É o seguinte... tá bem?

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sexta-feira, outubro 28, 2005

Amor profundo e que nunca se acaba

- A Cláudia dirige muito bem!
- Ela não só dirige muito bem, como ela dirige o tempo todo, nada de pegar o carro, ir pro trabalho e deixar o carro na garagem da empresa, assim é fácil!

- Nossa, nunca vi uma mãe de aniversariante tão organizada e tão calma como você. As pessoas aqui no bufê não estão acostumadas com isso.
- Ah, mas ela é assim mesmo! Não é porque é minha filha, não, mas ela sempre foi assim, organizada, tudo dela sempre foi muito bem feito!

- A Cláudia estava contente na festa da Isabela?
- Nossa, muito! E estava linda, com um vestido lindo, vermelho, deslumbrante, um cabelo maravilhoso, e se divertiu à beça!

- Filha, eu vou consertar a bicama da Isabela pra você.
- Filha, eu vou fazer de almoço aquele peixe que você gosta.
- Filha, eu levei o ferro de passar roupa para consertar, e já dei um jeito naquele lustre que tava com defeito.
- Filha, eu comprei pão quentinho na padaria.
- Filha, eu vou com você para você não ir sozinha.
- Filha, deixa a gente no supermercado que a gente faz as compras pra você enquanto você trabalha.
- Filha, acredita que o Carrefour não quis cobrar as compras?, então por isso você não me deve nada.
- Filha, eu arrumei os seus sapatos sociais, coloquei tudo nos saquinhos para não arranhar.
- Filha, vai se divertir com seus amigos que nós ficamos aqui com a Isabela.
- Filha, não leva a gente até Guarulhos não para não ter de voltar sozinha.

Existem milhares de maneiras de dizer eu te amo. Nenhuma tão intensa e tão profunda como as que os nossos pais usam.
E eu também amo muito vocês dois!

Quando eu o encontrar...

... vou dizer o quanto estou me sentindo sozinha na ausência dele;
... vou reclamar que ele só pensa em trabalho e se esquece de mim;
... vou dizer que para um relacionamento dar certo ambos têm de ceder;
... vou dizer que não estou me sentindo nem um pouco importante na vida dele e que por isso não vejo motivo para continuarmos juntos;
... vou fazer de conta que nem tava com tantas saudades assim e ser distante para puni-lo;
... vou dizer que ele não pode querer que eu adivinhe as coisas que o aborrecem e que ele tem de me dizer;

Mas quando eu o encontro...

... nada mais quero ou desejo, a não ser estar com ele;
... tudo o mais perde a importância, o valor, a urgência, e assume outra dimensão, bem longe dali;
... só importam o amor e a paixão, e a felicidade de estar perto;
... já não quero falar mais nada, a não ser... te amo!

Namorados

Namorada troca de vestido duas vezes.
Namorada troca de sapato quatro vezes.

Namorado entra, com uma bandejinha de doces de chocolate, quentinhos, nas mãos.
Namorado, depois das apresentações, senta-se no sofá e dispara a falar compulsivamente sobre o próprio trabalho com pai da namorada.

Em qualquer idade, em qualquer tempo, não é fácil levar namorado para conhecer a família.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Najda pede socorro!

Najda, uma aspirante à Penélope, escreveu-me pedindo socorro. Tantas foram as suas dúvidas que tentarei ser breve nas respostas para não cansar os leitores.

Se ele não souber sugerir o restaurante - ou pior - vier com aquele papo de Vou aonde você quiser que eu vá, desde que você esteja junto... O QUE EU FAÇO???
Resposta: sugira o Fasano, ou o Emiliano, que ele logo se lembrará de algum outro, caso não possa pagar uma conta num desses dois.

Se ele disse que está sem carro, ou já for dizendo: me encontra no lugar x às tantas horas, O QUE EU FAÇO???
Resposta: diga que não sabe chegar neste lugar e marque em um outro que fique do lado oposto de onde ele mora ou trabalha pra ele pagar uma puta grana de táxi ou perder 3h dentro do ônibus.

Se ele quiser ir almoçar no restaurante que fica NA ESQUINA DO MEU PREDIO E EU TIVER QUE IR À PÉ ENCONTRÁ-LO, ENFIO O SALTO AONDE??? (seja educada)
Resposta: vá andando na pontinha dos pés até chegar lá.

