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terça-feira, março 28, 2006

Casamento anos 80 - o figurino

Ok, ok, foi ela quem começou a onda e depois a gente só continuou.

Não existiu em toda a história da humanidade vestido de noiva mais copiado do que o da Lady Di. Incluindo o meu.

Ao contrário do que possa sugerir este post, meu vestido de noiva foi bem simplesinho para os anos 80. O motivo é que até uns dois ou três meses antes do dia do meu casamento, eu achava que seria possível convencer a minha sogra a fazer a minha cerimônia e festa de casamento no jardim da casa dela. Em Brasília, as casas têm gramados enormes, terrenos amplos e eu sonhava com algo assim.

Por conta disso, apesar das mangas bufantes praticamente obrigatórias de então, meu vestido era bem leve, com uma caudinha discreta, bordados foscos, véu curto na já citada grinalda de torsade de cetim com pérolas. O tchan ficou por conta do buquê: uma cascata (mó moda!) de orquídeas. Naturalmente que não foi este o buquê que eu joguei e que acertou na testa da horrorosa amiga da minha sogra (a qual casou-se um ano depois, com um dentista, vejam vocês!), eu teria matado a criatura.

Eram os anos 80, porém, e os convidados e familiares se encarregaram de dar o tom da situação. Começando pela minha irmã, uma das madrinhas, totalmente de preto em pleno altar, com uma trança postiça compriiiiiiida assim meio de lado com um arranjo sei lá do que, tela, eu acho, prateado, que lembrava bem uma couve-flor. Me vinguei em grande estilo no ano seguinte, sendo madrinha de csamento dela com um vestidinho balonê curtérrimo, tomara que caia, de tafetá furta-cor em tons de roxo. Um mimo.

Minha mãe estava de cor-de-mãe-de-noiva-anos-80: azul royal. Não sei porque imaginam que mãe de noiva tem de vestir azul royal, verde petróleo ou vinho. Quando minha filha se casar, juro que irei de amarelo! Além de tudo, estava de casquete, aquele chapeuzinho que não tem o tampo, com um veuzinho meio que cobrindo parte dos olhos. Lembro-me de quando entrei na igreja e cheguei até o altar e dei de cara com minha mãe: a maquiadora tinha feito uma maquiagem BRANCA nela, de maneira que minha mãe, que já é bem branquinha, parecia que tinha visto um fantasma, ou feito um tratamento cutâneo à base de água sanitária, salvando-se apenas os lábios vermelho-sangue. No ano seguinte, casamento da Rosana, convenci-a a usar um vestido rosa antigo e fazer maquiagem no mesmo salão da noiva. O efeito foi beeeeemmmm outro!

A irmã do noivo vestia um modelito de tafetá chamalote (felizmente baniram este tecido da face da terra, ou ao menos da face da moda, porque eu pensava que não se podia riscar um fósforo que a pessoa queimaria inteira em segundos) vinho, tomara que caia, todo drapeado com um babadão no final, e, para dar aquele toque chique, luvas até acima do cotovelo, ó céus! Uma tia do noivo foi de vestido longo assim meio de oncinha, vão vendo...

Mas o toque especial da festa ficou por conta do figurino da mãe do noivo. Feche os olhos e tente imaginar uma mulher de mais ou menos metro e meio de altura vestindo um vestido longo com basque (aquele babado na altura da cintura/quadris, armado), casaco curto com gola armada, tudo de tafetá roxo com lilás, estilo double face.

O que não era roxo era lilás; o que não era lilás, era roxo. Sapatos forrados com o mesmo tecido. E para completar, um arranjo de flores nos tons do vestido, que começava no alto da cabeça e ia descendo pela lateral até se juntar com a gola armada de babado do casaquinho. Assim, um mix de roxo com lilás e lilás com roxo, de babados, basques, tafetás e brilhos, distribuído em um território tão pequeno que não dava pra saber onde começava um e terminava o outro.

Prometo fotos, as quais serão deixadas em meu testamento com a expressa recomendação de serem publicadas aqui após a abertura do envelope!

sábado, março 25, 2006

Fritando na cama


A razão para eu estar de pé às 3h40 da manhã escrevendo este post não é que voltei a mil de uma balada e resolvi escrever para ver se o sono vem.

A razão é que eu não consigo me desligar dos assuntos do dia-a-dia quando vou dormir. Carrego todos para a minha cama. No começo da noite, beleza, relaxo, vejo um pouco de Tv e capoto. Mas quando chega no meio da madrugada, quando o corpo já teve umas horas mínimas de sono necessárias, PÁ!, eu acordo de uma vez só, super alerta, e não consigo mais dormir, pensando em tudo o que tenho de fazer para dar conta dos meus clientes.

Até o final de março, estarei neste ritmo. Março é o mês do Field Day, jogos internos do colégio da minha filha. 47 classes, cada uma delas com sua camiseta própria, na qual os alunos só têm determinada a cor (amarela, azul, vermelha e verde - os tons podem variar). Cada turma deve arrumar um patrocinador para sua camiseta e é auxiliada nesta tarefa por uma mãe representante de classe, que normalmente não tem nenhuma noção de que maneira uma camiseta fica pronta e sai inventando coisa impossível. Sem contar as totalmente sem critério que ligam PARA MINHA CASA para falar do assunto.

Uns colocam, além do patrocinador e da série, o nome individual, ou apelido (e aí aparece cada coisa que eu rolo de rir!). Outra sala quer colocar a série na manga. A outra, os nomes de todos os alunos em caracol colorido (disposição que inventei no ano passado para a turminha patrocinada por nós e da qual me arrependi amargamente, porque várias turmas adoraram e pediram pra repetir, só que dá um trabalho...). Enfim, imaginação é o que não falta pra molecada.

