quase, por conta de um acidente muito feio, no caminho do meu trabalho, no qual um motoqueiro na contramão bateu de frente com um carro, caiu da moto e foi atropelado por vários carros que não conseguiram nem parar nem desviar. O acidente tinha sido bem cedo, mas até chegar perícia, rabecão etc... enfim, muito triste.

Enquanto estava no trânsito, fiquei ouvindo o noticiário e o assunto era o fim do mundo amanhã. O que você faria se o mundo fosse acabar mesmo, e todos os comentários relativos ao fim do mundo, e a piadinha mais que batida de que o fim do mundo foi cancelado no Brasil por falta de estrutura para eventos desse porte e por aí vai. Eu, particularmente, fosse o mundo acabar amanhã de verdade, pegava a minha Tuca, além das meliantes Cindy e Cora, me mandava pra Brasilia e me aboletava na casa dos meus pais, com minha irmã, cunhado e sobrinhos - inclusive os caninos - junto. Todo mundo comendo bacalhau e salada de frutas, feitos pela minha mãe.a

Duas horas de engarrafamento e a gente tem tempo pra fazer um monte de coisas né? Soubesse eu fazer as unhas, tinha dado até pra pintar de vermelho e secar. Fiz lista de nomes para os presentes de Natal, mandei sms prum monte de gente, teria entrado no facebook caso a conexão estivesse funcionando - da Tim, é querer demais - e claro, filosofando comigo mesma.

Para muita gente, o mundo acabou mesmo. Pensei na família daquele motoqueiro, imagine você ter um filho, irmão, morto estirado no meio do asfalto e não poder nem chegar perto, por horas, porque é preciso esperar pela perícia? E os quatro que morreram afogados na Praia Grande, todos da mesma família? A gestante que perdeu o bebê tão desejado e esperado, filhos que perderam os pais, pessoas que perderam irmãos, pais que perderam os filhos. O trabalhador que perdeu seu emprego e não sabe como sustentar a família, o que foi assaltado, o que sofreu violência, alguém que tem uma pessoa querida sequestrada, o empresário que vê seu negócio falir. A morte ou o sumiço de um animalzinho de estimação querido.  A traição do marido ou da mulher, um divórcio de alguém que se ama. Uma doença grave e incurável.

O mundo de qualquer um de nós pode acabar a qualquer momento, ainda que seja para se reconstruir depois. Portanto, todo dia pode ser a véspera do fim do mundo para cada um de nós, do fim do mundo como o reconhecemos, do fim do mundo que construímos para nós.

A cada um de nós, cabe fazer com que esse nosso dia, essa possível véspera do fim do mundo, seja sempre o melhor dia que você seja capaz de proporcionar a si mesmo.

sábado, dezembro 01, 2012

Paradise is here, como diria Tina Turner

Eu sou uma pessoa sociável, e gosto de redes sociais, pois são mais uma forma de manter contato com meus amigos e minha família, fonte de diversão e de observação. Como jornalista - não -praticante, mas a alma continua sendo de jornalista - adoro histórias de gente e comportamento é um assunto que sempre me interessou.

O que me incomoda nas redes sociais - basicamente o Facebook, não uso o twitter por não ver o menor sentido nele - é o pedantismo e a arrogância das pessoas que se investem como paladinos da moralidade, da correção e do bom-mocismo. Quase sempre, as palavras não acompanham a atitude, como é comum em quem se arvora de engenheiro de obra pronta, de professor Pasquale que ninguém chamou no assunto, ou de revoltado profissional.

A pessoa não se contém e corrije o erro de português de alguém, como se nunca na vida tivesse trocado um s por um z. É bastante provável que a pessoa que nunca na vida trocou um s por um z não corrija quem errou, porque isso é de uma falta de educação incrível. Quer corrigir um amigo que cometeu um erro de português? Manda uma mensagem privada para ele, não fique querendo arrotar conhecimento e constranger alguém publicamente. A pessoa se defende dizendo "ah eu gosto que me corrijam". Gosta nada, ninguém gosta, publicamente. Faça isso de forma privada, e somente se for com a intenção de que seu amigo não seja ridicularizado. Mais ou menos como se você percebesse que uma amiga sua está com uma melequinha aparente no nariz: você chama ela num cantinho e avisa bem baixinho ou aponta com o dedo no meio da rodinha, falando alto?