Se quando a conta chegar, ele fizer aquela cara de "e aí, vai dividir ou vai me explorar"... O QUE EU FAÇO???
Resposta: enrole/alise duas mechinhas em vez de apenas uma.

E se, pior, ele disparar: TANTO PRA CADA UM. O QUE EU FAÇO???
Resposta: você está só com a bolsinha com batom e identidade, lembra? Peça a ele o número da conta do banco e diga (batendo os cílios e tremendo os lábios, não esqueça) que vai depositar assim que o office-boy da empresa chegar da rua.
E se ele ligar para cobrar um dia (porque é claro que você não vai depositar coisa nenhuma) você pode fingir que não o conhece ou ter uma recaída do tempo em que ainda não era Penélope e dizer de boca bem cheia: ATOMANUKU!

Palpitação e sudorese penelopianos

Como faço para conter a palpitação e a sudorese de que sou acometida ante a visão da chegada da cadernetinha de couro fechadinha à mesa? (Marília, de Brasília)

R. Querida, se para você é impossível conter a palpitação e a sudorese, faça bom uso delas. Vire o jogo a seu favor, caso o moço perceba o seu desconforto. Diga a ele que a palpitação e a sudorese é porque o jantar chegou ao fim e você se divertiu tanto e ficou TÃO encantada com ele que até se emocionou.
Também pode dizer que não tem o hábito e que é a SEGUNDA vez que sai com alguém que conheceu online (dizer que é a primeira soa meio canastrona e uma Penélope nem de longe pode ser canastrona) e que por isso ficou um pouco nervosa.
Não se esqueça de acompanhar qualquer uma das declarações acima com uma batidinha dos cílios (com rímel) e um leve tremor dos lábios (com batom). E pronto!

Penélopes de cabelos curtos

Queridos leitores, jamais imaginaria existir tantas moças carentes de aulas de Penelopianês. Várias dúvidas estão surgindo ao longo do caminho. Tentarei responder a todas.

Meu cabelo é curto, então como farei com o item "enrolar ou alisar" uma mecha de cabelo? (Maria José, de Baturité)

R. Querida Maria José, nada impede que uma mulher de cabelos curtos também seja uma Penélope completa, inclusive no quesito supra-citado. Siga os passos abaixo e caminhe rumo ao sucesso!
- arrume uma mechinha qualquer, pode ser aquele pezinho na nuca que o cabeleireiro deixou;
- você tem inclusive uma vantagem a mais, que é o fato de ter de dobrar o pescocinho charmosamente para alcançá-la;
- mas atenção! Há uma técnica toda especial para essa dobrada de pescocinho. Uma Penélope não dobra o pescocinho para qualquer lado não, filha, kekéisso!
- dobre o pescocinho na direção do moço, que significa que estará dobrando na direção do onde estará a tal cadernetinha de couro fechadinha. Dobrou? Isso!
- agora, para alcançar aquele fiapo de cabelo na sua nuca, você vai ter de virar a cabeça, certo? e aí, tchã-nan! VOCÊ VAI FICAR COM A CABEÇA LEVEMENTE VIRADA DE COSTAS PARA A CADERNETINHA! Simples não?
- atenção: para que esta técnica funcione é preciso que o moço esteja sentado do seu lado, e mais! Sentado do lado da mão que você usa: se é destra, o moço tem de estar do lado direito; se for canhota, do esquerdo, senão não funciona.

Teste de aptidão para o Curso de Penélope

Recebi milhares de telefonemas, centenas de emails e inúmeros scraps no orkut, todos com a mesma dúvida:

COMO SABER SE EU PRECISO FAZER O CURSO "COMO SER PENÉLOPE EM 7 RÁPIDAS LIÇÕES"?

É simples, muito simples, basta que você se observe e veja se se identifica com as situações abaixo:

- a já citada no post sobre o curso, sobre pegar o carro na chuva. Se você se identificou com esta, nem precisa continuar a ler este post, vá direto para o do curso e leia-o e releia-o ao menos 15 vezes por dia, para começar;

- você vai a um restaurante chiiiiiique, daqueles que o garçom guarda seu casaco, porque é inverno, você foi com casaco pesado, lá tem aquecimento, claro! e na hora de ir embora, o garçom segura seu casaco para você colocar os bracinhos e você fica lá, tentando arrancá-lo das mãos dele para vestir sozinha;

- quando ele sugere o vinho, aquele do post anterior, você pede para dar uma olhadinha na carta de vinhos, com a intenção secreta de ver quanto custa o mimo, já que não passa pela sua cabeça não dividir a conta;