E nem pra nós, que já fazemos esses jogos há 4 anos e resolvemos inventar uns modelos diferentes para as camisetas ficarem mais legais. Isso foi ótimo há 4 anos, quando fizemos umas 4 ou 5 turmas.

Este ano, faremos camisetas de 28 classes (U-HUUUU!!!!!!), motivo para comemorar e para eu perder o sono.

28 clientes diferentes a mais, cada um com suas idéias e expectativas, além do movimento habitual da confecção.

28 clientes diferentes a mais, e a obra de ampliação da avenida na nossa porta, tumultuando a vida.

28 clientes diferentes a mais, uma funcionária de férias, a outra de licença-maternidade e um terceiro que se casa hoje e fica uma semana fora (logo a semana final).

28 clientes diferentes a mais, tendo apenas 10 dias para definir e confeccionar tudo.

28 clientes diferentes a mais e eu aqui de madrugada, escrevendo este post, quicando de ansiedade.


a abertura dos jogos escolares do Colégio Pio XII é neste sábado, dia 1 de abril. É uma festa escolar que eu adoro, porque simboliza integração, harmonia, espírito de participação. Eu sempre vou de máquina fotográfica em punho, pra fotografar meus filhotes: a Isabela e as camisetas das classes confeccionadas por mim. Na hora do desfile, quando passa uma turma vestida com camiseta da IC, fico lá igual mãe de miss, fotografando minha cria e achando que minhas horas de sono perdidas valeram mesmo a pena!!

quinta-feira, março 23, 2006

Brinquedos anos 70



Eu me lembro bem quando eu era pequena, no Natal dos meus 4 anos de idade. Ganhei uma boneca chamada Gui Gui. Você abria e fechava os bracinhos dela e ela virava a cabecinha de um lado para o outro e dava gargalhadinhas. Apesar de leve semelhança com a posterior noiva do Chuck, porque havia um quê de tétrico em uma boneca que ficava sempre com aquela expressão risonha na cara, eu adorava a minha Gui Gui.

GuiGui era megafashion, vestida com o auge da moda dos anos 70: vestidinho curto parte liso, parte xadrez, abotoado na frente como se fosse um casaco, de capuz. E botinhas brancas. Passei um bom tempo da minha vida querendo ter um figurino como o da Gui Gui. O vestido eu nunca tive; as botinhas brancas, vim a tê-las 10 anos depois, mas aí já eram os anos 80 e TODO MUNDO que REALMENTE CONTAVA tinha bota branca, de maneira que não era assim uma vantagem, mas acima de tudo uma obrigação.

Gui Gui foi a única boneca que eu quis guardar pra mim. E sobreviveu intacta, na casa da minha mãe, por longos anos. Eu planejava dar a Gui Gui pra Isabela quando ela fosse maiorzinha até que minha mãe deu a triste notícia de que, na mudança de um apartamento para o outro, o tosco do cara da mudança, visto que a caixa não fechava com a boneca em pé lá dentro, arrancou a cabeça dela pra poder caber. Mas não é um imbecil? Então quando ele for comprar uma calça comprida e o zíper não subir, ele por acaso vai cortar o pinto dele fora???

Mas se houve um brinquedo que eu realmente adorei este brinquedo foi um forninho elétrico da Atma. Para os mais novinhos, Atma era um fabricante de brinquedos concorrente da Estrela, e certo ano da década de 70, lançou esta maravilha.

Você preparava a gororoba de acordo com a receitinha que vinha na embalagem, colocava na forma do forninho, que já estava devidamente ligado na tomada e portanto, quente, e punha pra assar. Dali a um tempinho, era só tirar e comer. Ou melhor, EU comia, mais ninguém, e eu só comia pra não dar o braço a torcer de que tinha ficado um lixo.

Ah!, os maravilhosos anos 70 onde nada era politicamente correto e fabricavam-se forninhos elétricos que esquentavam de verdade para criancinhas de 7, 8 anos de idade poderem queimar suas mãozinhas e quem sabe até tomar um choque vez por outra pra ficar espertas! Onde brincava-se de Pega Varetas, tão pontudas que a gente até podia aproveitar pra furar os olhos de algum amiguinho não tão amiguinho assim. Na qual os meninos corriam pra lá e pra cá atrás uns dos outros atirando com revólveres pretos que pareciam de verdade e faziam tá!! tá!! tá!!! Meu vizinho, o Marinho, tinha um e eu achava aquilo o máximo!

Não que se preocupar em criar meninos menos violentos, cuidar do meio ambiente, incentivar a vida saudável e reprovar males como o cigarro não seja uma coisa boa. Ao contrário, acho mesmo que mais e mais campanhas deveriam ser feitas, em especial contra o álcool, que potencializa o efeito de todas as demais drogas e é capaz de tornar qualquer pessoa um assassino mesmo que sem ter a intenção.

Mas vamos combinar que quando não existia a corrente do politicamente correto, os brinquedos eram bem mais divertidos???


a sugestão do assunto deste post veio da minha irmã Rosana, a Invejada. taí, maninha, espero que goste! beijo

quarta-feira, março 22, 2006

Maníaca.... brrrrrrrr!!!

Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs aviso do recrutamento. Ademais, cada participante deve reproduzir este regulamento no seu blog.

1. Mania de não dormir de pé sujo. De jeito nenhum! Vem da infância, quando minha mãe mandava lavar os pés antes de ir pra cama, dizendo que senão lavássemos (eu e minha irmã), a barata ia roer o pé da gente de noite. Pra provar a teoria incontestável, ela mostrava o pé do meu pai, sempre cheio de zic-zira por conta do coturno, que tinha ido dormir de pé sujo e a barata tinha roído etc etc.
Por conta disso, até hoje, quando estou muito cansada, tenho vontade de lavar os pés, porque isso é a senha para o meu corpo de que é hora de ir pra cama!

