É o seguinte... tá bem?

Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, SP

domingo, julho 15, 2012

Como ser um príncipe encantado em rápidas lições



Sabe aquele filme Como Perder Um Homem em Dez Dias? No qual a personagem principal comete todos os erros que as mulheres normalmente cometem nos relacionamentos, todos ao mesmo tempo e com o mesmo cara, com a intenção de escrever uma matéria? O filme é um sucesso, claro, porque não existe mulher no mundo que não tenha cometido pelo menos 20% dos erros listados - e olha que estou sendo boazinha dizendo 20% - porcentagem na qual me incluo, é óbvio. Aquela que disser que nunca fez nada daquilo ou se casou com 13 anos e continua casada até hoje e portanto não se encaixa na situação de conquista, ou é solteira/divorciada/viúva/coloque aqui o estado civil de sua preferência e é de uma pretensão imensa. Ou cegueira. Vai saber.

Deviam fazer a versão masculina, Como Perder Uma Mulher em Dez Dias. Como bem observou uma amiga minha, eles perdem a gente mais rápido, ia dar no máximo um curta. Até concordo em alguns aspectos, mas acho que a gente dá bastante chance pro cara quando estamos interessadas nele. Ou carentes de alguém, ou as duas coisas juntas.

Dado este cenário favorável interesse + carência, é de se espantar como é que os homens conseguem errar tanto, e de forma tão primária. Conversando com dois amigos no último sábado à noite, entre um sushi e outro, um deles declara a intenção de descolar uma parceira para o sábado à noite. E começa a agir, mandando um sms. Quase oito da noite. Por sms. Nem preciso dizer que já começou mal né? Muito tarde para um convite, e muito pouco macho convidar por sms considerando o avançado da hora, em que o tempo de demora da resposta pode variar bastante. Vai que mandou o sms e ela estava tomando banho, lavando os cabelos - incrível como os homens não entendem a relação das mulheres com o próprio cabelo; lavar os cabelos é um ritual, pois envolve lavar, hidratar, desembaraçar, secar, modelar e deixá-lo glorioso -, quando finalmente pega o celular e vê a mensagem, pode já ter se passado um tempão.

Aí, ela demora uns minutos para responder e ele já ficou achando que ela está se fazendo de difícil. Ou seja, parte-se do pressuposto de que ela fica todo o tempo com o celular na mão, a postos, para a eventualidade de ter de responder a um sms. Salvo os casos em que você sabe que a relação da pessoa com o celular é de simbiose total, se ela não atende ou não responde, não dá para logo de cara achar que ela está, com o perdão do termo mas não achei nenhum mais adequado, cagando na sua cabeça.

Atenção, ela não demorou uma vida para responder, e sim alguns minutos, e respondeu ao recado de forma vaga, uma vez que o recado dele também foi vago. E neste momento ele resolveu colocar em prática sua alegada infalível teoria, baseada em estudos (segundo ele), de que mulher gosta de ser desprezada e maltratada. Quem, em nome de Deus, já estudou isso, e quem, em nome de Deus, CONCLUIU isso em um estudo? Só algum cara que já tomou muito na cabeça e acha que tomou na cabeça porque a culpa é toda nossa, claro. E respondeu à ela cagando-lhe solenemente nos cabelos recém-lavados e sepultando toda e qualquer chance dela ter alguma vontade de sair com ele naquela noite.

Baseou-se em sua teoria e se deu mal, claro. Resolveu, depois de um tempão, apelar para o que ele mesmo chamou de Plano B. Plano B foi super receptiva, apesar de já ser quase nove da noite, e acreditem que ele já estava em vias de estragar o troço ali mesmo, foi salvo pelo aconselhamento, meu e do outro amigo que estava na mesa. Não muito convencido de que estávamos certos, resolveu fazer uma experiência científica e mandou a resposta que ditamos.

Deu certo. Muito bem - como diria um amigo meu.

Toda essa introdução para eu confessar que eu fico besta em ver um homem solteiro, que passou a vida toda na pista, pode ter uma visão tão distorcida do que gostamos ou queremos ou desejamos. Fico pensando no tipo de mulher que ele andou conhecendo, no tipo de experiência que andou tendo, e o que o fez pensar assim. Não tenho como consertar o que já passou, mas naquela noite tomei para mim a tarefa de dar lições básicas de comportamento feminino àquele pobre desgarrado e que morrerá solteiro, a menos que algo aconteça against all odds.