- você dá uma olhadinha bem rápida na coluna da direita do cardápio, porque, afinal, vai dividir a conta;

- você vai ao encontro do moço em seu próprio carro, sem nem dar chance a ele de se oferecer para te buscar;

- você não dá tempo do moço abrir a porta do carro para você descer dele. Aliás, o único que consegue ser mais rápido e abrir a porta do seu carro antes de você é o manobrista que recebe o carro na porta do restaurante, assim mesmo porque ele é treinado para isso. E você desce de lá tendo de administrar bolsa, celular, papelzinho do estacionamento, tudo ao mesmo tempo enquanto segura a porta do carro com o pé, pq nessas horas a trava que a mantém aberta insiste em não funcionar direito;

- você não consegue, em nenhuma circunstância, nem naquelas em que o problema seria resolvido em dois minutos, fazer cara de bobinha/ingênua/não entendi nada/pode me ajudar, por favor?/frágil/desamparada, muito menos dar duas batidinhas de cílios porque teme que alguém a ache uma tonta, mesmo que esse alguém seja o garçom do restaurante ou o manobrista;

- VOCÊ SEMPRE SE OFERECE PARA DIVIDIR A CONTA NO PRIMEIRO ENCONTRO.

Como ser Penélope em 7 rápidas lições


Você tá lá, papo vai, papo vem, como um moço interessante, com profissão interessante, jeito interessante, tudo interessante.

E ele propõe: vamos almoçar na semana que vem para nos conhecermos?

Você fica toda animada, mas ao mesmo tempo apreensiva, achando mil coisas e já pondo areia no encontro antes mesmo dele acontecer. Ah!, a mente feminina! A capacidade de sabotagem da mente de uma mulher é muito maior do que a de qualquer espião russo, na época em que ser espião russo era muita coisa.

E seus amigos te dizem: faz favor de ser um pouquinho mais Penélope!

Para todas que, como você, não exercem seu lado Penélope e acham um absurdo o cara ir buscar o carro sozinho do outro lado da rua, chovendo, enquanto você fica debaixo da marquise esperando, para não molhar o cabelo (e para uma Penélope ele não está fazendo mais que a obrigação e jamais passaria pela cabeça dela sair correndo na chuva atrás dele), segue um curso básico de dicas para deixar o lado Penélope aflorar.

1. Ele te chamou para almoçar? Nada de propor o restaurante. Diga que não tem a menor noção de onde poderiam ir, e já emende: o que você sugere? Só seja você a sugerir o local se ele for de outro país (deixá-lo sugerir o local é fundamental para o bom andamento do curso). Pensando bem, só se for de outro planeta, e assim mesmo, se a nave tiver pousado naquele dia de manhãzinha, porque senão já era mais que hora dele saber onde te levar para almoçar. Afinal, ele quer te causar uma boa impressão, né?

2. Definido o restaurante, você pergunta: a que horas nos encontramos? NÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!! Repito: NÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!! A pergunta de uma Penélope é: a que horas você vem me buscar? Já dê o endereço. Porque se o moço for um gentleman, ele vai te buscar em casa ou no trabalho, nem que você seja lá de Itaquaquecetuba. Afinal, se ele não tá disposto a fazer isso no primeiro encontro, imagine depois...

3. Figurino: vestidinho. Sainha e blusa. Bem de menina. Ok, você tá no trabalho, vai sair para almoçar, não dá pra ir de vestido frente única vermelho (a menos que você queira ser o assunto do café, mas isso não faz parte de ser Penélope, aí a gente já tem de mudar de personagem e não cabe nesse post). Mas dá para colocar um tubinho básico, preto, com um sapatinho de salto alto, algo que te deixe chique, linda e condizente com os itens 1 e 2 e apta a encarar o chefe durante o dia. Ah! Nada de ir com aquela bolselona que você carrega pro trabalho todos os dias. Leve uma bolsa pequena para o almoço, apenas com o fundamental (batom e identidade).

4. Cabelo: solto. Ainda mais se você tiver um cabelão. Nada de rabinho, coque, meio rabo (só se você estiver grávida, e aí também não tem nada que estar lendo este post, pegue a Pais e Filhos e vá procurar sua turma que o assunto aqui é sério). A importância de ir com o cabelo solto você verá mais para o final.