Ou, se o faz publicamente, tenha a absoluta certeza de que você domina o idioma e que NUNCA, nem que o mundo caia sobre ti, nem se Deus mandar ou mesmo assim, irá se esquecer de um acento, colocar um x onde devia ser ch e tropeçar na concordância verbal.

Temos também os pais cujos filhos foram sempre super bem-educados, cujos filhos nunca fazem nada errado, nunca jogaram um papelzinho no chão, nunca ouviram música alto, nunca responderam atravessado, nunca fizeram uma malcrianção, enfim, são uns exemplos de correção. Só me lembro das reuniões na escola da minha filha, aquela classe de 20 alunos, pais e mães jurando por Deus que seus filhos de oito anos NUNCA MENTIAM - e somente a Isabela, o Guilherme e o Giancarlo, amiguinhos dela, eram os meliantes que mentiam, tentavam dar a volta na gente, ficavam de castigo por isso, confessados por nós, suas mães como se isso fosse a coisa mais natural do mundo - não sei de onde tiraram a máxima de que criança não mente, eles têm começado cada vez mais cedo! - , com as demais nos dando conselhos e sugerindo que nossos filhos precisavam de tratamento psicológico oh céus! Nessa linha, todos os filhos facebookianos ajudam velhinhas a atravessar a rua, cedem o lugar no transporte público, tiram notas boas e rezam antes de dormir.

Por falar em transporte público, e o povo que desabafa que São Paulo não suporta mais tanto carro na rua, que estão fabricando mais e mais automóveis e facilitando que OS POBRES comprem carros? Pergunta se essa criatura tem carro na garagem? Muitas vezes mais de um. Se anda de metrô? Ônibus? Táxi que seja. Estava lendo o post em uma das páginas que acompanho, de uma mulher reclamando que antes, para ir até a padaria que fica a 700m da casa dela, ela levava X tempo e agora leva Y porque fizeram um canteiro central na avenida e ela tem de dar a volta. A pessoa pega o carro para andar 700 METROS e está reclamando que o trânsito está cada dia mais impossível? Concordo com todos os argumentos de que a cidade anda tão perigosa que mal dá para andar a pé, mas deve haver alguma alternativa diferente do que pegar o carro e sair de casa para ir a uma padaria que fica tão perto.

Ou bradam que nunca estacionaram numa vaga de deficiente ou de idoso, batem no peito ressaltando isso, esperando as palmas dos demais. Lamento dizer que não parar na vaga de deficiente ou de idoso não é um ato heróico e sim OBRIGAÇÃO, mais obrigação do que escovar os dentes todas as manhãs, já que ficar com dentes podres não é proibido por lei e eu não vejo ninguém postando o quanto é sensacional por ter escovado os dentes ao acordar.

Há também os que criticam quem se dedica à proteção animal, dizendo que tem tanta criança abandonada por aí... e claro que são essas pessoas as que justamente nada fazem, seja por bicho, planta ou gente, pois eu defendo a tese de que quem faz algo de bom por bicho, planta ou gente, reconhece o trabalho do outro, e o valoriza, pois são todos parte de um projeto por um mundo melhor. Os que bradam contra a homofobia e "até gostam dos homossexuais", os que nunca levam desaforo para casa, os fodões, os que sempre se dão bem em tudo, os que enaltecem os próprios gestos como sendo fruto de uma alma iluminada, quando muitas vezes deveriam ser obrigatórios.

Se usássemos o facebook para espelhar a raça humana, não conseguiríamos jamais entender porque existem guerra, fome, intolerância, crianças mal-educadas e que mentem para os pais e professores, crimes, bullying e toda sorte de mazelas. Nenhum bebê jamais nasceria de parto cesariana e todos seriam amamentados exclusivamente no peito até os seis meses de idade, decretando a falência das fábricas de mamadeira e o fim do Nan.

Nem ninguém nunca engoliria sapos, ou faria algo contra a vontade.
Nem haveria um único lixo fora da lixeira. 


Isso me cansa sabe?