Todo o ensinamento sobre a alma feminina pode ser resumido em um único mantra: Toda mulher quer se sentir mimada, querida, desejada, ainda que seja por somente aquele momento. Olha a simplicidade do troço, depois os homens dizem que somos complicadas. Cola este mantra pela casa, na porta da geladeira, no espelho do banheiro, coloca de tela de descanso no notebook, porque ele tem de nortear todas as suas atitudes em relação às mulheres.

Já dei o caminho das pedras. Mas tendo este mantra em mente, abra uma cerveja, coloque os pés em cima do sofá e vamos analisar o que se segue abaixo, que é pra você não errar mais e ser o príncipe encantado do momento, mais desejado que o Harry no dia do casamento do Will:

Situação 1 - o cara liga ou manda sms pra garota num horário inadequado
Me diga que mulher no mundo quer se sentir a única opção que restou no momento? Ligar às 8 da noite dizendo que quer sair faz com que pensemos exatamente isso. E aí, meu caro, só vai rolar se por algum motivo você deu sorte e ela está com muita vontade de sair (porque água morro abaixo, fogo morro acima...) e pode ser você mesmo. Caso vá passar na TV algum filme interessante, ou se ela já havia combinado o que quer que seja com os amigos, pode esquecer que ela vai aceitar. Existem exceções, e acreditem que sabemos lidar bem com elas, mas antes de ligar pra ela em cima da hora, esteja muito certo de que você pertence ao grupo dos que têm crédito para isso.

Situação 2 - o cara sai com a garota e nem dá sinal de vida no dia seguinte
Este é um dos grandes pontos de discórdia. Agora, você, homem que lê este blog e teve paciência de chegar até aqui, analise a situação pelo lado feminino: o cara passa dias te ligando, ou mandando mensagem, ou email, ou tudo isso, por dias, para te conquistar. Te deixa mais facinha que vestibular da Uniban. Aí vocês finalmente saem juntos e no dia seguinte ele não manda NADA. Você sai da situação de total atenção para a de total desprezo. Legal né? Pensa que você vai a uma loja, o vendedor te enche de atenção e é super simpático e solícito, e na hora em que você digita a senha do cartão de crédito e finaliza a compra, ele te dá as costas e não te dá nem tchau. Você ia achar normal ou ia ficar puto da vida?
O pior é a explicação de que teme que a mulher grude. Vai ser pretensioso assim no raio que o parta. Você nem sabe se a mulher quer grudar em você, você nem sabe se ela gostou da noite contigo, você nem sabe se tudo o que ela quer ter contigo é um caso esporádico ou se ela quer casar, ter três filhos lindos e um cachorro. VOCÊ NÃO SABE. E aí, dias depois, quer sair com ela de novo, e quer  ligar e que ela seja receptiva. Não tem como.

Situação 3 - o cara trata mal a garota
Há um fundo de verdade, mas bem lá no fundo. Mas serve para ambos os lados e serve para outras situações da vida: batalhar por algo e conseguir é gostoso, dá prazer e satisfação. O que vem fácil, vai fácil - atenção, Querido Deus, este ponto não se aplica a ganhar na megasena acumulada, combinado? (vocês já sabem que temos de explicar tudo direitinho porque Deus é homem e entende tudo errado). O mantra de Toda mulher quer se sentir mimada, querida, desejada, ainda que seja por somente aquele momento, não é sinônimo de seja um capacho para ela pisar em cima. Uma geladinha de vez em quando faz parte do show, mas saiba dar a geladinha na medida certa para instigar e não jogue sobre ela um iceberg, porque ela não é pinguim e vai procurar abrigo em braços mais quentes. E outra: dar uma geladinha NÃO É A MESMA COISA que tratar mal.

Situação 4 - o cara acha que as mulheres não gostam dos caras legais, só dos cafajestes
Normalmente vem de uma situação distorcida: você é um cara legal, bacana, e está a fim de uma garota X. O nome dela é Maria, vai, e o seu é João. João quer Maria, faz tudo certinho para conquistá-la e não dá certo. Pouco depois, João vê Maria com Roberto, um renomado cafajeste, e conclui rasamente que toda mulher só gosta de cafajeste. E passa a agir como um, na esperança de ser o rei do sushi do posto.
Onde é que está o absurdo da história? Está em João não perceber que Maria não quis nada com ele não porque ele é um cara legal, e sim porque simplesmente NÃO ROLOU. Só isso. Não importam os motivos dela, mas se João tiver em mente de que o problema não foi dele, nem da atitude dele, e que Maria escolheu Roberto por motivos que dizem respeito à ela, ele não vai cair na bobagem de se agarrar num rabanete e jurar que nem que tenha de matar, mentir, roubar ou trair, nunca mais será desprezado novamente, porque saberá que não foi desprezado. E vai continuar sendo o cara bacana que um dia vai cruzar com uma garota bacana e ser feliz!

