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segunda-feira, julho 22, 2013

O despertar de uma paixão

É possível amar alguém que você já conhecia antes? Apaixonar-se por um homem com quem você já tinha um relacionamento? Por alguém que você até desprezava?

As perguntas acima me foram feitas por uma amiga, e foram suscitadas pelo filme O despertar de uma paixão - ao qual assisto agora, pela enésima vez, enquanto escrevo. No filme, Kitty é uma mulher casada, fútil e inconsequente, que trai seu marido Walter, um médico nerd desprovido de glamour e requinte, com um homem bonito, sofisticado e casado. Ao descobrir o caso, Walter aceita um emprego na China, em uma aldeia devastada pelo cólera, e Kitty é obrigada a ir com ele, já que a história se passa em 1920 e o amante tinha-lhe dado um pé na bunda.

Ali, na China, ela descobre nele qualidades que seu modo de vida frívolo não lhe permitia enxergar: um homem inteligente, honrado, honesto, dedicado ao trabalho e que a ama, apesar da traição. E ele também percebe que sempre exigiu dela algo que ela nunca pretendera, nem desejara, nem poderia ser. Que ela não gostava de Ciência e História, que ela não era uma intelectual, que ela gostava mesmo era de ir ao teatro, a festas, dançar e jogar golfe.

Assim, isolados num país distante, sem distrações, um tem a chance de ver o outro como ele é, e se descobrem apaixonados. E se você achar que eu contei o final do filme, não contei não, mas era óbvio, pelo título que isso ia acontecer em algum momento da narrativa , não?

Então, para mim, sim, é possível amar alguém que já se conhecia antes, quando se olha esse alguém com outras lentes, não distorcidas. Quando se é possível ver as qualidades dessa pessoa e aceitar os seus defeitos, quando não se espera que essa pessoa seja algo que ela não poderá ser, quando se valoriza o que essa pessoa tem de melhor.

Não é exatamente uma coisa fácil, mas é o que te faz ser feliz de verdade com alguém.

sexta-feira, julho 19, 2013

Te esperando... sentado.

Mesmo que você não caia na minha cantada
Mesmo que você conheça outro cara
Na fila de um banco
Um tal de Fernando, um lance assim, sem graça.

Mesmo que vocês fiquem sem se gostar
Mesmo que vocês casem sem se amar
E depois de seis meses um olhe pro outro
E aí, pois é, sei lá...

Mesmo que você suporte este casamento
Por causa dos filhos, por muito tempo
Dez, vinte, trinta anos
Até se assustar com seus cabelos brancos.

Um dia vai sentar numa cadeira de balanço
Vai se lembrar de quando tinha vinte anos
Vai se lembrar de mim e se perguntar
Por onde esse cara deve estar?

E eu vou estar te esperando
Nem que já esteja velhinha gagá
Com noventa, viúva, sozinha,
Não vou me importar.

Vou te ligar
Te chamar pra sair
Namorar no sofá.
Nem que seja além desta vida
Vou estar
Te esperando.

(te esperando - Luan Santana)

Vamos analisar a música acima, por partes:

"Mesmo que você não caia na minha cantada
Mesmo que você conheça outro cara
Na fila de um banco
Um tal de Fernando, um lance assim, sem graça."

A garota não estava nem um pouco a fim dele, porque a gente quando está a fim dum cara, cai na cantada mais tosca e fraquinha do mundo na maior felicidade. Se engraçou com o Fernando, que devia bater um bolão, já que a conquistou na fila do banco, o local onde se vai com a maior má vontade do universo. E aí, homem quando mulher se encanta por outro ou diz que ele é viado ou diz que ele passa devagar, é bobão etc. Despeito puro.

"Mesmo que vocês fiquem sem se gostar
Mesmo que vocês casem sem se amar
E depois de seis meses um olhe pro outro
E aí, pois é, sei lá...

Mesmo que você suporte este casamento
Por causa dos filhos, por muito tempo
Dez, vinte, trinta anos
Até se assustar com seus cabelos brancos."

De onde ele tirou que ela e o Fernando não se amam loucamente? Que não são superfelizes juntos? Que o casamento deles não é bacana pacas? Outra coisa, mulher alguma se assusta com os cabelos brancos porque a gente não deixa que eles apareçam!!!! São sufocados ao menor sinal por litros e litros de tinta para cabelo. Ou seja, desse mal a gente não morre.

"Um dia vai sentar numa cadeira de balanço
Vai se lembrar de quando tinha vinte anos
Vai se lembrar de mim e se perguntar
Por onde esse cara deve estar?"

A troco de quê ela vai se lembrar de um cara em cuja cantada ela nem caiu? Só se foi porque a cantada foi tão tosca e desgraçada que ela conta pras amigas do asilo na hora do chá com biscoitinhos. Todos os dias, porque ela se esquece que já contou e as amigas esquecem que já ouviram e fica tudo bem.

"E eu vou estar te esperando
Nem que já esteja velhinha gagá
Com noventa, viúva, sozinha,
Não vou me importar."

Duvido! Só se for por puro orgulho ferido, ego de macho rejeitado, pra ele se lembrar dela depois de 70 anos. E certamente não será com carinho e, aos 90 anos, muito menos com tesão.

"Vou te ligar
Te chamar pra sair
Namorar no sofá.
Nem que seja além desta vida
Vou estar
Te esperando."

Vai ligar como? Pra que número? E vai saber como que ela está pensando nele? E vai chamar pra sair pra onde? No seu asilo ou no meu?

Considerando a hipótese de que ela efetivamente se lembre dele:

- alô, fulana, é o Luan...
- Juan?
- Luan.
- Jean?
- não, o Luan, aquele que...
- Renan???

Não há romance que sobreviva.