5. Almoço transcorrendo na maior paz, tudo indo super bem, você pediu um suquinho, ou um refrizinho, porque uma Penélope jamais pede uma caipiroska no copo longo na hora do almoço num primeiro encontro (nem no segundo, nem no terceiro...). E se for uma aprendiz de Penélope, como você, nem pode, porque tem de estar de posse das faculdades mentais para o passo a seguir, este sim fundamental e que, se superado, fará de você uma legítima pertencente da classe das Penélopes.

6. Cafezinho e... eis que chega a conta. E aí você entende porque os passos acima devem ser seguidos:
- já que foi ele quem escolheu o restaurante, você não tem responsabilidade nenhuma sobre a conta. E se ainda por cima ele pegar a carta de vinhos e sugerir o vinho lébous tlébous safra 19ewébous, aí mesmo é que você pode esquecer que alguém vai cobrar aquele almoço em algum momento.
- você está de vestidinho e bolsinha mínima, apenas com batom e identidade, certo? Então, nem dá pra dividir.
- cabelo solto e você ali, distraída, olhar perdido, enrolando ou alisando um cachinho. Não importa. Importa é que uma Penélope envolve-se tão profundamente nessa atividade que NEM NOTA que foi colocada na mesa aquela cadernetinha de couro fechadinha ao lado do seu par.

7. Plano B: caso você não tenha seguido os passos dos itens 1, 2, 3, 4 e 5, ainda assim nem tudo está perdido! Sua chance de ser Penélope está salva!
- na chegada da cadernetinha de couro fechadinha, concentre-se. Torça as mãos uma na outra, já que foi de rabinho e não tem mecha de cabelo para enrolar/alisar (eu avisei que era fundamental o cabelo solto, você não quis ouvir). Pense em algo, sei lá o quê, que a afaste dali por alguns segundos. Cante mentalmente uma música qualquer, da qual não se lembre bem da letra e tenha de se concentrar.
- pedir a uma amiga que coloque uma ratoeira dentro da sua bolsa, para evitar que você saque a carteira também é uma idéia boa, só não se esqueça de não falar um putaqueopariu na hora que ela prender seus dedos, no máximo um aah!!
- ou use a técnica dos alcóolicos anônimos e mentalize: só por um segundo e apenas por mais um segundo eu segurarei o impulso de sacar a carteira da bolsa (que você não conseguiu deixar no escritório e nem deixou a amiga colocar a ratoeira)e proferir as palavras fatais que farão com que todo o doutrinamento acima caia por terra:

VAMOS DIVIDIR A CONTA?

beijo e boa sorte na sua empreitada!

segunda-feira, outubro 24, 2005

Macho pacas

Cenário: namorado de 16 anos na festa de 15 anos da namorada.

Pai da namorada, com fama de feroz, guardando algumas coisas no carro, durante a festa.
Namorado vai na direção do sogrão:
- Oi, tudo bem com o senhor? Eu sou o fulano, namorada do fulaninha (filha). Muito prazer em conhecê-lo, a sua filha fala muito bem do senhor.

Discurso acima acompanhado da mão estendida para o cumprimento.

Deu a volta no pai da garota, que até hoje ele tá meio besta...

24 de outubro

Hoje é o aniversário da:

Estrelinha do meu céu
Conchinha do meu mar
Areinha da minha praia
Tesourinho do meu baú
Tomatinho do meu molho
Amor da minha vida, daqui até a eternidade....

PARABÉNS, FILHOTINHA!
VOCÊ É O QUE DE MELHOR PODERIA TER ACONTECIDO NA MINHA VIDA.
NEM MESMO EM SONHOS EU PEDIRIA ALGUÉM IGUAL A VOCÊ COMO FILHA, PORQUE JAMAIS IMAGINARIA ALGUÉM TÃO MARAVILHOSO!

domingo, outubro 23, 2005

Taí

Atendente de salão de beleza lavando o cabelo de uma cliente para outra atendente lavando o cabelo de outra cliente:
- Pois é... O pessoal vê a gente tomando sol em cima da laje mas não sabe do trabalho que deu pra encher ela...

sábado, outubro 22, 2005

Hoje

Hoje é um dia tão, mas tão, mas tão especial que nem mesmo os acontecimentos do dia anterior estão sendo capazer de me deixar de mau humor!
Ou estarei finalmente a caminho da cura, a passos largos?

Shitake

Sabadão. Dia da festa de aniversário de 15 anos da Belinha.