2. Mania de passar duas demãos de sabonete no banho. Primeiro eu passo sabonete pela primeira vez, na maior parte das vezes com bucha, para tirar o grude. Depois, passo de novo, fazendo bastaaaaaanteeeeee espuma branquinha (gosto de sabonete branco), igual no comercial. E só assim me sinto verdadeiramente limpa. Já me disseram que este hábito (que vem acompanhado do banho pelando) tira toda a proteção da minha pele, que não se deve fazer isso, mas tudo bem, eu me entupo de creme e óleo depois.

3. Mania de dormir com parte do cabelo no pescoço. Mesmo no calor. Meu cabelo é comprido. Então, eu deito de bruços, meio virada de lado, e jogo todo o cabelo pra fora do pescoço; depois, puxo cobrindo-o parcialmente. Não consigo dormir de pescoço totalmente descoberto, e por esse motivo, nem pensar em dormir de cabelo preso. Quando cortei o cabelo curtinho, certa feita, foi uma dificuldade pra me acostumar a dormir sem meu cabelão no pescoço.

4. Mania de cutucar o cantinho dos dedos das mãos, dedão e mindinho, quando tô ocupada, ansiosa, pensativa, planejando algo. Sabe aquela pelinha que fica ali, supérflua, te irritando? Essa! Uma variação disso é ficar mexendo nas duas pulseiras que eu uso no braço direito, chova ou faça sol - tiro as pulseiras, boto as pulseiras, tiro de novo, enfio uma na outra, boto de volta e por aí vai...

5. Mania de colocar a carne, ou o frango, do lado direito do prato. Tenho até dificuldade de comer quando o garçom coloca o meu prato ao contrário, com o bife do lado esquerdo. Se eu estiver com alguém de cerimônia, deixo do jeito que está e fico achando que vou esbarrar na salada e derrubar alface na toalha quando cortar a carne. Se for gente conhecida, dou uma virada 180 graus no prato e fico feliz!!!


Essas são as minhas manias. Nem são assim tão maníacas, não?
Agora fiquei curiosa em saber quais as manias do Pablo, do Fernando e da Nana!



mania de pensar em você o tempo todo, mesmo não merecendo nem um segundo, mas ao contrário das demais, essa vai passar.

sábado, março 18, 2006

Descubra...



... quem é de pelúcia e quem é de verdade!

Os do meião

Quando se fala em sala de aula, fala-se sempre da turma do fundão ou dos que sentam no gargarejo. Entre essas duas tribos estudantis, porém, há uma outra, a maior de todas numa classe de 40 alunos, da qual ninguém fala: a turma do meio.

É um grupo indefinido sob o ponto de vista comportamental, e provavelmente o grupo mais legal da sala, apesar da popularidade despertada pela turma do fundão, aparentemente mais descolada. O grupo de meio se relaciona com as duas pontas: convive com os traços certinhos dos que sentam de cara pro professor e filtra as palhaçadas da turma do fundão, ficando só com as boas. São solidários com os dois lados e têm amigos das duas facções.

No meio da sala é que tudo acontece. Normalmente esquecidos pelos professores, que ou estão respondendo às perguntas intermináveis dos alunos da frente ou estão atentos à bagunça do fundão, os alunos que sentam no meio não sofrem a pressão da observação intensa e acabam levando a aula ao seu ritmo. Se está desinteressante, podem fazer outra coisa que ninguém nota, protegidos que estão pelo anonimato. Se está interessante, podem se colocar mais como se fossem da turma da frente e prestar atenção sem que ninguém ache que mudaram de atitude.

Os alunos do grupo do meio são diferentes porque não precisam se encaixar em nenhum rótulo predeterminado de "quem zoa" e "quem estuda". É comum que no grupo do meio sentem-se alunos criativos, inteligentes, comunicativos. Diferente da turma do fundão e da turma do gargarejo, a turma do meio não é homogênea, tem de tudo. Há quem prefira ser do meio perto da janela; outros preferem ser do meião mesmo; e há os que preferem a parede do lado de lá. Deve ter algum traço de personalidade que defina essa preferência.

Eu fui aluna da turma do meio, encostada na janela. Até poderia encarar bem o lado de lá, encostado na parede, mas nas vezes em que cheguei atrasada na sala de aula (raras, porque eu costumava chegar no colégio quando ainda estavam lavando o chão da sala) e tive de sentar no meio do meio, me senti desconfortável e esquisita. Desprotegida no meio de tanta gente.

Até hoje é assim. Quando vou a um restaurante, quero sentar numa mesa de canto, ou próxima a uma parede ou a uma janela. Detesto sentar naquelas mesas do meio, com gente em volta por todos os lados. Adoro gente, mas acho que preciso do meu cantinho, da minha janela pra poder olhar pra fora quando quero me desligar, de um espaço só meu, da parede que me acolhe.

Esquisito talvez. Mas como eu disse, na turma do meio tem de tudo um pouco.

quinta-feira, março 16, 2006

Progresso (?) chegando

Hoje à tarde recebi na confecção a visita de dois simpáticos engenheiros da SPTrans, o Luciano e o Richard, que foram me dar a infeliz notícia da duplicação das pistas da Av. Vereador José Diniz, onde fica a minha confecção (n. 278, pronto, já fiz meu comercial!).

Acontece que nosso trechinho é uma ruazinha vicinal, calmíssima, onde só circulam os carros de quem vai a algum daqueles números lá e vai virar uma avenida movimentada com duas faixas pra lá e três faixas pra cá.