Por fim, nós mulheres sabemos que somos complicadas e confusas, mas como diria uma outra amiga minha, é o que temos para oferecer. A alternativa é namorar um homem. Então, pensem se querem uma barba mal-feita arranhando o seu pescoço (aaahhh... cairia tão bem neste momento...) ou se querem um rostinho macio para acariciar.

E comecem a fazer por merecer este rostinho.


terça-feira, julho 03, 2012

Nicole

A Janete começou a trabalhar lá na confecção por pura falta de opção da nossa parte. Precisávamos de alguém para agilizar a costura, fazer piques, levar as peças de uma máquina para a outra, trocar linhas e fios das máquinas, enfim, todas as pequenas tarefas de apoio dentro da área da costura.
Ela se candidatou ao cargo, e foi logo bem sincera: nunca fiz isso mas posso aprender! Resolvemos apostar.

No fim, ela não era a pessoa talhada para o cargo, pois tinha um jeitão meio estabanado e ansioso demais, mas nos poucos meses que passou conosco ela fez amizade com todo mundo por lá. A vida difícil não lhe tirava o bom humor. Expulsa de casa aos 14 anos pela mãe, ela jurou nunca mais voltar. Arrumou trabalho, casou com 17, teve dois meninos e uma menininha, que morreu de pneumonia ainda bem pequena. O marido, pai dos filhos, morreu afogado no mar, cheio de cachaça nas ideias. A sogra queria tirar a casinha, que era a única herança dos meninos.

Sábado, domingo, feriado, ela sempre disposta para o trabalho. Como ela sempre dizia, tinha de se virar nos 30 porque tinha duas boquinhas para alimentar, vestir, calçar e fazer deles dois homens de bem. Arrumou um namorado, foram morar juntos, o cara se revelou um folgado e ela o mandou passear porque filho ela tinha dois e nenhum daquela idade, e só o aceitou de volta porque o dito cujo se emendou e resolveu "ter atitude de homem", como ela nos contou.

Mesmo depois de ter saído de lá, volta e meia ela dava notícias e um jeitinho de aparecer para ver as amigas. A típica pessoa alto astral, que não se abate por nada.

Há alguns dias, ficamos sabendo que Janete tinha adotado uma menininha. Como assim, pensamos, que doida! Só a Janete mesmo! Mas a história era mais que isso: sua cunhada, irmã do atual marido - que há pouco tempo era só um namorado - engravidou e o pai da criança deu no pé. Órfãos de mãe, o marido e a irmã, pai que não queria saber de muita coisa, a cunhada entrou em trabalho de parto prematuro, sai correndo pra Santa Casa. Na hora de ir para a sala de parto, a cunhada chama o irmão e a Janete:

- Se acontecer alguma coisa comigo, se eu não voltar dali de dentro, eu quero que vocês criem o meu bebê.

E Janete, contando essa história triste, com seu jeitão despachado: d. Cláudia, e não é que a mulher me morre no parto e a bichinha ficou ali, sem pai nem mãe, sem ninguém? Tinha como não ficar com ela? Não tinha.

O namorado, como tio de sangue, tinha a preferência na adoção, mas Janete queria ser mãe da menina pra valer. O namorado queria colocar o nome de Isabele, mas ela bateu pé que seria Nicole Cristine, mesmo nome da filha que, segundo ela "Deus me levou e agora estava me dando de volta" e o namorado não teve alternativa a não ser concordar. Ela queria ser mãe da menina de verdade, no papel também. "Porque se um dia ele resolve se separar de mim, eu fico sem minha filha?" Para isso, tinham de se casar oficialmente. 15 dias para correr os papéis do civil, e o pedido na igreja para o padre apressar o casamento, e Nicole passa a ser oficialmente filha da Janete - porque de fato, ela já o era desde o nascimento.

Esta é a história da Nicole, uma menininha que movimentou meu facebook nos últimos dias, mostrando mais uma vez que tem muito mais gente bacana no mundo do que gente má. Gente que nunca nem a viu e que se mobilizou para ajudar. Foram tantas as doações que, segundo Janete, "se ela ganhar mais alguma coisa, nós vamos ter de morar do lado de fora da casa para poder guardar as coisas dela do lado de dentro!"

Hoje eu vi uma fotinho - uma não, umas 30 - no celular da Janete. A Nicole é uma fofa! Ela prometeu levá-la na confecção para que a conheçamos. Neste dia, prometo tirar fotos da Nicole para mostrar a todos que se dispuseram a abrir o seu coração, e ajudar a fazer do mundo um lugar sempre melhor para se viver.