É o seguinte... tá bem?

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quinta-feira, julho 31, 2008

Tô de olho em você


Cindy Quebra-Barraco, por Isabela

Desejo

E não é que tem horas que tudo o que uma mulher deseja na vida é uma coruja cegueta que erre feio o toco*?




*quando a gente diz que ah, tenho certeza de que isso não vai acontecer, meu pai sempre rebate com um vai que a coruja erra o toco, porque, segundo ele e seu vasto conhecimento da vida animal - o que ele não sabe, ele inventa, diz minha irmã - a coruja escolhe um toco e pousa sempre no mesmo, sem nunca errar.
Vai que a coruja erra o toco significa, vai que dessa vez acontece, mesmo que contra todas as probabilidades...

Romance

Em 1477, o arquiduque Maximillian, da Áustria, encomendou ao joalheiro uma jóia especial para dar à sua noiva, Mary de Burgandy. Sua única exigência era que a jóia representasse as três características fundamentais do compromisso do casamento: transparência, força e eternidade.

E assim nasceu o costume anglo-saxão do anel de noivado com um diamante, pois, segundo o joalheiro, o diamante seria a pedra que reuniria as três exigências do arquiduque.

Mais um pouco: sabe por que a aliança de casamento é usada no dedo anular da mão esquerda? Porque acredita-se que por ali passe a veia do amor.

terça-feira, julho 29, 2008

Só pensando


Toda vez que eu volto do litoral do São Paulo e passo pela Serra do Mar, eu me lembro da minissérie A Muralha.

Mais precisamente das mocinhas que vinham de Portugal para se casar com os moradores da então Vila de Piratininga.

Eu olho aquela serra, aqueles morros todos, aquela mata fechada, enquanto subo uma estrada bem asfaltada dentro do meu carro com ar-condicionado, pensando que, há 450 anos, a coisa era muito, mas muito diferente. A mocinha vinha de navio de Portugal, sem a família, numa viagem que durava fácil três meses, com banho escasso, torcendo pra não adoecer, pro navio não afundar e não acontecer nada de mau com ela durante a viagem.

Chegava lá na praia, morta de cansaço, e começava a subir a serra, em lombo de jegue, guiada por índios, mata adentro, com toda a sua vida colocada em baús - inclusive o seu dote, porque, como se não bastasse, ela ainda tinha de trazer presentes para o noivo e sua família.

Mais sei lá quantas semanas de travessia. Tudo isso pra chegar num lugarejo poeirento, no meio do nada, pra se casar com um chucro fedido de dentes podres. Isso se tivesse a sorte de ainda ter o noivo à disposição, porque esse processo todo levava bem uns 4 ou 5 meses e nesse meio tempo o cara podia ter morrido de alguma doença, ou de ataque dos índios.

Avançando no tempo uns 300 e poucos anos e vamos para os anos 1950, onde temos a tia de uma amiga. Mocinha portuguesa dos Açores, estudante de colégio interno, encantou-se por um viajante e dele ficou grávida. Apanhava tanto do pai e dos irmãos que perdeu os bebês - gêmeos - aos seis meses de gestação.

A vergonha de ter uma filha solteira grávida foi tanta que o pai resolveu ir embora, com toda a família, para o Brasil. Chegando aqui, a filha pecadora enamorou-se de um mulato baiano. O pai permitiu o casamento até com um certo alívio: já que estava estragada mesmo e tinha arrumado um trouxa que a quisesse, ele até podia ser preto.

Mesmo minha bisavó materna não pôde se casar com meu bisavô porque ele era de família rica de plantadores de café e ela, uma moça pobre. Tiveram duas filhas juntos, mas nem assim a família permitiu a união. Ela casou-se com outro e teve outros filhos, ele casou-se com outra e teve outros filhos, mas o preconceito era tanto que os irmãos da minha avó por parte de pai só souberam da existência dela depois que o pai morreu.

A vida da mulherada antigamente não era nada moleza. E a gente aqui, se lamentando porque ele não ligou no horário combinado...

domingo, julho 27, 2008

Férias II


fotógrafa: Lala

Barra do Una (São Sebastião, SP), julho 2008

sexta-feira, julho 25, 2008

Playstation

Estava conversando com um amigo que já namora uma moça há um tempo. Perguntei há quanto tempo estavam juntos:
- ah, juntando tudo tudo, uns dois anos.
- o que é tudo tudo?
- juntando a fase de amigos colors, de ficantes (ah, tem diferença?), de namoro e de namoro firme (ãhn?), tudo tem dois anos.