Família que veio de Brasília: pai, mãe, sobrinho e irmã. Irmã vegetariana, que só come no máximo um peixinho.

Eis que resolvo incrementar o almoço e peço à Socorro para fazer um arroz integral com molho de shitake e alho poró.

- Socorro, você sabe fazer molho de shitake?
- Xi o quê?
- Shitake, Socorro - abro a geladeira e pego a bandeja de shitake. - Shitake é isso aqui.
Socorro pega um shitake na mão:
- Ô, dona Cláudia, isso aqui vem do mar ou vem do mato?
- Vem do mato, Socorro.
- Ah! Então isso é oreia de pau. Vixe, tem aos montes no mato lá no norte! Mas a gente nem come, porque nem sabe que é de comer.
- Então, como aqui não tem mato pra nascer shitake, a gente compra no supermercado mesmo.
Explico então como é que faz o molho e como deve servi-lo. Socorro escuta, olha para mim, olha para o shitake e manda:
- Coitadas das árvores! Daqui a pouco não vão mais nem poder dar flor que o povo come tudinho...

sábado, outubro 15, 2005

O sapato

Eu tinha um sapato da Jackie Usava que eu adorava. Além de lindo, elegante e combinar com tudo, era super confortável. Bico quadrado, saltos altos, porém um pouco grossos, era perfeito para sair para dançar, para trabalhar, para ir à feira, para fazer aula de body combat, enfim, pra tudo!

Nem preciso dizer que o sapato se acabou, claro, de tanto que usei. Desde então, empenho-me em encontrar um que cumpra o mesmo papel.

Cada vez que entro em uma sapataria, procuro por algo assim. Igual ao que eu tinha. De preferência, até de verniz, tal e qual aquele era.

Vejo vários: um não me agrada o bico, outro não me agrada a grossura ou finura do salto, outro não me agrada o tamanho do salto em si. Nenhum deles me agrada porque nenhum deles é o sapato anterior. E na busca pelo substituto clone do meu sapato, acabo desprezando todos os demais, que não têm nem mesmo chance de parar no meu pé para eu ver o que eu acho.

Esse tipo de substituição nunca dá certo. Nem com sapatos, nem com amores. Tentar reproduzir o que se tinha com alguém é meio caminho para o fracasso. Na busca pelas características que pertencem apenas ao dono delas, desprezam-se outras que poderiam agradar imensamente, mas que nem sequer têm a oportunidade de se manifestar.

Fica-se sem o sapato, pois aquele não existe mais.

Fica-se sem o amor, porque é impossível reproduzir um relacionamento em outro.

E fica-se sem saber também se, ainda que fosse possível, o sapato me agradaria tanto quanto me agradou anos atrás.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Será que dá?

Ficar dormitando, tomando sol na piscina, e quando o calor estivesse demais, me refrescar na ducha gelada.

Depois disso, banho. Depois, massagem.

Da massagem para o salão de beleza: unhas, cabelo, de preferência com hidratação.

Tudo isso de preferência muda, sem falar com ninguém.

Esta seria a receita para melhorar o meu azedume de hoje.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Sobre as mães

Ser mãe é uma delícia, na minha opinião. Até quando é ruim é bom. Até quando seu filho tá te enchendo o saco é bom ser mãe dele. Até quando você tem vontade de colocá-lo dentro de uma Kombi e mandar passar férias na Patagonia, ainda assim ser mãe é uma experiência única e cada pessoa vive essa experiência de uma maneira, de acordo com sua história pessoal.

Mãe é um assunto em voga na nossa comunidade blogueira. O Xu fez um post lindo sobre quando a mãe dele achava que muito melhor do que mandar os filhos para o colégio em um dia chuvoso e cinzento era ficar com eles debaixo da asa - e me fez lembrar das vezes, em que eu mesma fiz isso com a Belinha, morta de dó de mandá-la para o colégio naquela chuva toda, no frio.

E como ontem o assunto na nossa mesa na Galeria dos Pães, eu, Lala e Juliana, acabou sendo nossas mães (começou com comentários sobre um post no blog da Ju), escrevo um post sobre a minha.

Como já disse em outra ocasião, beleza nunca foi um assunto em voga na minha casa, portanto dificilmente havia elogios relacionados a isso. Mas quando o assunto era capacidade, inteligência, bom gosto, sociabilidade, minha mãe enchia a nossa bola, bastava ter uma chance.