Explicaram como a avenida ficaria, quanto tempo vai levar se não chover demais (então por que começam na época das chuvas, me diga? deixassem pra maio, junho...), quanto tempo ficaremos com um buraco interditando nossa entrada e responderam a todas as perguntas que eu e minha sócia fizemos a eles sobre assuntos relacionados e outros nem tanto.

Em frente à confecção, há uma árvore enorme. Segundo eles, a árvore permanece. Fiquei imaginando de que jeito, já que ela ficará bem no meio da avenida.

Em cima da árvore, mora um homem. Isso mesmo, há uma casinha improvisada sobre a árvore onde mora um homem, que todo dia faz ginástica no posto de gasolina (é o sangue do Mundo Maravilhoso de Santo Amaro falando mais alto que a Razão!). Se arrancarem a árvore, onde ele vai viver?

Então, nesta segunda-feira, dia 20, pela manhã, teremos o lançamento das obras do nosso trecho de avenida, com a ilustre presença do prefeito de São Paulo. Vamos perguntar pra ele sobre o destino da árvore, claro, e também do nosso vizinho de porta. Aguardem as novidades aqui mesmo, no É o seguinte... tá bem?

quarta-feira, março 15, 2006

No tempo que eu era um anjinho...


Eu, com 6 anos, na Primeira Comunhão.

Depois conto porque eu tava de chapéu anos 70 megafashion, e não de véu.
(Pronto, agora vou contar!)

Niterói-RJ, década de 70. Eu estudava numa escolinha na esquina da minha casa, O Instituto Santa Cecília. Da janela do quarto da minha mãe, dava pra ver a gente no pátio da frente do colégio, hasteando a bandeira. No recreio, inclusive, minha mãe escutava a sirene que marcava o fim do recreio e ficava da janela de casa me mandando entrar pra sala senão eu ia me atrasar. Aquela privacidade escolar.

A escola não era de freiras, mas a dona dela era uma solteirona carola de tudo. Chamava-se d. Acira e era o terror do colégio porque tinha mania de dar chiliques pra cima dos alunos, rasgar cadernos com lições garranchadas, distribuir uns berros e uns tapas aqui e ali. Ah!, a didática dos anos 70, quem sobreviveu a ela sobrevive a qualquer chefe mala em qualquer corporação!

E é claro que ela a-do-ra-va a minha irmã e a presenteava com mil coisinhas com imagens de santos, livros com histórias de santos etc. Pra mim ela deu um livro com a história de Santa Bernadete, que eu tinha como um tesouro, apesar de hoje entender que ela me deu foi pra não ficar chato, porque fã mesmo ela era da Rosana. Enfim, como eu disse, a gente sobrevivia bem...

Com tudo isso a d. Acira vivia louquinha pra minha irmã fazer a Primeira Comunhão e como minha mãe também é religiosa, juntou a fome com a vontade de comer. E por que então não aproveitar e já não colocar a Claudinha também nas aulas de catecismo?? Assim as duas fazem juntas e pronto!

Lá fui eu fazer aulas de catecismo pra fazer a Primeira Comunhão. A minha oração preferida era, claro, Salve Rainha. E no Creio em Deus Padre, quando chegava naquela parte "desceu à mansão dos mortos, ressuscitou no terceiro dia" eu já imaginava uma mansão enorme, lúgubre, sem móveis, cheia de cadáveres morando lá, todos acinzentados. Isso com 5/6 anos, não tô dizendo que a gente SOBREVIVIA aos professores nos anos 70?

Por conta da Primeira Comunhão eu não pude participar do teatrinho de fim de ano, peça escrita por mim, mas isso já é outra história, para outro post.

Continuando: minha mãe sempre foi muito participativa no colégio e todo mundo a conhecia. Logo que começamos a estudar lá no Instituto Santa Cecília, o uniforme era: saia jardineira verde, meia branca até o joelho, sapato Vulcabrás preto sem cadarço (o máximo da feminilidade) e blusa de tergal branco com BOLINHAS VERDES. Isso mesmo, bolinhas verdes.

Minha mãe convenceu a diretora a mudar a blusa para um tom assim meio palha. Não que tenha ficado lindo, mas muito melhor do que ir pra escola parecendo uma joaninha em processo de fotossíntese.

Foi assim que acabei usando um chapéu anos 70 megafashion, e não um véu, como era costume na Primeira Comunhão. Como chamaram minha mãe pra ajudar a criar o vestido das meninas, ela sugeriu o uso de chapéu e não de véu, pra não ficar escorregando e caindo no meio da igreja, e teríamos cabeças cobertas da mesma forma.

Pra completar o vestido era de fustão branco com passamanaria, e fita de gorgurão vermelha. Tão na moda que no ano seguinte fui dama de honra do casamento do meu tio com ele, acrescido de um estiloso babado na barra pra disfarçar os centímetros que tinha crescido!!

terça-feira, março 14, 2006

Na prateleira refrigerada



Quem é do time das fofas como eu (penso inclusive em tatuar uma ricota nas coxas para otimizar a celulite) sabe bem o saco que é quando alguém vem com sábios conselhos para emagrecer.

Nossa, sei de uma dieta maravilhosa! Olha, conheço um médico que não falha... Menina, uma amiga minha foi numa endocrinologista, até peguei o telefone pra você!

Como se a gente não soubesse há milhares de anos absolutamente tudo o que pode existir de bom ou de ruim no mercado para emagrecer. Como se nunca tivéssemos em mãos o telefone de um endócrino sen-sa-ci-o-nal, de uma nutricionista in-fa-lí-vel, ou uma dieta que é o último grito da ciência para exterminar as banhas.

