- Então, tá certo, a gente sai de São Paulo lá pelas 3 da manhã de sexta pra sábado pra chegar no Rio com dia claro e não pegar a Linha Amarela de madrugada.
E foi assim que na quinta à noite eu e o padrinho da Bela combinamos de passar o fim-de-semana no Rio de Janeiro. Flamenguista roxo, ele queria estar no Maracanã para ver o Flamengo ser campeão do Brasileiro depois de 17 anos. Único hexacampeão brasileiro de futebol, maior torcida do Brasil e tudo mais que os torcedores gostam de alegar.
Como todos sabem, eu não sou flamenguista, e tenho especial preferência pelo São Paulo, mas não dava pra ir pro Rio neste fim de semana e não se envolver no clima dos torcedores. A cidade simplesmente pautou seu calendário do final de semana pelo jogo. Era um tal de antes do jogo, durante o jogo, depois do jogo, por causa do jogo, além do jogo, veio pro jogo... No hotel onde fiquei, enorme, tomado por flamenguistas de outras cidades, só sei via um desfile de camisetas do time, de todos os tipos e modelos.
A viagem de ida foi meio sacrificada na classe econômica de um Vectra, leia-se banco de trás. Como os dois meninos têm quase 1,90m cada um, e um deles era o motorista, o outro foi no banco da frente, porque seria impossível acomodar aquelas pernas compridas ali no meião. Além do mais, como os pais dele moram no Rio de Janeiro, ele pega a Dutra pelo menos duas vezes por mês, então sabe exatamente em que curva da estrada tem um radar.
Nos vingamos em grande estilo, como só nós mulheres sabemos fazer, perturbando no último:
- falta muito pra gente chegar?
- quanto tempo?
- ah se falta mais de meia hora, dá pra parar no posto?
- esse não que o banheiro deve ser ruim.
- dá pra parar pra comprar água?
- preciso ir ao banheiro de novo (depois de tomar a água)
- preciso esticar o joelho, que tá doendo e não tenho pra onde.
- ah que vontade de tomar um banho!
- pode ligar o ar?
- o ar tá muito forte, tá frio, diminui aí!
- tá meio abafado, vou abrir a janela.
- a gente vai almoçar onde?
- diminui um pouco o som, por favor?
- ah! adoro essa música, aumenta!!!
- nossa, essa música não termina nunca?
Chegamos na cidade debaixo de chuva e um trânsito infernal, com direito a mais uma paradinha no Habib's da Baixada Fluminense para um xixi, porque o trânsito bla bla bla. Almoçamos uma paella de camarão, no fundo do mercado de peixes da Barra, simplesmente sensacional! Sentamos na beira da praia para bater papo, mesmo com chuvinha fina caindo, encontramos com uma amiga que não víamos há tempos. Saímos à noite e voltamos para o hotel só às cinco da manhã, com direito a fofoca até às seis.
Acordamos às oito pra ver se tinha sol, fomos para a praia e lá ficamos, enquanto os meninos, devidamente paramentados com camisetas e bandeirão, se bandearam para o estádio junto com mais cem mil neguinhos.
Pra nossa sorte, o Flamengo ganhou, porque aturar o mau humor dos flamenguistas na volta, cansados e putos da vida com o time, não seria fácil. Voltamos pra casa durante a madrugada de domingo pra segunda e chegamos todos cansados e felizes, fazendo planos de ir de novo.
Ah, o que a foto tem a ver com o assunto? É que sábado, no bar com pista de dança onde fomos, passava Tiesto todo o tempo no telão. Vai me dizer que ele, ainda por cima, precisava ser o melhor DJ do mundo??? Nada, bastava ficar ali, fingindo que toca, só pra enfeitar, que já estaria mais que bom!