Bons tempos em que os namoros não eram assim feito videogame, cheio de fases.

quarta-feira, julho 23, 2008

Da série seria cômico, não fosse trágico

Era uma vez uma moça, que conheceu um moço, todo galante e respeitador, família tradicional, namoraram, noivaram, casaram.

Ela se arrumava toda cheirosinha e gostosinha e ele sempre cansado, ou com sono, ou já dormindo. Até que um dia, numa das tentativas noturnas da doce esposinha, ele se senta na cama, bravíssimo, e finalmente sai do armário:

- Não é possível que você não tenha reparado que eu não sou homem!!!

Ela ficou boquiaberta. Não, nunca tinha reparado. Na verdade, pensando bem, achava que de vez em quando ele agia meio esquisito, em especial quando havia algum homem desconhecido no ambiente, mas daí ela achar que andava latindo pro poste errado, ia uma distância enorme.

Ainda ficou casada mais três anos, estudando pra ser alguém na vida, tentando provocar ciúmes no marido saindo com um ex-namorado, usando minissaia e batom. Necas, e ela foi embora de vez.

Seis meses depois ele a procurou. Para conversar, ele disse. Do tal papo nasceu uma menina que hoje tem 10 anos. Ele, todo pai orgulhoso, não quis nem fazer teste de DNA, assumiu a menina, mas disse que não ia ajudar em nada, nem pagar nada, nem ficar com ela, mãe da criança, por conta disso.

Moço honrado, cumpre tudo o que prometeu à risca, há dez anos.

Não, não viveram felizes para sempre, mas ela se recuperou o suficiente para cuidar da filha, de si mesma, e contar a história rindo da situação.

O que todos desejamos...



... cada um a seu modo: amor perfeito.

terça-feira, julho 22, 2008

3 dias de férias...

... e eu doida de saudades da minha Tuca, da Cindy, da minha casa...

segunda-feira, julho 21, 2008

Férias


Parque Tanguá - Curitiba (PR), julho 2008

sexta-feira, julho 18, 2008

Deus existe e tá olhando pra mim!

Hoje de manhã, cedinho, toca o telefone. Era Maria do Socorro:
- d. Cláudia, eu tava aqui pensando que dia 31, que é o dia que eu tenho que voltar a trabalhar, é uma quinta-feira.
- é sim, Socorro.
- então, muito perto do fim de semana, não dá tempo de fazer nada. Aí eu pensei em voltar antes, na segunda dia 28, pra já começar a semana direitinho.
- tá certo, tudo bem por mim, eu fico te devendo quatro dias de férias.
- ah, não fica devendo não, d. Cláudia. De vez em quando eu preciso sair cedo pra resolver minhas coisas e a senhora nunca reclamou, e eu já to mesmo enjoada de ficar aqui em casa sem fazer nada, não precisa me pagar nada não.

Quem sou eu pra contrariar?

Só pode

É tanta propaganda de iogurte, leite, chá, farinha ou qualquer outro produto destinado a fazer o intestino funcionar regularmente que penso que algum instituto deve ter divulgado uma pesquisa dizendo que a maior preocupação do brasileiro não é com a violência, o trânsito, os carnês das Lojas Marabraz, a camada de ozônio, a educação dos filhos ou mesmo a vida dos outros, mas sim se vai ou não ser capaz de fazer cocô no dia seguinte.

quarta-feira, julho 16, 2008

Formiguinhas

Quase meia-noite e eu tirando roupa da máquina de lavar, pondo outra leva, encharcando as solas das meias de vanish pra desencardir, arrumando a louça dentro da máquina...

Nessas férias da Socorro, fiquei com a pulga atrás da orelha: ou a minha casa é muito mais desorganizada do que eu supunha e eu passo a maior parte do tempo recolhendo coisas espalhadas e arrumando aqui e ali, ou eu tô ficando neurótica por limpeza e arrumação e nem notei.

Ou é um surto psicótico passageiro e contagioso, porque também estou vendo Isabela pra lá e pra cá, fazendo uma faxina na bagulhada do quarto dela - põe bagulhada nisso, não sei como pode caber tanta tralha dentro de um único cômodo -, longe de ter hora de acabar.