As amigas dela iam lanchar café com bolo à tarde na minha casa? Minha mãe me pedia para arrumar a mesa para ela. E ao primeiro comentário de alguma delas sobre a mesa bem arrumada ela logo se encarregava de dizer que quem tinha arrumado era eu, que eu era mesmo muito caprichosa e dedicada etc. Eu ia até o banco fazer alguma coisa para ela? Era motivo de elogios em outdoor do quanto eu era descolada. Escrevia romances? Minha mãe se referia a eles como se eu fosse Machado de Assis.

Eu vivia inventando moda, colocando uns babados na saia jeans, modelos diferentes para ela costurar pra mim. Por mais que ela achasse o modelo cafonérrrimo, ela nunca abalou minha auto-estima dizendo: credo, tá louca? O máximo que ela fazia era dar uma sugestão para que ficasse melhor. E bastava alguém elogiar o vestido que ela logo mandava: foi ela mesma quem inventou o modelo, tudo da cabeça dela, eu só costurei e ainda assim, quando eu tava costurando o vestido, ela fez tudo pra mim e até cafezinho ela levava...

Qualquer chance era motivo para minha mãe nos elogiar: pelas nossas notas ótimas no colégio, pela nossa simpatia com as pessoas, porque trabalhávamos e estudávamos, porque minha irmã era comissária da Transbrasil, porque não éramos metidas, porque éramos amorosas, porque porque porque... Sempre havia um motivo para ela encher a nossa bola.

Depois que me casei e vim morar em São Paulo, era porque eu tinha aprendido a andar pela cidade sozinha, era porque eu cuidava de tudo. Minha irmã porque voava, e cuidava do filho, e se desdobrava com marido morando longe por conta do trabalho, e depois porque foi escolhida para o vôo internacional, porque era competente, inteligente, experiente, falava inglês com perfeição etc etc.

Foram os elogios da minha mãe, ainda que eu achasse que ela não me entendia muito bem, quando eu era adolescente - mas também, tivemos adolescências tão distintas!, ela até que se saiu muito bem, hoje tenho condições de enxergar isso -, que fizeram com que eu crescesse com a auto-estima lá em cima, achando que podia tudo, que tudo o que eu faria daria certo, que eu seria sempre competente e bem sucedida porque bastaria meu esforço pessoal.

Embora não seja exatamente apenas assim, hoje quando me olho no espelho e vejo muito mais meus pontos fortes do que os fracos, hoje quando começo a me sentir incompetente e depois vejo que não, certamente aí tem o dedo da minha mãe, que até hoje não se furta a nos cobrir de elogios, a mim e à minha irmã. Encoste cinco minutos do lado dela, puxe um papo que mencione qualquer coisa referente a nós e espere para ver.

Vieram os netos. E continua minha mãe na sua trajetória de encher a bola, agora as deles. A frase começa sempre assim: "Não é porque são meus netos não, mas..."

Depois da adversativa, vem a melhor parte!!!

quarta-feira, outubro 12, 2005

Primeira parcial

Primeiro resultado parcial da falta do computador em casa:

Noite de terça para quarta (feriado)
- 3 sacos de lixo, daqueles pretos grandes, cheios de lixo acumulado nos armários;
- Pilhas de roupas que não são mais usadas, separadas por categoria para serem dadas a pessoas diferentes de acordo com o perfil;
- Armários arrumados e limpos por dentro;
- Roupas separadas no cabide pelo critério de afinidade (verão com verão, inverno com inverno);
- Fiação do computador totalmente desembaraçada, só esperando o filhote voltar para casa.

Manhã de quarta
- Rápida passada na confecção para checar emails e horários da academia de ginástica, pra ver se abriria hoje, feriado;
- Ida à academia para queimar algumas (das inúmeras e incontáveis) gordurinhas;
- Quiçá tomar um sol para pegar uma corzinha depois da malhação.

A crise de abstinência ainda não veio, pois o vício vem sendo minimizado com pequenas doses em cyber cafés e neste momento, na máquina do meu trabalho.

terça-feira, outubro 11, 2005

Vício

Computador e monitor de casa com problemas.
E o vício me fazendo vir até um cyber para checar emails.
Feriado inteiro offline. Irei sobreviver?

segunda-feira, outubro 10, 2005

Teimosia

Um é presença; outro, ausência.
Um é calmaria; outro, tempestade.
Um é carinho; outro, paixão.
Um é certeza; outro, dúvida.
E mesmo assim meu coração insiste em bater pelo outro e não pelo um.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Polêmica

Ontem li uma notícia sobre um estudo de um dos mais respeitados zoólogos do mundo, o espanhol da Catalunha Desmond Morris, 74 anos.