Como se a gente não soubesse desde antes que o mundo é mundo que emagrecer é fechar a boca pra porcariada, comer direito e fazer exercícios. Ponto. Falta mesmo é capacidade de resitir, em alguns casos falta empenho, em alguns casos falta apenas e tão somente vontade de ser magra e o fato de se achar linda mesmo com quilos a mais. Ou mera questão de escolha: entre o sorvete com cobertura e a mini-saia da Zoomp, qual o problema em se preferir o sorvete, mesmo sabendo que ele e a mini-saia em questão são excludentes?

Eis que hoje estou em frente à prateleira de iogurtes do supermercado. Eu e uma senhora de uns 65 anos. Ambas escolhendo produtos.

Até que peguei na mão um iogurte de cereais com aveia (adoro iogurte, sou maníaca por iogurte, tomo iogurte todos os dias desde pequena e ela pelo visto também era fã) e já ia colocando no carrinho quando ela virou-se pra mim e disse:

- Ah! Não leva esse não! Ele tem muito carboidrato, olha só!

Olhei. Realmente o bichinho aparentemente saudável (ele era, de fato) e inofensivo (nem um pouco) tinha quase o triplo de carboidratos de um outro na linha tão gostoso quanto mas com poder de estrago menor.

Ela continou:

- Eu preciso emagrecer ainda mais 10 kg sabe? Então fico olhando a quantidade de carboidratos marcada na embalagem do produto, porque às vezes é tanta que nem vale a pena... O problema é que as letrinhas das embalagens são tão pequenas que nem de óculos eu consigo enxergar.

Bem, resumindo a história, ficamos lá, as duas, escolhendo os iogurtes pelo sabor e pela quantidade de carboidratos por porção. Eu lia as esepcificações das embalagens para ela e trocávamos idéias sobre sabores, combinações etc.

Saímos de lá felizes da vida, cada uma com seus queridos e indispensavelmente fundamentais iogurtes no carrinho e a consciência levinha, levinha!!




Nos carboidratos complexos ramificados (amilopectina - que ilustra este post - e glicogênio), os pontos de ramificação (pontes 1:6) dão origem a cadeias laterais cujas extremidades são não redutoras. Durante o processo de digestão, a alfa-amilase quebra as pontes osídicas 1:4, mas não as 1:6, resultando numa estrutura bastante ramificada chamada dextrina-limite. Somente a amilo-1:6 glicosidase (enzima desramificadora) é capaz de hidrolisar essas pontes 1:6, permitindo a completa digestão da amilopectina e do glicogênio. Resumindo: tu engorda, neguinha!!!

Saco cheio

Se você é como eu, assídua freqüentadora de salões de beleza, vai entender profundamente este post.

Se você é como eu, assídua freqüentadora de salões de beleza que só lê Caras, Contigo e similares menos cotadas quando está no ambiente supracitado, vai entender profundamente este post.

Se você é como eu, assídua freqüentadora de salões de beleza que só lê Caras, Contigo e similares menos cotadas quando está no ambiente supracitado e não agüenta mais as matérias sobre carnaval, vai entender profundamente este post.

Não dá, negada. É insuportável, me vejo quase na iminência de ler uma Exame, virando as páginas com a pontinha dos dedos envolta em algodão umedecido para amolecer a cutícula, tamanho meu desespero.

O assunto é um só, onipresente, não se fala de outra coisa a não ser a fantasia da fulana, quantos cristais swarovstkjtfhdwi foram colocados no costeiro da beltrana, que sicrana arrasou na Sapucaí, que a outra levantou a galera no Sambódromo e por aí vai.

Melhor mesmo foi uma notinha sobre a escola campeã do carnaval carioca, a Vila Isabel, que não ganhava um título há 18 anos (e não vamos comentar aqui neste blog o fato de uma estatal venezuelana financiar o enredo pra não despertar discussões políticas), sobre a participação da atriz Letícia Spiller no desfile.

Segundo a própria, ela deu sorte para a escola e foi a presença dela que garantiu o título, porque ela deu o sangue pela Vila. Naturalmente que todo aquele povo ralando o ano inteiro naqueles barracões confortáveis pacas para costurar fantasias, ensaiar a bateria, escolher samba-enredo, definir as alegorias etc etc etc foi apenas uma figuração para a estrela-mor da Escola. Depois neguinho mandar fuzilar na encruzilhada e ninguém sabe o motivo e ainda fica com dó (eu mandava, eu mandaaaaavaaaaaa, porque assim ela não participaria mais de novela nenhuma!).

Não contente, ela continuou dizendo que o gingado dela deve-se aos ancestrais negros que ela tem!!! Ser negro ou descendente de virou mó moda, mó cool declarar-se neguinha, mesmo que você tenha cabelos lisérrimos, sardas na pele claríssima, olhos claros e feições tipicamente européias. Claro, a tia da prima da sobrinha da irmã da avó do seu bisavô era mulatinha...

Além disso, pelo menos 90% das celebrities que saem nas Escolas de Samba pesam exatos 58kg. É o peso oficial da mulherada no carnaval - a menos que você seja modelo internacional, porque aí você pesa 55kg, que é o peso pausteurizado de todas as pausteurizadas modelos.

Coxa grossa, coxa fina; bunda grande, bunda pequena; com peito, sem peito; alta, baixa. Uma diversidade visível de biótipos e todos conseguindo a façanha de caber sempre em 58kg. E no manequim 38.

Quanto você tem de quadril, fulaninha? 90cm. Qual seu manequim? 38 Quanto você tem de quadril, sicraninha? 104cm. Qual seu manequim? 38.

Méquipóde????? Mesmo com a evolução do fio de elastano que fez com que as calças com stretch ficassem infinitamente melhores do que as de 20 anos atrás, ainda assim não há calça que estique o suficiente pra acomodar 14 cm a mais de bumbum.