Cotidiano

No meu trabalho eu enfrento uma situação muito comum que é a do cliente que procura a confecção querendo trocar de fornecedor.
A queixa mais comum nem é tanto em relação à qualidade, mas sim o não cumprimento do prazo de entrega, em especial quando o pedido é em pequena quantidade e exige reposição ao longo do ano, em pedidos quebrados, o chamado pinga-pinga pelo qual ninguém se interessa muito.

Como a minha confecção não é nenhuma Hering ou Santista, atender pequenas empresas não é tarefa difícil. Fazer 30 peças para atender um buffet infantil, ou um restaurante familiar, ou até uma festa de família faz parte do nosso dia-a-dia tanto quanto cuidar do fornecimento regular de uniformes para um colégio com 1500 alminhas fingindo estudar.

O trabalho só vira um problema quando o cliente não tem a real dimensão do seu pedido, e das implicações que ele traz. Normalmente as situações mais comuns são:

1. Cliente que quer um Audi A3 Wagon pelo preço de um Fiesta 1.0
O cara tem uma empresa pequena, e quer uniformizar os funcionários que chama de seus. Legal. Aí ele pesquisa na internet uma camisa desenhada pela Nike, cheia de recortes, detalhes e costuras fora do convencional, num tom de malha bastante específico. Quer bordar a logomarca da empresa dele no peito, mais o site nas costas, mais uma bandeira do Brasil em uma das mangas e se for multinacional, a bandeira do país de origem na outra pra fazer uma média com a matriz. Quiçá o nome da namorada em algum lugar pra ela ver que ele a ama de verdade.
Layout pronto, a peça fica a coisa mais linda. Acontece que ele quer poucas peças (tudo bem), pagando como se tivesse me pedindo umas trezentas (tudo mal). E como somente o negócio dele tem custos e o meu não, dificilmente consigo fazê-lo entender que, para que a camiseta saia no valor que ele deseja gastar, ele tem de tirar todos aqueles detalhes, abrir mão daquela malha carésima, ou do bordado, ou do tecido com tecnologia dry... enfim, botar os pezinhos no chão.

2. O fornecedor atual é bem mais barato
Queixa: fornecedor atual não entrega o meu pedido, sempre atrasa, não atende a reposição ao longo do ano, não presta assistência quando tenho algum problema. Ciente me pede um orçamento. Mando, prevendo todas as situações relatadas na reunião, inclusive a reposição pingada, o deslocamento de um funcionário para reparos e ajustes etc.
Vem a resposta: ah, mas o seu preço é muito mais alto, meu fornecedor atual faz por pelo menos 30% mais barato! Dá vontade de responder: querido cliente, ele não faz por pelo menos 30% mais barato, uma vez que ele não te entrega, não cumpre prazos, não faz a reposição necessária e te deixa na mão todo o tempo. Ele apenas te enrola e só te atende quando não tem nada melhor pra fazer. Se desejar, eu posso mandar um orçamento até 30% mais barato que o DELE, mas daí a dizer que vou te entregar as peças encomendadas, vai uma distância muito grande.

