Naturalmente que você já ouviu falar na Feiticeira, aquela personagem do programa do Luciano Huck que se apresentava em trajes mínimos, rebolativa, que saiu na Playboy e por aí vai.
E que depois participou da Casa dos Artistas cheia de hormonio masculino no corpo, para ver se as pessoas esqueciam da Feiticeira e passavam a reconhecer nela a Joana Prado - dificil, né, uma vez que a tal da Feiticeira foi martelada exaustivamente em nossas cabeças por um tempo longo até demais.
Aí a nêga casou com o lutador Vitor Belfort, teve 3 filhos, e nesse meio tempo fez o que a maior parte do povo que se dedicou ao erotismo para alcançar o estrelato vem fazendo: converteu-se à Igreja Evangélica.
Uma vez convertida, ela agora não mais permite que sejam mostradas imagens dela da época de Feiticeira, nem fotos da Playboy e nem nada que remeta a esse tempo em que ela ganhou tanto dinheiro que poderia hoje se dar ao luxo de viver sem trabalhar até morrer - palavras da própria, inveja da que vos escreve.
Todo mundo tem o direito de se arrepender das cacas que fez na vida, de querer se reinventar, de não ser estigmatizado por uma personagem - que o diga a pobre da Lucelia Santos, que nunca mais se livrou da Escrava Isaura, até mesmo porque não tinha nada para colocar no lugar - e de preservar a própria imagem diante dos filhos. Em programa recente de televisão, a Feitic... ops, Joana Prado afirmou que hoje ela tem tanta coisa mais interessante para falar, como os filhos e a confecção que ela montou - o público interessadíssimo no xixi da Kyara, claro, ou nas gracinhas do Davi ou nos cachinhos da Vitória - e que fica constrangida quando vê as cenas de quando era Feiticeira.
O fato é que a Feiticeira efetivamente existiu, e não tem como apagar isso, somente o tempo fará com que caia num relativo esquecimento, que não será absoluto. Não tem como virar Joana da noite para o dia e querer que todo mundo se esqueça do que passou. Ela dançava seminua sim, e saiu pelada na revista sim, e é inevitável que no futuro um dos filhos dê de cara com a revista onde mamãe saiu mostrando a persê. Você pode sim mudar de vida e encarar tudo de outra maneira, mas não pode pretender colocar um manto sobre seu passado e achar que ninguém nunca vai ali levantar uma pontinha pra espiar.
Se você quer tanto que a Feiticeira seja esquecida, se você quer tanto focar sua vida em seus filhos e sua confecção, a troco de que mesmo você vai a programas de televisão onde fatalmente falarão sobre o assunto e até mostrarão imagens? O único interesse atual que uma emissora tem na Joana Prado é o fato dela ter encarnado a famosa Feiticeira, ninguém quer saber se o acabamento da roupas da confecção dela é bem-feito ou com quantos anos o filho aprendeu a usar o piniquinho.
Ou seja, fica em casa e vai tocar sua vida quietinha no seu canto, e não saindo na Caras, aparecendo em programas de televisão para dizer:
gente, olha, para de falar na Feiticeira, eu sou a Joana. Meio aquela coisa de te liguei pra te dizer que não é pra você me ligar.
Digo mais: se o arrependimento é assim tão profundo, se o constrangimento é assim tão grande, se você não quer ter nada a ver com aquela personagem que viveu e que te fez uma mulher rica, como administrar o conflito de que todo o dinheiro que você tem hoje, aquele que te permitiria viver até morrer velhinha sem trabalhar, veio justamente da Feiticeira e sua bunda? Uma vez que não me parece que você tenha cogitado (e se o fez, não externou) doar tudo o que ganhou como Feiticeira para a caridade.
Ou aí já seria esquecimento demais?