Enfim, só resta a nós, assíduas freqüentadoras de salões de beleza que só lemos Caras, Contigo e similares menos cotadas quando estamos no ambiente supracitado e não agüentamos mais as matérias sobre carnaval, esperar que os dias passem e que, semana que vem, o assunto das revistas seja outro.

Ainda que o mesmo assunto em todas elas, mas isso é o de menos quando se tem os cabelos hidratados, as unhas feitas, as pernas depiladas...

Vanguarda

Eu me lembro de ser pequena, lá pelo meio da década de 70, fãzoca das Panteras (o seriado, porque o filme confesso que nem vi), quando meu pai comprou uma TV colorida enorme...

DI-GI-TAL!!!

(porque pra trocar os canais, bastava tocar no painel na própria TV - controle remoto ainda não existia - que o troço funcionava com a ponta dos dedos. De luva não funcionava, claro que eu e minha irmã tentamos!)

domingo, março 12, 2006

Sufoco

Domingo, sete da manhã. Acordo, ainda naquela de "vou dormir mais um pouco", e sinto que alguma coisa está faltando.

Minha gatinha, que basta me ver de olhos abertos para começar a miar e pedir coisas e atenção, não estava lá me perturbando como de costume.

Levanto, começo a chamá-la. Nada. Uso o plano infalível n.1, que é colocar ração no pratinho dela. Nada. Recorro ao plano infalível n.2, que é abrir a geladeira. Nada. Começo a ficar preocupada. Ela não aparecia.

A preocupação vira desespero quando vejo, na rede de proteção da varanda do meu quarto, um enorme rombo feito por ela. As redes daqui de casa estão velhas e serão trocadas exatamente amanhã. A Aninha (minha gatinha que morreu de câncer) tinha pavor de janelas, e as redes eram novas quando ela veio para cá, então as redes foram ficando. Já a Cindy é alucinada por uma janela, e isso motivou a troca por redes novas e mais resistentes.

E aquele buraco ali me lembrava de uma outra gatinha que eu tive, a Sofia, que morreu justamente porque caiu da janela.

Me vesti correndo, em desespero. Olhei lá pra baixo e não vi nada, mas tal qual Sofia, ela podia ter caído e andado para outro lugar, até morrer. Peguei a bolsa, uma toalha, já pronta para encontrar a Cindy viva ao menos e poder levá-la ao veterinário.

Nada. Ela não estava lá.

Subo de novo para casa. Entro, sento-me na sala e tento imaginar as hipóteses para onde ela estaria, já desesperada achando que ela podia estar ferida em algum lugar, na rua.

Escuto um miadinho. Vejo a cabecinha dela no cantinho da janela da sala, numa frestinha que tinha ficado aberta. Ela tinha conseguido passar para a jardineira, onde ela ama ficar espanando toda a terra e comendo uma ou outra folhinha. Pulou pra dentro de casa e eu a peguei no colo.

O alívio e a alegria de vê-la foram tão grandes que desta vez eu nem me importei com as patinhas e o focinho sujos de terra, deixando florzinhas por onde ela passava. E até amanhã, janelas fechadas esperando pelas redes novas, à prova de filhotes de gato!

sexta-feira, março 10, 2006

Como vai você?



Como vai você?
Eu preciso saber da sua vida
Razão da minha paz tão esquecida
Não sei se gosto mais de mim
Ou de você...

Como vai você?
Que já modificou a minha vida
Peço alguém pra me contar sobre seus dias
Anoiteceu e eu preciso só saber
Como vai você...

Vem, que a sede de te amar me faz melhor
Eu quero amanhecer ao seu redor
Preciso tanto me fazer feliz
Vem que o tempo pode afastar nós dois
Não deixe tanta vida pra depois
Eu só preciso saber
Como vai você...

Essa música é uma das lembranças musicais mais fortes da minha infância. Eu era bem pequena, achava o Antonio Marcos lindo de morrer e ficava comovidíssima quando escutava essa música, coitadinho, tão angustiado!

Não sei se é produto da minha imaginação ou se era um videoclip rudimentar, mas sempre que escuto essa música ou lembro dela, me vem a cabeça a imagem dele cantando em frente a uma janela fechada, lá fora chovendo, as gotas escorrendo pelo vidro, a imagem meio embaçada... preto e branco ainda... ê anos 70!

Adorava Torneró também!!! com aquele coralzinho no fundo fazendo aaa aaa: só peço que me esqueças (aaaaa...)/estou a te esperar (aaaaa...)/ um ano é como um século/ volte, amor!

quinta-feira, março 09, 2006

Sapiência


Como diz minha amiga Giovanna:

Em ano de copa do mundo, a gente tá mesmo a fim é de f... argentino!

Foi ela quem falou, não eu...

terça-feira, março 07, 2006

Casamento anos 80 - o enxoval

Toda noiva que se preza tem um enxoval. Ou ao menos tinha nos anos 80. Bastava você anunciar que ia se casar que logo começava a compração de toalhas de banho e de rosto, lençóis, colchas, panos de prato etc. Muito, bastante, porque a coisa era pra durar pro resto da sua vida.

Toda noiva que faz aniversário ganha alguma coisa para o enxoval. De repente a parentada passa a achar que seu gosto resume-se a peças para o lar (e quando engravida-se, ganha-se coisas para o bebê). Atualmente, com sorte, ganha até umas lingeries bacanas, mas nos anos 80 não, até porque lingerie bacana não é algo pertencente a uma época em que produtos importados eram raridade por aqui, e a indústria nacional era sofrível tanto em qualidade quanto em gosto.