3. O fornecedor alternativo do colégio vende mais barato, eu só compro de você se fizer o mesmo preço.
Todo colégio precisa ter mais de um fornecedor de uniformes, para não ir de encontro ao Código de Defesa do Consumidor. Nem todos têm, e ao contrário do que se imagina, não é por má fé, mas simplesmente porque arrumar fornecedor de uniformes para o seu colégio não é tarefa das mais fáceis. É incrível como as escolas são mal-preparadas e mal-orientadas para lidar com o assunto. Tudo bem, a função delas é educar, mas já que o uniforme é parte integrante do cotidiano, e cumpre a função de identificação do aluno com o colégio, entre outras, seria desejável que tivessem um conhecimento maior sobre o tema.
Do lado do fornecedor, ou seja, o meu, lidar com uniforme de colégio não é um navegar em águas calmas como pode parecer. Apesar do público cativo, seu compromisso com o colégio faz com que você não possa se negar a atender aquele cliente insuportável, e nem deixar faltar peça no estoque por mais de 15 dias, nem trocar o fornecedor de determinado tecido a seu bel prazer, sem aprovação prévia, ainda que o novo fornecedor seja um poço de vantagens. Se você, consumidor, vai a uma loja comprar uma calça de moleton tamanho 4 pro seu filho e não tem a vermelha, ou você compra a preta, ou não compra nenhuma. A loja não tem obrigação de ter a vermelha. No caso dos uniformes, o fornecedor é obrigado a fabricar a tal calça tamanho 4 que está em falta, mesmo que ele tenha pilhas gigantes de todos os tamanhos lá encalhados. E estoque parado é custo. E ficamos sujeitos às intempéries, tal agricultores - tivemos um frio inesperado em janeiro, as camisetas regatas encalharam, estão amarelando no estoque e não sei se estarão em condições de ser vendidas em janeiro de 2009 ou se terei de fazer uma liquidação para reduzir o prejuízo.
Bem, com tudo isso, o que normalmente acontece é que os colégios de pequeno e médio porte têm um fornecedor principal, que é o fornecedor de quem eles exigem atendimento de primeira, e um fornecedor alternativo, que pode ser até a tia Cotinha da mãe de um aluno que resolveu fazer uniformes para vender. E então o que acontece é que alguns pais não conseguem ver a diferença entre comprar o uniforme em um local ao lado da escola, que faz os ajustes necessários, que tem estoque de pronta-entrega, que usa material top de linha, que vai trocar ou consertar a peça em caso de desgaste indevido, e comprar numa lojinha ou oficina fundo de quintal na Cidade Dutra, onde não tem nem lugar pra provar. Conforto, qualidade e comprometimento custam caro.

4. Ah, não é possível que você vai me cobrar esse preço!
Detalhe: na hora de buscar a encomenda pronta, na hora de pagar. Ué, mas você não recebeu o orçamento, ele não foi discutido, explicado, reduzido, aprovado? Onde é que está a surpresa?

5. A quantidade mínima é muita coisa para mim
Nossa quantidade mínima é efetivamente mínima, mas ainda assim há empresas que são bem pequenininhas e que precisam de uma quantidade ainda menor. A IC já foi uma empresa com somente 3 alminhas, além de mim e da minha sócia, e sabemos o quanto é duro alguém dar atenção pra quem é assim tão ínfimo. Então, sempre tentamos atender, e ajustar a necessidade do cliente às nossas possibilidades. Alguns ficam felizes e dispostos a cooperar, ou seja, eu cedo daqui, você cede daí, e sai feliz com seu uniforme pros 5 funcionários sem que para isso cada peça tenha te custado os olhos da cara. Seria o ideal se sempre fosse assim, mas alguns clientes não apenas não querem ceder em nada, como ficam muito bravos porque há uma quantidade mínima, nos acusam de exploradores e ainda ameaçam denunciar ao Procon.

6. Muquiranagem
A vida não tá fácil pra ninguém. Mas nada é comprado com mais má vontade do que uniforme escolar. Os pais ficam revoltados, e não adianta a gente tentar mostrar que aquela camiseta custa 1/3 da que ele comprou no shopping e vai ser usada pelo menos 10 vezes mais. Pare e pense, existe alguma roupa mais usada e aproveitada na vida do que uniforme escolar?
Alguns pais compram um único casaco de moleton para o filho no inverno. Um casaco na mão de um moleque de 6 anos de idade, pode imaginar o que isso significa? Alternativa um: o moleque vai usar o casaco sujo na maior parte das vezes; Alternativa dois: o moleque irá várias vezes pro colégio sem o casaco da escola porque não deu tempo de lavar e secar.
Alternativa três, e aí começam meus problemas: a mãe lava o casaco e taca na secadora, ignorando completamente as instruções de lavagem da peça que proíbem o uso de secadora e o ímã imenso que damos para todos com a tradução dos símbolos de lavagem, secagem e passadoria para grudar na geladeira e nunca mais estragar uma peça de roupa na vida - toda roupa com alta porcentagem de algodão não pode ir molhada para a secadora sob pena de encolher à beça, só pode ser colocada na secadora se estiver apenas úmida, na etapa final da secagem. Segue-se o diálogo:
- o casaco encolheu...
- senhora, conforme as instruções, este tecido não pode ser colocado em secadora porque encolhe (isso quando admite que foi pra secadora, porque alguns casacos chegam lá metade do tamanho e o cliente jura pela santa mãe que nem tem secadora em casa!)
- então, eu sei, mas acontece que ele só tem um casaco e se eu não colocar na secadora, não dá tempo de secar pro dia seguinte.
Alguém, em sã consciência, acha mesmo possível administrar um único casaco para uma criança durante todo um inverno? E será que alguém que arca com uma mensalidade de quase mil reais de escola não pode mesmo comprar mais de um casaco de R$ 60,00?

