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quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Informação fundamental

E aí que o professor de boxe inventa de me fazer pular corda. É um vexame, claro, visto que depois dos 10 anos de idade eu nunca mais pulei corda na vida. Me enrosco na corda, erro o tempo da pulada, para não falar na total falta de fôlego e de leveza.

Sabe a hipopótama bailarina do Fantasia? Perde.

Ficam aqueles caras lá pulando corda como se fizessem isso a vida toda, quando a gente bem sabe que eles nem queriam saber de pular com a gente quando criança, muito menos ficar batendo a corda pra gente pular. Pular corda era mesmo brincadeira de menina, e como tudo no universo feminino, qual era o assunto da musiquinha para ditar o ritmo?

Homem, claro.

Chuva, sol
Seco, molhado
qual é a letra do nome do seu namorado?

Isso com duas batendo a corda, uma de cada lado, e a outra pulando. Após a introdução, começava o alfabeto: A, B, C, D, E ... A letra na qual se errava o pulo era a letra inicial do nome do futuro namorado.

Preciso dizer que a gente sempre errava na letra do garoto de quem se gostava? Achando que ninguém ia notar, claro. Existiam até umas manobras mais elaboradas: se o nome do príncipe encantado fosse André, por exemplo, era muita bandeira errar logo na primeira letra, né? Ainda mais que todo mundo sabia quem é que pulava mais tempo, quem é que pulava menos tempo. Com isso, pra disfarçar, a nega ficava lá pulando o alfabeto todo, até começar de novo e ela finalmente poder errar na letra A.

Pior era quando a coitada errava o pulo na letra que não queria. Tipo a letra do garoto mais feio da rua, ou aquele que andava atrás dela e ela não queria nada. Que tortura, meu Deus, ter o destino ali, decidido, implacável, num erro de cálculo! Nós, mulheres, somos em geral muito ruins de cálculo, mas fazer dessa deficiência uma espada sobre nossas pobres cabecinhas era meio demais.

Fora a discussão inicial sobre que alfabeto seria usado. Houve um tempo em que as letras K, W e Y não faziam parte do nosso alfabeto (naturalmente que eu nem era nascida, fiquei sabendo de ouvir falar) e isso criava um imenso problema para quem era apaixonada por um Wellington, um William, um Ygor - não, na época Ygor era nome só de cachorro - um Kleiton ou um Kledir. Como ela não podia abrir o jogo e reclamar da falta da letra, já que nego com M sempre teve de monte, mas com K era só aquele filho único, era sempre sugerido usar o alfabeto com as 3 letras incluídas, para "ficar mais comprido". Coerentíssimo.

Hoje, na academia, tinha uma menina de uns 7 ou 8 anos esperando pela mãe, brincando com a corda de pular, e eu perguntei se ela gostava de pular corda com as amigas. Ela me respondeu que ela e as amigas não brincavam de pular corda, que elas não sabiam pular corda. Contei pra ela que eu e minhas amigas pulávamos corda quando éramos da idade dela, contei da musiquinha, contei da finalidade da musiquinha, e ela ficou me olhando como se eu fosse uma maluca.

Deus do céu, o que será da vida amorosa dessas meninas, sem saber a letra do nome do namorado???

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

A paixonite

Tem uma fase no relacionamento amoroso que eu adoro. É aquela fase na qual pensamos no outro, mas não com desespero; que queremos ver, falar, ouvir, mas não o dia todo; que dá vontade de fazer brincadeirinhas, ficar perto, encontrar, mas nada cheio de aflição.

Enfim, uma fase gostosinha, que eu chamo de paixonite. Nem sei se posso chamar de uma fase, porque acredito que vários relacionamentos não passam desse estágio e podem durar um tempão assim. Uma fase que não é paixão, que não é amor, mas sim um encantamento, feito de sorrisinhos, beijinhos, recadinhos, encontrinhos, carinhos.

Descompromissada, essa fase muitas vezes é relevada, desprezada e atropelada pelas circunstâncias ou pela ansiedade. Em vez de curtir a paixonite, quer-se mais. Definições, avanços, marcos, datas. Tudo isso pode vir depois, e pode ser que nunca venha. Pode ser que a paixonite finde em si mesma.

E daí?

Por isso, a paixonite deve ser curtida, cultivada, e mesmo valorizada, como parte importante de um relacionamento a dois, seja ela parte 1, 2, 3 ou parte única. Uma doce lembrança para ficar no coração. Uma leveza, uma brisinha refrescante em uma noite quente.

Nada além.