No meu enxoval tinha um jogo de lençol de cetim, uma vez que todo filme americano mostrava uma casa chique com uma mulher chique dormindo em lençóis de cetim. O meu era rosa, tom de ploc morango, como bem descreveu a minha irmã. Dormir naquilo se revelou uma tortura, você passa a noite toda se segurando para não deslizar cama afora. Sem contar o que é quente no verão e gelado no inverno. Péssimo, usei, lavei, muquifei no armário e fiquei com os de algodão mesmo.

Entre outras coisas, eu também tinha colchas com almofadas de coração. Aliás, a minha colcha preferida era uma rosa clarinho, com uns corações aplicados com renda em volta, e dentro do coração havia um casalzinho assim, de bonequinhos desenhados. Seria uma colcha perfeita para o quarto de uma menina de 10 anos dos anos 80 (se fosse hoje, pra uma de 5 anos), mas era uma colcha de casal, veja você... Tive também uma colcha de matelassê de cetim branco, chiiiiiqueeeeee, também com almofadinhas de coração, para ser usada em ocasiões especiais, como o Natal.

Mas o ponto alto de qualquer enxoval de noiva dos anos 80 era a toalha de banquete. Uma toalha chique, quase sempre bordada, com guardanapos de pano, para 12 pessoas.

Agora me diga: quem, pelamordedeus, na vida, precisa de uma toalha de banquete quando se casa? Para 12 pessoas, ainda por cima, quando na verdade o máximo que o apartamento onde você vai morar permite é uma mesinha de 4, com sorte, de 6 lugares??? Para quem você vai dar um banquete, se a sua cozinha mal cabe uma pessoa, e de pé ainda por cima, porque se colocar um banquinho pra sentar, entope a passagem e não dá pra abrir a porta da geladeira. E que recém-casados têm panelões grandes o suficiente para cozinhar um jantar para 12???

Nem tudo era uma desgraceira, porém. Meu noivo sonhava em conhecer Nova York. Comprei então um jogo de lençol com a silhueta de Manhattan, só por causa dele, para dormirmos juntos com a cabeça no Empire State. Nas nuvens.

Era azul; azul de uma época em que os sonhos eram ingênuos e a vida era boa o tempo todo.

Superwoman


Acabei de ler no iG a notícia de que Dana Reeve, mulher do ator Christopher Reeve (que era o Superman, ficou tetraplégico e morreu há coisa de dois anos), morreu de câncer de pulmão, aos 44 anos.

Essa notícia só reforça a minha leiga tese particular de que o câncer é uma doença com enorme carga emocional.

Penso no que esta mulher sofreu, aos 30 e poucos anos, quando o marido se acidentou. Quanta tristeza em ver o homem a quem se ama, atlético e saudável até poucos segundos antes, imobilizado, dependendo de máquinas e de cuidados constantes até mesmo para respirar.
A sensação de impotência; a culpa, talvez, por desejar que as coisas fossem diferentes; a revolta; a luta contra a legislação sobre as células-tronco. A desesperança, a esperança renovada; a comemoração por ele respirar sozinho por alguns minutos.

Mas como disse bem a Lala, agora eles estão juntos e felizes.

Ele foi o Superman no cinema; ela foi a Superwoman na vida real.

segunda-feira, março 06, 2006

Casamento anos 80 - a grinalda

Eu me casei no fim dos anos 80, tão logo fiz 20 anos de idade. Isso mesmo, eu me casei aos 20 anos, por livre espontânea vontade.

Como toda garota de 20 anos, eu era cheia de boas idéias mirabolantes para a minha festa de casamento. Minha mãe não interfiria muito, porque ela sempre foi adepta da máxima de que o casamento era meu, logo, quem tinha de gostar das coisas era eu e não ela.

Acho que ao menos uma vez ela se arrependeu amargamente deste posicionamento: quando comprei minha grinalda.

Meu então noivo morava no Rio de Janeiro, portanto, qualquer feriado possível eu baixava por lá. Na época eu trabalhava na Petrobrás e meu salário era comprometido nos carnês das companhias aéreas. Férias de verão também, eram passadas na temperatura amena do Rio de Janeiro, mais precisamente em Vila Isabel, onde a brisa do mar não chegava.

Acontecia que eu estava lá de férias mas o noivo não. Ele trabalhava e eu inventava o que fazer, basicamente bater pernas. E foi numa dessa batida de pernas que eu a vi:

A GRINALDA DOS MEUS SONHOS!!!

Corri pro orelhão com toda a empolgação que uma noiva de 18 anos de idade poderia ter e fiz um interurbano, a cobrar:
- Mãe!!! Acabei de ver a grinalda dos meus sonhos! É linda, maravilhosa, perfeita!!! Posso comprar?
- Tá filha, compra que eu coloco o dinheiro na sua conta.

Lá fui eu, feliz, feliz, reservar a grinalda pra buscar no dia seguinte. Numa caixa, lacrada a sete chaves para o noivo nem sonhar em ver, e o azar que poderia dar??? Quando voltei pra Brasília, levei a caixa na mão, morta de medo de extraviar.

Já em casa, vou mostrar a grinalda para minha mãe, triunfante! Ela bem que tentou disfarçar, mas a cara dela era de: isso é a grinalda dos seus sonhos? A decepção era patente, mas ela segurou firme o pastel.

Acontece que a grinalda vinha de uma loja riponga da Visconde de Pirajá. Uma lojinha assim, de uma porta só, mega-in entre as descoladas cariocas (vim saber depois), mas totalmente alternativa. Dessas que vendem vestidos modelo anos 20, ou customizados, coisa bem vintage, numa época em que a moda eram babados e mais babados, mangas bufantes, laços de fita, anáguas para armar os vestidos.