7. O cliente quer vantagem total
Normalmente acontece em escolas de pequeno porte: a escola compra os uniformes e vende para os alunos. Para mim, é o melhor dos mundos, não preciso administrar estoque, não lido diretamente com os pais dos alunos, o pedido vem fechado, e eu não penso muito no assunto. Executo, entrego e finito.
O problema começa quando o colégio não quer assumir risco algum, somente as vantagens. Eu explico: se você tem o uniforme em estoque, de alguma forma estimula o consumo, porque aquela malha de lã que você achou linda e compraria por impulso para o seu filhote porque está fazendo 10 graus lá fora e você quer que ele a use imediatamente, pode se tornar menos atrativa se você tiver de esperar 20 dias por ela. Acontece que formar estoque implica risco de encalhe, então é um jogo que precisa de vigilância constante para que haja equilíbrio. Não se ganha em 100% das vezes.
Mas a escola quer: encomendar os uniformes de acordo com o pedido dos alunos (ok), fazer o pedido e pagar quando receber dos alunos (ok), não ficar com nada sobrando no estoque, nem para atendimento imediato (não acho ok, mas cada um sabe de si), mas quer que eu faça isso, ou seja que euzinha, que não tenho acesso aos dados dos alunos, que não sei quantos alunos há em cada classe, que não tenho acesso direto aos pais, faça um estoque para atender pedidos imediatos, como uma frente fria inesperada. Eu posso, então, ficar com o prejuízo do encalhe, mas o colégio não. Legal né? Assim eu também quero!

Parece a visão do inferno não? Puro exagero. 90% dos meus cliente são bacanérrimos e não me dão trabalho adicional algum. Mas estou tão precisada de férias - que serão na semana que vem, eba! - que só consigo me lembrar dos casos cabeludos.

segunda-feira, julho 14, 2008

A Socorro saiu de férias...

... eba!!! Jardineira liberada!

Bagunceira? Eu?

Skavurska!

Quase tão ruim do que ficar com a internet caindo toda hora é o atendimento friendly que a net resolveu colocar nas gravações, pra ver se o cliente - no caso, nós, mais especificamente eu - fica menos bravo com o servicinho de quinta que eles andam oferecendo.

Você pressiona o n. 1 para problemas técnicos e vem uma voz masculina no mesmo tom do tio da quarta série, bem fofo:

Ah, entendi. Você está com problemas técnicos. Infelizmente a sua região está com alguns problemas de conexão, mas logo logo eles serão resolvidos. A nossa previsão é que tudo volte ao normal até às 19h (isso são umas 10h da manhã). ô dó... Mas olha, não fica assim não, vai dar uma volta, espairecer, curtir a vida. Minha tia Cotinha um dia desses ficou sem internet e sabe que ela resolveu fazer compras no shopping e até arrumou um namorado bla bla bla...

sábado, julho 12, 2008

Natan, 6 anos

Pegou um cartãozinho e escreveu:

Carol, vai ter festa junina na minha casa, eu quero que você venha, você vem?
( ) sim
( ) não
ass. Natan


Pediu ajuda pra mãe, para entregar pra menina, porque tava morto de vergonha.

- Que festa junina o quê, menino! Não vai ter festa nenhuma aqui em casa, e além do mais a mãe dela não vai deixar ela vir brincar aqui bla bla bla...

Pronto, agora a gente já sabe onde é que são podadas para todo sempre as boas iniciativas masculinas.

quinta-feira, julho 10, 2008

Jeca Tatu

Com a baixa na venda dos uniformes e a alta nos preços dos alimentos, resolvemos diversificar os negócios.

Ontem o jardineiro da confecção plantou as primeiras sementes da nossa horta.

É nóis com um pé no agrobusiness! Quem sabe no fim do ano já não dá pra pagar o décimo-terceiro dos funcionários em pés de alface ou macinhos de manjericão?

A responsabilidade de cada um

Aqui na empresa, os funcionários optaram por receber em dinheiro o valor do transporte mensal, e usá-lo como melhor entender para vir trabalhar.