É dele a frase que está no meu msn: "O homem pode ter muitas companheiras, mas uma única dona", que causou tanta polêmica com minhas amigas, que acharam que eu tinha liberado geral (palavras da Lala).

A tese de Morris, a qual é baseada em 40 anos de estudo dos mamíferos e das sociedades humanas, derruba o mito largamente difundido, em especial como justificativa para as puladas de cerca masculinas, de que o homem é polígamo por natureza.

Ele afirma que é exatamente o oposto: que o homem e os mamíferos são monogâmicos, e que há pressão social e cultural para a poligamia, como se colecionar mulheres fosse prova de masculinidade.

Segundo ele, em sociedades animais e em sociedades humanas nas quais é praticada a poligamia, há sempre aquela fêmea/mulher que recebe mais atenções. Aquela cuja prole é mais protegida e privilegiada pelo macho/homem. Aquela com quem ele passa a maior parte do tempo e divide suas angústias e alegrias mais profundas.

Em resumo: existe a THE ONE; e as outras. A isso ele chama de monogamia, na pureza zoológica. Morris e sua equipe procuraram, pelo mundo inteiro, um caso de poligamia real entre os homens, ou seja, no qual ele desse a mesma atenção e tratamento para todas as mulheres. Não acharam nenhum, sempre havia uma favorita. Uma ÚNICA favorita.

Isso se daria porque biologicamente dedicar-se a uma única prole faz com que se tenha mais chances de êxito na sucessão.

Daí a frase "O homem pode ter muitas companheiras, mas uma única dona".

Que chamamos carinhosamente de A PATROA... e se observarmos a vida real, o cotidiano ao nosso lado, é mesmo bem assim.

Mas aviso aos navegantes: ainda exijo ser THE ONLY ONE, e não somente THE ONE.

Fases da vida

Ontem encerrei uma fase importante da minha vida: vendi meu apartamentinho de praia no Guarujá.

O apê foi comprado com um argumento infalível do meu ex-marido, na época ainda não ex: de que desceríamos juntos, eu, ele e Bela, ao menos uma vez por mês. Para relaxar, ficar junto, curtir nossa filha, ver filme no DVD, enfim, fazer nada juntos.

Apartamento comprado, reforma feita, decoração com motivos marinhos terminada. E eis que casamento afundando (tudo relacionado a mar, no final) fez com que o propósito da existência do Guarujá fosse outro.

Era para lá que eu ia com a Bela para tentar fazer com que ela não sentisse tanto a ausência do pai na nossa casa e nas nossas vidas. Era para lá que eu ia quando a solidão aqui em São Paulo se tornava tão insuportável que eu só queria fugir.

Então eu pegava o meu carro e descia a serra. Quase sempre ouvindo Elvis. E quando eu passava de Cubatão, no trecho da estrada em que a pista vai em direção à serra, à uma montanha que parece uma parede, e faz a curva para a direita, eu me sentia tão acolhida... Como se ali na praia, perto do mar, nada de mal pudesse me acontecer.

Era meu refúgio, meu santuário.

O tempo passou, Bela cresceu e resolveu que não gosta mais de praia. Eu fui me recuperando do baque. Passei a ir cada vez menos, mas ainda assim, por mais que racionalmente eu soubesse que não havia mais porquê mantê-lo, eu não conseguia me desfazer dele.

O tempo continuou passando. E o meu refúgio voltou a ser o que ele era antes: um apartamento de praia lindinho, agradável, gostoso de usar. Tirei o peso dos meus ombros e dos dele também!

Apesar de saber que sentirei falta de saber que ele existe e está ali para mim, não foi doloroso vendê-lo. Ao contrário, como quem comprou foi o pai da minha amiga, foi como se eu tivesse entregado para alguém que vai cuidar como eu cuidava. Gostar como eu gostava.

Ali vivi dias alegres, em companhia da Isabela na praia, vendo TV à noite, indo ao cinema juntas. Ali vivi dias muito tristes em que achei que nunca acabariam.

Ontem me despedi dele. Não com tristeza, só com saudades, mas sabendo que o papel dele na minha vida já passou.