Casamento anos 80 - o figurino
Não existiu em toda a história da humanidade vestido de noiva mais copiado do que o da Lady Di. Incluindo o meu.
Ao contrário do que possa sugerir este post, meu vestido de noiva foi bem simplesinho para os anos 80. O motivo é que até uns dois ou três meses antes do dia do meu casamento, eu achava que seria possível convencer a minha sogra a fazer a minha cerimônia e festa de casamento no jardim da casa dela. Em Brasília, as casas têm gramados enormes, terrenos amplos e eu sonhava com algo assim.
Por conta disso, apesar das mangas bufantes praticamente obrigatórias de então, meu vestido era bem leve, com uma caudinha discreta, bordados foscos, véu curto na já citada grinalda de torsade de cetim com pérolas. O tchan ficou por conta do buquê: uma cascata (mó moda!) de orquídeas. Naturalmente que não foi este o buquê que eu joguei e que acertou na testa da horrorosa amiga da minha sogra (a qual casou-se um ano depois, com um dentista, vejam vocês!), eu teria matado a criatura.
Eram os anos 80, porém, e os convidados e familiares se encarregaram de dar o tom da situação. Começando pela minha irmã, uma das madrinhas, totalmente de preto em pleno altar, com uma trança postiça compriiiiiiida assim meio de lado com um arranjo sei lá do que, tela, eu acho, prateado, que lembrava bem uma couve-flor. Me vinguei em grande estilo no ano seguinte, sendo madrinha de csamento dela com um vestidinho balonê curtérrimo, tomara que caia, de tafetá furta-cor em tons de roxo. Um mimo.
Minha mãe estava de cor-de-mãe-de-noiva-anos-80: azul royal. Não sei porque imaginam que mãe de noiva tem de vestir azul royal, verde petróleo ou vinho. Quando minha filha se casar, juro que irei de amarelo! Além de tudo, estava de casquete, aquele chapeuzinho que não tem o tampo, com um veuzinho meio que cobrindo parte dos olhos. Lembro-me de quando entrei na igreja e cheguei até o altar e dei de cara com minha mãe: a maquiadora tinha feito uma maquiagem BRANCA nela, de maneira que minha mãe, que já é bem branquinha, parecia que tinha visto um fantasma, ou feito um tratamento cutâneo à base de água sanitária, salvando-se apenas os lábios vermelho-sangue. No ano seguinte, casamento da Rosana, convenci-a a usar um vestido rosa antigo e fazer maquiagem no mesmo salão da noiva. O efeito foi beeeeemmmm outro!
A irmã do noivo vestia um modelito de tafetá chamalote (felizmente baniram este tecido da face da terra, ou ao menos da face da moda, porque eu pensava que não se podia riscar um fósforo que a pessoa queimaria inteira em segundos) vinho, tomara que caia, todo drapeado com um babadão no final, e, para dar aquele toque chique, luvas até acima do cotovelo, ó céus! Uma tia do noivo foi de vestido longo assim meio de oncinha, vão vendo...
Mas o toque especial da festa ficou por conta do figurino da mãe do noivo. Feche os olhos e tente imaginar uma mulher de mais ou menos metro e meio de altura vestindo um vestido longo com basque (aquele babado na altura da cintura/quadris, armado), casaco curto com gola armada, tudo de tafetá roxo com lilás, estilo double face.
O que não era roxo era lilás; o que não era lilás, era roxo. Sapatos forrados com o mesmo tecido. E para completar, um arranjo de flores nos tons do vestido, que começava no alto da cabeça e ia descendo pela lateral até se juntar com a gola armada de babado do casaquinho. Assim, um mix de roxo com lilás e lilás com roxo, de babados, basques, tafetás e brilhos, distribuído em um território tão pequeno que não dava pra saber onde começava um e terminava o outro.
Prometo fotos, as quais serão deixadas em meu testamento com a expressa recomendação de serem publicadas aqui após a abertura do envelope!