Para nós, é indiferente, e facilita para o funcionário, que não fica refém de usar um transporte público deficiente e pode usar o dinheiro para colocar combustível no carro, por exemplo.

Seria ótimo se pau que desse em Chico também desse em Francisco, ou seja, se os benefícios e os ônus fossem para os dois lados. Não são, claro, quando acontece algum problema, adivinha quem entra pelo cano?

Eu explico: uma das minhas funcionárias vem e volta do trabalho com o namorado. De moto. Um dos meios de transporte mais perigosos que existem, ainda mais em uma cidade como São Paulo. Nem preciso dizer que dia desses ela se acidentou.

Nada grave, mas ela perdeu dois dias de trabalho. Veio trabalhar, o joelho inchou, foi ao médico. Dez dias em casa. E quem arca com a falta do funcionário? A empresa. Quem fica sem o funcionário? A empresa. Quem foi que pagou pelo transporte, que afinal não era moto de jeito nenhum? A empresa.

Com isso, a partir do mês que vem, todo mundo passa a receber seu cartão de bilhete único carregado e fim de papo.

quarta-feira, julho 09, 2008

Cada um luta com as armas que tem


Hoje passou no jornal do meio-dia uma matéria sobre os veteranos da Revolução de 32, que originou o feriadinho paulista de hoje, e entre eles estava a d. Dirce.

Não, d. Dirce não lutou nas frentes de batalha, imagine, naquela época mulher nem votava, que dirá pertencer ao Exército. Mas seu esforço de guerra foi tão importante que este ano foi ela a Comandante em Chefe das Forças Revolucionárias durante o desfile.

Sua contribuição consistiu em, aos 14 anos de idade, empenhar-se, ela, as irmãs e a mãe, em tricotar cachecóis e meias de lã quentinhos, para os soldados que lutavam no front. Afinal, era julho, em tempos de camada de ozônio sem buraco, sem inversão térmica, nem aquecimento global, ou seja, invernão pra valer. Segundo ela, eles não podiam ficar lá, passando frio.

Fiquei vendo aquela senhorinha toda linda e arrumada na reportagem da tv e imaginando-a de vestido de babados, cabelos bem penteados enfeitados com um lacinho, meias compridas até os joelhos, sapatos tipo boneca e casaquinho de lã, sentada numa cadeira ao lado do rádio, ouvindo as notícias sobre o avanço das tropas federais para conter os revolucionários paulistas.

As mãozinhas trabalhando rápido, hábeis com as agulhas de tricô, concentrada em seu cívico dever de finalizar aquele cachecol que seria usado por um soldado desconhecido. Orgulhosa em poder contribuir.

Tempos românticos aqueles, não?

segunda-feira, julho 07, 2008

Cômico, se não fosse trágico

Nós, mulheres, vivemos reclamando que os homens não têm imaginação. O que é de uma injustiça imensa, conforme será comprovado na historinha verídica abaixo:

Moça de 25 anos, noiva há dois de moço na mesma faixa etária, com planos de casamento para o fim do ano. Família humilde, moça que dá um duro danado pra estudar, trabalhar, comprar as coisinhas para a casinha nova.
Eis que as visitas dominicais do moço à casa dela começam a rarear. Uma hora ele teve de ir até a casa da irmã, na outra ele teve de ajudar um amigo com a mudança, na outra ele teve de alimentar a lagartixa do primo.
Até que a mãe da moça, numa bela manhã, resolve ir até a casa do futuro genro para assuntar o que afinal estava rolando.

Eis que ela abre o portãozinho, entra no quintal onde ficam as cordas para secar roupas e... pendurada em uma das cordas, está uma carta.

Isso mesmo. Uma carta escrita pelo noivo, para a noiva, ali, aberta, pendurada no varal, bem virada pro portão de entrada.

A intenção, segundo ele, é que, uma vez que ele desse um chá de sumiço, ela, ou alguém da família dela, iria até a casa dele procurá-lo para saber o que vinha acontecendo, e encontraria a carta terminando tudo, explicando que ele está de caso com uma mulher casada etc e tal.