A grinalda em si era um torsade de cetim branco com pérolas, igual ao que a Olivia Newton-John usava em Xanadu. Atrás, um apanhado de flores secas, em tons pastéis envelhecidos. Liiiiiinnnndaaaaaaa!!!!

Na época do casamento em si, alguns meses depois, acabaram me convencendo a substituir as flores secas da parte de trás por um arranjo mais glamouroso, já que eu queria usar um véu.
Mas do torsade de cetim com pérolas, ninguém me fez desistir!!!

Rendo-me!


Eu sempre detestei ventiladores de teto. Tirando casa de praia ou no caso de quem more em locais muito quentes, eu sempre os achei medonhos. Ótimos, mas medonhos.

Quando reformei o finado apartamento do Guarujá, coloquei ventiladores de teto, claro! Lá não dava pra ficar sem, a menos que eu bancasse um ar condicionado, coisa que nem meu bolso nem a fiação jurássica do prédio suportariam.

Tive de ir duas vezes à loja de ventiladores até finalmente me decidir pelo que achei menos pior. Todos eram feios, na minha opinião, e como acontece quando se tem má vontade de comprar algo, caríssimos.

Eis que veio o verão paulistano 2005/2006. E com ele o calorão que há tempos não fazia.

E a mosquitada comendo solta aqui no Morumbi. Já devo ter mencionado que os mosquitos daqui são ninja, né? Ignoram a existência do protector na tomada, são totalmente viciados em spray inseticida e possuem uma agilidade em fugir dos tapas e almofadas que juro que devem ter sido treinados pelo Mossad.

Só ventilador para espantá-los.

Em nome do bem-estar da nação, assinei hoje a minha rendição: mandei instalar ventiladores de teto no meu quarto e no da Isabela, depois de intensa peregrinação pelas lojas à procura de um que fosse menos pior que os demais.

Só me falta agora entrar o inverno e nunca mais fazer calor pra eu achar que fiz uma boa compra. Até porque eu preciso me vingar da mosquitada!

quinta-feira, março 02, 2006

Bela sempre bela

Quando eu engravidei da minha filha, sabia desde sempre que era uma menina. Aos três meses de gravidez, comprei um vestidinho de marinheira, azul-marinho bem escuro, com sapatinhos vermelhos combinando.

Aos seis meses, antes mesmo de fazer o ultrassom para ver o sexo (há quase 16 anos tinha-se que esperar todo esse tempo), ela já se chamava Isabela. Bela pra mim; Bebela para toda a família.

O Bela veio antes do Isabela. Porque eu escolhi o Isabela para poder chamá-la de Bela. Um apelido lindo, suave, carinhoso, ela seria sempre a minha Bela.

Achavam engraçado quando eu contava essa história, inusitado talvez, escolher o nome a partir do apelido. No ano seguinte, porém, passou uma novela do Manoel Carlos, Felicidade, em que a personagem da Maitê Proença tinha uma mãe implicante que dizia que ela tinha de chamar a filha pelo nome, Beatriz, e não de Bia. E a personagem da Maitê respondia que ela tinha colocado o nome de Beatriz só pra chamar a filha de Bia. A idéia nem era tão esquisita assim...

Com o tempo ela foi ganhando outros apelidos, todos dados por mim. Tuca, e o conseqüente Tuquinha com a derivação Tutuca; Tumbi, que ela odeia, porque diz que parece que tô chamando ela de dedão em inglês, mas ela responde mesmo sob protesto; Belinha; Belezinha (de Isabeleza); Belelê (principal usuário: avô paterno) Estrelinha (de estrelinha do meu céu); Conchinha (de conchinha do meu mar); Areinha (de areinha da minha praia). De qualquer uma dessas formas que eu a chamar, ela responde.

Só encrespa quando eu a chamo de... Isabela! Aí ela vem: ô, mãe, calmaí, pára de engrossar comigo! Pára de me chamar de Isabela!

Battlefield


As coisas na vida dificilmente se encaminham conforme planejamos. Quando isso acontece, acaba produzindo pessoas intolerantes que não sabem lidar com o acaso e com a fraqueza dos outros, como se tudo pudesse ser controlado e o segredo do seu sucesso fosse apenas elas mesmas e não uma conjunção de fatores. Mas não é este o assunto deste post.

Eu tenho uma obstinada vontade de fazer as coisas darem certo, em especial no campo emocional, uma vez que sou uma pessoa eminentemente emocional. Persista mas não insista, mas para ser sincera eu mesma nunca sei quando estou persistindo e quando estou insistindo, na tentativa de esgotar todos os meios, maneiras e jeitos possíveis para fazer a coisa andar.

Exatamente por isso ser enganada, em menor ou maior proporção, é uma coisa que me tira mais do sério do que o normal. Não tanto pela enrolação ou a mentira em si, mas pela energia que despendi em uma estratégia baseada em fatos irreais. Como se eu fosse um general traçando planos para vencer uma guerra usando mapas e informações equivocadas. Já se começa perdendo uma batalha assim.

A coisa boa de tentar tanto, de botar tanto a cara na janela (pq o blog é fino), de expor sem medo o que se sente e de tentar das formas mais variadas é justamente a tranqüilidade no momento da desistência. Saber que não há mais nada que você possa fazer a não ser deixar pra lá e seguir em frente. Recolher a tropa, ver o que sobrou e rearmar o seu exército para a nova batalha que será encarada com o mesmo entusiasmo, garra e fé.

E torcer para que esta tranqüilidade recém-conquistada não seja abalada tão já, fazendo com que ache que ainda há campo sem minas, ainda há tropas de pé, ainda há tesouros a resgatar.

Um boi cheira o outro


Mesmo estando distantes quase 5 mil km.