Se um cara desses usasse tanta inteligência para o bem - sim, porque vamos combinar que além de tudo, a artimanha funcionou exatamente conforme o planejado - já teria descoberto a cura do câncer.

sábado, julho 05, 2008

Tolerância zero e paciência quase isso

Exemplo de polícia aliada da comunidade foi o policial dizendo que não ia fazer teste de bafômetro na porta de buffet infantil porque coitados dos pais das crianças né?

Expectativa é coisa séria

E não é que tem gente meio indignada achando que a Ingrid Betancourt tá bem demais para quem passou 6 anos sequestrada pelas Farcs, e que ela não está fazendo jus àquela foto que circulou há quase um ano, na qual aparecia triste e abatida?

Se sentindo quase lesado porque a Ingrid não está com leishmaniose, nem com malária, nem com os dentes podres ou com alguma doença tropical terminal conforme suspeitavam.

Eu, de minha parte, deixo aqui um apelo: se eu for sequestrada por algum grupo que me mantiver em cativeiro por mais de 15 dias, qualquer que seja a estratégia de resgate, ela precisa incluir uma tinta de cabelo para retocar a raiz e garantir que vou aparecer bonitinha na entrevista.

Nós, os consumidores

A Telefonica deixou uma parcela considerável da população sem internet em São Paulo por 36h na última quarta-feira. A cidade praticamente parou por conta disso. Eu não fui diretamente afetada, mas indiretamente sim: uma vez que meus clientes não tinham internet, nossa comunicação foi prejudicada.

Uma amiga que é dentista teve de dispensar todos os pacientes do dia já que todas as autorizações etc são feitas online. Um outra, advogada, quase teve uma gastrite com os prazos que venciam naquele dia, até saber que seriam prorrogados. A manicure foi até o Poupatempo tirar outra carteira de identidade e deu com a cara na porta: não somente não tirou o documento como perdeu quase um dia inteiro de trabalho numa dessas.

A Telefonica tomou providências, claro: não apenas fez os consertos cabíveis como colocou no ar, rádio e TV, um comercial pedindo desculpas e dizendo que, em respeito aos seus consumidores, o período de 36h da pane não será cobrado.

Ou seja, gastaram milhares de reais para nos comunicar o quanto eles são legais por não cobrar pelo serviço que eles não prestaram. Sensacional.

Distorção

Nesta semana que passou, os meios de comunicação tentaram criar polêmica com uma declaração da modelo Isabeli Fontana. Sentada no sofá da Hebe Camargo - a qual, em breve, não mais conseguirá mastigar o que quer que seja por pura falta de movimento das extremamente esticadas bochechas - ela , mãe de um menino de 5 anos e outro de quase 2, disse que não gostaria que um dos seus filhos fosse gay.

E aí tentaram fazer um bafafá danado, como se ela tivesse dito que por ela todos os homossexuais do mundo deveriam ser extintos quando ela tão somente externou o sentimento de tantas mães no mundo. No mesmo programa, outro participante disse que se ele (um dos filhos) fosse gay ela teria de amá-lo asim mesmo. Mas ela não tinha dito que se um dos filhos fosse gay ela ia odiá-lo para todo sempre, botar pra fora de casa, mandar matar ou rogar praga para o cabelo ficar pixaim.

Já parou pra pensar quantas vezes isso acontece com a gente? Se uma atriz é linda, mas interpreta mal e você diz: acho fulana péssima atriz, logo vem alguém pra dizer que imagine, ela é linda, tem um corpo lindo, um cabelo lindo, você que é invejosa e tá botando defeito. Mas onde foi dito que ela era feia, tinha um corpo disforme e cabelo desgranhento?

Faz lembrar quando eu e minha irmã éramos pequenas, e Minha Mãe Teresa de Calcutá ficava ressaltando o lado bom das pessoas. Por conta disso, a gente não podia falar nada sobre alguém de quem ela gostava que ela já tomava a parte pelo todo e seguia-se o diálogo abaixo:
Eu: o filho do s. Rocha é tão chatinho...
Minha Mãe Teresa de Calcutá: Ah, mas ele é um menino inteligente, bonito, trabalha, desce com o cachorro, empurra a cadeira de rodas da avó, assiste desenho animado com o irmão mais novo...
(tá, bacana pacas, mas chatinho ué, por que ele não podia ser bacana lindo E chatinho?)

Isso tudo deve ser herança da nossa culpa católica, segundo a qual, se não formos todos simpáticos, bacanas e bonzinhos uns com os outros, não iremos para o céu.